[LATINO] AWA participa do Conversa com Bial
Nov 18, 2022 18:26:35 GMT
Post by luis on Nov 18, 2022 18:26:35 GMT
AWA foi recebido para uma grande entrevista no programa Conversa com Bial, apresentado pelo famoso apresentador e jornalista Pedro Bial. No programa, AWA fala bastante sobre sua vida pessoal e suas conquistas acadêmicas e artísticas, antes e depois do reality que foi finalista. Além disso, fala sobre seu novo álbum Marés e canta um pouco do seu novo single "Código Vermelho" em uma performance acústica e pré gravada para o público de casa.
Bial: Muito boa noite pessoal, hoje vamos ter um programa muito bacana. Você com certeza já ouviu falar em crossover, um termo que a cultura pop roubou da biologia. É, aquilo de transmutar as células. A gente usa isso na cultura pop quando um artista consegue sair do seu universo e se comunicar com um outro, em outros termos, alguém que "fura as bolhas". Um paraense de 27 anos, do interior-interior nordestino, alcançou uma fama global depois de viralizar no maior reality do mundo. Hoje ele mostra que é uma potência ainda maior que isso, com músicas que vão de hashtags na internet a rádios daí da sua casa. Awa, boa noite!
AWA: Boa noitee, que recepção maravilhosa! Você é mesmo um gênio das palavras, né Bial (risos).
Bial: É uma honra ouvir isso de você (risos). Você tem provavelmente as palavras mais cantadas de 2025. Quem saiu na rua e não ouviu a palavra "Cadeado" é porque ta vivendo muito, muito isolado viu?
AWA: (Risos). Sabe que eu ainda não enjoei dessa música? Ainda canto nos shows como se fosse nova. Eu simplesmente amo.
Bial: Awa, você sabe que dia desses eu visitei uma tia bem idosa, e enquanto ela passava um café pra nós, ouvi ela cantarolando aquele clássico "Seu cadeado ainda me ama" (risos). Eu pensei: caramba... minha tia não tem internet, não tem nem celular se duvidar, e conhece e canta essa música a plenos pulmões.
AWA: Ah, um beijo pra ela! Que fofa! Eu fico muito feliz em ver como o público mais antigo se dá bem comigo. Veja, eu anunciei meu Cruzeiro a alguns dias e a demanda de pessoas com mais de 60 anos foi enorme. Muitos acompanhados dos filhos ou netos. É mesmo muito incrível ver essa união de gerações quando se trata da minha música. Tias, eu amo muito vocês! Continuem me amando também que a gente leva essa música pra longe.
Bial: Como você acha que esse fenômeno se explica?
AWA: Então Bial, eu imagino que sejam por dois motivos. O primeiro é que minha música tem sim muita influência antiga e de outros clássicos e de ourras gerações, como é o caso da queridissima Lazuli. Eu sempre quis fazer um som novo mas ainda com algumas raízes e com minhas referências bem expostas, sabe? Eu gosto de pensar que Cadeado foi um hit em 2025, mas também seria em 1995, por exemplo. Mas não só por Cadeado, como meus albuns num todo. As pessoas não fazem mais álbuns, pensados em ter um conceito e com emoção feito antigamente. Virou um amontoado de hits e partes chicletes aqui e ali, mas não é o mesmo propósito. Minha arte não funciona assim.
Bial: E qual o segundo motivo?
AWA: Caramba, até esqueci (risos). Hm, eu certamente tenho que atribuir parte desse sucesso ao BBMD também. Lá as pessoas me viram sendo de verdade, sabe? Era impossível fingir lá dentro. Então me viram errando, acertando, chorando, vivendo... isso me humanizou e acho que de um jeito universal. Não existia um grupo que me via de uma forma e um grupo que via de outra. As pessoas conheciam um Awa só e isso me levou muito longe. Velho ou novo, essa pessoa me conheceu e talvez, só talvez, tenha torcido por mim lá dentro (risos).
