[EUR] Plastique para a Vogue UK
Jul 25, 2022 0:46:33 GMT
Post by fakepunk on Jul 25, 2022 0:46:33 GMT
Plastique Condessa está finalmente livre. A cantora norte americana de ascendência latina fez muito sucesso cerca de seis anos atrás, porém precisou lidar com problemas na administração de sua carreira que acabaram culminando em seu desaparecimento midiático. As questões envolvendo sua falência e o golpe que levou da gravadora durante a sua era de maior sucesso acabaram fazendo a jovem cantora, agora com 29 anos, se afastar da mídia.
Plastique, que disse ter sido muito chamada pelo seu nome real nesses últimos tempos (Guadalupe), precisou lidar com várias coisas que foram novas na vida da artista em anos; com a maternidade, o afastamento de todas as mídias, Plastique aprendeu a conviver uma vida normal, e sucesso não é o que a cantora busca. Hoje, vamos entrevistar Plastique Condessa, para saber o que ela tanto fez nesses últimos seis anos que passaram, e o que ela pretende com esse álbum novo.
Então, Plastique, já faz alguns anos que você não dá entrevistas ou faz aparições públicas, sendo sua última aparição no Rock in Rio de 2021, configurando quase uma década sem dar entrevistas ou fazer aparições públicas. Inclusive, foi algo que faltou em seu último álbum, Live in Hardcore. Essa nova era, você pretende continuar com essa imagem mais "reclusa"?
Sim, eu pretendo continuar a não expor muito sobre a minha vida, mas agora eu acredito que eu posso voltar a fazer algumas entrevistas aqui ou ali. A era Live in Hardcore foi muito difícil para mim, porque eu estava traumatizada e desiludida com o show business, e por conta disso, acabei decidindo que a única coisa que me importaria naquele álbum seria lançar minha música. Sem clipes, sem divulgação, sem nada. Eu acho que essa estética mais crua, e algo menos do que a indústria está acostumada, foi o que acabou fazendo esse álbum ser grande do jeito que foi.
E como foi passar tanto tempo longe da Plastique Condessa? Como você mesma diz, essa é uma persona que você criou para o meio artístico. Logo, esse tempo em que você esteve dando um tempo de folga para sua persona artística, como foi pra você voltar ao seu modo de vida antigo sem toda aquela pressão da mídia?
Sinceramente foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida. Se eu tivesse continuado com a minha carreira normalmente nesses últimos tempos, eu não teria tempo para me reconectar comigo mesma, me curar do que me deixava mal e eu acabaria perdendo muitas coisas. Eu tinha acabado de ter filho quando eu lancei o Live in Hardcore, e eu não queria perder essa fase de formação do meu filho para me doar para uma indústria que é, basicamente, vender a sua alma para o demônio. Hoje em dia, Rurik já está para fazer seis anos, e eu sei que eu tenho sido uma mãe presente, de uma maneira que não falta nada para o Rurik. E eu não acredito que o que passei nesses anos foi voltar à minha vida antiga, porque a maternidade foi algo que simplesmente mudou a minha vida.
A sua nova música, I Don't Know What's Real, fala muito sobre você estar de certa maneira, perdida. Esses também foram sentimentos que você sentiu no decorrer dos anos?
Sim. Quando você passa cerca de três anos apenas dentro de um personagem, você começa a acreditar que é aquele personagem, e isso cria um certo sentimento de dissociação. Como eu disse em La Ambición de Guadalupe, eu estava dando atenção demais para minha personalidade midiática, e estava esquecendo das minhas origens, de quem eu sou quando estou sozinha, e de quem eu sou quando não tem nenhuma câmera apontada na minha cara. Então, eu precisei ir em busca das minhas origens para eu não me sentir mais tão perdida em tudo, e é basicamente sobre isso que meu álbum fala. Cheguei a um ponto de até cogitar em desistir da minha carreira, mas não parecia certo para mim, o certo seria minhas versões coexistirem juntas, sem ninguém invadindo o espaço de ninguém.
