Plastique Condessa - In a Sunny Day, Everything Can Happen
Nov 11, 2024 19:04:16 GMT
Post by Ramprozz on Nov 11, 2024 19:04:16 GMT
Ouça In a Sunny Day, Everything Can Happen de Plastique Condessa aqui.
Nota: 87
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"In a Sunny Day, Everything Can Happen" é a coisa mais semelhante à caixa de Pandora que qualquer artista da indústria musical contemporânea ou até passada poderia fazer. Não, esse não está nem perto de ser o melhor álbum de Plastique Condessa, considerando que temos os intocáveis Behind The Sun e Stories Of The Night, e é improvável que ela produza alguma faixa melhor que Buenos Males Aires a essa altura, mas... o que ela fez em seu mais novo álbum não deixa de ser menos genial. É óbvio que esse álbum não é para todo mundo, é necessário ter, ao mínimo, sensibilidade à ironia, já que é a ironia que faz esse álbum como um todo, ou seja, se você leva qualquer dessas faixas a sério, você já perdeu todo o entendimento que poderia conseguir através de cada capítulo desse projeto. Segundo, é necessário ter o mínimo de entendimento de geopolítica e dinâmicas de poder, você não vai entender piadas feitas com o tipo de humor mais feroz e sujo sobre mudanças climáticas, aquecimento global, imperialismo americano e controle de massas através da mídia social e da tecnologia se você não estiver inteirado das atualidades e de teorias políticas, o que parece redundância a essa altura do jogo, já que Plastique é abertamente decolonialista e anarquista, o que você espera dela? Terceiro, é claro que você deve conhecer o caráter, a personalidade e o posicionamento da artista a fim de entender tudo o que ela quis dizer na obra, você só vai entender que os personagens que ela evoca aqui são irônicos se souber que ela é anarquista, de posicionamento de esquerda extrema, ou você vai cair na absurdamente equivocada ideia de que ela realmente acredita no controle de população disfarçado de progressismo e positivismo. Dito isso, vamos às músicas. In A Sunny Day (...) não poderia ter faixa de introdução melhor que Cold War. A produção, toda a sonoridade, os samples de estrelinhas flutuando ao som de uma mixagem inspirada na estilística futurista, tudo isso exala extremo positivismo, e tudo isso acompanhado de versos como "And somehow we did become obsessed with the technology / Nothing's more powerful than the industry"? É o auge da pós-ironia, ISSO é cyberpunk de verdade, talvez a coisa mais cyberpunk que qualquer artista conseguiu fazer, a progressão tecnológica que os líderes mundiais adoram usar para justificar ou ao menos, agregar algum tipo de valor sombrio às guerras e à destruição de maneira essencialmente maquiavélica ao som de um hyperpop futurista e na mesma medida, experimental E de certa forma, genérico... essa faixa cria o tom do álbum, o mood, e é bem direta, talvez uma maneira que Plastique encontrou de tentar explicar às pessoas dotadas de nada além de senso comum o que ela realmente quis dizer... infelizmente, não deu certo. Depois, temos Future Discotheque 2, que é ainda mais bem humorada logo no começo, quando o chamado inicial de Rhys Roux cita as pessoas como "NPCs", ressignificando uma gíria comumente usada por pessoas da comunidade incel e de extrema direita, o que é um golpe de mestre que provavelmente fez muitos deles acharem que Plastique estava ao lado deles, um pouco como fizeram as produções audiovisuais Clube da Luta, Psicopata Americano e Peaky Blinders. Sunny Day é ainda mais direta, citando todos os massacres que os EUA fizeram em diversos países do Oriente Médio, principalmente, mas também em outros países da Ásia e até a influência de seu autoritarismo em países americanos. Perguntar "como um dia ensolarado mudou as vidas no Oriente Médio?" é talvez um dos pontos mais altos desse álbum, é cortante, é de partir o coração, e só por um momento ela deixa a ironia e o humor negro de lado para realmente tocar os sentimentos do ouvinte. Esse verso, essa música no geral, tem uma grande carga de lamentação, tristeza e principalmente raiva muito bem justificada. Hot Like Europe é provavelmente a produção melódica mais interessante do álbum, indo pra um lado mais inspirado pelo rock, até tendo uma pitada industrial, e também inspirado em grande parte pelo cyberpunk, tudo isso enquanto entrega um dos momentos de ironia mais refinados, falando sobre como a Europa está quente, usando da ambiguidade da palavra "hot" pra invocar o humor e a ironia aqui, além de ser uma forma interessante e descolada de abordar o aquecimento global, "quente como a Europa" seria algo absurdo há alguns anos, ninguém entenderia isso em momentos em que o aquecimento global não era uma preocupação tão urgente, ou seja, ninguém entenderia se você usasse a Europa como um parâmetro para altas temperaturas, já que a Europa já foi um parâmetro para climas extremamente frios. Essa foi uma sacada bem inteligente pra comentar sobre esse assunto específico, já que nos faz refletir sobre como as mudanças climáticas são mais impactantes do que nós pensamos em primeira instância, tipo, A EUROPA ESTÁ QUENTE! Esse é o nível de impactos ambientais a que chegamos! Realmente genial. Sexy On Global Warming segue a mesma linha de Hot Like Europe e usa muito bem a personalidade das garotas do DREAM DOLLS, usando a personalidade delas pra integrar a melodia e a letra, que por sinal, são ÓTIMAS. A produção, em especial, brilha muito aqui, sendo uma fusão perfeita da sonoridade da Plastique Condessa do velho testamento com o grupo DREAM DOLLS. Infelizmente, a faixa é ofuscada de certa maneira, já que ela é semelhante a Hot Like Europe tematicamente, mas um pouco menos complexa. Bubblegum America é talvez a faixa mais superficial, mas debochar do estilo de vida desumano e antidemocrático dos EUA enquanto dá risada da falta de conhecimento geográfico deles nunca vai perder a graça, então, mesmo que essa faixa não ganhe pontos por motivos técnicos, é impossível não ganhar pontos por seu carisma e também por sua melodia e produção extremamente contagiantes. Crack Rock é o mais puro suco de cyberpunk e é algo muito pertinente falar sobre como a epidemia da dependência química é uma consequência direta da falha do capitalismo em dar uma vida digna para todos os seres humanos sob o sistema, mas ainda sim, essas pessoas são tratadas como párias e vilanizadas pela sociedade, como se o fracasso fosse pessoal e não social, coletivo.
