Lola W - DOLLS WORLD
Nov 11, 2024 19:21:02 GMT
Post by Ramprozz on Nov 11, 2024 19:21:02 GMT
Nota: 79
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O que dizer de Lola W? A cantora espanhola lançou seu terceiro álbum de estúdio, o Dolls World. O álbum começa com uma releitura da icônica música ‘Barbie Girl’. É como se Lola fizesse uma versão para a Weird Barbie, o que combina completamente com o estilo e sonoridade da cantora. A faixa tem backing vocais incríveis e o famoso piano que é tocado em filmes de terror ou em filmes de vampiros como o Drácula.
A atmosfera do álbum muda logo que a segunda faixa começa. CA$H é uma inspiração clara de que Eunji teve liricamente de Lola. A música facilmente poderia ser algo que a artista coreana teria lançado em seu EP de estreia, o SLAY. A música fala sobre não importa quanto hate e difamação a espanhola sofra, ela continua fazendo dinheiro e é número um nos charts do Bangladesh, o que soa engraçado e camp.
Falando em camp, a terceira faixa, ‘Pink Ferrari’ é feita para os jovens usuários de tik tok. Uma música electro country que remete muito a época dos summer eletro hits dos anos 90/2000. E tipo assim, que não iria andar por aí numa Ferrari rosa ao lado de Lola W com Pink Ferrari torando no máximo? Infelizmente, acho que muitos, mas eu entraria nesse carro tal qual aquela cena no clássico filme, Mean Girls. Queria destacar também que, talvez as faixa anterior poderia ter trocado de posição com alguma outra do álbum, porque se essa fosse a segunda faixa seria algo mais coeso, porque poderíamos imaginar que a própria Weird Barbie está nos convidando para dar uma voltinha no Barbieland, ou melhor no Dolls World.
A quarta faixa do álbum é Plastic, uma colaboração com a cantora Vienna Lorenzi, e essa faixa foi uma das minhas favoritas do álbum. Além de falarem que elas são feitas de plástico, assim como bonecas, podemos interpretar também como uma crítica aos padrões de beleza atuais que são cada vez mais inalcançáveis. Visto que depois de uma certa idade, as mulheres passam a ser descartadas ao envelhecer, e os procedimentos estéticos como botox, silicone e outros auxiliam na questão de rejuvenescimento e até a ajudar com outros problemas, claro, se é feito com bastante consciência. O que infelizmente, não acontece. No caso elas falam sobre aquelas divas que fazem diversos procedimentos estéticos e ficam parecendo bonecas humanas de tanto preenchimento que elas fazem.
Em Dolls World, música que dá nome ao título do álbum e que é uma colaboração com o girl group DREAM DOLLS, nos mantém nesse mundo plástico e de certo modo sem graça, mesmo que exista bastante diversão. É uma música de verão bem divertida, como se fosse um crossover entre a Barbie e Polly. É como voltar à infância e brincar de boneca com minha prima que tinha a coleção da Polly de verão que mudava a cor do cabelo em contato com a água e todos os outros itens que acompanhavam para fazer a festa na piscina.
High Heels é definitivamente minha faixa favorita por trazer a sonoridade psicodélica acompanhada de sintetizadores clássicos dos anos 70. A música é bem bobinha liricamente e isso continua sendo algo perfeito para continuarmos viajando pelo mundo das bonecas. É como se estivéssemos em uma loja de sapatos experimentando todos os saltos altos gigantes que Lola usa, enquanto passamos bronzeador artificial laranja e colocamos preenchimento labial e ficamos parecendo como uma garota qualquer do Essex
A partir de Stupid e Real, Lola nos apresenta um lado mais melancólico de si mesma e desse mundo. Mostrando que nada pode ser rosa e feliz para sempre, que os dias cinzas também existem e que o sentimento de insuficiência e de não ser correspondida no amor pode nos deixar para baixo. Ainda mais tendo que lidar com uma vida pública, onde todos podem ver o que você faz ou deixa de fazer e tendo que aguentar as pessoas apontando o dedo e te ofendendo de mil maneiras diferentes. Elas são as faixas mais alternativas do álbum e as mais sinceras, embora Real seja algo mais y2k e não há uma batida tão triste quando Stupid e seja um pouco mais otimista. Talvez colocaria Real no lugar de CA$H.
