[AM] SOFÍA X VOGUE US
Jun 27, 2022 18:59:53 GMT
Post by adrian on Jun 27, 2022 18:59:53 GMT
A cantora latino-hispânica, Sofía, retorna aos holofotes da música após iniciar projetos no audiovisual. Estrelando uma série e um filme de comédia romântica, a cantora acaba de lançar seu single La canción que no quiero cantarte e foi convidada para estrelar a capa de dezembro da revista VOGUE, nos Estados Unidos. A revista cuja circulação e fama percorrem todo o mundo traz a cantora em dinamicidade: apesar das fotografias mostrarem uma Sofía calma, doce e paciente; a entrevista revela o ardor de um espírito inquieto. Confira a seguir um trecho da entrevista e fotos divulgadas pelo veículo.
O que um artista precisa ter para ser considerado um “artista”? Evitando categorias e fugindo da hierarquização de pessoas ou de talentos, falaremos aqui da arte como a forma mais pura de expressão de indivíduos que, tendo a interação com o meio e suas experiências vividas, transformam vida em apreciação estética, visual e cultural. O canto, a dança, a escrita, a atuação, a pintura, a cozinha e tantas outras ocupação configuram o que se imagina ser o ambiente artístico. Deste modo, o que seria um “artista completo”?
SOFÍA: Eu entendo que um artista completo é aquele que se entende como um ser dotado de uma função, e essa função não quer dizer algo fixo e imutável. Em outras palavras, o artista completo é aquele que desempenha uma função social, cultural e histórica em relação ao meio em que vive e a cultura ao qual está imersa. Essa função está diretamente ligada à capacidade de que esse indivíduo tem em propor reflexão no âmbito do social. O artista e a arte têm que se fazer serem compreendidos, mas não significa que deva ser algo fácil ou mastigado. Arte exige diálogo, troca, experiência.
Após um breve hiatos em sua carreira musical, a cantora latina Sofía retorna aos palcos com a experiência de ter protagonizado uma série e um filme, tendo papel também no roteiro de ambas as produções. A artista, entretanto, não considera que suas realizações sejam um exemplo único da totalidade de ser artístico.
SOFÍA: Seria muita pretensão da minha parte me considerar como uma artista completa. Não me considero assim, inclusive. É um caminho muito único e que não comporta generalizações. Cada qual tem sua maneira e seus tempos de demonstrar o seu talento, logo, se você propõe uma categoria ou espaço único, fixo e o torna como objeto de desejo há um esvaziamento da própria arte enquanto processo de reflexão e ação.
Ao ser questionada pelos motivos que a fizeram recuar um pouco da indústria musical, sua resposta surpreendeu positivamente. Longe de dar respostas prontas, fofas e acabadas em si, a cantora torna sua experiência ainda mais curiosa ao falar que se sentia pressionada e que sua arte já não estava sendo bem aproveitada, não da forma que ela pretendia.
SOFÍA: Eu decidi me afastar porquê estava cansada, exausta. Todas as confusões e pressões tiveram um efeito péssimo na forma pela qual eu encarava o meu próprio posicionamento nesse ambiente. Estava lidando com pessoas diferentes e acabei me envolvendo em polêmicas desnecessárias, em alguns momentos e isso me fez perder um certo brilho. Tanto é que o último single que eu lancei é significativo desse meu estado emocional.
O single referido pela artista é intitulado niña de ojos tristes e ilustra a triste condição de uma artista presa em uma jaula empresarial. A gravadora, diz Sofía, teve grande impacto nas mudanças ocorridas em sua vida e carreira. Após uma série de desentendimentos profissionais, de concepção musical e de problemas burocráticos, a cantora conta que chegou a repensar o contrato com a X LABEL, subsidiária da ROCKET RECORDS.
SOFÍA: Eu não consigo entender o motivo que justifique as mudanças institucionais que levaram ao tratamento rude pela qual meu trabalho foi concebido pela minha gravadora. Em um dia a minha criatividade era exaltada e no outro eu era um nada, um boneco. Eu realmente pensei em sair e talvez, montar minha própria gravadora, mas decidi enfrentar toda essa situação de cabeça erguida, como sempre fiz. Dito isso, fui lá e me tornei acionista da X LABEL e propus mudanças. E com um belo jogo de cintura, consegui uma certa autonomia. E fiz isso durante esse período fora da música. Eu sou a artista de maior rentabilidade para a X LABEL. E eles têm que entender que eu tenho que brilhar; e esse brilho só pode ser visto com a liberdade criativa.
Os próximos passos da cantora reverberam essas mudanças na gravadora e na sua própria concepção de arte que, após experiências metafísicas, tornaram-se, de acordo com Sofía, fluídas e mais acessíveis.
SOFÍA: Com isso quero dizer que não sou um projeto enlatado e que está disposta a seguir padrões e tendências ridículas. Eu vou fazer a música que quiser, na hora que quiser e tá tudo bem. Não vou permitir que me tornem um produto sem vida, inerte. Sei que no mundo em que vivemos eu já sou um produto, rentável e que possui um valor monetário por trás disso; mas, tendo consciência disso, eu não permitirei que a minha humanidade seja retirada de mim. E como artista eu sinto essa luta ainda mais aflorada dentro de mim.