[US] SOFÍA X ROLLING STONE
Aug 29, 2022 18:01:27 GMT
Post by adrian on Aug 29, 2022 18:01:27 GMT
Afirmando a sua autonomia e provando o porquê de ser considerada uma das artistas jovens de maior renome atualmente, Sofía afasta a visão de que seria uma boneca; é uma mulher que dirige a sua própria carreira. Apesar de sua força, entretanto, admite momentos em que abraça a sua fragilidade e torna-se mais humana por aceitar todas as suas potencialidades e os limítrofes da vida. Em edição temática para a edição de maio de 2026 da renomada revista Rolling Stone, publicação norte-americana, Sofía concede uma entrevista para o veículo de imprensa e posa para um belo ensaio fotográfico.
- Você já falou em diversos veículos de comunicação e até mesmo em suas redes sociais o quanto você cresceu enquanto pessoa e como profissional nos últimos anos; então, hoje, quem é a Sofía?
Olha, eu sempre acho difícil me descrever. Entendo que estamos sempre em constante transformação, logo, parece que todos somos mesmo instáveis e flexíveis nas ondas da vida. Entretanto, hoje eu me considero enquanto alguém bastante centrada naquilo que me proponho e, quando algo sai do controle, eu absorvo aquilo que posso resolver e sigo o fluxo daquilo que não está mais em meu controle.
- Esse controle é motivado por algo?
É motivado pela necessidade de não surtar [risos]. Brincadeiras a parte, é parte de um processo individual de auto reconhecimento bastante conflituoso. Muitos me viam enquanto uma espécie de “boneca de plástico”, ou seja, sem vida, sem autonomia para decidir os rumos da minha vida profissional e individual. Hoje eu digo que estou muito longe disso; eu não sou uma boneca de plástico!
- A plasticidade tem sido elemento recorrente em sua vida, tanto é que o título de seu último álbum remete ao tema.
O meu disco é muito inspirado nas críticas que me fizeram anteriormente e em como eu não estou nem aí para elas. Isso não quer dizer que não aceite críticas, mas sim de que nem todas realmente são bem-vindas ou tem boas intenções. Vivemos em um mundo de plástico, que ao meu ver é um mundo sem identidade, de liquidez nas relações e de uma padronização absurda e limitante no tocante à arte, a criatividade, entre outras coisas.
- E como isso se relaciona às canções presentes em seu disco?
Todas as músicas em conjunto formam um todo bastante diferenciado, por exemplo, colocar Euphories e HIGH em um mesmo trabalho talvez não seja realmente o que alguns críticos possam ler como “coeso”, mas foi o que eu quis fazer. Eu não ligo muito para isso. Eu ouvi várias vezes antes do lançamento e na minha cabeça ficou ótimo; minha vida e de outras pessoas, imersos nesse mundo plastificado, se entrelaçam.
- Como estamos falando das faixas presentes, qual delas você mais se identifica?
Não existe uma delas que eu me identifique mais, sabe? Mas acredito que eu tenha um sentimento especial por Clichés, ela surgiu de uma história muito triste e violenta. Uma amiga estava dentro de um relacionamento abusivo e eu pude acompanhar de perto o desenrolar dos acontecimentos: era um término e uma volta e isso se repetia em um ciclo infinito. Até que chegou um momento que eu não poderia mais observar alguém que eu amava tanto cair no papinho de um homem mediano. Eu fiz essa música para ela. E deu certo, ela nunca mais voltou para ele.
- Falando de amigos e desse mundo plástico, depois da fama você pôde notar alguma transformação nestas relações?
Sim. Quando você adquire um certo grau de notoriedade midiática, em qualquer segmento, é impossível pensar que as tuas relações não irão se modificar; elas vão. Assim como acontece quando você vai para outro ambiente, tipo uma universidade, consequentemente seus amigos e famílias irão perceber um certo afastamento de si e vice-versa.
Então quando eu cheguei à fama, muitos amigos se afastaram. E esse afastamento foi oriundo do receio de que eles tivessem sua vida exposta, assim como a minha. Eu fiquei chateada por um tempo, mas depois entendi que eles estavam certos; não é porquê sou famosa e que todos sabem dos passos que dou que meus amigos tem que passar pelo mesmo. Foi aí então que deixei de sentir necessidade de mostra-los para todos e de inseri-los nesse mundo.
- E na música, como essas relações se estabelecem?
É mais difícil ainda. As pessoas estão imersas em uma eterna procura por fama e dinheiro, acaba que as relações sociais são relegadas a segundo plano; tanto é que fiz poucos amigos ao longo desses anos de carreira tanto na música quanto na literatura e, mais recentemente, nas artes cênicas. Fiz alguns poucos colegas e me agarro nestes. Entre eles eu posso citar o Awa, um cantor brasileiro incrível; o Stefan [Lancaster]; foram duas pessoas que conheci em um ambiente não tão propício para amizades, um reality show, e foram uma bela surpresa.
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