[USA] SOFÍA X COLETIVA DE IMPRENSA DE NANCY
Aug 9, 2024 0:56:12 GMT
Post by adrian on Aug 9, 2024 0:56:12 GMT
[DIVULGAÇÃO PARA ESPADA & JUICIO FINAL] [CF - NANCY]
Sofía chega ao local em que a sabatina iria acontecer no México junto de seus pais, já que estava entrando de férias nos próximos dias, acompanhada de seus animais de estimação. A cantora vestia um vestido branco rendado, de estilo praiano e bem simples. O seu rosto já estava corado, quase como se estivesse frequentada a praia durante uns bons dias antes do evento. O local era um espaço que comportava confortavelmente cem pessoas, mas que ali não passava de noventa. Diversos cartazes de Sofía e da boneca Nancy foram coladas na parede do local de forma que não houvesse dúvidas a respeito do que se trataria o evento. Foi preparada uma musa única em que fora oferecido a Sofía um microfone. Os jornalistas que elaborariam as questões estavam sentados na plateia à frente da artista. A primeira palavra foi dada à artista para que pudesse apresentar o evento em que seria a protagonista.
Sofía – Boa tarde, pessoal! Eu me chamo Sofía, caso não me conheçam [risos], e estamos aqui hoje para celebrarmos o marco do lançamento da minha boneca em parceria com a Nancy, mas também estamos abertos para falar sobre a minha carreira num geral, haja visto que estou encerrando uma fase lindamente construída e desenvolvida nestes últimos meses. Então vamos dividir esse evento em dois momentos: o primeiro será destinado às perguntas da minha parceria com Nancy especificamente e o segundo ficará livre para outras perguntas, está bem? Sintam-se todes à vontade.
Quais foram suas principais inspirações ao colaborar no design da boneca Nancy x Sofía?
Veja, já respondi essa mesma pergunta algumas vezes e hoje percebo que dou uma resposta diferente em todas as ocasiões [risos]. A minha maior inspiração foi a própria Nancy. Ela é um ícone cultural dos anos 60 e que sobrevive em meio aos constantes tremores que o mundo dos brinquedos sofre pela influência da internet e dos meios digitais em geral. Nancy é uma prova viva de que se o trabalho for honesto e bem feito, ele terá espaço na indústria. Quando me foi apresentado a ideia de parceria é óbvio que fiquei feliz, mas me senti carregando um peso enorme nas costas. Muitos artistas têm suas versões Nancy e em outras bonecas também, então me sentia pressionada a entregar um trabalho digno e que fizesse jus à história dessa boneca icônica. Eu quis me meter em todas as etapas de produção, acredito que devi ter sido a artista mais chata com quem eles já colaboraram [risos]. Eu estudei a criação da Nancy e toda a sua trajetória até aqui, onde se estabeleceu como um ícone da moda, inclusive. Tinha em mente que a minha inspiração maior seria ela. Em seguida, acredito que me defino com o segundo vetor de inspiração para a boneca, por motivos óbvios. Ao mesmo tempo que busquei respeitar a história de Nancy, quis incorporar muito de mim nesse projeto. Não fazia sentido para mim apenas colocar o nome na embalagem e não opinar desde a roupa até a cor da caixa que seriam comercializadas. Essa boneca tem origem em muito estudo da minha parte, por isso acredito que ela é tão original frente à outras semelhantes no mercado. Sinto muito orgulho por tudo o que fizemos até agora.
O que exatamente a torna original frente às outras bonecas no mercado? E essas bonecas seriam àquelas inspiradas em outros artistas?
