[ÁSIA] KJ para a Vogue Korea
Sept 20, 2024 2:30:38 GMT
Post by ggabxxi on Sept 20, 2024 2:30:38 GMT
KJ finalmente está de volta depois de seu smash hit “Purple Room”, já voltando com mais um smash hit, “MISEDUCATION”, com colaboração de uma das artistas pop mais emblemáticas da indústria, Electra Köhler. O single teve seu debut nos charts direto em primeiro lugar, superando até mesmo o debut de seu maior hit Purple Room, o que torna essa faixa um tanto quanto promissora. Então, a Vogue Korea chamou o astro para uma entrevista sobre o single, sobre sua identidade geral e é claro, sobre moda - o que não pode faltar na Vogue. Leia a entrevista na íntegra abaixo!
VOGUE: Primeiro, parabéns pelo sucesso de "MISEDUCATION"! Como você se sente com o single debutando direto no topo da Billboard Global?
KJ: Muito bem, na verdade. Não tenho vergonha de dizer que eu amo ser bem sucedido e poder celebrar uma conquista desse naipe depois de quase seis anos de carreira.
VOGUE: Qual foi a inspiração inicial para "MISEDUCATION"?
KJ: Bom, foi uma música de um cara que tentou me menosprezar em uma diss track mas bem… eu sou o único de nós dois que ainda tem uma carreira agora. Quase deixei essa música de fora do álbum porque nem valia a pena mais, mas aí a Electra-noona ouviu e ela teve a ideia de um refrão, já que a música tava curta, então eu adicionei o refrão rapidamente e falei “noona, agora você tá na música”. Ela disse que sim e depois a gente acabou adicionando mais um verso só pra ela.
VOGUE: Você e Electra Köhler são amigos há bastante tempo. Como foi colaborar com ela neste projeto?
KJ: A noona é uma pessoa muito positiva, ela sempre se anima pra tudo, ela me fez ficar mais empolgado ainda com a música. Eu também acho foda como ela é uma artista muito versátil, tipo, ela tá em MISEDUCATION mas ela também é de uma banda de rock e a carreira solo dela é pop com bastante inspiração em J-Pop e cultura oriental no geral. Ela é uma das artistas mais completas que existe, a nova geração perde muito em não escutá-la da maneira que ela merece.
VOGUE: A música tem uma mistura forte de trap eletrônico. Quem trouxe essa ideia para a mesa?
KJ: Na verdade, foi meu amigo, o produtor Baekwan. Ele disse que isso faria a música ter mais da identidade da Electra e deixaria ela mais impactante também, e eu acho que ele estava certo.
VOGUE: O título "MISEDUCATION" parece ter uma conotação muito específica. De onde veio a escolha desse nome?
KJ: Ele é uma referência a uma das minhas maiores inspirações, a eterna lenda Lauryn Hill.
VOGUE: Muita gente está curiosa sobre o alvo desta diss track. Pode nos dar uma pista?
KJ: Eu acho que eu já dei pistas o suficiente. Eu não faço diss tracks do nada, alguém ter que ter tentado comigo, então isso já afunila bem as opções pra vocês. É um rapper também… um rapper cuja carreira ficou bem no passado mesmo.
VOGUE: Como você descreveria a sinergia entre você e Electra no estúdio?
KJ: Eu não sei, eu acho que a Electra entendeu muito bem o que eu, o Baekwan e o Brendon queríamos com essa música, eu não acho que seria a mesma coisa sem ela. E, bom, seria meio impossível a gente não ter uma sinergia daquelas, nossa amizade é de muitos anos e a gente nunca nem se desentendeu, eu e a Electra somos meio que almas gêmeas não românticas e é isso. Eu sei que eu faço várias colaborações mas não é todo mundo que eu deixo estar no meu álbum, tanto é que essa é a primeira vez na vida que eu lanço uma colaboração de um projeto próprio. Acontece que eu achei que seria foda reunir alguns amigos pro meu primeiro album completo e a Electra é uma das poucas pessoas em quem eu confio cegamente, junto com talvez mais dois ou três. Ela sempre esteve aqui por mim e eu sempre vou estar aqui por ela.
VOGUE: Houve algum momento de conflito criativo entre você e Electra durante o processo?
KJ: Não, de jeito nenhum. Eu aprecio muito que a noona realmente acreditou na minha visão, a música é realmente bem diferente e eu entenderia se ela não quisesse estar, mas ela confiou em mim e deu certo, né?
VOGUE: O que fez vocês escolherem o trap eletrônico como o principal gênero para essa faixa?
KJ: Ah… o Baekwan e eu sempre conversamos sobre como deixar o rap diferente pouco a pouco, talvez mais experimental em uma música ou outra porque todo mundo tá fazendo o trap normal, o rap virou uma coisa muito padronizada. Mas ao mesmo tempo, eu não quero virar um daqueles rappers good vibes floco de neve com medo de qualquer conflito, que são talvez o tipo mais diferente do padrão por aí, eu quero ser uma terceira via ou algo assim.
VOGUE: Você acha que o estilo agressivo da faixa amplifica a mensagem da diss track?
KJ: É. No rap, ninguém te leva a sério se você não é pancada o suficiente, ninguém vai te levar a sério quando você fala que você é o fodão se você não mostrar também que você é o fodão. E isso não tem nada a ver com ser vulnerável, dá pra você ser os dois. Dá pra você falar de alguma coisa que quebrou e mesmo assim ser fodão, é só você entender que é quebrado, como todo mundo é, mas você ainda é o melhor.
VOGUE: Houve algum momento em que você ou Electra hesitaram em lançar a faixa, considerando a natureza provocativa dela?
