THEIA - Giant Impact
Aug 19, 2024 14:05:29 GMT
Post by Ramprozz on Aug 19, 2024 14:05:29 GMT
Ouça Giant Impact de THEIA aqui.
Nota: 95
Escrita por: Bane Lee
Desde seu debut, o girlgroup RAVEN já sustenta a fama de ter um dos impactos mais coerentes e marcantes na nova geração do K-Pop, conseguindo equilibrar de forma maestral na maioria das vezes tudo que é levado em consideração quando se faz uma música de sucesso, com todo o conceito cuidadosamente desenvolvido que o grupo trás, tanto nas narrativas líricas como principalmente, no cenário da lore do grupo. Bebendo de vertentes eletrônicas e de rock, o "Giant Impact" é um perfeito exemplo de tudo que o grupo faz de melhor, num passo ousado e muito interessante, já que o lançamento não é pela formação completa do grupo, e sim, por THEIA, uma sub-unidade do grupo formada pelas integrantes Jisook e Moon Yoon.
Começando pelas bases, antes de chegar nas músicas, se formos falar apenas dos títulos de tudo relacionado ao álbum, já é notável que temos algo muito bom em nossas mãos: Teoricamente, "Theia" é o nome do planeta que atingiu a terra há bilhões de anos atrás, sendo responsável pela criação da lua (outro elemento com grande simbolismo dentro dos conceitos do RAVEN), e tal teoria se chama "Hipótese do grande impacto", que foi justamente o que nomeou o álbum Giant Impact. É a conexão tão artesanalmente bem feita de cada um dos significados e elementos que deixam tudo ainda mais fascinante nos projetos do RAVEN, consolidando de mais o selo de qualidade que o grupo carrega.
Um das mínimas falhas desta era infelizmente se dá no visual do álbum: o logo desenvolvido pela sub-unidade é definitivamente muito bonito (mesmo que um pouco "moderno" para a fonte escolhida). O photoshoot principal, apesar de simples, consegue amarrar bem o conceito: Jisook e Moon Yoon em um cenário que lembra muito o brutalismo, movimento moderno arquitetônico que evoca a simplificação extrema da estética, associado a ideias de racionalidade e funcionalidade, onde o concreto "bruto" é usado como o principal elemento de composição. Essa estética em si já é um grande paralelo com o conceito visual inicial do RAVEN: o apocalipse, a destruição; então apesar de não vermos nada realmente destruído e arruinado, ainda sim o movimento brutalista consegue encapsular muito bem o sentimento vazio e quase tétrico onde o "Giant Impact" é desenvolvido. Apesar disso, as fontes tiram muito foco do que era para ser um ênfase no minimalismo, já que as tipografias são desproporcionalmente grandes em relação aos outros elementos da capa, e ocupam tanto espaço que faz tudo parecer bem "apertado", imediatamente prejudicando todo o resto do conceito visual.
Ainda mais contrastante a isso é a "segunda estética" que vemos nas páginas do encarte, mais cósmica, com um céu noturno vermelho, e o próprio planeta Theia sendo o maior destaque. Esta estética funciona excepcionalmente muito bem, conseguindo evocar o medo e o pesar enervante que um corpo celeste de proporções absurdas causa em comparação à visão de um ser humano no planeta Terra. Infelizmente, a contra capa sofre do mesmo problema da capa, sendo sobrecarregada com fontes bem grossas que não adicionam de maneira alguma ao conceito visual, e apenas quebram ainda mais a estética que poderia ser uma das melhores que o grupo já teve.
O Giant Impact é aberto pela introdução instrumental "Crimson Eclipse". FENOMENAL. É complicado dar tanto crédito a uma música que é somente instrumental, mas essa sem dúvidas está entre as melhores introduções de toda a história da música; representando muito bem os aspectos visuais do álbum, "Crimson Eclipse" começa com um som oscilante pulsando no instrumental, enquanto um sintetizador distorcido aparece em intervalos, como se fosse algo macabro se aproximando cada vez mais (de forma lúdica, traçando um paralelo com o planeta se aproximando da Terra para colidir), aos poucos, mais sintetizadores começam a ecoar no fundo até chegarem ao primeiro plano, compondo as principais melodias da intro. Tudo isso culmina até estourar em um drop dançante do mesmo sintetizador distorcido de antes, agora em notas organizadas, já abrindo o projeto com os dois pés na porta, e definitivamente, um grande impacto.
Logo depois, é a vez da title track principal, a faixa "Collision". Estranhamente, é a faixa com a produção mais simples de todo projeto, de uma forma até positiva. Iniciando com os vocais em coro sob um riff agudo, os vocais parecem o que seria se um canto gregoriano fosse encarnado numa música eletrônica de 2010. Já começando com o refrão, esse também é composto por um drop eletrônico distorcido com bastante espaço vazio no fundo, deixando praticamente apenas o sintetizador gritante guiar a música. O resto dos versos tem uma cadência de rap (sendo mais uma das propostas da unit, mostrar a versatilidade de Jisook e Moon Yoon no rap), com algumas notas de xilofone dispostas em cima da percussão, quase parecendo um beat de trap. Em "Collision" a letra não é um dos maiores destaques, já que se detém muito a uma simplicidade ameaçadora e sutil, em alguns momentos falando do evento catastrófico do impacto gigante, e em outros momentos parecendo uma diss track.