E finalmente, chegamos a Letter To Italy... não é possível descrever quão campy e quão engraçada é a atitude de Plastique de convidar Lucca Lordgan como a colaboração nessa faixa... foi uma jogada de mestre chamar a pessoa que é provavelmente o maior popstar da Itália para... isso mesmo, uma faixa de comparação entre a atualidade e a realidade do mundo na época da Segunda Guerra Mundial, sendo uma das maiores figuras da ascensão fascista durante este período histórico o italiano Benito Mussolini, fundador do Partido Nacional Fascista. Não consigo explicar porque isso é uma piada de péssimo tom e ao mesmo tempo, hilário, mas é preciso dizer que ela teve a chance de fazer a coisa mais engraçada possível E ELA FEZ. Bem, a partir daí, o álbum sofre uma esfriada, talvez uma das poucas falhas é que Plastique não soube onde parar, não acho que era necessário mais uma música falando exclusivamente sobre o aquecimento global, já tivemos menções ao assunto anteriormente e é claro, temos as faixas Hot Like Europe e Sexy On Global Warming, que são melhores e mais que suficientes. E... 11 de Septiembre é uma grandessíssima incógnita, é muito bem humorado encerrar o álbum com uma música tradicional latina sobre um amor perdido na guerra que com certeza não soa como isso, mas sim como uma sátira do tipo mais cru aos Estados Unidos da America. Sim, a ideia é genial, ela é liricamente ótima, mas, eu sinto muito dizer que esse é provavelmente o pior que uma música de Plastique Condessa já soou. Sim, a sonoridade dessa música é algo horrível e sem salvação, mas dito disso, não consigo afirmar com certeza que ela não deveria estar presente no álbum, é um encerramento totalmente estranho e incoerente, mas é simplesmente muito engraçada, talvez pelos motivos errados, mas não significa que isso seja menos entretenimento. Ainda sim, é algo que com certeza qualquer ouvinte da artista, casual ou assíduo, vai pular imediatamente, ou até mesmo criar uma playlist com todas as faixas do álbum MENOS essa. Não que reggaeton seja um parâmetro comum de qualidade, mas essa música não é um reggaeton, é algo ainda pior, ainda mais brega, com todo o respeito à grande Plastique.
Dando fim às ofensas proferidas à última faixa, vamos ao veredito: Não, In A Sunny Day (...) não é um dos melhores projetos de Plastique Condessa, mas é provavelmente integrante do top3 ou top5, ironicamente. Ao mesmo tempo em que ele é despido de qualquer seriedade, ele ainda sim tem uma complexidade e a sátira, o escárnio cru que ela evoca nesse álbum, é genial. A maioria das músicas soa como algo que qualquer pessoa adoraria escutar e dançar, e enquanto isso, ela está denunciando as coisas mais vis que acontecem no nosso planeta, e essa é uma dicotomia que poucos artistas conseguem manter de forma coesa, nem mesmo Plastique acertou 100%, mas ela acertou mais que o suficiente. É difícil não esperar mais dela, que já fez projetos impecáveis, mas ela não é responsável por nossas expectativas. É compreensível que muitas pessoas não tenham entendido e apreciado esse projeto, ele não é acessível, é necessário ter conhecimento específico e uma boa experiência de literatura e comédia, mas também não é responsabilidade do artista fazer algo mais digerível, nenhum artista tem a obrigação de simplificar a própria arte para o bem de pessoas leigas, se você quer realmente entrar no imaginário de Plastique, você deve se munir de conhecimento e encontrar ela lá. No mais, ótimo álbum Plastique, provavelmente não é o retorno que seus fãs da época hyperpop queriam mas é o retorno que o mundo precisava.
Nota: 55
Escrita por: Nadja Burgees
Em mais uma cartada na sua carreira, Plastique Condessa, outrora ganhadora do grammy de álbum do ano, conhecida por trabalhos aclamados, composições afiadas e profundas, conceitos elaborados e bem desenvolvidos, decide nos presentear no dia 11 de setembro uma releitura camp e maximalista do maior atentado terrorista da história dos Estados Unidos (arqui-inimigo de Plastique).
Nunca é fácil ouvir um trabalho da Plastique, suas produções geralmente são elaboradas as letras pedem um tempo maior de processamento e de entendimento, seu conceito as vezes fica meio obscuro no começo e tudo mais e essas coisas são exatamente a graça por trás de ouvir um trabalho da Plastique, certo? Pois aqui não tem nada disso. Talvez esse disco tenha sido feito no automático ou talvez ela tenha apertado sem querer o botão de subir o álbum nas plataformas, eu não sei, mas certamente aqui não está a Plastique que conhecemos.
Quer dizer, em partes. Quem mais faria um álbum sobre 11 de Setembro e dividiria os lados do vinil em torre 1 e torre 2? Somente ela poderia, e ela não apenas pôde como fez. O que nos entristece profundamente aqui é que tudo no disco é legal, e controverso, e embora Plastique tenha 40 anos ainda é legal ser debochada e descolada, mas a partir do momento que apertamos o play a música todo esse alto astral é obliterado átomo por átomo.
Então considerem que o disco não merece ser queimado em praça pública, e nem pensem que a Plastique realmente está se importando, talvez fosse apenas uma vontade dela de se pôr diante dessa tragédia que matou milhares de inocentes. Ela idealizou, materializou e lançou, não é crime, mas não é bonito também.
E então somos guiados por uma odisseia repleta de frases de efeitos apocalípticas de o fim está próximo e a guerra fria, as ondas de calor e a extinção dos golfinhos, em cima de vocais distorcidos e batidas sintéticas que são duras de engolir deixando a mensagem mais difícil de entender. Em “future discotheque” temos os vocais terríveis de Rhys que poderia ter se preocupado em focar mais na produção do que em cantar versos como “Playing The Sims with Bitcoin” que apenas não fazem sentido. Depois o álbum desce em espiral para simplesmente lugar nenhum liricamente. Embora as canetadas de Plastique ainda marquem presença, o tom e a aura que ela passa nessas gravações deixam absolutamente tudo em um tom de comédia, não parece que ela está falando sério, parece mais um deboche com todos os assuntos que ela aborda enquanto brinca na mesa de mixagem do kit mini produtor que ela deu para algum sobrinho distante.
É de longe o pior trabalho de Plastique, mas vemos claramente sua influência na música pelo calibre das participações. Não é barato ter Lucca Lordgan em seu álbum, mesmo que seja para envolver ele numa armadilha que é a faixa Letter To Italy, quem escreveu isso? Mussolini? E por mais que fazer sexo no meio do aquecimento global possa parecer uma boa ideia para ela, tenho certeza que ouvir ela repetindo para provarmos drogas experimentais enquanto quebra tudo no estudio de gravação parece algo mais atrativo, mas talvez seja um requisito para poder ouvir o álbum, ou talvez seja o que ela tenha feito antes de produzir o álbum: se dopar.
Esse álbum é um adágio. Ora parece Plastique, ora não. E não é aquele assunto piegas de artista que se perde artisticamente e bla bla bla… Não. Plastique sabe exatamente o que está fazendo e conscientemente fez esse disco e achou que seria uma boa ideia, e embora esteja mais para 7/11 do que 11/9 podemos ver lá no fundo um pouco do carisma de Plastique, que é o que salva o álbum de ser uma tragédia. E mais excêntrica do que nunca, Plastique em “In A Sunny Day, Everything Can Happen” nos transporta perfeitamente para o 11 de setembro, e é como se houvesse um terceiro avião.
Nota: 52
Escrita por: Teodor Ciobanu
A cantora Plastique Condessa lançou no dia 11 de Setembro de 2028 o seu sexto álbum de estúdio. O In a Sunny Day, Everything Can Happen, ou, como iremos apelidá-lo, In a Sunny Day, deixa em evidência que Plastique chegou em um momento da sua carreira que não precisa mais se provar. Após tantos discos aclamados pela crítica e bem sucedidos comercialmente, como o seu antecessor Stories Of The Night, a cantora ostenta um patamar na indústria onde qualquer coisa que fizer será vista como refinadamente conceitual e o suprassumo do experimentalismo. Apesar disso parecer verdade, não é.
