FaanG - Shades
Nov 11, 2024 18:36:54 GMT
Post by Ramprozz on Nov 11, 2024 18:36:54 GMT
Ouça Shades de FaanG aqui.
Nota: 89
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Shades é uma brisa de ar fresco no mundo do K-Pop. Com tantos artistas fazendo coisas pelo profundo desespero de se destacar, FaanG chega nessa indústria como um artista autêntico, que soa orgânico e que fala de sentimentos reais de maneira destemida, assumindo tudo o que ele sente de maneira despreocupada, tudo isso acompanhado de lírica interessante e não tão convencional, tudo isso um amontoado de coisas que a gritante maioria de artistas do K-Pop e da indústria no geral tem medo de fazer, ainda que, por exemplo, em Cherry ele tenha censurado quase todos os palavrões, o que é um pouquinho turn off, mas compreensível, considerando a industria em que ele se encontra, e nesse contexto, ele realmente parece um artista de contracorrente, podendo ser comparado com Kim Hwa, por exemplo. Alguns usos de metáforas são impressionantes e é realmente muito interessante a forma como ele mantém a narrativa, por exemplo, em Honey Bee. I Miss You é, provavelmente um dos, se não o maior ponto alto do álbum. A produção é belíssima, existe muita atenção aos detalhes aqui e é incrível a quantidade de recursos que foram usadas em uma balada, sem deixar a música exagerada ou brega. FaanG, como vocalista, está em seu auge aqui, a composição é muito honesta, ela é mais crua, sem muitas metáforas, vai direto ao ponto, e aqui os floreios poéticos não fazem tanta falta, já que ela é claramente uma música que é mais sobre a performance do que sobre a composição em si - quem transmite grande carga sentimental é o vocalista FaanG, mais do que o compositor FaanG, ao menos nessa faixa, mas mesmo em composição, I Miss You merece suas flores, é revigorante quando um compositor não tem medo de soar patético ao descrever um sentimento ou um acontecimento tão humano, como ele fez em "I will say that my life looks so cool 'cause my situation is pitiful", quer dizer, quem nunca mentiu pra um ex sobre estar ótimo, vivendo a vida que todos desejam, só pra tocar numa ferida ou sair por cima quando na verdade, você está miserável?
O fato é que, num momento em que tantos artistas parecem fugir do confessional, fugirem das próprias emoções, talvez por medo ou por ganância, FaanG nos mostrou porque é tão empolgante ter alguém que mostra que é gente como a gente, ao invés de querer ser a todo custo alguém intocável num altar construído por si mesmo, ostentando títulos autoproclamados. FaanG representa a autenticidade que estava em falta há um bom tempo no K-Pop, e é talvez o primeiro artista desse nicho a não soar como algo fabricado por uma mesa redonda de executivos.
Nota: 81
Escrita por: Robert Strauss
Foi por acaso que eu estava analisando a lista de trabalhos que estavam na fila para a review da Seeker quando tive o impulso de escolher “Shades”, o primeiro ep de Faang ainda cheirando a carro novo.
Embora o assunto sobre a genericidade do Kpop seja uma pauta recorrente e cada vez mais evidente a cada novo lançamento que não anima, não engaja e não emociona, quando ouvimos esse EP não deixamos de imaginar que há uma salvação para o Kpop aqui, embora não seja o estilo de Faang usar uma capa e cueca por cima de um colant bem apertado.
Não é preciso ir muito além para reconhecer a unicidade das músicas aqui, embora não possuam letras geniais, é louvável a fuga que Faang deu dos sintetizadores, refrões chicletes e aquela infantilização toda que vemos nos demais grupos e alguns solistas da indústria. Aqui, como podemos ver em “Violaceous Villain”, Faang tem sentimentos e algo muito importante a dizer. Seu instrumental não é genérico, inclusive é muito bom, a presença de instrumentos reais e não apenas um pad de sintetizadores é algo que ajuda a nos levar nessa viagem pelo drama da canção, e sua letra é até que inovadora quando comparamos com seus demais concorrentes de mercado.
