[LATIN] Brü em entrevista para a Rolling Stones Brazil
Nov 18, 2024 17:06:55 GMT
Post by nad on Nov 18, 2024 17:06:55 GMT
O ano que passou foi um verdadeiro divisor de águas na carreira de Brü, desde a sua participação no Showdown, a artista viu sua carreira decolar. Ao vencer dois Grammys com o single Noite de Caça, Brü conquistou o reconhecimento internacional e se estabeleceu como uma das imagens mais marcantes e representativas da atualidade. Em seu álbum autointitulado, a cantora abordou temas profundos e reais, garantindo destaque e se tornando um dos álbuns mais bem avaliados de 2028.
Brü foi premiada ao redor do mundo, o que solidificou ainda mais sua presença na indústria. Mas o ponto mais alto de seu ano foi a participação em Paradise, canção originalmente de Sofia, que se tornou a música mais vendida de todos os tempos. Brü, ao lado de Plastique Condessa, trouxe sua essência para essa parceria, que ainda ganhou um remix de sucesso com a cantora baiana Tieta. O resultado foi uma explosão cultural que encantou fãs globalmente, levando o single a um patamar histórico.
Apesar de atingir o topo da indústria musical, Brü mantém-se fiel às suas raízes e humilde em sua ascensão. A cantora fala que ainda não se acostumou completamente com o sucesso e com a grandiosidade dos projetos que a envolvem. Em meio a todas essas conquistas, Brü lançou recentemente Corazon Masoquista, um single em colaboração com a lenda Plastique Condessa, trazendo uma mescla de funk e música urbana.
A carreira de Brü é um dos plots mais interessantes de se acompanhar. De uma mulher trans que fazia shows de covers em Belém do Pará a uma artista que hoje canta em estádios, abrindo shows nos Estados Unidos. Brü quebra barreiras e se mantém como um ícone de luta, resistência e talento, sendo um exemplo de que sonhos podem se tornar realidade.
1. Brü, você ganhou dois Grammys com Noite de Caça no começo do ano e está finalizando o mesmo praticamente morando no #1 com Paradise, voce viveu um ano cheio de conquistas. Como foi a experiência de ver sua arte sendo reconhecida dessa maneira?
Brü: É muito louco pra mim pensar que eu seria eternamente a cantora do viral Noite de Caça, eu até já estava conformada com essa informação(risos) mas ter feito parte disso foi uma das coisas mais incríveis que poderiam ter acontecido na minha carreira. Plastique e Sofia são pessoas que eu conheci dentro do BBMD, e eu vi de longe a carreira de ambas decolarem de forma meteórica, fazer parte disso, ter sido lembrada para esta presente em uma das músicas mais emblemáticas do ano foi como se ambas estivessem me coroando, como se elas estivessem me convidando para sentar com elas no patamar que elas estão. 2028 foi definitivamente o melhor ano da minha carreira. Eu que era uma pessoa que ia na lan house acompanhar os fóruns de charts e está hoje em primeiro lugar é uma das coisas mais loucas que poderiam ter acontecido.
2. Seu álbum foi um dos mais bem avaliados do ano. O que acha que fez o álbum Brü ressoar tão fortemente com o público e a crítica?
Pelo que eu li, as pessoas se identificaram com a verdade escrita nele, entende? Eu como uma mulher trans e negra tenho muita coisa a falar, e eu definitivamente não poupei esforços para isso. Eu não acho que eu tenha uma escrita extraordinária, mas eu acho que consigo falar com pessoas de uma forma clara e que elas conseguem se identificar. Eu tive a sorte de ser avaliada por plataformas que são referências para o que eu acredito e no final do dia, é a música brasileira que está sendo representada dessa forma. É muito bom ser apreciada, eu confesso que quando a nota se fincou, eu passei alguns dias dormindo com um sorrisinho no canto da boca.
3. Como o sucesso mudou sua vida pessoal e artística, e o que você faz para se manter conectada com suas raízes?
Eu realmente tento não me distanciar das coisas que eu acredito, eu acho que o que faz esse album seja exatamente essa minha peculiaridade, entende? Eu tento não me deslumbrar para que isso não mude minha essência. Eu não vou negar que eu amo receber coisas, e eu amo viajar e comprar, mas no final do dia é a mesma Bruna do Jurunas que está deitada em uma kingsize escrevendo sobre vivências em um bloco de notas. Ter dado conforto pra minha família e ver os olhos deles brilhando com meus feitos é o que me eleva e ao mesmo tempo não me tira do chão.
