Kim Hwa - Hollow
Sept 25, 2024 17:53:09 GMT
Post by Ramprozz on Sept 25, 2024 17:53:09 GMT
Ouça Hollow de Kim Hwa aqui.
CHEKMATE
Nota: 89
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Apresentando um inesperado, porém muito bem-vindo trabalho excepcional na música pop, a integrante Kim Hwa, do girlgroup RAVEN, lança nesse ano o seu primeiro mini-álbum solo. Seus vocais se destacam entre as vozes da indústria, pois trazem cores incomuns e impactantes, marcando o ouvinte de forma única. Apesar de um trabalho simples na estética visual em termos de edição, Kim Hwa entrega uma capa com photoshoot impecável e que representa bem o electropop dançante apresentado no trabalho.
Dando início ao disco com uma faixa que sonoramente nos instiga e nos satisfaz, em “Last Kiss (Mwah!)”, a cantora apresenta uma canção que introduz muito bem o ouvinte no que ele pode esperar pelo restante do disco. Liricamente, podemos dizer que a canção se mantém no nível de conforto oferecido pela música pop, o que não é necessariamente ruim, afinal, não só de letras complexas se faz um grande hit. A letra da música fala sobre um relacionamento que já não funciona mais, e sobre como Kim Hwa está propensa a dispensar o amante com um famoso beijinho-beijinho-tchau-tchau. Ao mesmo tempo que a música pode tratar sobre o citado relacionamento, ela também pode ser interpretada como uma carta à mídia e à fama, o que traz uma curiosa dimensão de duplo sentido nela, deixando um gostinho de “quero-mais”
Na próxima música, “Rebel”, Kim Hwa convida outras duas vocalistas chinesas do K-pop para entregar o que pode e deve ser considerada uma das maiores colaborações do nicho. Trazendo em sua letra a temática principal do álbum, que é o preço da fama, as três artistas intercalam suas vozes ao som de um forte e marcante instrumental eletrônico. A faixa surpreende não só a quem associa a imagem de Kim Hwa ao obscuro e dramático RAVEN, como também ao ouvinte comum, que não poderia evitar não se encantar com o trabalho impecável de produção realizado na canção.
Em “Perfect”, as batidas eletrônicas contidas no CD se intensificam no que pode ser considerada a melhor canção do álbum. Apesar de abusar da simplicidade disponibilizada pela música pop citada anteriormente, as letras do álbum não deixam de entregar um conceito e mensagem claros e objetivos. Por meio de uma narrativa de marionete, Kim Hwa aborda como estar em evidência na mídia desumaniza as pessoas, retornando novamente ao conceito principal do álbum, sobre como artistas sem essência são como cascas vazias.
No que parece ser a sequência da faixa anterior, “Grave” narra a morte do eu lírico, que deixa saudade em seu público, mas que em vida era alvo de todo o seu ódio. Kim Hwa promete que o Karma cuidará do caso, destilando seu rancor por meio da ácida letra e do angustiante crescente instrumental, que soa como uma promessa de vingança.
Chegando na primeira faixa trabalhada pela artista como single, “Oblivion” é pode ser uma introdução interessante para os ouvintes que iniciaram sua experiência com o álbum por ela. Entretanto, quando colocada nessa posição do disco, acaba soando um pouco perdida em meio à storyline que estava sendo construída. Ainda assim, a música traz high notes belissimamente alcançados pela artista e batidas contagiantes que te transportam para um universo mágico. Apesar da letra não apresentar um ponto de vista diferente sobre a temática proposta, ela não deixa de conversar com o restante do CD, mantendo uma coesão invejável em um disco com tantas faixas. Tendo em vista que a faixa final é apenas uma bônus track, acreditamos que podemos considerar essa a faixa de fechamento do álbum. Analisando-a por essa perspectiva, é possível traçar uma linha que liga o fim da história ao verso “Should I run or stay for you?”, que deixa em aberto o caminho que o eu lírico irá seguir.
Para finalizar, somos reapresentados a uma canção já conhecida: a faixa “Heat”, já apresentada anteriormente pelas artistas e por suas integrantes parceiras de grupo do RAVEN, Seoyeon e Moon Yoon. A unit, chamada de “SM0K3”, performou a música em uma das rodadas do reality show QUEENDOL. Ao tentar traçar um paralelo entre Heat e o restante do álbum, nos perguntamos se ela não poderia ser um prelúdio, antecedente ao fim do relacionamento tratado na faixa de abertura. Independentemente da conexão conceitual, Heat é uma faixa excepcional que, apesar de não ter nada a ver com a identidade musical apresentada no CD, não o prejudica ao se colocar sorrateiramente em sua posição de canção bônus, e ainda adiciona mais um hit maravilhoso nesse álbum que já conta com diversos outros.
Ao finalizar esse álbum, podemos concluir que o RAVEN é um grupo formado por joias raras. Sua versatilidade é botada a prova nesse lançamento solo, que não decepciona de forma alguma. Com um conceito simples porém bem construído, letras leves e sem muita pretensão, uma identidade visual icônica e músicas pra lá de incríveis, Hollow é provavelmente um dos melhores trabalhos individuais que a indústria de K-pop nos ofereceu, provando que o RAVEN não é um grupo a ser ignorado.
