[EUR] Plastique é solta, e concede entrevista ao Le Monde
Nov 17, 2024 14:42:16 GMT
Post by fakepunk on Nov 17, 2024 14:42:16 GMT
PLASTIQUE CONDESSA FALA SOBRE SUA PRISÃO, PROTESTOS E O IMPACTO REVOLUCIONÁRIO DE SEU NOVO ÁLBUM BLEACH CITY
Paris, 17 de novembro de 2024 — Após passar a noite sob custódia, a cantora e compositora Plastique Condessa, conhecida por sua ousadia tanto na música quanto nas manifestações sociais, foi libertada. A prisão da artista durante um protesto em Paris gerou repercussão global, dividindo opiniões e colocando-a no centro de um debate sobre arte, política e resistência.
Em uma entrevista exclusiva ao jornal Le Monde, Plastique compartilhou detalhes de sua experiência na prisão, explicou os conceitos de seu aguardado álbum Bleach City e reforçou seu compromisso com a luta contra a opressão das elites. Com uma postura desafiadora e uma retórica afiada, a artista revelou como a música e os protestos se fundem em sua missão de provocar mudanças significativas.
Plastique Condessa foi presa na tarde de 16 de novembro durante uma manifestação em Paris, que pedia reformas sociais e econômicas. O protesto começou pacificamente, mas ganhou intensidade quando Plastique incendiou um carro em meio à multidão. O momento foi capturado por várias câmeras e viralizou instantaneamente, transformando a artista em manchete em todo o mundo.
Ao ser questionada sobre o ato que resultou em sua prisão, Plastique foi direta e implacável:
“Aquilo não foi vandalismo. Foi um símbolo. Esse carro representava tudo o que eles priorizam em detrimento do povo: bens materiais, status, poder. Queimar aquele carro foi uma forma de mostrar que nós não somos mais controlados por essas ilusões. Eu sabia que haveria consequências, mas também sabia que precisava ser feita.”
Ela descreveu sua prisão como um reflexo do que acontece com qualquer pessoa que desafie o sistema.
“A polícia não prendeu apenas a mim; prenderam a voz de milhares que estavam naquele protesto. Eu fui uma distração conveniente para eles. A verdadeira violência não foi minha ação, mas o que o sistema faz conosco todos os dias. A pobreza, a exclusão, o controle... Isso é a verdadeira destruição.”
Durante sua detenção, Plastique relatou ter sido submetida a um tratamento que considera desnecessariamente rigoroso.
“Era como se quisessem me rebaixar, reduzir minha identidade ao número de uma cela. Mas o que eles não entendem é que eu sou mais do que uma pessoa: sou uma voz, uma ideia. Podem me trancar, mas não podem calar o que represento.”
A artista afirmou que, mesmo isolada, se sentia conectada aos seus fãs e à causa que defende.
“Pensei em todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, estão presas em sistemas que as sufocam. Aquelas horas foram apenas uma amostra do que milhões enfrentam diariamente. Saí de lá ainda mais determinada a lutar por quem não tem voz.”
A CONSTRUÇÃO DE BLEACH CITY
Plastique usou a oportunidade para detalhar o conceito de Bleach City, seu próximo álbum de estúdio, que será lançado no dia 30 de novembro. Segundo a artista, o álbum é uma crítica feroz ao controle das elites e à maneira como elas “limpam” tudo o que não se encaixa em seus padrões.
“Bleach City é um mundo distópico, mas assustadoramente próximo do real. É uma cidade onde a elite usa alvejante — metaforicamente e literalmente — para apagar tudo o que eles consideram impuro. Eles querem um mundo branco, uniforme, obediente. Mas a sujeira que eles tanto temem é o que nos torna humanos. O caos é a verdade.”
O título do álbum é uma referência direta ao uso de alvejante como ferramenta de exclusão e controle, mas também um convite à reflexão sobre como somos moldados por essas normas.
“Quando você para pra pensar, o que eles chamam de ‘limpeza’ é, na verdade, um extermínio da individualidade. Eles querem apagar nossas histórias, nossas origens, nossas falhas. Mas a sujeira é essencial. É na sujeira que crescemos, que lutamos, que resistimos.”
AS FAIXAS E A NARRATIVA DO ÁLBUM
Plastique revelou que Bleach City foi construído como uma narrativa coesa, em que cada faixa representa uma camada desse sistema opressor e a resistência a ele.
“Há momentos no álbum que são brutais, porque a realidade é brutal. Há momentos que são desconfortáveis, porque a luta nunca é confortável. Mas também há momentos de esperança, porque acredito no poder da revolta para criar algo novo.”
As músicas utilizam de letras cruas para transmitir o peso emocional e político da mensagem. Cada elemento foi cuidadosamente pensado para criar uma experiência visceral.
“Eu quero que as pessoas ouçam o álbum e sintam algo — raiva, tristeza, determinação. Qualquer coisa menos indiferença. Porque é exatamente isso que o sistema quer: que sejamos indiferentes.”
O IMPACTO DE “DIRTY IT, BLACK”
O primeiro single do álbum, "Dirty It, Black", já está causando burburinhos no cenário musical e político. A música, que possui uma letra desafiadora, tornou-se um hino de resistência.