Em “Cherry” eu diria que o que mais tem de inovador é o fato do Faang ser hétero, o que está cada vez mais raro hoje em dia. É uma canção muito interessante e eleva o disco para outro nível se pararmos para pensar que a outra referência heterossexual mais memorável até o momento é o Caleb Roth que vira e mexe escreve alguma música sobre transar na grama com a atual cantora que ele estiver se envolvendo no trimestre em questão. Mas Cherry carrega um amor que é diferente, e eu diria que talvez a única coisa que me desagrada nessa música seja talvez o instrumental um pouco desconectado da faixa anterior.
Quando chegamos em Honey Bee, vemos uma música com uma composição muito agradável, a faixa anterior com o Nate não nos chamou a atenção como essa, aqui Faang explora elementos da velha guarda e tem influências norte-americanas clássicas, além de ser um compositor sagaz, consegue transportar o conceito das cores e suas mensagens através de um instrumental conciso e letras equilibradas.
Em suma, “Shades” se revela uma grata surpresa e um fôlego renovador para o cenário atual do Kpop. Faang desafia as fórmulas desgastadas e prova que é possível reinventar o gênero, trazendo um toque de autenticidade e profundidade raramente encontrados nos lançamentos atuais. Ao longo das faixas, é notável o esforço do artista em se afastar dos estereótipos e das tendências infantis, em favor de uma sonoridade que mistura referências ocidentais e reflexões pessoais, como visto especialmente em “Honey Bee”. Embora o EP não seja isento de falhas, ele representa uma promessa para o futuro da música coreana ao oferecer algo novo e emocionalmente relevante pela primeira vez em muito tempo.
Nota: 74
Escrita por: Angela Petrescu
Na indústria do pop sul-coreano, não é uma tarefa fácil realizar o seu debut com um full album, é comum vermos artistas estreando com os chamados mini-álbuns ou até mesmo com singles digitais. O novo solista da Body&Seoul Entertainment, FaanG, eleva as expectativas ao sair da curva com um álbum de nove faixas logo para iniciar sua carreira.
“Shades”, como a própria descrição do projeto deixa claro, significa “tons” em inglês e tem como proposta explorar o espectro da luz visível com músicas temáticas para cada cor, fazendo uma sopa cujos ingredientes são os mais diversos sentimentos em relação a relacionamentos passados do vocalista. Com um conceito diferente e interessante, e a ousadia de ter feito seu debut com um full album, é uma pena que esta sopa ainda assim não tenha cozinhado o suficiente - os legumes estavam duros e faltou um pouquinho de sal. Vamos detalhar melhor o que ocorreu com este disco nos próximos parágrafos.
A proposta lembra o aclamado “Tales From Other Trails” do cantor Stefan Lancaster, onde cada faixa contava uma história diferente sobre algum indivíduo que já passou na vida do artista. Aqui não é muito diferente, ou pelo menos não parece ser tão diferente, pois não fica claro durante as faixas se estamos falando da mesma pessoa ou de várias. O projeto se inicia com a title track Violaceus Villain, que certamente é uma das melhores canções masculinas de K-Pop neste ano, trazendo uma sonoridade inovadora para o mercado sul-coreano, o que nos ajuda a mergulhar de cabeça nesse universo construído por FaanG. A música representa a cor violeta e fala sobre uma pessoa que iludiu o eu-lírico, comparando-a com um assassino. É compreensível o motivo de esta música ter se tornado a faixa-título pois, sem dúvidas, é uma das melhores do material.
A segunda canção representa a cor vermelha e se chama Cherry, que é o mesmo nome da garota para quem a música é destinada. Nesse ponto do álbum é inevitável não sentir uma estranheza visto que é uma canção que fala sobre uma paixão ardente como hortelã e elogia os olhos, lábios e cabelos desta pessoa de uma forma romântica; é válido lembrar que poucos minutos atrás o cantor estava comparando quem destruiu seu coração com um assassino. As faixas não parecem se conectar. É estranho também quando notamos que o vermelho e violeta são, respectivamente, as cores com a menor e maior frequência e no espectro de luz, estão em lados opostos, então o questionamento básico que surge neste momento é o motivo de elas terem sido colocadas lado a lado para abrir o álbum.
