AWA - cartomante/vaca profana (Live at MIAW 2028)

O palco começa bem escuro e bem no meio dele, brilha apenas uma bola de cristal azul, que sai fumaça e cintila de maneira holográfica. AWA está atrás da bola, mas por enquanto só vemos suas mãos. As mãos parecem ler a bola de cristal enquanto uma sonoplastia de sonho começa a tocar. Aos poucos, o palco vai se iluminando por uma luz amarela, revelando AWA e o restante do cenário: uma grande cortina roxa no fundo e alguns espelhos espalhados pelo palco. AWA está caracterizado como uma cartomante: as unhas pintadas de preto, muitas lantejoulas pelo corpo e uma maquiagem bem forte nos olhos. AWA representa a "Madame Carlota", personagem de A Hora da Estrela, livro que inspirou seu quarto disco de estúdio.

Então, AWA pega o microfone e finalmente canta o primeiro verso de "cartomante", música de abertura do seu novo álbum.

Aos poucos a cortina no fundo se abre, revelando a banda de cinco membros e um grande vitral antigo, que é iluminado por algumas luzes amareladas. AWA ainda está parado em frente a mesa de bola de cristal, cantando enquanto encena e encara o público. A música é bem despretensiosa vocalmente, então AWA se solta durante a performance: muitas vezes fecha os olhos e improvisa mudanças no tom de voz pra diferenciar da versão de estúdio.

Ao cantar o refrão final da música, que é mesmo curta por ser uma introdução, AWA já se levanta da cadeira e olha fixamente pro público, como se estivesse conversando com algumas pessoas da plateia. AWA parece bastante emocionado, mas segue parado no palco. Mesmo assim, imprime muita presença pela sua roupa extravagante e sua performance vocal mais dramática, onde por várias vezes tremula e simula um choro, trazendo uma energia teatral que a música exige.

Quando a música acaba, alguns dançarinos vestindo roupas de baixo brancas entram no palco. Eles vão até AWA e o cercam por trás, pra que a visualização do público de frente não fique limitada. Aos poucos, eles vão despindo AWA: Tiram as lantejoulas, os acessórios. Alguns outros usam lenços umedecidos pra tirar sua maquiagem. Tiram também alguns detalhes do cabelo. Tudo isso que geralmente é feito nos bastidores é feito em frente ao palco, em silêncio. Quando terminam de despir tudo, AWA usa apenas uma cueca branca e uma regata branca; apenas suas roupas de baixo. Então, no silêncio da performance, AWA pega o microfone de novo e canta com o peito:

Quando acaba a frase, a música explode com um coral gritando e os instrumentos aumentando. É assim que começa "vaca profana", música de abertura da segunda parte do álbum "e quem sabe de alguma coisa?". AWA chuta a bola de cristal na sua frente, que se quebra assim que encosta no chão. Ele finalmente começa a se movimentar pelo palco e vai até a frente, chegando mais perto do público e cantando como um verdadeiro popstar. Inclusive, é o que a próxima parte da música fala na letra:

AWA ri quando canta a última frase e anda dançando despretensioso pelo palco, enquanto os dançarinos fazem uma coreografia simples no fundo. A bridge da música é toda instrumental, então é quando a banda tem seu momento de brilhar. Os instrumentos típicos brasileiros incendeiam o MIAW e trazem uma energia muito divertida pro pra performance, que soa como uma orquestra brasileira.

Pra cantar a parte final da música, AWA posiciona o microfone em um tripé, bem na frente do palco. É a parte onde de fato se apresenta pro público, de corpo e alma. Estar vestindo apenas suas roupas de baixo mostra que AWA está completamente entregue pro público na sua frente, e quer que o vejam assim: desnudo, puro e totalmente sincero. O trecho, que traz o nome da música, já diz por si só.

Quando acaba de cantar, a banda é quem faz o gran finale. Os dançarinos vão se retirando palco e AWA vai voltando pro meio, de braços abertos, enquanto olha pra cima e agradece a Deus. Ele gira e volta a ficar de frente pro público quando a música finalmente chega ao fim e o público ovaciona em aplausos. AWA se dobra e agradece mais uma vez, agora ao público, claramente emocionado.