O In a Sunny Day não é um álbum difícil de entender, na verdade ele é muito claro devido a ser extremamente objetivo. Tão objetivo e com uma linguagem tão direta que às vezes suas letras soam meramente estranhas, como diversos casos que serão citados ao longo da review. Basicamente, o álbum é de uma crítica social envelopada em trinta e cinco minutos de música eletrônica experimental com influências do europop e alguns gêneros de música latina; e o selo desse envelope é um reggaeton que funciona tão bem quanto uma faca cega para encerrar um projeto tão medonho. Plastique faz críticas ao aquecimento global, aos bombardeios no Oriente Médio, a homofobia, aos Estados Unidos da América, à forma em que a sociedade enxerga dependentes químicos, dentre outros. Quando você pega todos esses temas e os mistura em um único projeto, as chances de soar cansativo são altas, e realmente foi o que ocorreu.
O disco começa com Cold War que, como o próprio nome diz, fala sobre a Guerra Fria, um período que durou de 1947 a 1991. Como introdução, a faixa faz um excelente trabalho, visto que a sua sonoridade consegue condensar bem o que vamos ouvir em pelo menos 80% das músicas que sucedem a esta. Com influências claras do europop dos anos 2.000, adicionando uma grande quantidade de autotune e uma batida experimental, Plastique debate sobre a insegurança em relação ao que virá depois da Guerra Fria, visto que ela foi decorrência de uma série de eventos ruins (as duas primeiras Grandes Guerras). A cantora fala que vê fogo no céu como se fosse uma premonição, como se algo ruim estivesse por vir - e realmente está: a próxima música.
Future Discotheque 2, surpreendentemente, é a música mais complexa de se entender. A parceria com o DJ americano Rhys Roux fala sobre a artificialização do mundo e das pessoas, quase como se estivéssemos vivendo uma simulação computadorizada. Colocando esse cenário no contexto geral do álbum, é possível presumir que é uma música sobre controle de massas através de meios eletrônicos. A faixa termina com um diálogo entre os dois artistas em que Plastique diz que todo o mundo é plástico, alimentando essa ideia de simulação, como se nada do que vivêssemos fosse real, e sim criado para que acreditemos que seja a realidade. A produção dessa faixa é generosamente ruim, principalmente pela voz de Rhys parecer não se encaixar no instrumental de forma alguma, provocando um sentimento de estranheza que é quase constante.
A música que vem em seguida é Experimental Drugs, que traz uma sensação de falta de esperança em relação ao mundo, como se este já não tivesse salvação. O refrão é como se fosse um comercial para drogas experimentais, prometendo um futuro feliz, já que o mundo já está perdido. Plastique canta “sorria e volte ao trabalho”, que é a realidade inescapável de uma maioria massiva das pessoas de todo o mundo. Apesar de ser uma crítica social, é extremamente problemática a maneira com que isso é abordado, como um incentivo ao uso desse tipo de substância que, posteriormente no disco, também é criticado.
Se o In a Sunny Day fosse um livro, nesse momento Plastique teria simplesmente rasgado cerca de cinquenta páginas do meio e pulado do capítulo 2 direto para o 18. Essa sensação ocorre com uma mudança brusca no tema, como se tivéssemos dormido no meio de um filme e quando acordamos já na metade ou próximo ao final, vemos uma cena totalmente diferente do que havíamos assistido no começo, e a confusão acaba sendo o que prevalece. Com uma clara referência ao atentado do dia 11 de Setembro às Torres Gêmeas, Plastique faz uma reflexão sobre como as coisas podem mudar drasticamente de uma hora para outra na quarta faixa de seu álbum, trazendo os bombardeios no Oriente Médio movidos pela corrida pelo petróleo como um exemplo disso. Chega a soar cômico que ambos assuntos tenham sido tratados em uma mesma faixa.
Com mais um salto significativo em relação aos assuntos abordados no disco, Hot Like Europe surge como uma crítica ao aquecimento global. Apesar da boa intenção de possível conscientização ambiental, é difícil de levar a canção a sério quando no meio da música temos o verso “This is so dinosaurs coded” quando se fala sobre o aquecimento global ser uma seleção natural. E se torna ainda mais difícil levar todo o álbum a sério quando lemos o título da próxima faixa: Sexy On Global Warming. Mas fica pior! É uma parceria com o grupo Dream Dolls. Nessa faixa, elas falam sobre o lento processo de morrer devido ao aquecimento global e ver o mundo sendo destruído.
Bubblegum America é uma música simples cujo único propósito é falar mal da nação americana exatamente do ponto de vista de um nativo do país, que é controlado politicamente e midiaticamente para ter uma falsa sensação de liberdade. A faixa ainda aproveita para zombar da má educação pública e dessa ignorância dos Estados Unidos. Apesar de ter uma letra bem simples, é uma das efetivas em relação ao seu objetivo. A produção novamente deixa a desejar por ser extremamente fraca e muito similar em certo nível às anteriores, não trazendo nada de novo.
Aproximando-se do final, a música Crack Rock aparece e podemos fazer uma ponte direta com Experimental Drugs. Aqui, Plastique fala do ponto de vista de um dependente químico que é visto como uma aberração pelos demais cidadãos de Nova York. A forma como ela incorpora a mente de uma pessoa nesse estado é uma interpretação tão fiel que é impossível não se sentir desconfortável enquanto se ouve o relato em meio a cacofônica produção que transmite uma sensação desesperadora de confusão psicológica.
Absolutamente do nada, a faixa Letter To Italy, uma parceria com o cantor italiano Lucca Lordgan, surge para criticar especificamente a homofobia na Itália, possivelmente vivenciada durante o período ditatorial que o país passou. Nesse momento, o único pensamento que passa em nossa mente é o desejo de que esse álbum termine logo. A música também muda bruscamente a sonoridade do disco e nos faz questionar o motivo de uma música cuja tradução do título é “Carta Para a Itália” ter sido escrita em inglês e espanhol e não ter nem um verso em italiano, principalmente quando essa é a descendência de um dos artistas que participou da canção.
A música Feels Like Hell resgata o europop clássico e teria tudo para ser um dos destaques sonoros do álbum, o que chega a ser um alívio após a produção maçante da faixa anterior e as repetições cansativas de todas as outras, mas ainda assim esta consegue ser uma das músicas mais esquecíveis de todo o projeto. Isso porque tanto no quesito sonoridade quanto em sua composição, não há nenhum elemento que seja realmente memorável, além de Plastique Condessa mencionando o submarino que implodiu com diversos bilionários em uma expedição para ver os destroços do Titanic. Mas nesse ponto, já é tão difícil de levar o projeto a sério que nada do que vier será uma surpresa.
O álbum termina com uma faixa bônus: 11 de Septiembre. A música escrita inteiramente em espanhol narra os sentimentos de uma viúva que perdeu seu marido, um guerrilheiro chileno, no golpe da Ditadura Militar Chilena de 11 de Setembro de 1973, contrariando a obviedade do nome da canção. A música entrega um reggaeton completamente fora do ritmo de qualquer outra faixa desse projeto, mais uma vez nos deixando cair na vala da estranheza.
Quando finalmente terminamos de ouvir esse CD, parece que os 35 minutos se passaram em uma hora. Este é um álbum exaustivo que está frequentemente mudando seu eu-lírico para fazer diversas críticas sociais. Na verdade, são tantos pontos de vistas que Plastique incorpora nesse álbum que é quase como se ela fosse o próprio Kevin do filme Fragmentado. A sonoridade barulhenta e por vezes confusa também é um outro fator que contribui para tornar a experiência do ouvinte maçante. É como se fosse um grande dedo do meio para tudo e todos, o que é bastante demarcado nas letras que falam sobre como o mundo já está perdido.
