Damien Hardwell - Truth Hurts
Nov 6, 2024 22:24:45 GMT
Post by Ramprozz on Nov 6, 2024 22:24:45 GMT
Ouça Truth Hurts de Damien Hardwell aqui.
Nota: 69
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Neste projeto, Damien abre seu coração sobre tudo o que aconteceu durante o último ano de sua vida. O cantor mostra seu lado mais vulnerável e sentimental, nos deixando ver a verdade por trás do artista.
O álbum começa com The Truth, uma música íntima falando sobre o término de um relacionamento que não acabou de uma maneira normal, deixando coisas mal resolvidas. A canção possui elementos de trap e R&B, dando uma melodia mais sentimental e calma, onde cria-se a atmosfera perfeita para que o cantor abra seu coração contando a verdade dos seus sentimentos.
A segunda faixa do álbum, America’s Fag, fala sobre a dificuldade que Damien passou para manter sua reputação, que embora muitas pessoas falem mal dele, espalhando boatos, ele relata como seu antigo parceiro foi um babaca com ele e que independente do que os outros digam, ele vai continuar sendo a bicha favorita dos americanos. De fato, isso ele sempre será.
Na faixa Portland, Damien ostenta e diz que ele é O cara e todos sabem disso. Ele se gaba pelo seu corpo tatuado, por ter muito dinheiro e por ter um grande pênis. Existem muitas pessoas por aí que não dispensam nenhuma dessas coisas, mas será que esse estilo de vida vale realmente a pena? É apenas mais um clássico genérico de hip hop.
Padawan é uma das faixas mais divertidas liricamente, fazendo referências a famosa saga de filmes de Star Wars. A música começa com um trecho de uma canção muito antiga cantada em português, criando a atmosfera e o instrumental da faixa. Durante a música Damien faz diversos trocadilhos com sabres de luz, visto que Padawan eram os Jedi que estavam em treinamentos, se preparando para se tornarem guerreiros dignos. Damien faz uma relação comparativa entre se tornar Jedi e se tornar um rapper de sucesso.
Goblin Mode e Yosemite, são mais duas canções típicas de hip hop que não podem faltar. O trap é bastante presente nas duas faixa e possuem o mesmo problema que a terceira faixa do álbum, onde aqui, Damien só fala como ele fazia bobagens na escola e agora cresceu e se tornou um astro e fala várias coisas relacionadas a sua vida pessoal que não criam um sentido, o que é uma pena.
Em The Heart, o cantor volta a se abrir, onde reflete e se pergunta sobre sua existência, sobre os sentimentos de vazio e de independência, enquanto procura e pensa sobre sua identidade, sobre quem ele realmente é. A letra conta uma história pessoal sobre ajudar um homem cego na rua, mas sendo confrontado com uma lição sobre perda e responsabilidade. Ele continua com reflexões sobre a perda de controle e a tendência de culpar os outros por nossos próprios fracassos, um desejo de autoconhecimento e responsabilidade pessoal. Essa faixa se torna um dos grandes destaques do álbum, mostrando como Damien estava disposto a deixar todos verem e conhecerem melhor o seu lado mais íntimo e pessoal.
Embora Damien continue a falar como ele é o cara, na faixa Sasquatch ele volta a brincar com diversas referências à cultura geek e a Star Wars. Diferente das faixas que abordam o mesmo tema, nesta ele fala como ele está deixando sua marca na indústria e em como Michael Jackson reconhecia seu grande talento.
Em Icon Menace o rapper volta a dizer o como ele arrasa, o quão grande ele é, só que, a esse ponto já entendemos muito bem do que ele é capaz, e a repetição disso em diversas faixas em um álbum em que, o mesmo diz que abriria seu coração, acaba se saturando e nos fazendo bocejar.
O que, felizmente, muda na última faixa do álbum. Kai é uma canção dedicada a seu filho do mesmo nome. É uma forma doce e bonita de fechar um álbum onde a abordagem principal era e deveria ser esse seu lado mais vulnerável. A canção fala sobre como Damien poderia fazer mil e uma coisas todos os dias para demonstrar todo seu amor pelo seu menino, o que é algo lindo de ver o quanto um pai ama seu filho, visto que muitas pessoas acabam não tendo a chance de vivenciar esse amor fraternal tão importante.
De um modo geral, o álbum tem seus pontos altos onde Damien realmente explora seu lado vulnerável de maneiras nunca vistas antes. O que se seguisse como um todo dessa maneira, faria ele ser um álbum bem mais coeso tematicamente. Embora líricamente Damien não deixa de fazer um bom trabalho, embora quase metade do álbum fala do mesmo assunto de ostentação e de como ele é bonzão, o que infelizmente satura um disco tão promissor.