A segunda faixa combinaria perfeitamente com a sonoridade e a letra de Genetics, que pra mim foi mais um acerto de Lola embora seja mais um pop genérico, é uma música perfeita para dançar na balada e dançar a noite toda.
A última faixa do álbum é "Sticky " em parceria com Claire Camaraderie. De fato é uma música muito Lola W e combina com ela, só não sei se acharia que ela fosse a melhor faixa para fechar o DOLLS WORLD. Talvez existam músicas descartadas melhores para este feito ou alguma outra faixa presente no álbum.
Posso dizer que foi uma aventura divertida pegar uma carona na Ferrari rosa de Lola W, enquanto ela me transformava em uma boneca através de sua música e o passeio pelo Dolls World. É álbum com bastante acertos, que infelizmente não compensam alguns deslizes, embora as faixas como Barbie, Plastic, High Heels e Stupid são os grandes destaques e mostram como Lola W pode ainda se tornar uma artista reconhecida e colher grandes frutos em um futuro.
CHECKMATE
Nota: 75
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Mesmo que já tenha passado um ano desde o lançamento do filme, aparentemente a febre "Barbie" segue viva no coração de alguns. Ou talvez não seja bem assim... Enfrentando boicotes e infortúnios, a cantora espanhola Lola W lança seu terceiro álbum de estúdio, o Dolls World, e anuncia grande mudança em sua carreira.
É impossível avaliar esse álbum sem levar em conta a situação pela qual a artista passou com seu lançamento. Conhecida pelo seu cabelo cor de rosa e por suas canções sexuais e caricatas, Lola não é exatamente o que chamaríamos de um "sucesso", mas é definitivamente uma figura conhecida. Em meio às dificuldades em alinhar suas vontades com as de sua própria gravadora, nem mesmo Lola se sente conectada ao álbum após seu lançamento, tanto que trabalhou pouco para promovê-lo. Mas será que isso afeta sua qualidade? Vamos avaliá-lo para descobrir.
Iniciando com uma releitura do clássico hit Barbie Girl lançada um ano antes do álbum, Lola canta sobre ser a bonequinha cor de rosa perigosa que conhecemos. A canção possui influências hip-hop em seu instrumental que adicionam um sabor diferente para a vida perfeita de Barbie. Aprofundando-se no hip hop e mostrando suas habilidades como rapper, CASH é a próxima música, na qual a cantora faz uma diss track para seus haters por chamar sua música de lixo enquanto ela enriquece cada vez mais. A canção possui um instrumental simples, deixando o foco em seus versos de rap, carregados com suas emoções. Em Pink Ferrari, Lola continua a utilizar samples e a entregar sua versão de diferentes músicas. No próprio início da canção, ela diz "essa é para o TikTok", e a letra é boba e nada séria. Apesar de não ser tecnicamente refinada, é uma faixa divertida, e podemos dar o crédito a isso.
Unindo-se novamente com sua parceira de longa data, a produtora europeia Vienna Lorenzi, Lola faz de Plastic um de seus singles, e podemos dizer que os singles dessa era foram muito bem escolhidos, pois são não só as melhores canções do projeto, como também as mais comerciais e melhor produzidas. Com metáforas simples e um pop chiclete, Lola faz uma clara crítica ao mundo plástico do capitalismo e do mundo das cirurgias estéticas. Para um álbum bobo de uma cantora tirada para palhaça, Plastic é um verdadeiro hino feminista foda, e nós respeitamos isso completamente. Na faixa seguinte, que carrega o nome do álbum, DOLLS WORLD, Lola chama o polêmico girlgroup de K-pop Dream Dolls para uma parceria refrescante e veranesca, no qual elas mantém a ideia de mundo plástico trazida na canção passada e cantam a letra como se fossem bonequinhas idiotas. Nada de extraordinário, mas definitivamente muito divertido!