Apesar de tudo, o álbum ainda tem a audácia de nos fazer questionar se ele é ruim mesmo ou se apenas não o entendemos - mas esse questionamento só existe por ser um álbum da Plastique Condessa. Poxa, como ela poderia lançar esse tipo de atrocidade à música? Mas lançou, e talvez esta realmente tenha sido a intenção da artista o tempo todo. Para um projeto tão carregado em críticas sociais, não seria uma grande surpresa se ela tivesse o produzido propositalmente ruim em alguns aspectos para confirmar se as pessoas estavam atentas ao seu trabalho ou se apenas seguiriam aclamando-a por ela ser quem ela é, em um efeito manada que faz parte da simulação discutida em Future Discotheque 2. Ou talvez só tenhamos ficado tempo demais pensando sobre esse álbum e encontrando coisas que não existem. Pode ser que nunca entendamos totalmente a ideia por trás de In a Sunny Day, Everything Can Happen, mas é certo que não é possível dar uma nota que não seja amarela.
Nota: 50
Escrita por: Cathleen Prior
Alguém comece com uma salva de palmas para a Plastique Condessa pela simples coragem da cantora lançar isso e ainda se dizer que é um projeto da sua discografia. In A Sunny Day, Everything Can Happen é o sexto álbum de estúdio da cantora multiétnica – até hoje não sei dizer se ela é estadunidense, europeia, asiática ou latina. – e, apesar de ser uma crítica válida à alguns sistemas, acaba sendo uma grande baboseira que ninguém vai levar a sério e só vão usar para rir – porque, garanto a vocês que ouvir isso daqui é mais divertido do que um show de duas horas de qualquer stand-up comedy que vocês podem achar por aí.
Com onze faixas – talvez proposital –, a cantora Plastique nos leva para relembrar o tenebroso “11 de setembro” dos Estados Unidos, usando e abusando de instrumentos eletrônicos e divertidos para comemorar o momento.
Já iniciamos com “Cold War”, e como que leva a sério algo tendo “World War I, led the World War II / World War II, to the Cold War / But the Cold War is over now / So we have fire falling from the skies”? Queria muito ter a naturalidade da Plastique de cantar algumas barbaridades líricas em um instrumental tão synthpop e ainda manter a seriedade como se fosse uma grande e incrível composição.
Condessa chama o DJ e produtor americano – irônico, não? – Rhys Roux para, além de produzir, também ser uma das participações especiais do disco. “Future Discotheque 2” foi a escolhida para ser o primeiro single do projeto, e busca criticar o sistema das redes sociais e tudo o que ela pode gerar de negativo. A canção é, com certeza, embalada por um europop que tem todo o clima quebrado pela voz do Rhys.
“Experimental Drugs” foi uma das favoritas dos fãs no lançamento, tendo uma repercussão grande e apoio deles, mas que ainda é quebrado por letras ridículas e que fazem toda a crítica social perder o seu poder com toda a abordagem que a cantora busca fazer na faixa – e é uma pena, pois a sua batida é incrível. Caso tivesse uma letra minimamente decente, seria um grande sucesso.
“Sunny Day” é a primeira que começa a fazer referência direta ao ataque de 11 de setembro de 2001 das torres gêmeas do World Trading Center dos Estados Unidos, mas essa não tem nem o seu instrumental e suas batidas para ficar de seu lado – é tudo desinteressante de forma igual.
Criticando o aquecimento global e voltando a pauta para as altas temperaturas do continente, “Hot Like Europe” é uma faixa que se deixa ser egoísta para que a cantora se vanglorie sobre todo o seu corpo e ainda faça piadinha sobre as condições climáticas do continente.
Não basta passar vergonha sozinha, ela tem que chamar um grupo de amigas que estão juntas até mesmo na humilhação. Era óbvio que o DREAM DOLLS estaria em um álbum desse jeito – já que só chamam as coitadas para obras ruins e sem seriedade, mas vamos ser sinceros, combina com elas. “Sexy On Global Warming”, precisa mesmo destrinchar o que está escrito na canção ou apenas o trecho “Once I was riding just a moose / But with global warming I see camels too / Camels on the Sweden are so cool / I feel like the queen of Morocco” já se autodeclara? É uma grande patifaria…
“Bubblegum America” talvez seja uma das canções mais interessantes do projeto. E, mesmo tendo referências para os acontecimentos, ela parece ser mais sutil nas palavras e a crítica tem uma abordagem comum – todo o álbum deveria seguir este exemplo. Ainda há sim uns deslizes, mas não soa tão grotesco como as faixas anteriores.
Um dos singles do projeto, “Crack Rock” segue numa pegada Pop Rock, e se antes a Plastique ainda tentava se importar com algo, aqui ela já largou tudo para o ar e quer apenas se drogar para fingir que está tudo bem com a sua vida, mas será mesmo que está? Ainda mais depois deste álbum, eu me pergunto se a vida da cantora está tranquila ou ela só está alucinada? Apesar de que até que faz sentido, para produzir um projeto assim, só estando drogada de verdade.
O cantor Lucca Lordgan surge em uma das faixas mais sérias do projeto – ou, que deveria ser. A canção é uma crítica direta ao facismo italiano e tudo o que ele chegou a destrinchar no país, como a homofobia sofrida pelo cantor em 2026. A canção “Letter to Italy” ainda tem algumas abordagens ridículas, mas ainda se concretiza como uma das faixas que mais conseguem se manter em um eixo mínimo do senso e não ir ao extremo do ridículo.
“Feels Like Hell” volta a abordar o eurodance no álbum e, com certeza, seria hit nas boates de uma cidadezinha qualquer da Noruega voltadas para jovens adolescentes universitários nos anos 2000. A canção volta com a pauta do aquecimento global já vista em diversas outras canções, e me faz perguntar se não haviam outras pautas para a Plastique arruinar, mas ao menos agradeço por ela focar em poucas e apenas criar problemas para elas – imagine onze pautas sociais com problemas de apoio após esse projeto?
E finalizando o projeto, 11 de Septiembre se destaca como uma das melhores canções do projeto. A cantora consegue traçar um paralelo entre dois acontecimentos ocorridos na mesma data – 11 de setembro –, mas enquanto um teve atenção mundial, o outro é tão excluído que poucas pessoas sabem que o golpe de estado do Chile em 1973 ocorreu nesta mesma data.
Ainda tenho para mim que este projeto é um experimento social da Plastique Condessa, e ela deve estar achando o máximo, porque se ela é uma pessoa insana para escrever essas canções, deve ser mais insana ainda para rir enquanto vê as críticas negativas do álbum ou os seus fãs tentando fingir que é um ótimo projeto por ser canções feitas pela cantora.
In A Sunny Day, Everything Can Happen consegue manchar pautas sociais e não levar nada a sério, podendo prejudicar a luta de diversos ativistas por um mero surto de uma cantora. Mas também podemos admirar a coragem da cantora levar tanto ao pé da letra algumas coisas que são abordadas apenas para provocar ou ironizar estas situações que são reais.
Espero que a cantora esteja satisfeita com o projeto e consiga se manter séria no decorrer do projeto, mas imagino que, se o buraco foi tão fundo, ela deve lutar para sair dele. Mas, relaxem, é a Plastique Condessa, no próximo álbum ela deve se levar a sério e vai ter a legião de fãs a apoiando.