KJ: Eu nunca faria isso e eu acho que vocês têm uma ideia geral meio errada da Electra-noona, ela parece uma mulher doce e graciosa, e ela até é, mas ela também é selvagem. Ela consegue ser tão agressiva quanto eu, às vezes até mais.
VOGUE: Algumas pessoas dizem que "MISEDUCATION" é direcionada a mais de uma pessoa. Ela é realmente direcionada a só um alguém específico na indústria?
KJ: Claro que é, uma pessoa bem específica. Não mais de uma, só uma. Eu tenho um lado inteiro do álbum só pras pessoas que me atacaram, vai ter música pra todo mundo, não precisa dividir. -*ele dá risada.*
VOGUE: Electra trouxe algo especial para a faixa que você acha que mais ninguém conseguiria?
KJ: Eu acho que poucas pessoas conseguem dar essa energia de poder, mas ainda sim elegância, pra uma música. Talvez a Plastique, mas ainda sim não seria o mesmo, ela tem um estilo mais despojado, mais punk e sujo, mais irônico. Ela parece a líder de um grupo anarquista enquanto a Electra consegue simular uma energia de CEO que na verdade é uma assassina viúva negra. Nós vimos quão bem ela foi no clipe de MISEDUCATION.
VOGUE: Quanto tempo demorou desde o início até a finalização do single?
KJ: Nós fizemos tudo em um dia só, foi bem de boa. Algumas outras é que estão demorando bastante, são aquelas com mais colaborações e tal… é, tá demorando muito mesmo. Eu já até pensei em fazer algumas trocas, talvez aconteça.
VOGUE: Vocês chegaram a mudar alguma coisa significativa na letra durante a gravação?
KJ: Sim, com certeza. Nós mudamos meu primeiro verso, o refrão cantado pela Electra e uma parte do verso dela também.
VOGUE: Como foi a reação de Electra quando ela ouviu a primeira versão da letra?
KJ: Ela deu risada. Ela já sabia exatamente sobre quem era e ela disse que eu mirei bem na ferida. Foi por isso que ela ficou empolgada pra que eu fizesse ela ser uma música completa, ela só tinha escutado os versos de rap. E aí, eu convidei ela e o resto é história.
VOGUE: Você acredita que a colaboração com Electra foi o segredo para o sucesso imediato da faixa?
KJ: Hm… bom, eu nunca desconheci sucesso na minha carreira. O primeiro single da minha vida foi Boss, que entrou no top3 global. É claro, ajudou que pessoas como a Williams e a Wylla Gomez comentaram, mas eu acho que nós dois fomos destinados à grandeza. Talvez, sem ela, não teria sido tão imediato, mas eu confio que a música estava destinada a ser um sucesso desde a primeira versão. E ainda existem outras músicas no álbum em que eu acredito ainda mais.
VOGUE: Como a mixagem de trap eletrônico se encaixou no conceito de uma diss track?
KJ: Eu acho que a gente não pensou nisso assimilando exatamente com o fato de que é uma diss track. Diss tracks são faixas bem maleáveis, eu acho que desde que seja impactante, elas funcionam com qualquer tipo de mixagem, eu poderia ter feito MISEDUCATION ser um hip hop old school e ela ainda seria tudo isso, eu tenho certeza.
VOGUE: Você acha que a diss track terá algum impacto nas relações com outros artistas?
KJ: Não, pra falar a verdade. As pessoas que estão comigo, estão comigo nessa briga e as pessoas que estão contra sempre estiveram contra, então… eu não acho que vai mudar nada. De qualquer maneira, poucas pessoas que ficariam do lado do alvo de MISEDUCATION restaram.
VOGUE: Em algum momento você se preocupou com a reação pública à faixa, dado o tom agressivo?
KJ: Bom, eu já previa que o público geral ficaria em choque e alguns não entenderiam de onde vem, até porque diss tracks direcionadas a mim dificilmente furam a bolha e fazem tanto sucesso quanto as que eu lanço, de qualquer maneira. Por isso, as pessoas não sabem ou nem lembram mais, o sucesso que elas conseguem é só porque elas têm o meu nome. É por isso que eu não coloco nomes nas minhas, eu sei que eu vou deixar eles famosos.
VOGUE: A Electra ajudou na escrita da diss track ou focou mais nos vocais e na produção?
KJ: Bom, ela não fez parte da produção do conteúdo lírico, mas sinceramente, é só porque eu não dei a chance. Ela me deu a ideia, eu já cheguei com tudo pronto, ela só gravou os vocais e esteve presente durante a mixagem e produção, e claro, ela também se propôs a gravar aquele vídeo clipe que foi difícil pra caramba. Nós não usamos dublê, então imagina só toda a coreografia de luta que ela teve que aprender por mim? Não é pra qualquer um.
VOGUE: A faixa parece ter camadas. A primeira é óbvia, mas há algo mais que você quer que o público perceba?
KJ: Eu acho que a letra tem bastante referências a outros artistas e também a personalidades da história no geral que muita gente deixou passar, a lista vai muito além das óbvias, que são o sobrenome da Electra-noona que soa exatamente como a palavra “cooler” do inglês e também um dos versos de rap do eClipse que fui eu quem escrevi.
VOGUE: Como a amizade de vocês influenciou o resultado final da música?
KJ: Acho que é seguro dizer que as nossas inimizades são as mesmas, então foi mais uma coisa de amigos mesmo, não teria o mesmo efeito se não fosse uma pessoa que tem as mesmas opiniões que eu sobre a maioria das pessoas… -*ele dá risada*
VOGUE: Vocês planejam colaborar novamente em breve?