Pink n’ Greedy, como o nome sugere, é a faixa que representa o rosa. A música é uma parceria com o rapper sino-americano Nate e, infelizmente, carece de uma produção boa, sendo uma das mais fracas de todo o projeto. Analisando a letra, encontramos quase uma carta de confissão sobre como o eu-lírico era tóxico no relacionamento devido a obsessão da parceira, não ficando claro se esta é a Cherry ou não. Aqui novamente ficamos confusos pois o tema central não se relaciona em nada com os dois anteriores; sabemos que o conceito é retratar diversas histórias com pessoas diferentes, mas nem é este o problema principal. Esse ponto é importante para concluirmos o raciocínio de que o álbum viverá nesta montanha-russa, subindo e descendo, com temas positivos seguidos de temas negativos, e começamos a temer de que em algum momento ficaremos enjoados e sentiremos vontade de vomitar essa sopa.
Com uma previsão mais do que assertiva, somos surpreendidos por Honey Bee, uma música que traz de volta essa positividade que é narrada quase como uma fábula contando a história de uma abelha e uma flor, representando a cor laranja. É uma faixa romântica que não acrescenta tanto ao disco e mantém a mesma sonoridade de suas duas antecessoras. A quinta canção que compõe o álbum representa o amarelo: I’m so yellow… (even blue), uma das faixas que teve destaque, sendo performada até mesmo no M!Countdown. Aqui, FaanG se esbalda na felicidade do amarelo, mas não deixa de adicionar algumas gotinhas da melancolia do azul; a letra faz um equilíbrio muito bem construído entre esses dois sentimentos, revelando uma vulnerabilidade e insegurança por parte do eu-lírico, que se sente machucado pelo amor intenso que sentia.
Como diz o velho ditado, nunca é tarde demais para acertar os trilhos. Em Thick and Bittersweet, FaanG encontra o resultado da mistura do amarelo e azul que fez na faixa passada: um sorumbático tom de verde que expressa de uma maneira clara o sentimento após o término de um longo relacionamento. Esta é uma das melhores letras do projeto e a produção acústica adiciona um clima soturno que combina perfeitamente com a proposta.
I Miss You representa a cor azul e não poderia tratar de algo que não fosse a tristeza. Ainda falando sobre a superação deste término que abalou tanto o vocalista, a dor em cada palavra escrita é palpável. A produção por parte de Yone também é muito bem feita, a música é uma ballad melancólica que ainda consegue ter alguns momentos dançantes e mostra as habilidade de FaanG como vocalista através de belos high notes próximo ao fim da canção.
Novamente retornando ao conceito do espectro de luz visível, após o azul temos o violeta e se analisarmos bem, Violaceus Villain é uma música que se encaixaria perfeitamente aqui, após I Miss You, visto que também é um tema negativo e fala sobre um término. No entanto, o solista decide clarear os céus com um ciano revigorante. Forget U é a penúltima faixa do projeto e mostra o processo de concentrar as energias na prática da autoestima e do amor próprio, passando uma mensagem muito bonita através de sua letra. A produção também merece destaque pois aqui já não sentimos o peso que estava presente nas músicas anteriores, como se realmente tivesse ocorrido um livramento.
A real finalização do disco é com o single que foi pré-lançamento da era: Prism! De maneira geral, um prisma é um objeto que refracta a luz, separando-a em cores. O conteúdo lírico da faixa basicamente tenta organizar as letrinhas desta sopa que em alguns momentos pareciam não formar nenhuma palavra com sentido, amarrando todo o conceito de uma forma muito simples e objetiva, cumprindo seu propósito e dando-nos uma finalização realmente satisfatória. Prism é sobre saber expressar todas as cores, os vocais de FaanG estão mais afiados do que nunca nesta faixa, colocando-o na posição de um dos maiores vocalistas da geração até o momento.
Em conclusão, Shades é um álbum com um potencial estrondoso que se cozinhasse por mais um tempinho e tivesse seus ingredientes colocados na ordem correta, seria muito melhor. Não dá para disfarçar o estranhamento que sentimos em metade do álbum até chegar em Thick and Bittersweet, e a falta de coesão entre as letras prejudicou muito o trabalho. De todo modo, a qualidade é surpreendente e FaanG fez algo que é realmente admirável: estrear com um álbum completo! Estamos mais do que ansiosos para ver futuros trabalhos do idol e esperamos que todos os pontos mencionados possam ajudá-lo a aperfeiçoar sua arte. FaanG é um forte concorrente ao Rookie Of The Year com um dos melhores debuts de 2028 no K-Pop.
