EunJi - SLAY
Oct 10, 2024 2:40:19 GMT
Post by Ramprozz on Oct 10, 2024 2:40:19 GMT
Ouça SLAY de EunJi aqui.
Nota: 85
Escrita por: Hans Mountbatten
Já viu alguma festa durar 10 minutos? Pelo visto, apenas Eunji consegue compilar em uma cartelinha de quatro comprimidos psicodélicos a cura para o nosso sábado à noite. Se lançando solo no mercado fonográfico, a Sul-Coreana Eunji nos liberta o tão antecipado EP de estreia chamado “SLAY” que previamente teria 5 faixas mas que de última hora o Tokuto decidiu cortar e foi com apenas as 4 músicas que já mencionamos.
Imagine o cenário: Uma artista lança um EP com músicas que mal passam de dois minutos, onde ela fala de festas, lacrar, dançar, curtir, sobre como ela é uma gata, sobre como ela arrasa na Slay Bag dela e sobe como as outras da indústria recebem um 56 ou ficam em #6, pegue tudo isso, adicione uma pitada de sintetizadores, um tonel gigante de superpop frenético e vocais distorcidos, um sample de Vienna Lorenzi e pronto, parece um desastre, certo? Mas não é o caso.
Não resta dúvidas a ninguém que Eunji se divertiu MUITO na produção desse EP, desde a confecção das bolsas slay, que são absolutamente maravilhosas, até mesmo ao conceito do álbum mesmo. Se a ideia era arrasar, ela conseguiu e com louvor. Talvez esse lançamento seja um dos mais americanizados que já tivemos aqui (pelo menos na Seeker) E eu acho que é isso que o torna tão especial.
Ele me parece tão único se comparado com suas irmãs de lançamento que nem mesmo parece KPop! Parece algo que a Vienna ou a Leah lançariam se não fossem tão preguiçosas com suas carreiras e em lançar coisas. Desde “Purr” até “The Most H” Eunji vai nos jogando camada de um eletro-pop que é saboroso ao paladar e muito agradável ao ouvido. Parece que um unicórnio teve uma overdose de LSD no meio de uma rave e algum personagem cyberpunk o socorreu… Não sei, estou divagando. O que importa é que há muito amor nesse disco, Eunji parece dedicada e no fim das contas ela conseguiu em 10 minutos fazer uma grande festa do nível de acordar toda a vizinhança e botou todo mundo pra dançar.
As composições são absolutamente incríveis, as rimas são inteligentes e criativas, fogem do padrão que vemos na maior parte dos lançamentos do gênero (Eunji repete a palavra “Slay” 41 vezes ao longo do EP). Em SLAY não há aquela infantilização excessiva que vemos em outros grupos e assim como não temos letras piegas sobre amor e tudo mais. Aqui EunJi só quer ser a “menina festeira” e “bumpin’ that” a noite toda, todas as noites pelo resto da sua vida.
Destaque para “The Most H” que é a mais interessante liricamente pois cita praticamente metade da indústria músical, Lucca, Chelsea, Agatha e Sofia são alguns dos maiores nomes que nós temos atualmente, e vê-los aqui numa faixa tão engraçada onde EunJi canta que a vadia pode procurar o nome dela mas não vai encontrar nem mesmo na Wikipedia. Quer dizer, isso não é o máximo? Quantos artistas conseguiriam fazer isso e sairiam por cima? Não há deboche aqui, ela não ofendeu nenhum deles, mesmo assim conseguiu fazer referências na letra da música que são absolutamente inteligentes, com rimas engraçadas e criativas e tudo isso em cima de um beat hiper-agitado super gostoso.
O grande segredo de “SLAY” - e acho que é isso que faz ele funcionar tão bem - é que ele não se propõe a ser um trabalho sério em nenhuma instância, sério no sentido de ser algo que você precise entender para ouvir, ou precise prestar atenção em coisas… Nada disso. Apenas aperte o play, e comece a arrasar. “SLAY” foi feito sob a influência de doses cavalares de diversão, por pessoas que estavam se divertindo e foi lançado para divertir as pessoas que o ouvirem. Não é sobre “rir dele”, mas sim, “rir com ele” enquanto é interpretado por uma artista que permitiu não se levar tão a sério.
No geral, “SLAY” consegue sair por cima e se firmar como um disco muito promissor, bem executado em todos os sentidos, e lançar Eunji como uma exímia compositora, cheia de talento para rimas e referências que só ela poderia fazer.
Nota: 79
Escrita por: -
Em meio a um tornado na TELESCOPE, EunJi, integrante do girlgroup sul-coreano de prestígio mundial, FORNAX, faz o seu debut solo com o primeiro mini-álbum intitulado SLAY. É um projeto curto, de apenas 4 faixas e pouco mais de 10 minutos de duração, mas que constrói de maneira satisfatória uma identidade para EunJi, alinhada com o conceito experimental que seu grupo por vezes traz. As produções eletrônicas com fortes características do hyperpop são o grande diferencial do projeto, tornando-o um festival alternativo onde tudo o que você precisa fazer é lembrar de se divertir.
Quando analisamos a parte lírica do SLAY, facilmente identificamos que ele é um álbum vazio, o que é um aspecto comum de muitas músicas eletrônicas, que são construídas através da repetição de uma mesma palavra ou frase dezenas de vezes. Aqui, as produções são tão dançantes e magnéticas que é difícil prestar atenção na letra, mas não é algo que chega a incomodar tão profundamente, visto que este é mesmo objetivo da maioria das canções do gênero, justamente por possuírem composições vazias. No SLAY, percebemos essas ocorrências nas faixas Purrr e Party Gurl, esta segunda em parceria com o DJ brasileiro Dudu. Ambas músicas falam exageradamente sobre festejar enquanto um ritmo acelerado com vocais distorcidos nos envolve.