Nota: 87
Escrita por: -
"In a Sunny Day, Everything Can Happen" é a coisa mais semelhante à caixa de Pandora que qualquer artista da indústria musical contemporânea ou até passada poderia fazer. Não, esse não está nem perto de ser o melhor álbum de Plastique Condessa, considerando que temos os intocáveis Behind The Sun e Stories Of The Night, e é improvável que ela produza alguma faixa melhor que Buenos Males Aires a essa altura, mas... o que ela fez em seu mais novo álbum não deixa de ser menos genial. É óbvio que esse álbum não é para todo mundo, é necessário ter, ao mínimo, sensibilidade à ironia, já que é a ironia que faz esse álbum como um todo, ou seja, se você leva qualquer dessas faixas a sério, você já perdeu todo o entendimento que poderia conseguir através de cada capítulo desse projeto. Segundo, é necessário ter o mínimo de entendimento de geopolítica e dinâmicas de poder, você não vai entender piadas feitas com o tipo de humor mais feroz e sujo sobre mudanças climáticas, aquecimento global, imperialismo americano e controle de massas através da mídia social e da tecnologia se você não estiver inteirado das atualidades e de teorias políticas, o que parece redundância a essa altura do jogo, já que Plastique é abertamente decolonialista e anarquista, o que você espera dela? Terceiro, é claro que você deve conhecer o caráter, a personalidade e o posicionamento da artista a fim de entender tudo o que ela quis dizer na obra, você só vai entender que os personagens que ela evoca aqui são irônicos se souber que ela é anarquista, de posicionamento de esquerda extrema, ou você vai cair na absurdamente equivocada ideia de que ela realmente acredita no controle de população disfarçado de progressismo e positivismo. Dito isso, vamos às músicas. In A Sunny Day (...) não poderia ter faixa de introdução melhor que Cold War. A produção, toda a sonoridade, os samples de estrelinhas flutuando ao som de uma mixagem inspirada na estilística futurista, tudo isso exala extremo positivismo, e tudo isso acompanhado de versos como "And somehow we did become obsessed with the technology / Nothing's more powerful than the industry"? É o auge da pós-ironia, ISSO é cyberpunk de verdade, talvez a coisa mais cyberpunk que qualquer artista conseguiu fazer, a progressão tecnológica que os líderes mundiais adoram usar para justificar ou ao menos, agregar algum tipo de valor sombrio às guerras e à destruição de maneira essencialmente maquiavélica ao som de um hyperpop futurista e na mesma medida, experimental E de certa forma, genérico... essa faixa cria o tom do álbum, o mood, e é bem direta, talvez uma maneira que Plastique encontrou de tentar explicar às pessoas dotadas de nada além de senso comum o que ela realmente quis dizer... infelizmente, não deu certo. Depois, temos Future Discotheque 2, que é ainda mais bem humorada logo no começo, quando o chamado inicial de Rhys Roux cita as pessoas como "NPCs", ressignificando uma gíria comumente usada por pessoas da comunidade incel e de extrema direita, o que é um golpe de mestre que provavelmente fez muitos deles acharem que Plastique estava ao lado deles, um pouco como fizeram as produções audiovisuais Clube da Luta, Psicopata Americano e Peaky Blinders. Sunny Day é ainda mais direta, citando todos os massacres que os EUA fizeram em diversos países do Oriente Médio, principalmente, mas também em outros países da Ásia e até a influência de seu autoritarismo em países americanos. Perguntar "como um dia ensolarado mudou as vidas no Oriente Médio?" é talvez um dos pontos mais altos desse álbum, é cortante, é de partir o coração, e só por um momento ela deixa a ironia e o humor negro de lado para realmente tocar os sentimentos do ouvinte. Esse verso, essa música no geral, tem uma grande carga de lamentação, tristeza e principalmente raiva muito bem justificada. Hot Like Europe é provavelmente a produção melódica mais interessante do álbum, indo pra um lado mais inspirado pelo rock, até tendo uma pitada industrial, e também inspirado em grande parte pelo cyberpunk, tudo isso enquanto entrega um dos momentos de ironia mais refinados, falando sobre como a Europa está quente, usando da ambiguidade da palavra "hot" pra invocar o humor e a ironia aqui, além de ser uma forma interessante e descolada de abordar o aquecimento global, "quente como a Europa" seria algo absurdo há alguns anos, ninguém entenderia isso em momentos em que o aquecimento global não era uma preocupação tão urgente, ou seja, ninguém entenderia se você usasse a Europa como um parâmetro para altas temperaturas, já que a Europa já foi um parâmetro para climas extremamente frios. Essa foi uma sacada bem inteligente pra comentar sobre esse assunto específico, já que nos faz refletir sobre como as mudanças climáticas são mais impactantes do que nós pensamos em primeira instância, tipo, A EUROPA ESTÁ QUENTE! Esse é o nível de impactos ambientais a que chegamos! Realmente genial. Sexy On Global Warming segue a mesma linha de Hot Like Europe e usa muito bem a personalidade das garotas do DREAM DOLLS, usando a personalidade delas pra integrar a melodia e a letra, que por sinal, são ÓTIMAS. A produção, em especial, brilha muito aqui, sendo uma fusão perfeita da sonoridade da Plastique Condessa do velho testamento com o grupo DREAM DOLLS. Infelizmente, a faixa é ofuscada de certa maneira, já que ela é semelhante a Hot Like Europe tematicamente, mas um pouco menos complexa. Bubblegum America é talvez a faixa mais superficial, mas debochar do estilo de vida desumano e antidemocrático dos EUA enquanto dá risada da falta de conhecimento geográfico deles nunca vai perder a graça, então, mesmo que essa faixa não ganhe pontos por motivos técnicos, é impossível não ganhar pontos por seu carisma e também por sua melodia e produção extremamente contagiantes. Crack Rock é o mais puro suco de cyberpunk e é algo muito pertinente falar sobre como a epidemia da dependência química é uma consequência direta da falha do capitalismo em dar uma vida digna para todos os seres humanos sob o sistema, mas ainda sim, essas pessoas são tratadas como párias e vilanizadas pela sociedade, como se o fracasso fosse pessoal e não social, coletivo.