KJ: Não tem nada planejado mas sempre vai ser um prazer fazer música com ela, a gente sempre foi muito amigos.
VOGUE: O single tem algum sample que foi particularmente difícil de trabalhar ou licenciar?
KJ: Na verdade não, não acho que tenha nenhum sample ou interpolação ou algo assim, o Baekwan é meio chato com fazer coisas sempre originais, a gente usa mais samples se for por alguma referência mesmo.
VOGUE: A música foi feita para causar algum tipo de polêmica, ou isso foi uma consequência inesperada?
KJ: Não foi inesperado, eu acho que todo mundo já tem uma ideia de que vai causar polêmica com uma diss track. Na verdade eu esperava mais, inclusive, mas não acho que ele vai responder então deve parar por aí.
VOGUE: Como você lidou com o fato de que muitas pessoas já tentaram adivinhar o alvo da diss track?
KJ: Na verdade, é engraçado. Já vi alguns nomes que colocaram nessa roda e sinceramente, não vi ninguém falando o nome certo. Mas acho que isso vem com o tempo, conforme as pessoas forem pegando as referências e tal… os fãs sempre conseguem isso, daqui a pouco vai ter gente no Twitter falando essas coisas.
VOGUE: Vocês gravaram a faixa juntos no estúdio ou trabalharam remotamente?
KJ: Não, a gente gravou tudo no mesmo estúdio. Bom, a gente trabalha no mesmo lugar, né? A gente sempre se esbarra na Arcade, tanto é que MISEDUCATION foi uma coisa acidental que aconteceu numa dessas vezes que a gente se encontrou e eu mostrei a versão inicial pra ela.
VOGUE: Houve algum feedback inesperado de alguém da indústria que te surpreendeu após o lançamento?
KJ: Não, e eu não acho que exista alguém na indústria como eu, que vá entender o que eu faço. E eu não me importo com nenhum tipo de reprovação, eu nunca fui uma força em avaliações de críticos e coisas assim e isso nunca me impediu de ser um dos maiores artistas da indústria, mesmo sendo uma pessoa que desperta o ódio em muitas pessoas só por existir.
VOGUE: Electra já participou de algum momento em que você estivesse escrevendo a diss track?
KJ: Na verdade não, eu acho que ela até viu algumas mudanças que eu fiz ali na hora da gravação porque eu sempre acabo achando que alguns versos não soam muito bem e mudando eles, mas eu já tinha basicamente todo o rap pronto quando ela entrou na música.
VOGUE: A produção da faixa é bem crua e direta. Foi intencional ou algo que aconteceu naturalmente?
KJ: Eu acho que foi mesmo acontecendo naturalmente, mas ao mesmo tempo, é meio que senso comum produções de rap no geral serem assim porque no rap, a gente leva muito em conta habilidades líricas, de cadência, essas coisas, então não é recomendado ter muitas distrações nas músicas mesmo. Não que a gente estivesse pensando nisso, mas meio que um conhecimento internalizado em qualquer pessoa que trabalha com hip hop.
VOGUE: Como você descreveria o estilo vocal de Electra em "MISEDUCATION"?
KJ: Bem diferente. Não é algo que ela faz normalmente, aquela voz forte e intimidadora, um pouco agressiva, e isso foi totalmente ideia dela, ninguém no estúdio esperava que ela fosse fazer isso e ela veio com aqueles vocais… eu, o Baekwan, o Brendon, a gente ficou de queixo caído.
VOGUE: Há alguma linha da música que você acha que as pessoas ainda não entenderam completamente?
KJ: Eu acho que o último bloco de rap inteiro, pra falar a verdade. Tem muitas referências à cultura pop e a única óbvia é o verso da Carrie, eu acho.
VOGUE: Você espera que o alvo da diss track responda de alguma forma?
KJ: Acho que não, mexer comigo já queimou ele o suficiente.
VOGUE: Quais são os maiores desafios de lançar uma diss track em uma época tão sensível?
KJ: Ah, cara, muita gente que nem entende de rap fica se metendo nisso. É claro que a gente vai ser cancelado, hoje em dia ninguém pode ouvir uma ofensa e olha que as diss tracks de hoje em dia são bem mais de boa em comparação com o que a gente tinha antes. Eu acho que a arte das diss tracks não tem muita chance de sobreviver enquanto qualquer coisinha minimamente ofensiva deixa esse povo uma pilha de nervos desse jeito. Não precisa ser tão sensível.
VOGUE: Você acha que a letra de "MISEDUCATION" talvez reflita suas frustrações com a indústria da música?
KJ: Eu acho que não necessariamente, e provavelmente vão existir músicas em que eu falo diretamente sobre isso, mas MISEDUCATION não é bem uma delas. Acho que no lado 2 do The Yellowprint vai ter um pouco mais desse lado, eu vou meio que tangenciar o assunto de como era difícil na minha época atingir o mainstream como artista asiático.
VOGUE: Você acha que Electra sentiu a mesma intensidade de raiva e frustração que você durante o processo?
KJ: Acho que não, afinal a música é mais sobre uma coisa pessoal minha, mas no geral ela com certeza sentiu raiva porque ela também tá sendo o tempo todo alvo de pessoas que tentam desmerecer o trabalho dela.
VOGUE: O que te fez decidir que agora era o momento certo para lançar uma diss track?
KJ: Eu não acho que esse era o momento certo, eu só fui atacado e tinha que rebater, ninguém me ataca e sai impune. Mas o The Yellowprint foi bem alterado depois que algumas pessoas resolveram me atacar, quase metade do antigo álbum foi guardado e eu já tô planejando fazer mais um álbum pra elas, na verdade, mas eu não tenho absolutamente nada pra falar sobre esse outro álbum e prefiro focar no The Yellowprint primeiro.