Nas outras duas músicas, S.L.A.Y e The Most H, a letra é construída em cima de muita auto adoração, onde EunJi se coloca acima de tudo que é possível se colocar. A title track S.L.A.Y, que utiliza o sample da icônica Stylish, colaboração de Vienna Lorenzi e Lola W, é, de longe, a música mais interessante e mais completa de todo o projeto. Talvez ela também tenha utilizado um sample do cérebro da Lola W na faixa que finaliza o álbum, The Most H, já que a letra soa como uma grande piada: EunJi referencia diversos outros artistas grandes da indústria para vangloriar a si mesma, chegando a fazer alguns ataques pessoais. Talvez o H no título da música seja de “Hated”, pois hate é definitivamente algo que ela deve ter atraído de diversas fanbases com o lançamento dessa música.
É uma pena que a festa da EunJi tenha acabado tão rápido, pois a sensação que temos ao terminar de ouvir o álbum é que dez minutos não foram suficientes. Muitas músicas possuem menos de dois minutos de duração, o que nos deixa com um gostinho de quero mais e nos faz sentir a vontade de voltar a ouvir o projeto continuamente, o que, ironicamente, conta como um ponto positivo, já que tem um fator replay que falta em muitos álbuns de debut no K-Pop.
Em conclusão, SLAY é um álbum muito bom, mas que poderia ter uma duração maior para conseguirmos ver mais de EunJi, principalmente no quesito lírico, com composições mais bem elaboradas e que tratassem de outros temas. A sonoridade funcionou muito bem com a idol, mas reforçamos o quão válido é se desafiar e experimentar gêneros novos, então esperamos que EunJi possa considerar fazer algo diferente em um possível futuro comeback. Por fim, temos o prazer de dizer: finalmente uma solista da TELESCOPE que deu certo!
Nota: 71
Escrita por: Jong Seokmin
E após um bom tempo, a primeira integrante do FORNAX consegue fazer a sua estreia como uma artista solo. Aproveitando que o grupo está em um momento de pausa, já que o próximo álbum, o FORNAXY, foi adiado por tempo indeterminado, EunJi aproveita esse momento para aparecer e brilhar de forma individual. Então, a coreana lança o seu primeiro projeto de trabalho, o EP chamado SLAY. Com apenas quatro faixas, a cantora busca explorar o Dance Pop ocidental e mesclar com o K-Pop.
O projeto inicia com “Purr”, uma faixa que referencia o próprio grupo. Como é uma faixa voltada para o hyperpop e jeito dançante, não é uma canção com uma letra bem trabalhada. Na verdade, o álbum todo não é bem trabalhado na forma lírica. Mas irei destrinchar esse segmento em breve. É uma canção divertida para se iniciar um projeto desse modo, então uma atmosfera eletrônica se instala.
Com o sample da canção vencedora do GRAMMY, “S.L.A.Y” conta com versos de “Stylish”, canção da produtora Vienna Lorenzi e Lola W. A faixa é um dos ótimos pontos do disco, ainda mais por soar como duas canções diferentes em uma mistura só. É uma ótima escolha para ser o single principal do álbum.
“Party Gurl” conta com a parceria do produtor brasileiro Dudu, e é a melhor canção do disco. A faixa extrai bem a energia clubista que o álbum tenta representar, e, por mais que tenha um brasileiro, a faixa não tem nada de funk, como está sendo vendida pela TELESCOPE.
E então, o disco acaba com “The Most H”, que deve ser uma das letras mais humorísticas que eu já li em minha vida – e isso não é uma coisa boa. Talvez a cantora quisesse ser mais impessoal e chamar a atenção para uma letra cômica e irônica para mostrar como “she’s so crazy i love her” ou algo do tipo, mas a tentativa soa como um descarte das diss tracks da Liebe lançadas em nome do DREAM DOLLS. E mesmo tendo uma referência a DICE Magazine, não foi algo tão interessante de se abordar. A letra pode ser chamativa, com diversas referências públicas – inclusive os próprios trechos que supostamente seriam cheios de shade para outros cantores –, então vai estar em alta por um tempo, mas se souberem manusear, pode se tornar algo maior… Mas não essa faixa. Com menos de dois minutos, ela nem dá para ser aproveitada direito. Em um piscar de olhos, se encerra por completo – o projeto todo é assim.
De modo sonoro, o EP é um ótimo projeto. De modo lírico, é ridículo. A proposta do álbum é para dançar, se divertir, sem ligar pras coisas, e ser extremamente egocêntrica, mas poderia fazer isso de um modo que não soasse vergonhoso. Talvez o SLAY tenha uma grande atenção do público, ainda mais porque a música precisa de canções com essa pegada dançante, mas não é possível ignorar uma canção que você vai dançar e rima wikipédia com enciclopédia e Display Media.
Apesar de tudo, SLAY é um EP curto, então se era para ser trilha sonora de uma festa, ela acabará em menos de 11 minutos. Mas, em geral, não é ruim. Tem seus pontos fortes, sendo um álbum muito apelativo para o público – é como se ele gritasse “ME ACLAMEM, EU IMPLORO” – e abordando um projeto bem divertido sonoramente. É um acerto de uma cesta de 1 ponto: poderia ser melhor, mas também poderia ter errado totalmente.