Coluna Pamela Niven: Eu esperei muito por esse momento
Nov 19, 2022 2:12:35 GMT
Post by luis on Nov 19, 2022 2:12:35 GMT
No mês passado, meu nome foi parar nos trending topics por conta da seguinte foto acima, acompanhada da manchete: "Pamela Niven é vista com garotão em Copacabana, durante sua viagem ao Brasil". No primeiro momento, morri de rir. Que loucura é essa? Eu, uma mulher casada, apenas em uma viagem de negócios para tratar da minha permanência na ROCKET. Mas depois, refleti: afinal, e se a notícia fosse mesmo verdade? Que mal tem, eu, Pamela Niven, junta a um garotão na grande praia de Copacabana? Sou uma mulher adulta e tenho um relacionamento aberto! Qual seria a grande surpresa?
A verdade, afinal, é que estava fazendo aulas de surf particulares em uma praia de luxo do Rio. Mesmo assim, virei uma grande fã da foto: ela mostra eu no auge da aventura, mesmo na casa dos 50. Exala um calor nada proposital e maravilhoso.
A conclusão que cheguei? É que preciso voltar mais ao Brasil. Mais que isso, preciso prestar mais atenção na grande América Latina. Existe uma energia diferente aqui. E é isso que quero falar sobre. Eu sou Pamela Niven, redatora-chefe da ROCKET Magazine e nunca tive tanto orgulho de ser colombiana na minha vida! O motivo? Você vai ver agora.
Nunca fui uma mãe porta de escola, mas tento me manter presente o máximo que consigo. E não pude deixar de reparar na última apresentação de Dia dos Pais que aconteceu na escola do filho. Eu, que fui pra acompanhar meu marido (um pai babão), saí da festa pensativa. Todas as crianças dançaram músicas em inglês. Nenhuma, sequer uma professora, pensou em trazer alguma música em espanhol? Por sorte, sou bilíngue. Mas pensei no pobre do meu marido... ele ao menos sabia do que se tratava aquela linda homenagem?
Mas isso foi em Agosto. Hoje estamos perto do fim do ano, e sinto que essa festa aconteceu a milhões de anos atrás. Hoje o que vejo é um cenário totalmente diferente. Escrevo essa coluna me perguntando: quando ser latina se tornou cool de novo? Quando menos percebi, eu estava bem no centro de um furacão. Ou devo chamar de Huracán? Eu esperei muito por esse momento.
Nem eu, nem você e nem ninguém pode negar: temos novamente uma grande responsável por isso. Eu já tinha falado dela aqui na coluna, e sinceramente, pareceu como uma previsão. Você pode ler aqui. No momento em que eu ouvi High, eu já sabia. Sofía chegou pra ficar. E se for pra lançar projetos feito Plastic World, eu torço de coração, pra que fique por muito tempo. Ainda nem é verão, mas na minha cabeça se tornou no momento em que eu ouvi o hit número 1, Euphories. A melhor é, sem dúvidas, ANTAGONISTA. Que potência. Todo seu sucesso é mais que merecido. Vão ter que engolir.
E já que estamos falando de verão e de divas, quem melhor pra falar disso se não a rainha do verão? Tieta, eu senti sua falta. Espero que seu filho esteja bem, mas posso ser bem sincera? Você é muito mais legal sem um bebê na barriga. Amei te ver sendo uma mulher solta, gritando alto pro mundo que sua booty don't lie! Achei um exemplo perfeito de como cantar se em inglês sem perder sua essência e sua raiz. Pra mim, foi uma das melhores apostas da carreira até então. Universalizou uma coisa que já era boa, que já era universal. Não vejo a hora de voltar ao Brasil em fevereiro, deixar meu filho com minha babá e ir pular carnaval nas ruas, já pronta pro momento em que Booty Don't Lie parar o evento.
Mas quero aproveitar esse momento da coluna pra falar com você, pessoa cheia de esteriótipos: se você pensou que ser latino era só sobre rebolar a bunda sempre com um eterno fogo e sinônimo de reggaeton, você estava bem errado. O que eu também vi foi uma chuva de conceito, que arrisco dizer: são os melhores do ano. Foi mal, amigos gringos. Vocês perderam dessa vez. Se o AOTY de 2027 não for de um álbum latino, vocês vão estar cometendo um erro gravíssimo. Dito e avisado!