VOGUE: Claro, tudo bem! Bom, você acha que o sucesso da música também se deve ao fato de que muitas pessoas estão buscando autenticidade na música atualmente?
KJ: Acho que tem muitos artistas autênticos na música no geral, mas realmente eu acho que o hip hop global tava precisando de mais.
VOGUE: Como você lida com o fato de que as diss tracks frequentemente dividem opiniões?
KJ: Tudo que eu faço divide opiniões, eu nem sei porque mas é o que acontece. Eu já estou acostumado a ser tratado como polêmico ou sei lá.
VOGUE: Houve algum detalhe sonoro que você e Electra discutiram bastante antes de finalizar a produção?
KJ: Ah, sim… a gente falou muito sobre se a gente deveria mesmo lançar algo mais experimental assim, mas a gente concordou que era o que a música pedia mesmo…
VOGUE: Você acha que "MISEDUCATION" pode influenciar outros artistas a serem mais abertos e diretos em suas músicas?
KJ: Não. Eu acho que outros artistas estão mais preocupados em fazer política da boa vizinhança e com medo de sofrer danos na carreira do que eu. Tem muita gente que barganha a própria voz e a própria arte pra agradar a todo mundo e se manter na indústria, mas acho que eu já cheguei num lugar confortável pra eu poder fazer exatamente a música que eu quero e sofrer as consequências de qualquer coisa que dê errado.
VOGUE: Como foi a primeira vez que Electra ouviu a letra da diss track depois de pronta? Qual foi a reação dela escutando a demo do próprio verso?
KJ: Ah, eu acho que ela amou porque ela entregou ele perfeitamente no estúdio.
VOGUE: A colaboração foi algo planejado ou surgiu espontaneamente?
KJ: Totalmente espontâneo, nem teria uma colaboração se não fosse ela.
VOGUE: Se você pudesse refazer qualquer parte da faixa, faria algo diferente?
KJ: Eu nunca tô totalmente satisfeito com o que eu faço, sempre tem algo que eu quero fazer melhor, mas se eu ficar nessa, eu nunca mais vou lançar nada, sabe? Eu fico muito na minha cabeça também, às vezes nem precisa de mudança, mas eu sempre vou pensar nisso.
VOGUE: O que mais te surpreendeu na colaboração com a Electra?
KJ: Como ela ficou investida na música, de verdade. Tipo, eu sei que músicas como MISEDUCATION não são bem a praia dela, o som dela é bem diferente, mas ela tratou a música como trataria uma música dela mesma e eu aprecio muito isso, ela é foda.
VOGUE: Como você acha que o público recebeu a combinação de um trap eletrônico com uma diss track?
KJ: Eu não vejo comentários, sempre tem muito troll e hater na internet, mas os números não mentem né? Se a música debutou direto em primeiro lugar, é porque o público gostou. Ninguém escuta tanto algo que não gostou.
VOGUE: Acha que a letra vai incomodar mais o público ou os artistas da indústria?
KJ: Os artistas, com certeza. Muitos deles me olham de cima para baixo, acho que ficam irritados porque acham que merecem o que eu tenho, mas não trabalham tão duro quanto eu.
VOGUE: Alguém em particular já te confrontou sobre o possível alvo da diss track?
KJ: Sim. Eu prefiro não revelar quem é a pessoa mas eu só tive que convencer ele de que ele não era o meu alvo. Foi de boa, eu não procuro inimizade com quem não cria inimizade comigo… ou quem não faz alguma coisa idiota, tipo o DREAM DOLLS se considerando um grupo de K-Pop.
VOGUE: Você acha que a mensagem de "MISEDUCATION" foi bem compreendida pelos ouvintes?
KJ: Não totalmente, eu acho que muitas pessoas escutam hip hop mais pra curtir hoje em dia, tem muita gente que não presta atenção nas letras e mesmo quem teoricamente presta, não vai pegar as referências. Falta de interpretação é o mal do século, todo mundo tá acostumado com tik tok e inteligência artificial, todo mundo quer uma resposta em cinco segundos e desaprenderam a gastar tempo com algo a fim de realmente entender.
VOGUE: Qual foi a parte mais desafiadora de escrever essa diss track?
KJ: Eu acho que o terceiro bloco de rap. Eu não sou tão acostumado a flows mais rápidos daquele jeito, foi realmente difícil escrever em cima daquilo. Mas foi legal, eu com certeza pretendo fazer mais disso no futuro.
VOGUE: Electra trouxe alguma ideia inusitada para a produção que você inicialmente não tinha pensado?
KJ: A ideia das harmonias no verso dela foi parcialmente dela, ela disse que a entrada dela na música precisava ser mais impactante e pensou em adicionar backing vocals, mas o Baekwan sugeriu construir mais camadas de vocal dela mesma ao invés de colocar mais gente na música.
VOGUE: A faixa parece ter um estilo muito específico. Como você descreve o som de "MISEDUCATION"?
KJ: Não sei… talvez eletrotrap? Trap-pop? Não sei, eu acho que a discussão sobre gênero musical já é muito obsoleta. A gente chegou em uma época em que muita gente tem muitas referências diferentes, ninguém mais faz só pop ou só trap ou só…qualquer coisa. E acho que isso é bom, mas todos esses rótulos não acompanharam a evolução dos próprios artistas.
VOGUE: Você esperava que o single fosse tão bem recebido assim logo de cara?