Em High Heels, Lola apresenta um instrumental com inspirações disco e canta críticas à vida dupla e perfeita que as mulheres precisam seguir para os olhos da sociedade. A canção chega a ser triste em meio a sua ironia, trazendo uma perspectiva diferente em um álbum que carrega uma roupagem tão alegre. Essa tristeza é ainda mais intensificada na canção seguinte, como se representasse um banho de água fria no mundo de plástico, no qual o eu lírico se sente desprendido dessa realidade e que não pertence mais a esse universo. A faixa se chama Stupid, e é perfeitamente produzida para evocar o sentimento cantado na letra através de seu instrumental. Em seguida a realização, conhecemos o amor: em Real, outro single do álbum, a cantora canta sobre estar perdidamente apaixonada e até mesmo obcecada por seu Ken. A música mixa elementos de pop e hip-hop e possui um ritmo mais lento, também lembrando o pop de antes dos anos 2000.
Chegando ao fim do álbum, em Genetics, a cantora agradece seus bons genes e canta sobre como é incrível ter nascido assim tão linda. Nada como um hino de auto confiança, certo? E, para finalizar, alternando seus versos com raps da icônica Claire Camaraderie, a diva nos entrega a repetitiva e confusa, porém dançante e viciante Sticky. Achamos que a letra dispensa comentários.
Particularmente, acreditamos que Lola W é uma potência subestimada na música pop. Ela consegue entregar com clareza e sucesso um bom pop para dançar, levantar o espírito das mulheres, fazer críticas simples a problemas complexos e ainda possui o adicional de ser uma rapper talentosa. Infelizmente, alguns fatores ainda se colocam no caminho dela antes de podermos dizer que seus trabalhos são impecáveis. Primeiramente, é impossível avaliar esse álbum sem levar em consideração o problema em seu timing, divulgação e o chamado "boicote" da gravadora. Somados ao cansaço da própria cantora, parece que ninguém quer que achemos esse álbum um bom trabalho, ou até mesmo uma boa ideia. Porém, como bons apreciadores de boa música, lamentamos em decepcionar e expressar como gostamos genuinamente do que foi entregue. É claro que existem defeitos líricos e externos, mas acreditamos que o DOLLS WORLD entrega o que se propõe, sendo um álbum bobo e divertido mas também contendo algumas análises sérias e importantes, e, é claro, representa muito bem a história de Lola em comparação com a vida da boneca Barbie. Ficamos ansiosos para saber o que a espanhola pretende nos entregar a seguir agora que diz ter se cansado de cantar sobre sexo e a cor rosa.
Nota: 69
Escrita por: Cathleen Prior
Lola W retorna para os holofotes atualmente com o seu terceiro álbum de estúdio. O DOLLS WORLD continua com aquele mesmo jeito cômico e irônico presente em quase todas as canções da artista. O disco contém parcerias com a produtora Vienna Lorenzi, a rapper Clarie Camaraderie e o grupo feminino sul-coreano – que não tem nenhuma asiática – DREAM DOLLS. Há um certo comprometimento com o conceito nas faixas, onde tudo é rosa, plastificado e completamente açucarado.
A primeira faixa do álbum é justamente o primeiro single: “Barbie”. A canção saiu no meio de 2027 e foi um pouco deixada de lado pelo público quando a Mattel lançou o “The Barbie Project”. Foi uma enorme coincidência, mas o público acabou escolhendo o seu lado. “Barbie” é uma faixa Pop que bebe do Trap, e é divertida, mesmo sendo ridícula. É uma canção que serve apenas para introdução do álbum.