E finalmente, chegamos a Letter To Italy... não é possível descrever quão campy e quão engraçada é a atitude de Plastique de convidar Lucca Lordgan como a colaboração nessa faixa... foi uma jogada de mestre chamar a pessoa que é provavelmente o maior popstar da Itália para... isso mesmo, uma faixa de comparação entre a atualidade e a realidade do mundo na época da Segunda Guerra Mundial, sendo uma das maiores figuras da ascensão fascista durante este período histórico o italiano Benito Mussolini, fundador do Partido Nacional Fascista. Não consigo explicar porque isso é uma piada de péssimo tom e ao mesmo tempo, hilário, mas é preciso dizer que ela teve a chance de fazer a coisa mais engraçada possível E ELA FEZ. Bem, a partir daí, o álbum sofre uma esfriada, talvez uma das poucas falhas é que Plastique não soube onde parar, não acho que era necessário mais uma música falando exclusivamente sobre o aquecimento global, já tivemos menções ao assunto anteriormente e é claro, temos as faixas Hot Like Europe e Sexy On Global Warming, que são melhores e mais que suficientes. E... 11 de Septiembre é uma grandessíssima incógnita, é muito bem humorado encerrar o álbum com uma música tradicional latina sobre um amor perdido na guerra que com certeza não soa como isso, mas sim como uma sátira do tipo mais cru aos Estados Unidos da America. Sim, a ideia é genial, ela é liricamente ótima, mas, eu sinto muito dizer que esse é provavelmente o pior que uma música de Plastique Condessa já soou. Sim, a sonoridade dessa música é algo horrível e sem salvação, mas dito disso, não consigo afirmar com certeza que ela não deveria estar presente no álbum, é um encerramento totalmente estranho e incoerente, mas é simplesmente muito engraçada, talvez pelos motivos errados, mas não significa que isso seja menos entretenimento. Ainda sim, é algo que com certeza qualquer ouvinte da artista, casual ou assíduo, vai pular imediatamente, ou até mesmo criar uma playlist com todas as faixas do álbum MENOS essa. Não que reggaeton seja um parâmetro comum de qualidade, mas essa música não é um reggaeton, é algo ainda pior, ainda mais brega, com todo o respeito à grande Plastique.
Dando fim às ofensas proferidas à última faixa, vamos ao veredito: Não, In A Sunny Day (...) não é um dos melhores projetos de Plastique Condessa, mas é provavelmente integrante do top3 ou top5, ironicamente. Ao mesmo tempo em que ele é despido de qualquer seriedade, ele ainda sim tem uma complexidade e a sátira, o escárnio cru que ela evoca nesse álbum, é genial. A maioria das músicas soa como algo que qualquer pessoa adoraria escutar e dançar, e enquanto isso, ela está denunciando as coisas mais vis que acontecem no nosso planeta, e essa é uma dicotomia que poucos artistas conseguem manter de forma coesa, nem mesmo Plastique acertou 100%, mas ela acertou mais que o suficiente. É difícil não esperar mais dela, que já fez projetos impecáveis, mas ela não é responsável por nossas expectativas. É compreensível que muitas pessoas não tenham entendido e apreciado esse projeto, ele não é acessível, é necessário ter conhecimento específico e uma boa experiência de literatura e comédia, mas também não é responsabilidade do artista fazer algo mais digerível, nenhum artista tem a obrigação de simplificar a própria arte para o bem de pessoas leigas, se você quer realmente entrar no imaginário de Plastique, você deve se munir de conhecimento e encontrar ela lá. No mais, ótimo álbum Plastique, provavelmente não é o retorno que seus fãs da época hyperpop queriam mas é o retorno que o mundo precisava.
Nota: 55
Escrita por: Nadja Burgees
Em mais uma cartada na sua carreira, Plastique Condessa, outrora ganhadora do grammy de álbum do ano, conhecida por trabalhos aclamados, composições afiadas e profundas, conceitos elaborados e bem desenvolvidos, decide nos presentear no dia 11 de setembro uma releitura camp e maximalista do maior atentado terrorista da história dos Estados Unidos (arqui-inimigo de Plastique).
Nunca é fácil ouvir um trabalho da Plastique, suas produções geralmente são elaboradas as letras pedem um tempo maior de processamento e de entendimento, seu conceito as vezes fica meio obscuro no começo e tudo mais e essas coisas são exatamente a graça por trás de ouvir um trabalho da Plastique, certo? Pois aqui não tem nada disso. Talvez esse disco tenha sido feito no automático ou talvez ela tenha apertado sem querer o botão de subir o álbum nas plataformas, eu não sei, mas certamente aqui não está a Plastique que conhecemos.
Quer dizer, em partes. Quem mais faria um álbum sobre 11 de Setembro e dividiria os lados do vinil em torre 1 e torre 2? Somente ela poderia, e ela não apenas pôde como fez. O que nos entristece profundamente aqui é que tudo no disco é legal, e controverso, e embora Plastique tenha 40 anos ainda é legal ser debochada e descolada, mas a partir do momento que apertamos o play a música todo esse alto astral é obliterado átomo por átomo.
Então considerem que o disco não merece ser queimado em praça pública, e nem pensem que a Plastique realmente está se importando, talvez fosse apenas uma vontade dela de se pôr diante dessa tragédia que matou milhares de inocentes. Ela idealizou, materializou e lançou, não é crime, mas não é bonito também.
E então somos guiados por uma odisseia repleta de frases de efeitos apocalípticas de o fim está próximo e a guerra fria, as ondas de calor e a extinção dos golfinhos, em cima de vocais distorcidos e batidas sintéticas que são duras de engolir deixando a mensagem mais difícil de entender. Em “future discotheque” temos os vocais terríveis de Rhys que poderia ter se preocupado em focar mais na produção do que em cantar versos como “Playing The Sims with Bitcoin” que apenas não fazem sentido. Depois o álbum desce em espiral para simplesmente lugar nenhum liricamente. Embora as canetadas de Plastique ainda marquem presença, o tom e a aura que ela passa nessas gravações deixam absolutamente tudo em um tom de comédia, não parece que ela está falando sério, parece mais um deboche com todos os assuntos que ela aborda enquanto brinca na mesa de mixagem do kit mini produtor que ela deu para algum sobrinho distante.
É de longe o pior trabalho de Plastique, mas vemos claramente sua influência na música pelo calibre das participações. Não é barato ter Lucca Lordgan em seu álbum, mesmo que seja para envolver ele numa armadilha que é a faixa Letter To Italy, quem escreveu isso? Mussolini? E por mais que fazer sexo no meio do aquecimento global possa parecer uma boa ideia para ela, tenho certeza que ouvir ela repetindo para provarmos drogas experimentais enquanto quebra tudo no estudio de gravação parece algo mais atrativo, mas talvez seja um requisito para poder ouvir o álbum, ou talvez seja o que ela tenha feito antes de produzir o álbum: se dopar.
Esse álbum é um adágio. Ora parece Plastique, ora não. E não é aquele assunto piegas de artista que se perde artisticamente e bla bla bla… Não. Plastique sabe exatamente o que está fazendo e conscientemente fez esse disco e achou que seria uma boa ideia, e embora esteja mais para 7/11 do que 11/9 podemos ver lá no fundo um pouco do carisma de Plastique, que é o que salva o álbum de ser uma tragédia. E mais excêntrica do que nunca, Plastique em “In A Sunny Day, Everything Can Happen” nos transporta perfeitamente para o 11 de setembro, e é como se houvesse um terceiro avião.
Nota: 52
Escrita por: Teodor Ciobanu
A cantora Plastique Condessa lançou no dia 11 de Setembro de 2028 o seu sexto álbum de estúdio. O In a Sunny Day, Everything Can Happen, ou, como iremos apelidá-lo, In a Sunny Day, deixa em evidência que Plastique chegou em um momento da sua carreira que não precisa mais se provar. Após tantos discos aclamados pela crítica e bem sucedidos comercialmente, como o seu antecessor Stories Of The Night, a cantora ostenta um patamar na indústria onde qualquer coisa que fizer será vista como refinadamente conceitual e o suprassumo do experimentalismo. Apesar disso parecer verdade, não é.