Em resposta a sua segunda pergunta, sim. Gostaria de ressaltar que é um projeto único, ninguém nunca fez nada igual antes e não falo em termos comerciais ou visual. Estamos falando de uma boneca que surgiu com o propósito de ser um brinquedo, mas também veículo de denúncia contra a exploração infantil em todo o mundo. Foi meu desejo desde o principio e foi aceito de imediato pela empresa. E, talvez, por isso o meu interesse de tornar essa boneca um marco no mundo. Sei que pode parecer presunçoso, mas fizemos história. Estamos conseguindo ajudar diversas associações internacionais graças às vendas que estão explodindo. Novamente, me sinto orgulhosa desse trabalho realizado em conjunto. Ao meu ver, também é original pelo fato de eu ter me colocado por inteira no projeto, não deixando com que meu nome e imagem fossem modelados por outrem, mas a partir daquilo que eu acreditava representar a mim mesma. Foi difícil, não vou negar, já que era uma empreitada a qual eu nunca havia percorrido anteriormente, mas todes foram muito simpáticos comigo e acolheram as dúvidas que eu tinha e, claro, as sugestões que ninguém pedia, mas eu queria dar porquê é uma iniciativa grande e eu queria que saísse tudo perfeito. E assim foi feito. Tenho participação nisso? Sim, mas aproveito para ressaltar que nada disso teria acontecido se a equipe da FAMOSA não fosse tão competente para dar a materialidade que precisávamos.
Como você avalia a importância de iniciativas como essa para combater a violência infantil?
Estamos em uma sociedade que exprime uma contradição aguda: dizemos que a liberdade é direito de “todos”, mas muito poucos detém essa tal “liberdade”. Vemos pessoas negras, transexuais sendo impelidas à marginalidade apenas por serem quem são. Jovens gays e lésbicas são jogadas no fundo do armário depois de serem violados e violentados profundamente. Há iniciativas de combate que surgiram ao longo dos últimos anos, mas ainda permanece como uma discussão de “nicho”, na qual apenas grupos reservados discutem e se mobilizam para lutar pelo direito de todes. Nós, a sociedade como um todo, temos um papel central no desmantelamento dessas instituições e sistemas arcaicos e violentos. Enquanto ficarmos calados e coniventes com essas opressões, milhares de sujeitos estão tendo sua expectativa de vida diminuída, privação de direitos básicos e do próprio reconhecimento de si enquanto seres humanos. Eu, como artista, sei o papel de divulgação que possuo frente às lutas que estão sendo travadas na contramão do acirramento das relações de poder hierarquizadas. É claro que essa consciência não é algo que se adquira do dia para a noite e, muito menos, seja estática. Devemos estar sempre atentos a aprender mais e nos questionarmos a respeito daquilo que é apresentado como norma. A norma, muitas vezes, é assassinato, estupro, escravidão. Estamos, então, defendendo isso? A justificativa para escolhermos apoiar essa causa específica se deve, é claro, por se tratar de um produto destinado ao público infantil, mas, que possui uma amplitude social contundente. Através dessa boneca buscamos inspirar a reflexividade e a ação, uma práxis destinada ao desmantelamento desse sistema de opressão. Pouco se fala a respeito da violência e exploração infantil e, por isso, seja tão fácil manobrar a omissão civil em torno desse assunto. Gostaria de lembrá-los que se calar é, também, ser conivente. Não significa que você precise saber tudo e ser militante todos os dias durante o dia todo, mas é preciso que vocês não se calem! Eu tenho um público gigante que, felizmente, apoiou a iniciativa de pronto; mas quanto mais poderíamos alcançar se tivesse mais e mais artistas engajados politicamente na luta contra a opressão? Sei que não é fácil e muito menos cômodo lidar com assuntos tão sensíveis, mas é imprescindível.
Quais foram as reações mais emocionantes ou memoráveis que você recebeu dos fãs sobre a boneca?