Minha grande aposta é La Ambición de Guadalupe, de Plastique Condessa. Não sei se ela gosta muito de mim, principalmente depois que critiquei "I Don't Know What's Real". Mas olha, nem eu esperava essa reviravolta. Eu já tinha destacado antes o quanto as letras de Plastique são exemplares, e pra mim isso só se confirmou agora em seu quarto álbum. Que bom que ela assumiu sua nacionalidade e usou disso pra fazer música diferente, arriscada, e na nata da palavra: boa. É um exemplo a ser seguido que tomar riscos é sim um passo perigoso, mas que se bem conduzido, pode te levar muito longe. Só ouçam "Libertad" e entreguem o prêmio de uma vez.
E antes que eu parta pros meninos, quero falar de uma estréia que pra mim foi cativante: Seja bem vinda Lia Falcone, com seu hit Nunca Vou Ser Sua. Ah, ela já deixou bem avisado bem no título que tipo de mulher ela é. Amei sua determinação. Ando bem viciada na música, aliás. Quando soube que era uma apadrinhada da Lazuli, fiquei mais contente ainda. Torço muito por ela e sei que tem um futuro promissor pela frente. Eu tenho mesmo essa fama de prever: os papéis ainda vão se inverter. Vocês ainda vão dar atenção pra pessoas como ela e ignorar essas chatinhas como a tal da Bloom... pronto, falei. Já vou buscar a água, dona Lia.
Ah, um adendo. Queria pedir desculpas ao MC Rique por não pôr na capa o hit Porra Loca. Foi mesmo um desleixo meu. Mas ai, eu amei! Saiba que eu já criei memórias com essa música. Dancei ela com umas amigas em uma jacuzzi em Ibiza, e foi um dos momentos mais divertidos desse ano pra mim. Valeu pela trilha sonora! Somos toda Porra Loca.
Quero aproveitar pra fazer um contraste engraçado agora. Olha, existe alguns porra loca que não tem preocupações na vida: bebem todos os drinks, beijam todas as meninas, viram noites e noites em bailes. Mas existe um outro conceito de porra loca pra mim também... aqueles mais conceituais, que ignoram totalmente as regras e resolvem ir na contramão, não interessa se você gostou ou entendeu. É só a arte falando. Ícaro, você e o Odisseia, são pra mim, muito porra loca.
Eu estava ali, naquela parcela dos que não entenderam. E vou ser sincera: não sei se entendi muito até agora. Confesso que é um conceito bem avançado pra mim, e as letras não falam muito: elas são curtas e certeiras. Desculpa, eu demoro pra captar isso. Foi um álbum que eu não gostei de primeira, mas fui me apegando com o passar do tempo. Pra mim, você tem uma estranheza muito contagiante. Não me senti afastada ao não gostar, mas intrigada e motivada a gostar, afinal. E eu gostei. Cupido é uma das melhores músicas desse ano, na minha opinião. Tentem mais uma vez e não se preocupem em tentar entender. Ninguém entende um porra loca a não ser ele mesmo, e tá tudo bem assim.
Agora, um alguém que eu entendi até demais, foi o AWA com seu segundo álbum, Marés. Me senti lendo um diário. Seria muita prepotência minha dizer que é um dos melhores álbuns do ano, até porque somos amigos. Mas o que eu posso dizer é: ouça de coração aberto. É muito superior ao Ribuliço na questão sonora, um álbum que simplesmente desliza nos meus ouvidos. Na questão lírica, achei mais cru. Ele não usou tanta poesia aqui, mas eu gosto. É verdadeiro na sua essência, e romântico de forma que emocionna. Quando eu acabei de ouvir, desliguei meu iPad e fui direto dar um beijão no meu marido, daqueles que eu não dava a muito tempo. O tempo é agora, e como uma maré, senti esse amor voltando ainda mais forte. Que projeto bonito. Dêem uma chance a ele, é o que eu peço.
EM BREVE NA COLUNA PAMELA NIVEN
- O que vem depois de Purple Room? Possíveis grandes hits pra 2027.
- A ascenção do country: Caleb, Chelsea, Vivien. Eu estou atenta.
- O que o IDOL está esperando pra lançar hits natalinos? Está chegando a hora!
EM BREVE NA COLUNA PAMELA NIVEN
- O que vem depois de Purple Room? Possíveis grandes hits pra 2027.
- A ascenção do country: Caleb, Chelsea, Vivien. Eu estou atenta.
- O que o IDOL está esperando pra lançar hits natalinos? Está chegando a hora!
Pamela Niven não responderá judicialmente por qualquer informação citada nesse artigo. Colunista de 2011, a colombiana começou a escrever ainda nova para aclamadas revistas musicais. Esse artigo pertence a ROCKET Magazine.