Golden Castles x Teen ROCKET
Jul 22, 2022 21:05:31 GMT
Post by luis on Jul 22, 2022 21:05:31 GMT
Divulgação pra dois singles:
Single principal - My Camera Roll
Single secundário - I'm That Mist (feat. Caleb Roth)
Single principal - My Camera Roll
Single secundário - I'm That Mist (feat. Caleb Roth)
É o primeiro dia do ano. Enquanto milhares de pessoas pelo mundo acordam com ressaca depois de uma festa louca, eu acordo às 06:00 e corro pra sede da ROCKET. Estamos em Medellín, na Colômbia, e eu vejo milhares de pessoas voltando pra casa constrangidas — a famosa caminhada da vergonha. Essas pessoas não fazem ideia do escândalo que estava explodindo nos principais noticiários do mundo. Mas ei, isso fica para outra edição da revista. Eu tinha uma entrevista para publicar, e assim seria.
Lembro de conversar com Golden Castles e escrever essa entrevista quatro semanas antes, em Londres. Eu os encontrei em seu chalé de inverno, onde sempre se isolam no fim do ano. Achei de uma hospitalidade enorme me receberem, e pareciam tão animados. Eu precisava fechar o ano com a entrevista perfeita. Ao invés disso, preferi inaugurar 2026 com uma.
Cheguei às 14:00 em ponto, no alto de uma montanha. Você já conheceu esse lugar antes se assistiu ao documentário Generation Sessions, disponível na HBO +, um presente pros fãs. O lugar é realmente como vemos na TV: é moderno, confortável e caramba, queria que sentissem o cheiro de canela daquele lugar. E sim, é longe, muito longe. E frio também.
Quem me atende na porta é Sun-Hi, ironicamente, a mais calada e tímida da banda. Agasalhada dos pés a cabeça, ela me abraça assim que me vê e diz que estão me esperando na varanda dos fundos — sim, aquela com aquela vista linda da cidade pequena que estão hospedados. Chego e os outros três sorriem ao me ver. Me abraçam, me oferecem um pouco do chá que estão tomando e se sentam naquele sofá enorme. Eu educadamente aceito o chá, pego meu gravador na bolsa e começo, sem mais nem menos.
Pamela: Então, estou na frente dos Golden Castles.
(Eles apenas gargalham, juntos. É a resposta perfeita. Eu rio junto).
Pamela: Ainda não se acostumaram com o nome?
Leo (o tecladista): O nome nos acostumamos sim. A gente não se acostumou com esse “dos” na frente. Parece que nós somos gigantes.
Pamela: E são, não são?
Leo: Seria modéstia demais concordar.
(Aqui, eles se encaram e soltam a gargalhada mais sincera do mundo. Apaixonante).
Pamela: Então vamos pensar baixo. Hoje não estou na frente dos grandes Golden Castles. Hoje falo apenas com Leo, Abby, Sun-Hi e Nanwom. Como vocês lidam com essas duas faces?
Nanwom (o vocalista): A gente junta as duas, o tempo inteiro. Sabe, quando somos Golden Castles, somos um só. Juntamos nossas verdades em uma só coisa e espalhamos por aí. Mas tem um pouco de nós quatro em cada coisa que nós fazemos. Mesmo. Vocês não percebem, mas quando ouvimos nossas músicas, pensamos: Uau, isso é tão Leo! Ou uau, certeza que isso tem dedo da Abby! É bem íntimo mesmo.
Pamela: Como é normal ser íntimo pra vocês e pra outras milhões de pessoas ao mesmo tempo?
Nanwom: Nosso público é de pessoas bem parecidas com a gente. Também somos 4 jovens com problemas, sabe? Quantos jovens não passaram pelo mesmo que nós em algum momento da vida? Esse é o legal, a gente sente que o público segue junto com a gente. Cresce.
Pamela: Cresce. Que palavra interessante, não é? Vocês usaram muito no último disco de vocês.
Abby (a baterista): Pra caralho.
(Eles gargalham, constrangidos. Eu digo que podem sim xingar).
Leo: Eu sou o compositor principal da banda, mas óbvio que não sozinho. Eu lembro como se fosse ontem: A gente tinha terminado a turnê, e aí, finalmente vieram as férias. Ninguém aguentava mais viajar, só queríamos ficar em casa por semanas e semanas. Cada um na sua. A gente tem um grupo próprio no WhatsApp, mas se ver mesmo? Caramba, demorou meses.
Abby: Isso, e aí eu disse: pessoal, meu irmão alugou uma casa ótima em Brighton. Topam um fim de semana? Só a gente, algumas cervejas, e uma prancha. Eu estava doida pra aprender a surfar e dizem que os melhores tutores do mundo estão lá.
Leo: Todo mundo rejeitou. Menos Sun-Hi, claro.
(Eles todos gargalham de novo. Eu fico chocada com a química da banda. ÀS vezes, me sinto uma invasora. Mas eles sabem me integrar e se animam em contar a história).