Eu não esperava uma recepção tão bacana quanto foi a que eu recebi. Sabia que muitos fãs iriam comprar e engajar virtualmente, mas um público que não era o meu chegou e se tornaram os principais divulgadores da boneca: pais e colecionadores. Recebi muitas mensagens destes últimos me dizendo sobre o quão satisfeitos eles estavam com o trabalho físico, material, da boneca e que eles estavam desejosos de incorporá-la às suas coleções e eu enviei autógrafos para tornar suas cópias únicas. Desde então tem sido recorrente me mandarem fotografias da minha boneca “interagindo” col as demais que compõem os seus acervos. Teve um que me enviou uma foto da minha Nancy beijando a boneca da concorrência e eu morri de rir. Um casal improvável e proibido, mas muito divertido. Estou acompanhando alguns fóruns e feliz pela repercussão positiva que tivemos nesse público que não é necessariamente o que consome o meu trabalho musical. Um outro público que vem me apoiado bastante são os dos pais de crianças e adolescentes. Eu diria que eles são mais empolgados com as bonecas que as próprias crianças [risos]. Apesar de ter um público-alvo, a boneca também abarca esses adultos, afinal, brinquedos não são apenas para crianças. E dessa forma a mensagem, acredito eu, chega mais facilmente ao público infantil que possa, porventura, ter dificuldade em entender a causa que estamos lutando. Esse engajamento parental é uma das grandes surpresas que tive nesse processo. Recebo tantos vídeos fofos de pais brincando com seus filhos e filhas que me dá vontade de ter um, mas logo lembro que não quero de forma alguma [risos]
Como foi a experiência de ver a boneca Nancy x Sofía nas prateleiras das lojas pela primeira vez?
Foi estranho [risos]. Mas não um estranho ruim, mas demorei até acostumar saber que havia uma versão minha em miniatura a ser vendida em lojas de todo o mundo. Não era algo que estava no meu horizonte de expectativas, mas agora que se realizou eu definitivamente sou mais feliz. Essa boneca é um marco para mim. Eu cheguei até mesmo a comprar uma para mim, sabe? Estava em Seoul e a boneca tinha acabado de ser lançada; minha empresária e eu decidimos ir dar uma olhada presencialmente e eu tive que me disfarçar e ficar irreconhecível. A loja que fomos estava lotada, sério, nós pensamos em dar meia volta, mas realmente queríamos ver aquilo. Acho que foram duas horas na fila e ninguém nos reconheceu. O estoque da loja tinha acabado antes mesmo de estarmos na porta, mas novas unidades do produto chegaram muito rapidamente. No momento em que eu estava no caixa para pagar, retirei todo o disfarce e foi uma confusão [risos]. Aproveitei e autografei às bonecas de todos que ali estavam e algumas que iriam ficar no estoque. Uma experiência que eu nunca tive e olha que nesses anos de carreira já experimentei muitas ocasiões e tive experiências inacreditáveis. Foi uma emoção que nunca senti antes, gostaria de ressaltar isso. Assim que os shows na Ásia terminaram eu fui direto para a casa dos meus pais para mostrar aquilo. Óbvio que eles já tinham visto, mas antes do lançamento para a gravação daquele pequeno documentário. A emoção foi outra. Choramos muito e brincamos com a boneca. Ela fez toda a coreografia de Juicio Final [risos].
Quais foram os principais aspectos que você quis destacar na boneca para que ela representasse melhor sua identidade?
Eu tinha certeza de que não queria uma boneca apenas visual, que seduzisse apenas pela superficialidade, mas que tivesse uma significação mais profunda. Então ela tinha que representar essa inquietação que é minha. Começamos, então, pelo visual propriamente dito. Foi ideia da equipe representar uma fase recente minha e foi a melhor ideia, pois hoje me considero mais livre e liberta para fazer àquilo que desejo e a boneca ter tido inspiração nisso já é algo que me deixou bem confortável. Nada que eu faço é ao acaso, tudo tem que ter um propósito e foi essa a minha reivindicação desde o início. O aspecto visual é a porta de entrada, mas para mim tinha que ter algo a mais e foi na minha própria força que buscamos nos inspirar. Chegar até aqui não foi fácil e nada mais que justo que essa boneca represente isso de mim. Por trás desse visual descolado há uma tempestade em forma de mulher, sempre inquieta e disposta a modificar os rumos do jogo a seu favor.