“CA$H” vem logo em seguida, e continua com a sequência de um rap de segunda categoria – vamos ser sinceros, as músicas dessa pegada não combinam com a Lola. A letra nem precisa ser citada, porque larguei a mão quando li “I’m number 1 in Bangladesh”.
Talvez aqui as coisas deveriam começar a engatar – literalmente. “Pink Lamborghini” dá o pontapé para um Pop nonsense, mas acaba parecendo música de introdução para vídeos infantis no YouTube. É uma faixa que, mesmo ridícula ao extremo, consegue ser mais consistente que as duas faixas anteriores.
Finalmente, “Plastic” surge na tracklist para dar uma refrescância verdadeira para o disco. A canção conta com a colaboração da produtora e cantora europeia Vienna Lorenzi. A faixa uptempo é o maior acerto do álbum, e não é atoa que foi o maior hit do disco, até o momento. A junção Lola e Vienna sempre dá certo, e “Plastic” é a verdadeira prova disso.
“DOLLS WORLD” é, então, a tão esperada parceria entre esses dois mundos. Percebemos que a canção foi gravada a muito tempo, porque ouvimos os vocais da ex-DREAM DOLLS Liebe. É meio inesperado dizer isso, mas esta faixa é uma das primeiras – e únicas – canções com o grupo feminino que parece dar certo. O Pop é divertido e consegue extrair bem a energia dos dois atos combinados na faixa.
Em “High Heels”, vemos um Synthpop ser introduzido pela primeira vez no projeto. A canção é ótima para tocar em uma noite badalada em Ibiza, onde você nem presta atenção no que está sendo cantado, você só sente a batida e deixa o seu corpo levar nas influências retrôs da faixa.
“Stupid” já aborda uma pseudo-balada eletrônica. A faixa serve para quebrar um pouco o momento de agitação que estava sendo apresentado antes, mas não tem nada “demais” além desta sonoridade e abordagem que diverge com todas as outras canções.
E de volta para o Pop dos anos 2000, “Real” é uma verdadeira canção y2k, podemos ver todos os elementos desta sonoridade aqui – violinos, banda, e batidas sempre nos mesmos pontos específicos. A faixa é um dos maiores destaques do projeto, seja pelo seu jeito mais autêntico ou pela letra que não soa tão cômica assim como as outras.
“Genetics” é aquela canção egocêntrica e egoísta pra caralho, mas utilizada do jeito certo – e era isso que o álbum precisava. A faixa é divertida, agitada e um verdadeiro hino para cantar em conjunto enquanto ouvimos de modo aleatório em situações aleatórias. Ela serve para aumentar a autoestima, e cumpre perfeitamente com o que deveria.
E, então nos despedimos do DOLLS WORLD em “Sticky”, canção que conta com a participação especial da rapper latinoamericana Claire Camaraderie. A faixa tem sim um sentimento de encerramento de projeto e aborda uma nova sonoridade – o electropop misturado com o hyperpop. A faixa é divertida, e o verso da Claire dá um sentido diferente ao que estava sendo apresentado anteriormente. É uma visão mais “sexual” do mundo das bonequinhas – sejam elas de luxo ou não.
É triste ver uma cantora com tanta potência acabar se entregando a batidas genéricas e letras ridículas. Caso a Lola W se levasse um pouquinho a sério, poderíamos ver o seu crescimento na indústria e se tornar uma das maiores popstars da atualidade.
DOLLS WORLD é um projeto de momento: se você acordou num dia que está afim de ouvir coisas idiotas, ele é a escolha perfeita para isso. É um álbum que não tem comprometimento em entregar letras boas e filosóficas e instrumentais elaborados. Ele não é coeso, a cada momento, está introduzindo uma sonoridade nova, batidas diferentes, e mesmo assim, todas são genéricas. Mas vejo a Lola W como uma parte fundamental para a indústria atual: às vezes, é bom ter um alívio cômico de vez em quando.