[ASIA] SOFÍA X DAZED & CONFUSED KOREA
Aug 14, 2022 0:58:44 GMT
Post by adrian on Aug 14, 2022 0:58:44 GMT
Escolhida como a capa da edição de agosto da revista sul-coreana Dazed & Confused KOREA, Sofía estrela o ensaio fotográfico e concede uma entrevista em que conta novidades inéditas de seus próximos passos de sua carreira musical. O texto que acompanha as imagens e a sabatina foram escritos pela própria artista. Confira a seguir:
Ser uma artista é tomar para si um complexo de ideais externos à si e lidar com suas próprias percepções acerca do seu trabalho. Então é sempre um campo em disputa, em conflito e que se desdobra através de muitas maneiras, uma delas da privação da criatividade musical. Sempre busquei ser uma artista versátil, sem me limitar à padrões de lançamento ou de visuais genéricos e ultrapassados; não que seguir essas coisas sejam necessariamente um erro, mas eu não queria para mim. Sofía não é uma marca, é uma pessoa. Sim, sou artista e dependo do meu público para sobreviver, mas de maneira alguma eu vou excluir toda a minha personalidade em troca de dinheiro ou da aceitação simples. Quero ser completa!
Recentemente seu nome e de vários outros artistas vinculados à ROCKET RECORDS foram vítimas de um verdadeiro golpe financeiro cujas consequências imediatas foram a perda de masters de alguns trabalhos anteriores. Como você lidou com isso e quais trabalhos não estão mais sobre seu controle?
Uma experiência terrível. Eu até hoje não consigo acreditar que algo do tipo tenha acontecido comigo e com tantos outros artistas próximos, sabe? É o tipo de acontecimento que nós vemos em contos ou programas e nem imaginamos que um dia seríamos vítimas. No mais, eu tentei de todas as formas rever o contrato anterior, uma vez que com o fim da divulgação do meu primeiro álbum eu busquei manter certa autonomia diante das minhas criações individuais e socializadas com outros compositores. Assim, eu já não possuo direitos sobre as músicas lançadas no SPOILER, meu primeiro álbum. Isso eu já havia revelado no Twitter uns dias após a notícia ser revelada para o mundo.
Seus primeiros trabalhos estão na mãos de pessoas desconhecidas, você não pode ganhar sobre isso.
Eu não me preocupo com o dinheiro nesse caso. Eu já sou o suficientemente estável economicamente para prosseguir sem tantos prejuízos, mas é uma parte de mim que foi vendida. Eu era jovem e ingênua ao assinar aquele contrato; fui muito motivada também pelo discurso da Norma Claire, a bandida, de empoderamento feminino oriundo da composição de uma equipe inteira de mulheres. Enfim, foi uma decisão equivocada. Aos artistas novatos, tenham cuidado ao assinar determinados documentos ou aceitar acordos com mulheres de nome bonito e obscenamente ricas.
Uma novata é quase como se fosse o alvo preferencial de grandes personagens narcísicos da indústria musical. Ao assinar aquele contrato eu me coloquei numa posição de mercadoria: eu era a matéria-prima de uma indústria voltada ao lucro, mas não consegui me adaptar a essas correntes. Durante a divulgação do meu primeiro álbum eu consegui evitar muitos desastres com a minha gravadora. E com essa imposição eu ganhei muitos inimigos. Dentre eles, outros artistas que, interessados derrubar uma novata, latina, bissexual, vegana, de certa se aliaram aos empresários que tentavam me engessar.
Há uma determinada cantora brasileira que liderou todo esse movimento de hate gratuito contra mim, principalmente enquanto estive confinada no Big Brother Music Dimension. Ela se utilizou de um erro meu, não vou negar, e instaurou um verdadeiro gabinete do ódio contra mim. Fui descobrindo as artimanhas desse ser ardiloso à medida em que fui tomando noção de certas coisas que aconteceram externamente enquanto estava no reality show. E isso foi virando uma bola de neve.
Seu nome já esteve envolvido em outras polêmicas, incluindo artistas com fama preponderantes, então você já é vista como "terror" por alguns internautas. Como você se posiciona em relação a isso?
Eu sou um pouco briguenta, não nego isso. Tem coisas que eu me arrependo e outras que não. Por exemplo, o meu conflito com o Lucca, um cantor homossexual italiano, começou com uma piada de péssimo gosto da minha parte; depois eu enxerguei que brincando eu falei a verdade, ele estava vendendo uma imagem pornográfica em troca buzz pra música dele que, naquela semana, havia ficado em segundo lugar nas paradas musicais. Foi uma brincadeira, de verdade. O vídeo, todos podem acessar, abre margens para muitas interpretações.
A partir daí montou-se sua imagem de mulher agressiva, alimentada por artistas como a Hina Maeda, Lucca, Tieta, Caleb Roth.
Sim, sim. Com a Hina eu considero que houve um mau entendido e reconheço que fui grosseira com ela. Não tive oportunidade de ter uma conversa franca com a Hina, mas se tiver oportunidade eu farei isso. O Lucca se encaixa numa pessoa gentil, mas que se aproveita muito das fragilidades do outro para se sobressair de alguma maneira. Os outros dois, eu quero que vão a merda mesmo. Com eles eu faço questão de ser agressiva. Caleb é um homofóbico, machista, xenofóbico e tudo o que há de ruim no mundo; e a Tieta é, como aprendi no Brasil, uma alma sebosa.
Ao mesmo tempo que angariou inimigos, você teve apoio de alguns colegas de trabalho, certo?
O Awa, o Stefan Lancaster e as meninas do Las Trinity foram realmente especiais nesses momentos. O Stefan é bastante afastado, mas é um amor de pessoa; o Awa é incrível. Nós começamos sendo amigos, depois inimigos e nos tornamos inseparáveis depois. As meninas me tratam como madrinha, mas eu acho isso um exagero, eu as amo muito.
Estabelecer laços de amizade no ambiente de trabalho é essencial. Não se pode mudar o mundo sozinha. E não se pode fazer música boa sozinha. E parcerias são importantes. Assim como se reinventar a cada lançamento, ir mais além, esperar e alçar voos mais altos.
O que guarda Sofía para os próximos momentos?
Vou continuar divulgando as minhas músicas de trabalho, talvez com algum lançamento em parceria com outro artista, mas ainda não é certeza. Recentemente anunciei a minha primeira turnê mundial, os shows irão começar na América Latina que é a minha casa. Meus planos são ampliar os shows por todos os continentes.
La Canción que no quiero cantarte, HIGH e Camaleón foram seus últimos lançamentos e foram lançados em datas próximas uma das outras. O público as recebeu bem, assim como a crítica. Entretanto, notou-se um afastamento do estilo mostrado no seu segundo álbum, EL CAMIÑO QUE ME LLEVA HASTA MÍ, o que gerou muitas discussões entre os internautes.
Eu sentia que precisava ir mais além de seguir uma linha durante toda uma era. Acho que não é mais o tipo de coisa que quero fazer. Inclusive, relutei muito na ideia de lançar um terceiro álbum. Isso surgiu do receio que tinha de ter que fazer algo linear; tinha medo de que eu perdesse a vontade de cantar e de compor para seguir uma linha visual, ritmo ou gênero para uniformizar a era. Então eu conversei com minha equipe e decidimos ir aos poucos. Agora eu posso dizer que lançarei meu terceiro disco, não sei quando, mas que será algo bastante eclético, misturando rock, pop, reggaeton, baladas românticas, synthpop e outros.