Esta última ressalva definitivamente prejudica um pouco a title-track, mas um detalhe importante a se mencionar é como tudo sempre acaba fechando na estética brutalista que mencionamos, sendo do calmo ao agressivo, ou do ameaçador ao vazio.
"Nemesis" oficialmente é a sugestão principal da Ghosted International Media Group para a categoria de Melhor B-Side no Mnet Asian Music Awards deste ano. A faixa se abre com uma guitarra afogada em sintetizadores, e vocais numa melodia extremamente emocional, que imediatamente começam a descender aos versos de rap agressivos e ameaçadores. A maneira que Theia constrói a dinâmica entre suave, misterioso, dançante com agressivo, potente e avassalador definitivamente é um gosto requintado que, até o momento, RAVEN é o único grupo da indústria capaz de entregar. A letra da faixa pinta um cenário onde esta dinâmica é ainda mais enfatizada, onde elas lamentam estarem num cenário de inimizade, mas ainda sim, afirmando que se precisarem ir a guerra, não irão se segurar de forma alguma. Na primeira volta do refrão, é quando finalmente é revelado o drop intenso da música, bem eletrônico e impactante, se iniciando com um vocal distorcido até explodir nos sintetizadores gritantes. Infelizmente, esta é a última faixa do Theia onde as integrantes cantam juntas, e as duas próximas faixas são os solos de cada uma.
O primeiro solo do álbum, e também o primeiro single lançado da unit, é "Moonlight", solo da integrante Moon Yoon, dançarina principal do grupo. Essa música pega tudo que eu mencionei sobre construção de uma música "ameaçadora" e potencializa em mil vezes. "Moonlight" mistura sons eletrônicos com o elemento de rock que tanto vemos o RAVEN trazer em suas músicas. Se reconhecendo como um perigo eminente, Moon Yoon fala na letra sobre traçar sua ambição para conquistar os objetivos; o que fica um tanto ambíguo na música, disfarçado dentre as nuances de algumas frases motivacionais levemente clichês.
A última faixa com letra do disco é "One Last Time", o segundo single lançado da unit, solo de Jisook, a vocalista principal do RAVEN. Diretamente contrastante com a agressividade do solo anterior, "One Last Time" captura a emoção vibrante dos vocais de Jisook em um EDM um tanto datado, mas extremamente bem executado. A questão da faixa ter elementos dos eletrônicos "datados" aparece em mais de uma faixa do projeto, sendo um detalhe consistente, e deixando de ser um demérito acidental para se tornar parte da identidade sonora que o Theia criou.
Definitivamente, trazendo a melhor letra do projeto, "One Last Time" fala sobre o pesar de perder as forças para insistir numa batalha perdida, e juntar seus pedaços para seguir em diante, o que combina muito com o EDM melódico que acompanha a voz da vocalista principal em toda a faixa, até culminar no drop do refrão.
Como pontuado, grande parte do mini-álbum "Giant Impact" trabalha em cima da dinâmica de uma força e uma delicadeza, sendo representadas de inúmeras formas diferentes no álbum, e os solos são mais um exemplo disso, onde "Moonlight" traz a agressividade e a destruição com elementos de rock, e "One Last Time" traz a emoção e a resiliência com elementos eletrônicos. É definitivamente um trabalho incrível de engenharia musical que merecia muito mais atenção do que lhe foi dado.
O álbum termina com três instrumentais, um de cada um dos três singles que o álbum teve. Apesar de ser uma técnica recorrente do RAVEN, disfarçando os álbuns para os deixarem maiores, e fazendo "render mais", o "Giant Impact" tem 5 faixas escritas, que já é de muito bom gosto para o projeto de primeira unit do grupo.
Na noite do dia 12 de Agosto de 2028, a equipe da Ghosted International Media Group foi até o Stull Cemetery no Kansas, abandonado há mais de 60 anos, para realizar a crítica do Giant Impact do Theia. A equipe já mantém a tradição de sempre ouvir os álbuns do RAVEN em cemitérios, e este não foi diferente. Dado a geografia do local, foi um desafio encontrar um lugar apropriado para realizarmos a crítica do álbum, até chegarmos na capela central do cemitério, que já estava bem corroída pelas intempéries. O caminho dos portões do cemitério até a capela foi a pior parte, onde diversas vezes ouvíamos vozes distorcidas gritando pelas florestas que rodeiam o cemitério, e também diversas vezes o equipamento da equipe apresentou falhas eletrônicas.