“Essa música é uma declaração. É sobre rejeitar tudo o que eles nos dizem para ser. Eles querem que sejamos limpos, polidos, submissos. Eu digo: Não. Quero ser suja. Quero ser autêntica. Quero ser livre. E a liberdade nunca é impecável.”
O refrão da música, encapsula a mensagem do álbum e já está sendo cantado em protestos e eventos ao redor do mundo.
“Quando escrevi Dirty It, Black, pensei em todas as vezes que me disseram para me ajustar, para me apagar. Essa música é minha resposta. E, pelo que estou vendo, é a resposta de muita gente também.”
ARTE COMO FERRAMENTA DE RESISTÊNCIA
Plastique Condessa acredita que a arte é uma das ferramentas mais poderosas para provocar mudanças sociais.
“A arte transcende barreiras. Ela entra onde palavras comuns não conseguem. Com a música, posso questionar, incomodar, inspirar. E é exatamente isso que quero fazer com Bleach City.”
A artista destacou que sua turnê de lançamento do álbum será mais do que uma série de shows: será um espaço de diálogo e mobilização. Parte dos lucros será destinada a organizações que trabalham com comunidades marginalizadas.
“Quero que cada show seja um espaço de resistência. Um lugar onde as pessoas possam se conectar, refletir e sair de lá com a vontade de agir. Bleach City não é só um álbum; é um movimento.”
A LUTA CONTINUA
Enquanto Plastique Condessa celebra sua liberdade, ela deixa claro que sua luta está longe de terminar. Sua prisão, em vez de silenciá-la, amplificou sua mensagem.
“Eles podem tentar nos calar, mas a sujeira sempre encontra um jeito de emergir. E enquanto houver sujeira, haverá resistência. Nós não vamos desaparecer.”
Com o lançamento de Bleach City no horizonte, Plastique Condessa se posiciona como uma das vozes mais provocadoras e necessárias de sua geração. Em um mundo que busca silenciar o caos em nome da ordem, ela escolhe amplificar o barulho, sujar as mãos e inspirar uma nova onda de resistência.
UM PASSADO MARCADO POR CONTROVÉRSIAS POLÍTICAS
Plastique Condessa não é estranha a controvérsias de natureza política. Antes mesmo de sua recente prisão na França, a cantora já havia enfrentado problemas severos devido à sua postura provocadora e ao conteúdo de sua arte. O caso mais notório ocorreu ainda esse ano, quando Plastique foi deportada e oficialmente exilada dos Estados Unidos após uma série de eventos que chocaram tanto o público quanto o governo americano.
O incidente ocorreu durante a divulgação de seu álbum anterior, cujo título foi considerado uma crítica subversiva às narrativas oficiais dos Estados Unidos. Em uma das faixas mais polêmicas, Plastique usou metáforas cortantes e até humor ácido para abordar o impacto do 11 de setembro.
A artista não apenas incluiu referências explícitas aos ataques, mas também fez piadas que muitos consideraram insensíveis.
A artista não apenas incluiu referências explícitas aos ataques, mas também fez piadas que muitos consideraram insensíveis.
Os comentários de Plastique geraram indignação instantânea, com políticos, celebridades e até ativistas de esquerda condenando suas palavras. Sua divulgação no país foi interrompida, e nos dias seguintes, Plastique foi alvo de intensas campanhas de boicote.
A DEPORTAÇÃO DOS EUA
A reação do governo americano foi rápida e severa. Alegando que Plastique representava uma ameaça à segurança pública por “promover discurso inflamado e antinacionalista”, as autoridades revogaram seu visto e a deportaram do país.
Plastique respondeu ao exílio com a mesma audácia que a caracteriza. De volta ao Uruguai, ela declarou:
“Eles me expulsaram porque têm medo de uma piada. O verdadeiro perigo não está no que eu digo, mas no que eles escondem. A América é a terra da liberdade, mas apenas para aqueles que concordam com eles.”
Embora tenha enfrentado duras críticas e perda de contratos nos EUA, a controvérsia também solidificou sua reputação como uma artista destemida, disposta a questionar narrativas estabelecidas e desafiar o poder, independentemente das consequências pessoais.
IMPACTO NA CARREIRA
O exílio dos Estados Unidos não enfraqueceu sua carreira; ao contrário, Plastique usou o episódio como combustível criativo. Parte da mensagem de Bleach City, inclusive, nasceu dessa experiência, com a metáfora do alvejante representando a tentativa de “limpar” vozes dissidentes e apagar a sujeira do inconformismo.
“O que aconteceu comigo nos EUA foi apenas uma amostra do que fazem em escala global. Eles querem silenciar quem não segue as regras, quem ri da hipocrisia deles. Mas a sujeira — a resistência, o caos — é a única coisa que os poderosos realmente temem.”
Para seus fãs e críticos, Plastique Condessa continua sendo uma figura polarizadora. Mas, acima de tudo, ela se mantém fiel à sua essência: uma artista que usa a arte como ferramenta para questionar, provocar e, inevitavelmente, transformar.
(DIVULGAÇÃO PARA DIRTY IT, BLACK)
(DIVULGAÇÃO PARA DIRTY IT, BLACK)