O In a Sunny Day não é um álbum difícil de entender, na verdade ele é muito claro devido a ser extremamente objetivo. Tão objetivo e com uma linguagem tão direta que às vezes suas letras soam meramente estranhas, como diversos casos que serão citados ao longo da review. Basicamente, o álbum é de uma crítica social envelopada em trinta e cinco minutos de música eletrônica experimental com influências do europop e alguns gêneros de música latina; e o selo desse envelope é um reggaeton que funciona tão bem quanto uma faca cega para encerrar um projeto tão medonho. Plastique faz críticas ao aquecimento global, aos bombardeios no Oriente Médio, a homofobia, aos Estados Unidos da América, à forma em que a sociedade enxerga dependentes químicos, dentre outros. Quando você pega todos esses temas e os mistura em um único projeto, as chances de soar cansativo são altas, e realmente foi o que ocorreu.
O disco começa com Cold War que, como o próprio nome diz, fala sobre a Guerra Fria, um período que durou de 1947 a 1991. Como introdução, a faixa faz um excelente trabalho, visto que a sua sonoridade consegue condensar bem o que vamos ouvir em pelo menos 80% das músicas que sucedem a esta. Com influências claras do europop dos anos 2.000, adicionando uma grande quantidade de autotune e uma batida experimental, Plastique debate sobre a insegurança em relação ao que virá depois da Guerra Fria, visto que ela foi decorrência de uma série de eventos ruins (as duas primeiras Grandes Guerras). A cantora fala que vê fogo no céu como se fosse uma premonição, como se algo ruim estivesse por vir - e realmente está: a próxima música.
Future Discotheque 2, surpreendentemente, é a música mais complexa de se entender. A parceria com o DJ americano Rhys Roux fala sobre a artificialização do mundo e das pessoas, quase como se estivéssemos vivendo uma simulação computadorizada. Colocando esse cenário no contexto geral do álbum, é possível presumir que é uma música sobre controle de massas através de meios eletrônicos. A faixa termina com um diálogo entre os dois artistas em que Plastique diz que todo o mundo é plástico, alimentando essa ideia de simulação, como se nada do que vivêssemos fosse real, e sim criado para que acreditemos que seja a realidade. A produção dessa faixa é generosamente ruim, principalmente pela voz de Rhys parecer não se encaixar no instrumental de forma alguma, provocando um sentimento de estranheza que é quase constante.
A música que vem em seguida é Experimental Drugs, que traz uma sensação de falta de esperança em relação ao mundo, como se este já não tivesse salvação. O refrão é como se fosse um comercial para drogas experimentais, prometendo um futuro feliz, já que o mundo já está perdido. Plastique canta “sorria e volte ao trabalho”, que é a realidade inescapável de uma maioria massiva das pessoas de todo o mundo. Apesar de ser uma crítica social, é extremamente problemática a maneira com que isso é abordado, como um incentivo ao uso desse tipo de substância que, posteriormente no disco, também é criticado.
Se o In a Sunny Day fosse um livro, nesse momento Plastique teria simplesmente rasgado cerca de cinquenta páginas do meio e pulado do capítulo 2 direto para o 18. Essa sensação ocorre com uma mudança brusca no tema, como se tivéssemos dormido no meio de um filme e quando acordamos já na metade ou próximo ao final, vemos uma cena totalmente diferente do que havíamos assistido no começo, e a confusão acaba sendo o que prevalece. Com uma clara referência ao atentado do dia 11 de Setembro às Torres Gêmeas, Plastique faz uma reflexão sobre como as coisas podem mudar drasticamente de uma hora para outra na quarta faixa de seu álbum, trazendo os bombardeios no Oriente Médio movidos pela corrida pelo petróleo como um exemplo disso. Chega a soar cômico que ambos assuntos tenham sido tratados em uma mesma faixa.
Com mais um salto significativo em relação aos assuntos abordados no disco, Hot Like Europe surge como uma crítica ao aquecimento global. Apesar da boa intenção de possível conscientização ambiental, é difícil de levar a canção a sério quando no meio da música temos o verso “This is so dinosaurs coded” quando se fala sobre o aquecimento global ser uma seleção natural. E se torna ainda mais difícil levar todo o álbum a sério quando lemos o título da próxima faixa: Sexy On Global Warming. Mas fica pior! É uma parceria com o grupo Dream Dolls. Nessa faixa, elas falam sobre o lento processo de morrer devido ao aquecimento global e ver o mundo sendo destruído.
Bubblegum America é uma música simples cujo único propósito é falar mal da nação americana exatamente do ponto de vista de um nativo do país, que é controlado politicamente e midiaticamente para ter uma falsa sensação de liberdade. A faixa ainda aproveita para zombar da má educação pública e dessa ignorância dos Estados Unidos. Apesar de ter uma letra bem simples, é uma das efetivas em relação ao seu objetivo. A produção novamente deixa a desejar por ser extremamente fraca e muito similar em certo nível às anteriores, não trazendo nada de novo.
Aproximando-se do final, a música Crack Rock aparece e podemos fazer uma ponte direta com Experimental Drugs. Aqui, Plastique fala do ponto de vista de um dependente químico que é visto como uma aberração pelos demais cidadãos de Nova York. A forma como ela incorpora a mente de uma pessoa nesse estado é uma interpretação tão fiel que é impossível não se sentir desconfortável enquanto se ouve o relato em meio a cacofônica produção que transmite uma sensação desesperadora de confusão psicológica.
Absolutamente do nada, a faixa Letter To Italy, uma parceria com o cantor italiano Lucca Lordgan, surge para criticar especificamente a homofobia na Itália, possivelmente vivenciada durante o período ditatorial que o país passou. Nesse momento, o único pensamento que passa em nossa mente é o desejo de que esse álbum termine logo. A música também muda bruscamente a sonoridade do disco e nos faz questionar o motivo de uma música cuja tradução do título é “Carta Para a Itália” ter sido escrita em inglês e espanhol e não ter nem um verso em italiano, principalmente quando essa é a descendência de um dos artistas que participou da canção.
A música Feels Like Hell resgata o europop clássico e teria tudo para ser um dos destaques sonoros do álbum, o que chega a ser um alívio após a produção maçante da faixa anterior e as repetições cansativas de todas as outras, mas ainda assim esta consegue ser uma das músicas mais esquecíveis de todo o projeto. Isso porque tanto no quesito sonoridade quanto em sua composição, não há nenhum elemento que seja realmente memorável, além de Plastique Condessa mencionando o submarino que implodiu com diversos bilionários em uma expedição para ver os destroços do Titanic. Mas nesse ponto, já é tão difícil de levar o projeto a sério que nada do que vier será uma surpresa.
O álbum termina com uma faixa bônus: 11 de Septiembre. A música escrita inteiramente em espanhol narra os sentimentos de uma viúva que perdeu seu marido, um guerrilheiro chileno, no golpe da Ditadura Militar Chilena de 11 de Setembro de 1973, contrariando a obviedade do nome da canção. A música entrega um reggaeton completamente fora do ritmo de qualquer outra faixa desse projeto, mais uma vez nos deixando cair na vala da estranheza.
Quando finalmente terminamos de ouvir esse CD, parece que os 35 minutos se passaram em uma hora. Este é um álbum exaustivo que está frequentemente mudando seu eu-lírico para fazer diversas críticas sociais. Na verdade, são tantos pontos de vistas que Plastique incorpora nesse álbum que é quase como se ela fosse o próprio Kevin do filme Fragmentado. A sonoridade barulhenta e por vezes confusa também é um outro fator que contribui para tornar a experiência do ouvinte maçante. É como se fosse um grande dedo do meio para tudo e todos, o que é bastante demarcado nas letras que falam sobre como o mundo já está perdido.