Porém, uma vez que conseguimos instalar todo o equipamento, as atividades diminuíram significativamente. O ambiente foi iluminado pela projeção da capa na parede da capela, vazando pelos tijolos que faltavam na parede, enquanto o play foi dado na primeira faixa. Durante toda a execução do álbum, todos nossos equipamentos começaram a apitar na direção das paredes da capela: sensores EMF, Spirit Box, Microfones Direcionais, como se uma legião de entidades estivesse se acumulando do lado de fora do local. Foi definitivamente preocupante, mas nada ruim aconteceu com a nossa equipe; pelo contrário, lentamente, o ambiente começou a ficar mais quente, registrando uma média de 30 graus, mesmo sendo uma capela de pedra, numa noite de outono.
A temperatura foi gradualmente baixando enquanto a equipe discutia sobre o álbum durante os três instrumentais do final, até se normalizar novamente. O caminho de volta até a van da equipe foi surpreendentemente calmo; apesar de várias pessoas da equipe terem a impressão de verem vultos perto das árvores, o clima estava bem mais sereno em comparação ao terror que foi sentido inicialmente.
"Giant Impact" de Theia é um exemplo muito grande de como projetos incríveis de K-Pop podem experimentar com diversos gêneros musicais e construir uma estética sólida e única, e mesmo que não tenha tido nenhum grande impacto em qualquer parada musical, definitivamente recebe o selo de aclamação fantasmagórica da Ghosted International Media Group.
Nota: 71
Escrita por: -
A sub-unidade do grupo Raven faz sua estréia e surpreendemente lança um projeto mais interessante que os mais recentes do grupo inteiro. Abrindo margem para uma crescente ao grupo, o Theia nos entregou com "Gigant Impact" uma ótima combinação de sons, trazendo o electro para o pop-rock que o grupo tem como sonoridade e estética, abrangindo seu universo de ritmos com uma recobra de consciência que o grupo tinha no início da carreira.
Aqui nós temos uma entrega vocal incrível do duo, mesclado com produções superiores e que trazem uma evolução notável para o leque de lançamento das artistas que colaboram aqui.
Trazendo um polimento muito maior para as letras carregadas de simbolismos obscuros, que para serem sinceros, já passou do tempo do grupo de inovar com as temáticas líricas, tendo poucas faixas que saem disso e indo para o caminho de "música para ou sobre amor de fãs". No fim, o primeiro impacto de Theia é sem dúvidas, positivo.
Nota: 69
Escrita por: Jong Seokmin
Após Alice estrear de forma solo, foi a hora da Moon Yoon e Jisook serem as estrelas e trabalharem em um projeto alternativo. THEIA é a primeira – e única, até o momento – subunidade do grupo RAVEN. Algumas vezes, esses projetos funcionam de forma diferente do que era apresentado no grupo, seja o conceito, o tema ou até mesmo na sonoridade. Então, será que o Giant Impact tem uma perspectiva diferente ou similar aos projetos do grupo que o deriva?
Com uma introdução de um minuto e poucos segundos – "Crimson Eclipse" –, o projeto começa de verdade com a faixa-título "Collision". A canção mistura o EDM com alguns elementos darks, sendo algo que o RAVEN realmente poderia fazer em sua carreira. A sua composição continua com sinônimos de trevas, devastação, destruição e tudo de ruim que pode acontecer na sua vida, mas diante disso, não é uma faixa ruim.
A faixa-título é engolida – sem nenhuma dó – por "Nemesis". A b-side entrega uma melhor sinergia entre as membros, também sendo divertida e dançante. O uso dos instrumentais eletrônicos é ótimo e, apesar de soar similar a faixa anterior, ela tem um certo diferencial.
E então, finalizando o disco, temos duas canções solos. A primeira é "Moonlight", uma canção agitada e que tem uma coesão com o resto das outras faixas. E a última é "One Last Time", uma ballad que, apesar de ser de um gênero totalmente diferente do disco, ainda consegue manter um seguimento que é um ponto ótimo.
Isso não é obrigatório, mas é sempre uma boa coisa quando podemos ver diferentes faces de integrantes em projetos como units e lançamentos solos. Infelizmente, o "Giant Impact" não foge da linha. Isso também pode ser um ponto positivo, caso formos analisar que há uma sequência na identidade.
Apontaria que é um pouco decepcionante todas as composições do RAVEN – única coisa que se diferenciou até o momento foi "Fly Up", da Alice – são sempre com a mesma temática. Será que não está na hora de dar uma pausa, nem que seja só um pouquinho, de tanta morte, crânio, sangue e fim do mundo? O RAVEN é um grupo talentoso e já se mostraram versáteis em alguns momentos em sua discografia, então por que não colocar isso em jogo?
"Giant Impact", em seu total, é um álbum proveitoso, tendo pontos fortes e fracos já apontados. O THEIA, em sua estreia, lamentavelmente ficará na sombra do grupo completo por um bom tempo – assim como a Moon Yoon ficou na sombra da Jisook durante o álbum todo –.