Nota: 67
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O que dizer sobre Truth Hurts? Bem... é inegável que ele é uma ótima produção, é divertido e tem a cadência que se espera de um álbum de hip hop... e a originalidade acaba por aí. Para começar, as primeiras faixas desse álbum oscilam entre estarem dentro de sua proposta e estarem em outro lugar totalmente diferente. Damien escreve rap como se não tivesse referências além dos ultimos 20 ou no máximo 30 anos de hip hop, sendo que comemoramos os 50 anos do gênero há 6 anos. Isso é muito perceptível porque ele até tenta, mas não consegue sair das temáticas mais genéricas que o gênero oferece hoje em dia: num álbum que promete ser pessoal e vulnerável, tudo o que ele faz é se orgulhar de seus relógios caros, as mulheres com bioplastia na bunda com quem ele faz sexo e a quantidade de zeros na conta bancária. Todo rapper faz isso. Onde está "a verdade que dói"? É claro, nem tudo é perdido, The Heart e Kai são ÓTIMAS faixas, ainda que The Heart seja curta demais para ser realmente saboreada, e é talvez o único momento do álbum em que ele, para variar, mostra alguma humanidade e nos dá um pequeno vislumbre de que a persona artística dele consiste em mais do que ser um milionário autoproclamado que gosta de se gabar de todas as regiões íntimas em que o pênis dele já entrou. A Crystal Venus, Calvin Wyatt, Smash David, Boi-Da1, Sons Of Sonix, Jimmy Wyatt e Datboigetro, os mais sinceros parabéns, vocês são os verdadeiros salvadores do que poderia ser uma das maiores bagunças já soltas na indústria. A Damien Hardwell, um conselho: Quem você é, realmente, é mais interessante do que a persona que você tenta emular para se encaixar numa indústria. Você realmente mostrou seu talento em The Heart e Kai, as faixas com valor presentes no projeto, e talvez sua estrada de tijolos de ouro esteja no Damien que as escreveu, ao invés do Damien que escreveu todas as outras faixas que fogem, parcialmente ou totalmente, da proposta de ser um álbum confessional e pessoal.
Dito isso, Damien continua sendo um compositor tecnicamente sagaz. Ainda que ele se renda a rimas com onomatopeias vez ou outra (o que realmente é a maldição do hip hop atual), ele consegue escrever versos com referências divertidas à cultura pop como em Padawan.
Nota: 35
Escrito por: Cathleen Prior
Com a sua vida pessoal em mais evidência do que suas últimas canções, o rapper Damien Hardwell retorna com o seu segundo disco de estúdio. Com dez faixas, o cara só sabe falar de relógio caro e foder mulheres. Eu iria tentar ser mais “profissional”, mas vendo o tanto de coisas, infelizmente tive que apostar em um lado mais descontraído e verdadeiro.
O disco inicia então com a querida “The Truth” – segundo single de trabalho – que promete dizer a verdade, mas só late pro vento. Se fosse para ser uma canção que revelasse algo, falhou miseravelmente, porque continua na mesma narrativa que estamos acompanhando há um tempo. “You can take your Grammys / And I tell you adios”, se isso for uma indireta para o seu ex-namorado, que ao menos fosse uma informação verídica, porque o loiro que se paga de bad boy roqueiro nunca conseguiu um gramofone.
Durante 35 minutos, nos deparamos com letras rasas, rimas porcas – fomos para o bar dirigindo um car – e instrumentais genéricos vindo da ascensão do trap em 2017. E não há problema algum em canções com conotações sexuais, mas se é um álbum que promete uma coisa e só entrega trechos como “I'm used to hang out with some hoes” não dá para levar a sério.
“America’s Fag” foi uma das canções que mais me chamou atenção antes do lançamento. Vendo o título, poderia interpretar algo direcionado à alguém com uma grande diss, e então me deparo com “Baby, I'm just the America's fave fag / Don't tell my mom I fucked your ass / My bitches only travel in the first class / You can choose: the grass, ass or gas”. É chocante o quão grotesca essa letra é.
Mas também, nem tudo são maçãs podres. “Goblin Mode”, “Kai” e “Sasquatch” são as melhores faixas do projeto, as únicas que conseguem se destacar, seja liricamente ou no instrumental. A última faixa consegue ser a única que apresenta verdade – ou algum sentimento verdadeiro –, porque todos os outros parecem tão falsos ao ponto do Damien querer provar, a qualquer custo, que ele está superbem e que não vem sofrendo com nada do que acontece.
Com o nome sendo “a verdade dói”, espero que ele consiga se aguentar, porque a verdade é que esse álbum é insosso e vai do nada ao lugar nenhum. Truth Hurts poderia ser a grande virada de chave do Hardwell, mas a mesmice ataca de modo crítico, tornando desinteressante os queridos 35 minutos que foi gasto.