KJ: Não, na verdade. Eu achei que levaria um tempo pra acostumar e engolir, mas acho que talvez a demora pra lançar um segundo single do The Yellowprint tenha ajudado nisso, talvez se fosse lançado ano passado não tivesse tido essa recepção porque seria ainda mais estranho do que esse ano.
VOGUE: Qual foi o maior elogio que você recebeu sobre a faixa até agora?
KJ: Me disseram que meu verso parece muito com alguns costumes do hip hop old school na composição lírica e eu fiquei feliz, isso é um elogio pra mim porque eu acho que o rap era muito melhor antigamente.
VOGUE: Electra já trabalhou em diss tracks antes ou essa foi a primeira experiência dela com o gênero?
KJ: Eu acho que só ela pode responder essa pergunta, mas eu diria que MISEDUCATION foi a primeira experiência dela mesmo, acho que a noona não é muito uma pessoa de caçar conflitos apesar de ter opiniões bem fortes e definidas.
VOGUE: Vocês descartaram algum plano para o clipe de "MISEDUCATION"?
KJ: Acho que não… a gente já tinha uma visão definida pra ele desde a gravação da música, eu e a Electra-noona somos muito fãs de filmes de ação, é claro que a gente tinha que criar um filme de ação só nosso e essa foi a oportunidade perfeita.
VOGUE: Qual foi a maior dificuldade durante o processo de gravação?
KJ: Eu acho que… bom, mesmo que eu tenha meu pai como descendência americana, inglês continua não sendo minha língua materna, eu só aprendi durante a adolescência, próximo ao debut, então eu tenho algumas dificuldades de dicção e eu sou muito perfeccionista então, às vezes, quando meu sotaque ficava muito aparente, eu pedia pra regravar… acho que tenho sorte de trabalhar com amigos que estão na mesma página que eu, qualquer outra equipe ia ficar puta comigo.
VOGUE: Como Electra lidou com a agressividade da letra?
KJ: Minha noona é bem sutil, mas eu acho que ela gostou, a atitude dela na gravação não mente!
VOGUE: Você acredita que a natureza colaborativa da faixa ajudou a suavizar ou intensificar a diss track?
KJ: Eu acho que não, principalmente porque os versos da Electra não são menos agressivos, na verdade eles são meio provocativos inclusive.
VOGUE: Há algum verso específico na música que você sente que carrega a essência da diss track?
KJ: Não, na verdade… eu acho que a música é bem fechada e equilibrada, todo verso tem a mesma essência e é igualmente importante.
VOGUE: Qual foi a parte mais gratificante de colaborar com a Electra?
KJ: A companhia dela, ela é muito engraçada e nós nos damos muito bem, eu sei que o dia vai ser ótimo se ela estiver presente nele. Sério, eu gosto muito da noona, ela é uma dos amigos que eu não consigo ver minha vida sem.
VOGUE: Vocês esperavam essa reação do público, ou foi uma surpresa?
KJ: Eu acho que a Electra já esperava de alguma maneira… mas ela foi mais confiante que eu, eu não achei que seria tão gigante assim, acho que o debut dela foi maior que o de Purple Room ainda… é claro, Purple Room foi um hit longevo e MISEDUCATION ainda tá na primeira semana mas eu achei que fosse ser mais um sleeper hit e não uma explosão assim.
VOGUE: Como a amizade de vocês impactou a forma como a música foi criada?
KJ: Acho que ter a Electra lá deixou todo mundo mais confortável pra criar, além de mim, o Brendon também é amigo dela há ainda mais tempo que eu e o Baekwan gosta muito dela, eu acho que todo mundo que realmente conhece a Electra gosta dela.
VOGUE: O que te motivou a lançar "MISEDUCATION" como um single em vez de só incluí-la no álbum?
KJ: Electra-noona. A ideia foi todinha dela, eu acho que ela acreditou na música mais do que eu num primeiro momento. Mas agora, estamos aqui né…
VOGUE: Houve algum verso que você achou difícil de gravar?
KJ: Com certeza. O último verso já seria difícil pra um falante nativo, imagina pra mim que cresci falando uma língua totalmente diferente, sem qualquer semelhança com o inglês? Foi foda, mas deu certo.
VOGUE: Você diria que essa música representa uma nova fase na sua carreira?
KJ: Não… eu acho que o The Yellowprint é mais um álbum de transição entre a fase atual e a próxima, eu não me vejo vendo mais coisas como ele depois.
VOGUE: O que Electra mais trouxe de único para "MISEDUCATION"?
KJ: Ah… ela sabe sobre a abordagem de cantoras pop mais do que eu jamais saberia né, essa parte ficou bastante com ela e o Brendon, enquanto eu e o Baekwan, que entendemos mais de hip hop, ficamos com o resto. Eu acho que ela fez o refrão soar do jeito como ele soa e eu não acho que algum outro artista teria feito algo parecido.
VOGUE: A diss track gerou alguma tensão entre você e outros artistas?
KJ: Entre outras pessoas e eu com certeza, mas MISEDUCATION não é direcionada a nenhum artista.
VOGUE: A música foi sempre planejada como uma diss track ou isso evoluiu durante o processo?
KJ: Não, sempre foi planejada como uma diss track, ela nem existiria se não fosse minha vontade de responder quem me atacou na mesma moeda.
VOGUE: Você acha que Electra se sentiu confortável com o tom agressivo da música?
KJ: Acho que sim, ela não fez nenhuma queixa e nem sugeriu se segurar, então… é, acho que sim, ela me diria se estivesse se sentindo desconfortável
VOGUE: Quais são as expectativas para os próximos singles após o sucesso de "MISEDUCATION"?