Nota: 85
Escrita por: -
Hollow é, talvez, um dos projetos mais inesperados do ano, e provavelmente não é nada do que toda e qualquer pessoa tinha em mente quando foi anunciado um projeto solo de uma das integrantes do grande grupo RAVEN. Kim Hwa vai em uma direção extremamente distinta, quase oposta, em relação a seu grupo e isso, apesar de arriscado, confere muitos pontos a ela. Com seu mini-album de debut, a artista nos mostra uma versatilidade invejável, mergulhando de cabeça no pop tradicional em Last Kiss (Mwah!) e apresentando influências de electropop que parecem crescer exponencialmente até Perfect, que é o ponto alto do álbum, uma faixa com todas as características costumeiras do electropop clássico mas que ainda sim consegue soar nova, diferente e experimental por pequenas, mas certeiras, escolhas de composição e produção, e é claro, não podemos ignorar Rebel, que é uma faixa quase tão boa quanto a que a sucede e só não chega lá também porque, às vezes, o diabo está realmente nos detalhes, pois assim como a atenção aos detalhes fez a coroa de Perfect, a ligeira falta de atenção neles em Rebel não a deixou atingir todo o seu potencial. Não me entenda mal, a faixa soa muito bem, mas ela só não é ótima porque não parece tão sofisticada e bem pensada quanto as outras, pelo menos sonoramente. E então, chegamos em Grave, que é a melhor composição lírica, mas também causa uma quebra de expectativas, e não no melhor dos sentidos. Grave, em si, é uma música esplêndida, muito interessante, com breves, mas não inotáveis, influências de synth pop e dark pop. Ainda que sua qualidade seja inquestionável, é possível perceber o RAVEN aparecer mesmo que por apenas um lampejo, o que não é um defeito em si, muito pelo contrário, mas nesse caso específico, compromete um pouco a coesão do álbum como um todo, soando monótono em relação às outras faixas. Já Oblivion resgata um pouco o sentimento, com uma técnica de produção ainda melhor que Rebel, e Kim Hwa, enquanto intérprete, soa especialmente bem com as escolhas melódicas que faz no uso de seu vocal em sincronia com a melodia instrumental, e no entanto, a composição lírica é algo visto a ponto de cansaço antes, apresentando alguns versos que não fluem com a mesma naturalidade e cadência que Kim nos apresentou nas faixas anteriores, mas nem de longe são falhos o suficiente para tornar essa música ruim, ela é extremamente divertida e um potencial replay instantâneo. Em uma ironia do destino, a faixa de encerramento Heat é uma composição que soa plenamente natural e correta, de cadência tão perfeita quando um mosaico de dominós que cai da primeira à última peça.
No geral, Hollow é um álbum muito pertinente, sua mensagem é uma discussão que precisava existir e o fato de um álbum trazer essa discussão à luz através da música pop faz tudo isso dar um ar de pós-ironia, o que com certeza faz o projeto dar um salto. Não é com muita frequência que vemos algo ambicioso, cheio de personalidade e disruptivo assim, especialmente na indústria do K-Pop. Kim Hwa é uma artista extremamente inteligente e realmente o tipo de estrela de que seu nicho necessitava. Ela tem potencial para ser uma grande artista e furar a bolha de seu nicho, só é necessário um pouco mais de polimento. O talento, a personalidade e o star power são coisas que a recém solista tem de sobra. Falando sobre Hollow, ele é realmente um mini-album muito sólido, com músicas ótimas no geral, mas cujo único problema parcialmente sério é a quebra de coesão, o que não é nada grave, mas fica mais aparente em um conjunto de poucas faixas.
Nota: 83
Escrita por: Jong Seokmin
Sendo a quarta integrante do RAVEN a ter uma canção solo, mas a primeira a lançar um disco, Kim Hwa resolve desafiar os paradigmas da indústria musical sul-coreana fazendo o melhor que ela sabe – cantando.
Hollow é um projeto Pop comum, quando se ouve, ele soa como algo comum até demais, e talvez essa seja a intenção da Kim Hwa, porque quando olhamos por trás de algumas letras, vemos metáforas e jogos de palavras que criticam à maluca corrida atrás de fama, obsessão e destaque. A faixa que mais fica claro a mensagem é “Rebel”, pois nos deparamos com trechos como “All of this is for fame / For the universal acclaim”. A junção de mais duas chinesas reforçam esse tipo de prática, principalmente pelo fato de que estrangeiras precisam dar o dobro ou triplo de si para conseguir realizar o seu sonho.
“Oblivion” a faixa de pré-lançamento é tão dançante quanto o resto do EP, tendo batidas contagiantes e gostosas para te deixar imerso a energia do projeto. Mas, nada é como as duas melhores faixas: “Last Kiss (Mwah!)” e “Heat”, que conta com a ajuda de outras três integrantes do RAVEN. “Mwah!” é um Pop incrível, que abre as portas para todo o disco e já consegue elevar o nível apenas em seu início. E a parceria com as colegas de grupo podem soar fora do compasso, mas quando vemos é uma faixa especial que foi lançada no reality show QUEENDOL, percebemos que ela consegue sim fazer sentido no projeto e intensificam o Hollow.
O uso do Synth-Pop foi uma das melhores escolhas em Hollow, pois o estilo consegue canalizar bem a energia da Kim Hwa e demonstrar essa dualidade de divertido / trágico que as faixas trazem. O EP é incrível, contagiante, imersivo e perfeito – como a própria diz. Isso nos deixa curiosos para ver o que ela irá trazer em seguida, pois a sua estreia solo foi tão surpreendente que se consagra como um dos melhores projetos do RAVEN.