E essa abordagem de um grande hiato entre um projeto e outro, é algo que você pretende levar para os próximos discos também ou você pretende a voltar do jeito que era no início da carreira, onde você lançava um atrás do outro?
Sinceramente, eu aprendi nesse meio tempo que música não é algo que você pode controlar com o tempo. Se você ficar preso em um ciclo, de que precisa lançar um atrás do outro, a sua música não vai ficar boa como você quer. Por conta disso, eu pretendo levar o tempo que for necessário para fazer um álbum, e isso pode ser até um ano como dez anos. A minha música já não é mais algo que eu faça com pressa, eu penso em cada detalhe do álbum, e enquanto ele não parecer perfeito pra mim, eu não lanço. E nem pretendo me esforçar para me manter nos holofotes, ou me manter na mídia. Eu não quero fazer mais nada que eu deja forçada, eu acho que minha experiência com a música foi um pouco traumática no início da minha carreira.
E como você se sentiu com as reações ao seu retorno?
Eu fiquei espantada com o carinho que as pessoas tem por mim e pelo meu trabalho. Eu realmente não tinha noção, e é isso que me faz ter vontade de ainda prosseguir na minha carreira. Mas como eu disse antes, eu acho que as pessoas merecem o meu melhor, e eu não posso dar o meu melhor fazendo um projeto com pressa. Mas eu ver um monte de artistas incríveis dizendo o quanto me acham importante, como a Agatha, a Sofía que foi uma inspiração para o meu álbum, o Lucca, o Golden Castles e outros artistas que estão super bombados ultimamente, me fizeram me sentir emocionada, um sentimento que de alguma maneira ei ainda estou sendo ouvida. Eu acho que música é sobre isso, sobre ter gente te escutando. Não importa que sejam sei lá, três pessoas, só estar sendo ouvida para mim é ótimo.
Qual seria o seu artista preferido dessa nova leva, que surgiram depois de você?
Hum... Olha, tem vários artistas novos que eu ouço até de forma meio obsessiva, definitivamente é muita gente que eu escuto... Mas acredito que o Golden Castles é quem está fazendo o trabalho mais interessante para mim. Eu definitivamente ouço no repeat, e as músicas deles pra mim nunca enjoam. Ou pelo menos eu nunca enjôo, então eu julgo eles como a minha banda preferida no momento.
O seu álbum de estúdio, como você mesma disse diversas vezes em sua conta no Twitter, é sua reconexão e com Guadalupe, que é a garota que você era. Isso, emana as músicas em espanhol presentes no álbum, sendo essa sua primeira vez explorando essa língua. Como foi pra você escrever em outra língua depois de três álbuns 100% em inglês?
Olha, se eu disser que não foi complicado eu estaria mentindo, porque eu confesso que nunca fui uma praticante assídua da minha língua de origem e hoje eu assumo que isso foi um erro da minha parte, e que eu não deveria ignorar o que me formou. Mas eu acredito que eu devia isso para a garota que está aqui dentro, eu acho que a criança que eu fui merece esse esforço que eu estou fazendo. Foi muito difícil escrever em espanhol, ainda mais que eu nunca estive familiarizada com a língua e nunca tinha escrito nada antes que não fosse em inglês, mas estou confiante com as músicas que eu escrevi para esse álbum.
Para finalizar a entrevista, qual o seu real objetivo com esse álbum?
Que as pessoas conheçam quem é a pessoa por trás de Plastique Condessa, e porque essa pessoa é tão importante para que a Plastique Condessa sequer exista. E talvez, que as pessoas percebam que nunca devemos ignorar a nossa origem, ou ignorar quem nós somos em prol de alguém que criamos para sermos mais aceitos socialmente. La Ambición de Guadalupe é sobretudo, um álbum que diz que a perfeição não pode ser alcançada e além disso, que diz que somos perfeitos simplesmente do jeito que somos, e que não precisamos nos adequar a ninguém. E acho que é com essa mensagem que eu gostaria de finalizar a entrevista, eu agradeço pela oportunidade de dar uma entrevista após todos esses anos! (Risos).