KJ: Não vai ter mais tantos singles, talvez só… mais um ou dois, provavelmente dois. Eu acho que o próximo não vai ter o mesmo sucesso, mas provavelmente o último vai virar muitas cabeças. Ele é muito bom.
VOGUE: Como vocês celebraram o sucesso do single?
KJ: Com uma festa, é claro. A gente usa qualquer desculpa pra fazer festa, de verdade.
VOGUE: Electra contribuiu de alguma forma para a letra ou se focou mais na parte musical?
KJ: Ela contribuiu totalmente pra parte musical mesmo, eu trabalhei na letra sozinho antes de ela sequer saber, tava muito investido nisso.
VOGUE: Como o processo de mixagem do trap eletrônico foi conduzido? Você esteve envolvido diretamente?
KJ: Eu estou envolvido em tudo que eu faço diretamente, mas realmente isso foi mais obra do Baekwan e do Brendon mesmo, principalmente o Baekwan que tem mais experiência com trap, rap e hip hop. Eu estava lá, mas eles tinham sugestões muito boas e eu só aceitei tudo, sinceramente.
VOGUE: Qual foi a principal influência musical para a sonoridade da faixa?
KJ: Acho que… nosso objetivo foi tipo… dar aquele ar de hard rap old school, mas ao mesmo tempo fazer a música soar moderna, contemporânea ao invés de datada como alguns hip hops dos anos 90 soam.
VOGUE: Como você acha que a diss track se encaixa no atual cenário do hip-hop global?
KJ: Eu acho que as pessoas não estavam mais acostumadas a isso, tudo parece morno agora. Então, talvez MISEDUCATION mude as coisas um pouco…
VOGUE: Electra já comentou publicamente sobre o alvo da diss track?
KJ: Não, com certeza não, a meu pedido. Olha o sucesso que MISEDUCATION fez, não quero ninguém mais surfando nesse hype.
VOGUE: Você acha que o público vai ficar desapontado se o alvo não responder?
KJ: Provavelmente sim, todo mundo gosta de ver briga, mas eu acho que vão continuar desapontados sinceramente…
VOGUE: Como foi a primeira reação de Electra ao saber que seria uma diss track?
KJ: Ela só aceitou, mas ela já sabia que eu queria fazer várias diss tracks pro The Yellowprint então não ficou tão chocada.
VOGUE: Você acha que as diss tracks ainda têm o mesmo impacto que tinham alguns anos atrás?
KJ: Acho que sim, mas mesmo assim, hoje em dia tudo é ofuscado pelas discussões de quem é ruim e quem vai ser cancelado, tipo… é uma batalha de diss tracks, não é nada tão sério assim.
VOGUE: A produção eletrônica trouxe algum desafio particular para a mixagem?
KJ: Eu acho que até que sim, mas a gente tava com um produtor de hip hip e um produtor de música eletrônica no estúdio né, os dois só juntaram suas especialidades, não deve ter sido tão complicado assim pra eles.
VOGUE: Electra sugeriu alguma mudança que transformou completamente uma parte da música?
KJ: Sim, eu acho que o refrão e os dois últimos versos dela não seriam tão impactantes se não fosse pelas dicas dela.
VOGUE: Vocês dois já trabalharam juntos antes, certo? Como essa experiência foi diferente?
KJ: Ah, nós trabalhamos juntos muito no backstage sabe, nunca tínhamos feito algo assim, na frente das cortinas, nós dois juntos, então acho que essa foi a primeira música que parece realmente nossa.
VOGUE: Acredita que "MISEDUCATION" vai abrir novas portas para colaborações entre vocês?
KJ: Provavelmente, eu acho que ainda tem muita colaboração nossa pela frente. Ela sempre vai ser minha primeira opção quando eu precisar de uma cantora pop pra me acompanhar em alguma música.
VOGUE: Qual foi o feedback mais inesperado que você recebeu sobre o single?
KJ: Acho que… pessoas que levam o rap a sério demais. A gente sempre teve esse estilo mais ácido e sarcástico, você não vai entender se não estiver realmente com isso em mente e muitas pessoas não entenderam que a música é pura palhaçada.
VOGUE: Alguma vez você se arrependeu de colocar tanto de si nessa diss track?
KJ: Não… eu coloquei muito mais de mim em outras músicas, acho que essa foi a mais fácil… as do lado 2, no geral, são faixas em que eu dei tudo de mim mas nessa, não.
VOGUE: Electra já expressou interesse em fazer mais músicas no estilo diss track?
KJ: Não… eu acho que isso não é muito a praia dela, pelo menos nas músicas dela, mas talvez ela entraria sim em mais alguma minha…
VOGUE: O alvo da diss track já reagiu de alguma forma?
KJ: Nenhuma, é como se ele estivesse morto!
VOGUE: Você acha que há alguma mensagem mais profunda em "MISEDUCATION" além da diss track?
KJ: Não, nem tudo precisa ter uma mensagem profunda, às vezes uma farofa é só uma farofa.
VOGUE: Electra é conhecida por um estilo musical mais melódico. Como ela se ajustou ao trap eletrônico?
KJ: Eu acho que a música dela não tá tão longe disso, definem ela muito pela banda dela, Shadows Of The Night, mas a carreira solo dela chega a ter muito mais influências da música eletrônica.
VOGUE: Como você espera que os fãs de Electra respondam à colaboração?
KJ: Eu não faço ideia… provavelmente não gostaram muito de ela estar envolvida nisso tudo mas foi um sucesso então, descontentes eles não estão.
VOGUE: Houve alguma pressão externa para modificar a música antes do lançamento?