Sun-Hi (a baixista): Eu só pensei: poxa, gente, que saudades! Sou meio do contra as vezes, mas a gente nunca tinha ficado tanto tempo sem se ver — pelo menos não com a intenção de trabalho. E aí eu disse: ok, eu vou, e foda-se vocês. Abby, conta comigo. Obviamente, os dois bobões foram correndo logo atrás. Quando nos vemos de novo, eu só pensei: Caralho, o Nanwom engordou tanto.
Nanwom: Eu pensei: Que merda o Leo fez no cabelo? Todo mundo só viu os defeitos um do outro. Foi muito engraçado. Depois disso a gente se abraçou muito e ali a gente meio que sentiu, sabe? Eu, lá no fundo, sabia que um álbum nasceria dali. E surgiu mesmo.
Pamela: Então The Travels nasceu de fato de uma viagem? Que literal.
Leo: Foi uma viagem bem reflexiva... A gente percebeu que tinha crescido ali. Os hábitos, formas de distração... Nada mais era muito parecido. E aí eu pensei: como foi que chegamos aqui? Como foi que a gente cresceu tanto em tão pouco tempo? Deus, preciso escrever sobre isso. Foi quando nasceu Honey, I’m Home. A última música do disco. O resto é só história. Depois daquela viagem, a gente começou a fazer várias outras. Em cada uma, nascia uma nova música.
Pamela: Pra onde mais vocês foram?
Abby: A gente rodou a Inglaterra. Brighton, Margate, Portsmouth, Blackpool... Já até perdi as contas. O que não faz quatro solteirões num trailer com um pouco de maconha?
Ali, eles resolveram me apresentar o chalé, cômodo por cômodo. Vi a cozinha enorme com um cheiro forte de queimado: tinham tentado fazer uma omelete diferente que viram no TikTok e deu errado. Depois vi os quartos, o estúdio acústico deles e até algumas das fotos dos quatro penduradas pela casa. Resolvi que queria saber mais deles além da criação do disco.
Dessa vez, sentamos na sala.
Pamela: Eu preciso dizer que estou tão, mas tão intrigada. Vocês são muito ligados. Quando se conheceram? Aposto que estão cansados de contar essa história.
Nanwom: A gente tinha uns 18 anos. Eu tinha acabado de sair de Seul, pronto pra começar minha vida aqui. Eu já tinha bastante dinheiro por conta dos doramas que estrelei e também tive apoio do meu pai pra recomeçar a vida fora de lá. Foi em um bar, o Holy Groove. Sacou o nome?
Leo: Eu e Abby estávamos cantando alguma coisa no karaokê quando o Nanwom apareceu. Eu reconheci ele na hora, por conta dos doramas, óbvio. Abby já tinha crescido em Londres, então não o conhecia. Assim que acabamos a música, corri pra falar com ele. Falei que era um fã, mas ele me ignorou.
Nanwom: Não suportava fãs. Eu estava afogando as mágoas, na pior fase da minha vida. Mas Deus, como aquele Leo era lindo. Eu digo isso pra ele sempre! Então claro, dei uma chance.
Leo: Mentira. Ele só deu chance porque a Abby tava com uma jaqueta Gucci linda. Ele é mesquinho, sempre foi. Viu que ela tinha dinheiro e começou a conversar.
Abby: Achei a jaqueta num brechó. Tinha que ser minha.
Nanwom: Começamos a virar amigos. Conheci Sun-Hi depois pela internet. Tinder, mais especificamente. Mas vamos ignorar essa parte da história, por favor.
(Eles gargalham mais uma vez. Vejo que está entardecendo e preciso voltar. Mas antes, faço a pergunta mais importante).
Pamela: E daqui pra frente? O que vocês têm para dizer?
Nenhum dos quatro responde de imediato. Dessa vez, eles não se olham. Cada um pensa em uma resposta e eu fico nervosa, achando que fiz a pergunta errada. Mas aí, uma corajosa se arrisca. Justamente a mais calada.
Sun-Hi: Estamos na nossa melhor fase. The Travels está aí, e ainda queremos trabalhar muito. Temos músicas novas pro deluxe, uma turnê encaminhada pra 2026. Mas o que temos a dizer? Tudo aquilo que nosso coração precisar.
Nanwom: E pop. Precisamos de uma era pop, pelo amor de Deus. Eu amo Holy Groove. Preciso de um disco inteiro assim. Pop é uma celebração. Uma celebração de quem nos tornamos e de quem nós somos, além de tudo.
Eu entendi tudo. Não precisava perguntar mais nada. Agradeci pela tarde incrível, voltei a Medellín e tirei uma semana pra pensar em como encerrar essa entrevista. Mas entendi que não tem final. É uma viagem constante. Vi eles, já crescidos, e vi como isso aconteceu e como vai continuar acontecendo. De certa forma, cresci um pouco também. Começa um ano novo, e dessa vez, quero que 2026 seja repleto dessas viagens. Vai ser lindo.