Apesar de tudo, o álbum ainda tem a audácia de nos fazer questionar se ele é ruim mesmo ou se apenas não o entendemos - mas esse questionamento só existe por ser um álbum da Plastique Condessa. Poxa, como ela poderia lançar esse tipo de atrocidade à música? Mas lançou, e talvez esta realmente tenha sido a intenção da artista o tempo todo. Para um projeto tão carregado em críticas sociais, não seria uma grande surpresa se ela tivesse o produzido propositalmente ruim em alguns aspectos para confirmar se as pessoas estavam atentas ao seu trabalho ou se apenas seguiriam aclamando-a por ela ser quem ela é, em um efeito manada que faz parte da simulação discutida em Future Discotheque 2. Ou talvez só tenhamos ficado tempo demais pensando sobre esse álbum e encontrando coisas que não existem. Pode ser que nunca entendamos totalmente a ideia por trás de In a Sunny Day, Everything Can Happen, mas é certo que não é possível dar uma nota que não seja amarela.
Nota: 50
Escrita por: Cathleen Prior
Alguém comece com uma salva de palmas para a Plastique Condessa pela simples coragem da cantora lançar isso e ainda se dizer que é um projeto da sua discografia. In A Sunny Day, Everything Can Happen é o sexto álbum de estúdio da cantora multiétnica – até hoje não sei dizer se ela é estadunidense, europeia, asiática ou latina. – e, apesar de ser uma crítica válida à alguns sistemas, acaba sendo uma grande baboseira que ninguém vai levar a sério e só vão usar para rir – porque, garanto a vocês que ouvir isso daqui é mais divertido do que um show de duas horas de qualquer stand-up comedy que vocês podem achar por aí.
Com onze faixas – talvez proposital –, a cantora Plastique nos leva para relembrar o tenebroso “11 de setembro” dos Estados Unidos, usando e abusando de instrumentos eletrônicos e divertidos para comemorar o momento.
Já iniciamos com “Cold War”, e como que leva a sério algo tendo “World War I, led the World War II / World War II, to the Cold War / But the Cold War is over now / So we have fire falling from the skies”? Queria muito ter a naturalidade da Plastique de cantar algumas barbaridades líricas em um instrumental tão synthpop e ainda manter a seriedade como se fosse uma grande e incrível composição.
Condessa chama o DJ e produtor americano – irônico, não? – Rhys Roux para, além de produzir, também ser uma das participações especiais do disco. “Future Discotheque 2” foi a escolhida para ser o primeiro single do projeto, e busca criticar o sistema das redes sociais e tudo o que ela pode gerar de negativo. A canção é, com certeza, embalada por um europop que tem todo o clima quebrado pela voz do Rhys.
“Experimental Drugs” foi uma das favoritas dos fãs no lançamento, tendo uma repercussão grande e apoio deles, mas que ainda é quebrado por letras ridículas e que fazem toda a crítica social perder o seu poder com toda a abordagem que a cantora busca fazer na faixa – e é uma pena, pois a sua batida é incrível. Caso tivesse uma letra minimamente decente, seria um grande sucesso.
“Sunny Day” é a primeira que começa a fazer referência direta ao ataque de 11 de setembro de 2001 das torres gêmeas do World Trading Center dos Estados Unidos, mas essa não tem nem o seu instrumental e suas batidas para ficar de seu lado – é tudo desinteressante de forma igual.
Criticando o aquecimento global e voltando a pauta para as altas temperaturas do continente, “Hot Like Europe” é uma faixa que se deixa ser egoísta para que a cantora se vanglorie sobre todo o seu corpo e ainda faça piadinha sobre as condições climáticas do continente.
Não basta passar vergonha sozinha, ela tem que chamar um grupo de amigas que estão juntas até mesmo na humilhação. Era óbvio que o DREAM DOLLS estaria em um álbum desse jeito – já que só chamam as coitadas para obras ruins e sem seriedade, mas vamos ser sinceros, combina com elas. “Sexy On Global Warming”, precisa mesmo destrinchar o que está escrito na canção ou apenas o trecho “Once I was riding just a moose / But with global warming I see camels too / Camels on the Sweden are so cool / I feel like the queen of Morocco” já se autodeclara? É uma grande patifaria…
“Bubblegum America” talvez seja uma das canções mais interessantes do projeto. E, mesmo tendo referências para os acontecimentos, ela parece ser mais sutil nas palavras e a crítica tem uma abordagem comum – todo o álbum deveria seguir este exemplo. Ainda há sim uns deslizes, mas não soa tão grotesco como as faixas anteriores.
Um dos singles do projeto, “Crack Rock” segue numa pegada Pop Rock, e se antes a Plastique ainda tentava se importar com algo, aqui ela já largou tudo para o ar e quer apenas se drogar para fingir que está tudo bem com a sua vida, mas será mesmo que está? Ainda mais depois deste álbum, eu me pergunto se a vida da cantora está tranquila ou ela só está alucinada? Apesar de que até que faz sentido, para produzir um projeto assim, só estando drogada de verdade.
O cantor Lucca Lordgan surge em uma das faixas mais sérias do projeto – ou, que deveria ser. A canção é uma crítica direta ao facismo italiano e tudo o que ele chegou a destrinchar no país, como a homofobia sofrida pelo cantor em 2026. A canção “Letter to Italy” ainda tem algumas abordagens ridículas, mas ainda se concretiza como uma das faixas que mais conseguem se manter em um eixo mínimo do senso e não ir ao extremo do ridículo.
“Feels Like Hell” volta a abordar o eurodance no álbum e, com certeza, seria hit nas boates de uma cidadezinha qualquer da Noruega voltadas para jovens adolescentes universitários nos anos 2000. A canção volta com a pauta do aquecimento global já vista em diversas outras canções, e me faz perguntar se não haviam outras pautas para a Plastique arruinar, mas ao menos agradeço por ela focar em poucas e apenas criar problemas para elas – imagine onze pautas sociais com problemas de apoio após esse projeto?
E finalizando o projeto, 11 de Septiembre se destaca como uma das melhores canções do projeto. A cantora consegue traçar um paralelo entre dois acontecimentos ocorridos na mesma data – 11 de setembro –, mas enquanto um teve atenção mundial, o outro é tão excluído que poucas pessoas sabem que o golpe de estado do Chile em 1973 ocorreu nesta mesma data.
Ainda tenho para mim que este projeto é um experimento social da Plastique Condessa, e ela deve estar achando o máximo, porque se ela é uma pessoa insana para escrever essas canções, deve ser mais insana ainda para rir enquanto vê as críticas negativas do álbum ou os seus fãs tentando fingir que é um ótimo projeto por ser canções feitas pela cantora.
In A Sunny Day, Everything Can Happen consegue manchar pautas sociais e não levar nada a sério, podendo prejudicar a luta de diversos ativistas por um mero surto de uma cantora. Mas também podemos admirar a coragem da cantora levar tanto ao pé da letra algumas coisas que são abordadas apenas para provocar ou ironizar estas situações que são reais.
Espero que a cantora esteja satisfeita com o projeto e consiga se manter séria no decorrer do projeto, mas imagino que, se o buraco foi tão fundo, ela deve lutar para sair dele. Mas, relaxem, é a Plastique Condessa, no próximo álbum ela deve se levar a sério e vai ter a legião de fãs a apoiando.