KJ: Com certeza, sempre tem. O Brendon acredita bastante na visão artística dos contratados da Arcade mas nem tudo depende só dele… temos acionistas e essas coisas, mas no geral eu sempre dou uma surtada sobre liberdade artística e sobre eu fazer a música que eu quero ou não fazer mais música nenhuma, eu não sou exatamente o artista que eles querem perder ainda.
VOGUE: O sucesso do single mudou seus planos para os próximos lançamentos?
KJ: Na verdade não, só me deixou mais animado pra continuar lançando singles e lançar o álbum logo. Só tenho algumas pendências com algumas colaborações ainda mas… vai dar certo, eu acho. E depois desse álbum, eu nunca mais vou fazer feats, a não ser que eu já tenha tudo escrito!
VOGUE: Você acha que MISEDUCATION colocou uma marca em seu nome como alguém que pode ditar tendências?
KJ: Não, eu acho que eu já tinha essa marca muito antes. Muitas pessoas seguem as minhas tendências há alguns anos.
VOGUE: Electra trouxe algo para a faixa que você acha que elevou a diss track a outro nível?
KJ: Eu acho que a Electra eleva tudo que ela toca a outro nível, ela é um gênio incompreendido e o self destruction é a prova disso. Mesmo as pessoas que negam a influência dela bebem dessa fonte.
VOGUE: Como você definiria o impacto emocional da música?
KJ: Eu acho que não é bem esse o objetivo, a música não vai causar muitas emoções além da raiva do alvo, mas com certeza é uma música que vai durar entre os fãs de hip hop, a gente ama música que faz a gente se sentir fodão.
VOGUE: O que você pensou ao fazer fazer aquela versão remixada de MISEDUCATION, com nome de “Itaewon Gay Club Remix”?
KJ: Exatamente nisso, uma versão pros clubes gays, acreditem ou não tem muitos em Itaewon. E acreditem ou não, muita gente frequenta eles, inclusive alguns caras de nome na indústria… e eu acho que, mesmo que a nossa população queira deixar isso atrás das cortinas, a comunidade gay tem bastante influência no curso da cultura pop.
VOGUE: Qual foi a melhor parte de trabalhar com a Electra?
KJ: É com certeza ótimo trabalhar com alguém que tem de gentileza o que ela tem de talento, a noona é uma pessoa muito foda, eu gosto muito dela e admiro muito também.
VOGUE: Se você pudesse resumir "MISEDUCATION" em uma única frase, qual seria?
KJ: “Man you ain’t got the skill to beat the boss”
VOGUE:Bom… você foi nomeado embaixador da Gucci e recentemente, teve sua parceria renovada. O que isso significa para você, tanto pessoalmente quanto profissionalmente?
KJ: Bom, pessoalmente, eu gosto muito da Gucci, gosto muito da ética de trabalho deles e é claro, o estilo deles combina totalmente com o meu, a Gucci é a mistura da modernidade com as partes boas do tradicional. E profissionalmente, eu acho que é uma honra continuar trabalhando com eles, eu gostei muito de trabalhar no design da minha linha Gucci Eyewear by KJ e eu também tenho interesse em me estender ao mundo da moda mesmo, não só em óculos mas no geral, design de roupas e etc.
VOGUE: Como você descreveria seu estilo pessoal e como ele evoluiu ao longo dos anos?
KJ: Eu acho que meu estilo só foi se tornando mais sofisticado, mas eu nunca realmente mudei muito nele, eu sempre tive essa dualidade entre ser sexy moderno e ser um cara de suit and tie, às vezes eu até misturo as duas coisas… mas com certeza, eu melhorei bastante meu senso de estilo e isso provavelmente tem muito a ver com estar tão próximo do trabalho da Gucci.
VOGUE: O que te atraiu na Gucci como marca, e o que você mais admira nas coleções deles?
KJ: Ah, eu… eu gosto muito que eles sejam uma das poucas grifes de luxo que integram o estilo de streetwear em muito do trabalho deles, além de eu achar que a Gucci é a melhor nessa fusão de streetwear com sofisticação, e eu acho que esse é o estilo perfeito pra mim, ele retrata muito bem o hip hop também.
VOGUE: Você se considera um "it boy"? Como se sente ao ser visto como um ícone de estilo?
KJ: Bom, as pessoas me chamam disso desde a era Boss e eu acho que sou sim, eu acho que a Gucci não acreditaria em alguém que não tem esse potencial de ditar estilos e ser reconhecido por isso, e quem tem mais propriedade e referência do que eles, certo?
VOGUE: Qual foi a peça de roupa ou acessório que mais te impactou ao colaborar com a Gucci?
KJ: Ah… ninguém viu essa peça de roupa ainda mas eu realmente sou obcecado por um par de calças que eles me enviaram de presente, muito provavelmente vocês vão vê-lo em algum evento já, eu quero usar a peça na primeira chance que eu tiver.
VOGUE: Você acha que seu envolvimento com a moda influencia sua música ou vice-versa?
KJ: Eu acho que os dois se influenciam mutuamente. O seu estilo tem o poder de fazer você se sentir de certo modo, e esse modo vai se refletir na sua personalidade, no meu caso, na minha música também. Ninguém se sente poderoso como eu me sinto sem estilo.
VOGUE: O que a moda significa para você? É uma forma de expressão artística?
KJ: Com certeza é, a moda é a extensão da arte de qualquer pessoa dessa indústria, nós usamos a moda pra criar um mood específico pra melhorar o entendimento e a ambientação das nossas músicas, a parte visual é quase tão importante quanto a musical.