Bial: Uma duvida que eu sempre tive é: porque você demorou tanto com a carreira de artista depois do programa? O que você fez durante esses três anos longe?
AWA: Eu não tava pronto pra fama, pelo menos não naquela proporção... Quando eu saí, eu tive muitas oportunidades de contratos e por um período obviamente aceitei, porque ajudaria bastante na minha situação financeira e na da minha família. Mas eu já tinha planos também, entende? Com aquele dinheiro eu podia finalmente fazer a faculdade que sempre sonhei. Podia comprar uma casa nova pros meus pais. Podia estudar focar mais em fazer música, coisa que nunca consegui por falta de investimento também. Então, muitas portas profissionais abriram, mas pessoais também. E eu quis focar nas pessoais primeiro. Queria ter uma formação e uma vida estável até estar pronto e embarcar nisso. Demorou, mas agora tô aqui, no meu segundo álbum e numa entrevista com você (risos).
Bial: No que você se formou?
AWA: Eu estudei Sociologia e comecei meu mestrado esse ano. Minha meta é chegar até o doutorado (risos). É difícil conciliar a carreira com o estudo, mas sempre tento reservar um tempo. É uma prioridade muito importante pra mim também. Espero poder das palestras sobre sociologia um dia. Até hoje, foram só aulas em escolas mesmo, mas hoje eu já parei por motivos óbvios.
Bial: Muito orgulho da dona Jacira e do senhor Roberto, hein?
AWA: Eu espero que sim (risos). Isso tudo é por eles, com certeza.
Bial: E como eles lidaram com isso, hein? A fama, a carreira, você sendo você pro Brasil todo...
AWA: Eles tiveram um surto (risos). Eles nem sabiam que eu era gay até entrar no programa. Eu sempre soube esconder muito bem, mas lá dentro não teve como. Quando eu saí, eles aceitaram bem, falaram que já desconfiavam de mim pelos namorinhos da adolescência. Mas definitivamente foram pé no chão com a agenda, os contratos, as viagens pra São Paulo. Isso não aceitaram de jeito nenhum. Na verdade, eles ainda moram em Castanhal, e eu respeito muito isso. Fiz questão de dar uma boa casa e estrutura pra eles. Hoje os dois já se aposentaram, graças a Deus. E saiba que quando chegar minha vez de me aposentar, o primeiro destino é Castanhal. Sinto muita falta da minha vida anônima lá. Era uma cidade pequena e bem retrógrada, mas nunca me fizeram mal, sabe? Mesmo homossexual, eu não sentia ódio de ninguém lá. Não sei explicar (risos), acho que é só a memória afetiva falando mais alto. Mas painho me defendeu foi muito durante e depois do reality. Acho que ele é meu fã número um. Os dois também vão no Cruzeiro que vai partir de Santarém.
Bial: Eles gostaram do Marés?
AWA: Muito! Eu tenho empresário, grupo de fãs, grupo com eles. Mandei o álbum pra todo mundo antes de lançar oficialmente. Preciso muito da aprovação deles. Eles que votaram pra Código Vermelho ser meu novo single (risos). Eu preparei uma performance aqui de São Paulo, com minha banda pra vocês. Espero que gostem.
Bial: Que bacana! Vamos assistir.
O programa exibe a performance pré-gravada de Código Vermelho, gravada da sala de estar de AWA. O cenário é muito clean e rodeado por plantas, e os vocais de AWA soam bem melhores e mais maduros que da versão de estúdio, impressionando o público.
Bial: Sensacional. É um hit, de cara.
AWA: Eu torço pra que sim (risos). Por favor pessoal, escutem Código Vermelho e meu álbum Marés. Tá muito legal, visse?
Bial: Awa, que prazer inenarrável te receber hoje! Foi uma noite super bacana, valeu mesmo. Te desejo todo o sucesso do mundo.
AWA: Muito obrigado Bial, uma noite mais que especial pra mim. Espero conversar com você mais vezes, hein? Boa noite pessoal!
Bial: Esse foi o Conversa com Bial. Boa noite pessoal! Até semana que vem.