4. Paradise, a sua parceria com Sofia e Plastique Condessa, se tornou a música mais vendida de todos os tempos. O que essa conquista representa para você? Como foi trabalhar com artistas tão icônicas como essas duas, e Tieta no remix de Paradise?
Eu já conhecia a música pois é uma produção da Tieta, acabei ouvindo a produção e fiquei encantada com aquilo. Quando ela me disse que estava trabalhando com a Sofia pra ela, eu fiquei super animada para ouvir, só não imaginava que uns dias depois a própria Sofia iria me convidar para fazer parte. Eu confesso que sempre tenho um pequeno infartozinho quando Plastique e Sofia me respondem no WhatsApp, imagine está em uma música com as duas? E ainda mais a Tieta que é uma verdadeira mãe pra mim na indústria, tudo que eu consegui até Noite de Caça tinha todo o crédito a ela, mas depois ela ficou como empresária e produtora de tudo. Eu estive com as minhas três maiores divas e eu não vejo a hora da gente cantar juntas as quatro.
5. Por falar em Sofia e Plastique, 2/3 de Paradise esteve envolvido recentemente em uma polêmica sobre sorofobia no Twitter. De um lado alguns artistas americanos acusaram Sofia de está sendo sorofobica enquanto as artistas pareciam debochar disso. O que você acha de tudo isso?
Sendo sincera? Eu acho que armaram um circo enorme sobre coisas que poderiam ter sido conversadas ou apenas ignoradas. Eu não sou de me meter em polêmicas, mas como teve muitas pessoas colocando o dedo nisso, irei colocar o meu também. Eu acho que sim, a Sofia foi bem infeliz na fala dela, mas a construção de tudo isso foi um pouco ridículo, sabe? A começar que Harmon Moore é uma das mulheres mais privilegiadas da indústria musical, talvez ela só perca na fila de privilégios para o ex-namorado dela que é um homem, hétero, branco e americano. Os dois foram acusados de terem IST’s, e o que ela fez? Chamou o irmão chaveiro pra falar sobre o quão “homofóbico” e problematico era aquilo. Quer dizer… na única vez que esse tipo de discurso não é atrelado à comunidade, a mulher hétero tira o alvo das costas dela e bota nas costas da bicha com o discurso de que ele já foi muitas vezes atrelado a isso. Parabéns, você atrelou novamente! Another one, thank you. Eu não tenho nada contra ela, nem contra o Kyle, quer dizer, todas as pessoas que estão envolvidas sempre me trataram muito bem, mas eu acho que o problema deles com a Sofia, em específico, é outra coisa.
7. Você lançou Corazon Masoquista como o quarto single do álbum Brü, o que você queria expressar? Como essa música representa o momento que você está vivendo?
Meus dois primeiros singles foram bem sensuais, e eu acho que as pessoas gostam dessa minha versão, nada melhor do que presentear elas com o que elas mais gostam. Cantar com a Plastique sempre foi um sonho pra mim, ela é uma das minhas referências como artista e eu estava ansiosa para lançar essa música a muito tempo, estava esperando Paradise passar para lançar, mas como essa música promete cada dia mais crescer, eu decidi que seria um complemento, como uma parte dois para as pessoas que estão começando a me acompanhar agora.
8. Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou como mulher trans e preta na indústria? Como essas coisas moldaram sua arte?
Acho que exatamente as minhas vivências fazem o que minha arte é. Não sei se existiria uma Brü se eu não tivesse passado por tudo isso que aconteceu na minha vida. A Brü é a versão chique e que faz dessas vivências uma arte.
9. O Showdown foi um divisor de águas para você. O que achou da Jessica ter ganho essa edição? Para quem você estava torcendo?
Eu achei maravilhoso! Não era pra ela que eu torcia, mas era uma das que eu mais via foco, provavelmente. Esse ano eu não vi tantas pessoas tão gananciosas para vencer como ano passado, eu estava torcendo pela Freja, acho que ela foi maravilhosa também. Confesso que os rostos dessa edição foram um pouco mais esquecíveis que a da minha, mas eles serão eternamente meus irmãozinhos e eu espero poder ajudar.
11. Agora que você já cantou em estádios e abriu shows nos Estados Unidos, quais são seus próximos sonhos e metas na carreira?
Eu vou fazer a minha própria Tour depois de alguns lançamentos, acho que será uma boa maneira de fechar essa era. Ainda mais depois que eu lançar o DELUXE do álbum, que irá sair ainda esse ano.
[divulgação corazon Mazoquista e paradise]