VOGUE: Como você escolhe seus looks para grandes eventos e como sua personalidade se reflete nessas escolhas?
KJ: Eu acho que depende muito de que impressão eu quero passar e é claro, também depende de como é a vibe do evento, por exemplo, o VMAs é algo mais despojado e casual, então eu me permito ousar mais, mas ninguém se veste de maneira tão despojada ou reveladora pra ir ao Grammys, é uma premiação de mais prestígio, mais tipo “upper echelon”, é mais sofisticada e elegante.
VOGUE: Você tem alguma peça de roupa ou estilo que considere uma assinatura pessoal?
KJ: Com certeza tenho sim, e todos vão ver daqui pouquíssimo tempo. É a signature piece da era The Yellowprint.
VOGUE: O que você diria para alguém que está tentando encontrar seu estilo próprio?
KJ: Eu acho que o mais foda é você vestir algo que te faz se sentir poderoso, mesmo que esteja fora das tendências atuais. Ter um estilo próprio e só seguir tendências são quase antônimos pra mim, quanto de você tá realmente expressado no seu estilo se tudo que você faz é copiar?
VOGUE: Como foi estar na linha de frente dos desfiles de moda e colaborar com estilistas renomados?
KJ: Foi muito importante pra mim e me fez respeitar ainda mais os profissionais da moda, é maluco como eles conseguem ser tão criativos no meio de tantos problemas, tanta coisa inesperada e é ainda mais impressionante como eles são práticos em resolver tudo. Não é um trabalho fácil, com certeza.
VOGUE: Você já se envolveu no processo criativo de sua linha Gucci Eyewear by KJ, mas você tem se envolvido no processo criativo de mais alguma coleção ou acessório da Gucci?
KJ: Bom, como eu disse, eu pretendo estender minha parceria com a Gucci para também trabalhar em coleções de roupas e isso provavelmente vai acontecer, também é algo que me interessa bastante.
VOGUE: Quais tendências você acha que são passageiras e quais acredita que têm o poder de ficar?
KJ: Eu acho que… bom, eu acho que uma tendência que tende a ficar e eu espero que fique é esse estilo um pouco mais afeminado nas tendências de vestuário masculino, eu acho que ajuda muito a diminuir a influência da masculinidade e todas as merdas que vêm com ela na nossa vida. E eu também gosto de ver homens usando cropped top, homens usando cropped top são muito importantes pra mim.
VOGUE: A moda pode ser muito competitiva. Como você lida com essa pressão de estar sempre na vanguarda?
KJ: Eu acho que não é tão difícil assim estar na vanguarda, você ter um estilo único e ter influência automaticamente te transforma na vanguarda, entende? Eu não preciso pensar tanto assim em estar à frente do tempo, eu só não sigo o estilo de ninguém e dá certo pra mim.
VOGUE: Você acredita que sua herança biracial influencia sua estética e como se conecta ao mundo da moda?
KJ: Com certeza, eu sempre penso em como ter um pouco do meu pai e um pouco da minha mãe em quem eu sou e como eu me apresento ao mundo, e isso também se estende à cultura que cada um deles me mostrou. Eu acho, realmente, que meu estilo é uma boa fusão do que os dois gostariam, mesmo que seja mais moderno do que eles estejam acostumados.
VOGUE: Muitos jovens olham para você como referência de estilo. Que conselho você daria para aqueles que querem se destacar no mundo da moda?
KJ: Eu acho que a confiança é o maior segredo da moda. Existem roupas boas e roupas ruins, e claro, você tem que ter bastante conhecimento e técnica sobre esse mundo mas moda também é muito sobre sustentar um estilo, é sobre ter personalidade o suficiente pra convencer as pessoas do seu estilo, nem a roupa mais foda do mundo convence em alguém que não tem personalidade.
VOGUE: Qual a maior diferença entre escolher roupas para o palco e para o dia a dia?
KJ: Acho que o conforto mesmo… eu não deixo de pensar em expressar meu estilo quando escolho roupas pro dia a dia, mas o palco requer mais, tudo tem que ser um espetáculo no fim das contas, né? E ao mesmo tempo, eu não quero usar aquelas roupas quentes e complicadas o tempo todo, elas têm um propósito que eu entendo totalmente no palco mas fora dele, eu só quero me sentir bem com o que eu visto.
VOGUE: Como a moda te ajudou a definir ou solidificar sua identidade pública?
KJ: Eu acho que a moda ajudou muito a fazer as pessoas terem a impressão que eu queria que elas tivessem de mim, e isso é muito importante pra mim, a coisa que eu mais odeio é ser mal interpretado.
VOGUE: Existe algum ícone de estilo do passado ou presente que você admire ou se inspire?
KJ: Acho que não, mas eu me inspiro bastante no que as pessoas da Gucci falam, eles deixam escapar muitos conselhos valiosos e eu guardo todos, eu aprendo bastante com eles.
VOGUE: Para onde você acha que a moda está indo, e como você vê sua participação nesse futuro?
KJ: Eu espero que a moda masculina, especificamente, fique mais aberta a certos costumes e é por isso que eu gosto de me vestir de maneira mais ousada desde sempre, eu acho que a moda masculina é sempre a mesma e existem muitas áreas mal exploradas nela.
VOGUE: Bom… você sabe que nós poderíamos ouvir suas palavras sobre sua carreira, sua trajetória, a música e o estilo por horas mas infelizmente, nosso tempo é curto. Muito obrigado por compartilhar suas visões conosco, KJ, foi fascinante.
KJ: Muito obrigado, é sempre uma honra falar com vocês, Vogue.
[DIVULGAÇÃO PARA MISEDUCATION E AFTERLIFE]