Nota: 71
Escrita por: Jong Seokmin
FaanG, mais uma estrela que surgiu do nada no K-Pop esse ano. Produtor, compositor e agora cantor, o jovem idol assinado com a Body&Seoul lança o seu primeiro álbum: Shades. Se juntando ao leque de artistas da empresa, o rapaz se destaca com a Gen Lip e o KJ dentro dos mais variados nomes da Coreia do Sul.
Shades contém nove faixas, incluindo o hit “Violaceous Villain”, e durante 27 minutos, o solista entrega um lado do K-Pop que estava adormecido recentemente: alta capacidade vocal e um estilo próprio.
Iniciamos o álbum justo com ela, “Violaceous Villain”. A faixa que estava dominando a Coreia do Sul recentemente é uma grande canção. A letra fala sobre uma destruição de relacionamento, associando a cor violeta como algo ilusório e misterioso – coisas que o sucesso transmite. O rapaz até se joga num rap para complementar a canção, soando como uma tentativa fofa – não em um mal sentido, óbvio.
“Cherry” vem representar a cor vermelha, e apesar da faixa representar bastante essa energia fervente e energética, é uma das faixas que mais se destoa de todo o projeto. Nada no álbum combina com “Cherry”, e ela aparece do nada e some do nada. Não diria que foi uma boa escolha utilizar uma abordagem tão diferente aqui.
Em uma das parcerias do álbum, “Pink n’ Greedy” tem Nate, rapper sino-americano, na faixa. A canção é egoísta, com uma alta dosagem de amor próprio e egocentrismo – coisa que já vimos o Nate fazer anteriormente –. É uma canção mais sutil e suave, mas que soa agradável em toda a sua duração.
Destacando o laranja como felicidade no amor, “Honey Bee” continua com essa sonoridade discreta voltada ao R&B apresentada anteriormente. É uma canção querida e confortável, conseguindo transmitir essa satisfação amorosa que o FaanG desejou.
Em uma canção que parece abertura de animações japonesas, “I’m so yellow (even blue)” retorna com o pop rock apresentado na segunda faixa, mas de um jeito com uma presença maior. Apesar de ter uma outra faixa com esse tipo de sonoridade, a sua colocação na lista de faixas soa como uma aleatoriedade, quebrando aquela energia confortável e carinhosa que estava se construindo no projeto.
“Thick and Bittersweet” é a faixa mais curta, e serve de mais uma quebra na sonoridade que estava sendo construída. Ela é uma faixa acústica, sendo composta apenas com voz e violão, tendo leves elementos a mais como detalhes sutis para compor a canção. É uma canção interessante, mas que é completamente engolida pela organização da lista das faixas.
Com a produção do querido hitmaker Yone, “I Miss You” é a faixa que representa o azul em todo o projeto. É uma canção melancólica e diferente do que estamos acostumados a ver nas produções do Yone, mas é uma canção interessante de ouvir e sentir as sensações dramáticas que ela busca passar.
Igual, mas diferente: a cor ciano entra como uma mensagem de superação em “Forget U”. É mais uma das faixas que utilizam do midtempo para seguir, e apesar de não ser uma canção ruim, ela não consegue se destacar, sendo um grande meio termo – não é explosiva, mas também não é sutil.
E então, o álbum se encerra com a melhor das faixas. “OUTRO: Prism” é uma mistura de todas as cores, e essa mixagem deu muito certo. É uma canção que consegue ter presença, ter voz e ter uma composição interessante.
Um dos maiores problemas em Shades é a sua organização. As canções conseguem ter certas ligações, mas são organizadas de um jeito que não consegue ter essa ligação de modo direto. Mas, apesar disso, é uma estreia interessante vindo do FaanG, e deixa uma certa curiosidade para saber o que ele irá trazer a seguir.