Como a colaboração com a FAMOSA impactou sua visão sobre projetos sociais?
Essa parceria foi uma quebra de paradigmas muito forte para mim, sendo bem sincera. Nunca tive antes essa liberdade que estou tendo hoje para assumir as rédeas daquilo que leva meu nome. Não que nas parcerias anteriores eu não tivesse liberdade, mas sinto que essa foi especialmente mais ampla que todas as anteriores. Poxa, era difícil para mim pensar nos executivos das empresas sentarem junto a mesma mesa que eu para ouvir sobre àquilo que eu tinha vontade de fazer. A minha voz foi ouvida e por isso que eu levo essa parceria tão a sério e estou fazendo de tudo para valer a pena. Uma experiência mais próxima disso foi na Netflix, mas acredito que eu me sentia muito amedrontada para me impor frente à essa empresa, mas com a FAMOSA eu não tive esse problema. Desde o início eles sempre foram super receptivos comigo e com o nosso projeto. Vocês puderam visualizar um pouco disso no documentário que foi lançado há algumas semanas, de como essa boneca é fruto de um trabalho de múltiplas mãos e cabeças. Todo o processo criativo foi amplo e muito bem discutido. Me senti uma empresária mega renomada e com anos de carreira pelo tratamento que eles me deram. Sinto que essa relação tão recíproca entre empresas e artistas faz com que ultrapassemos o caráter meramente mercantil de uma parceria para criarmos algo com propósito.
Qual é a importância de ter um preço acessível para a boneca Nancy x Sofía em termos de alcance e impacto social?
Eu nunca tive uma Nancy na infância por não ter recursos financeiros para isso e, ao mesmo tempo, era um grande desejo meu enquanto criança. Já falei isso em algumas ocasiões, mas minha família e eu tivemos um passado pobre; nunca chegamos a passar fome, mas vivíamos no limiar da sobrevivência. Os meus pais não tinham dinheiro para comprar muitos brinquedos e eu brincava com os que as minhas amigas tinham. Aproveitava sempre que possível as oportunidades para fazer trabalhos e semelhantes e, na verdade, brincava mais com os brinquedos do que estudava [risos]. Tendo isso em mente, eu busquei conversar com a empresa para empreendermos um movimento que fosse mais inclusivo, mas não perdendo de vista que era um produto a ser comercializado e, de fato, esse dinheiro iria ser revertido para ações de combate à violência infantil. Era preciso, para mim, que muitas pessoas pudessem ter acesso e que muitas crianças tenham contato com brinquedos tão icônicos como esse. Me sinto realizada de poder encabeçar esse projeto que tenha tanta amplitude e saiba reconhecer os limites e obstáculos que, porventura, viesse a ter. Sobre o impacto eu acredito que nós estamos evoluindo para uma visão mais expressiva acerca da importância do brincar na educação dos pequenos e, também, dos próprios adultos. Os brinquedos tem uma função dupla: ela é interativa, mas também pedagógica. Brincando com uma boneca, por exemplo, podemos ensinar sobre os limites do corpo, das funções sociais estabelecidas e tantos outros elementos que constituem o nosso cotidiano. Um dos meus objetivos era de reforçar o papel pedagógico do brinquedo na vida das crianças, principalmente. Acredito e ratifico as ideias do brincar como potencialmente ricos para o desenvolvimento cognitivo dos seres humanos desde cedo.
Como você acredita que a boneca Nancy x Sofía pode educar e influenciar positivamente as crianças em relação à violência infantil?
Novamente, os brinquedos têm uma função pedagógica que é indissociável de sua própria materialidade. A partir dos brinquedos podemos ensinar os nossos pequenos a como não permitir que adultos toquem em suas partes íntimas, em uma percepção de educação sexual. Essa ideia, por exemplo, de brinquedos para “menino” e para “menina” tem um papel negativo gigantesco na conformação social dos papeis de gênero. Isso é pedagógico, mas, infelizmente, para um lado ruim. E nós podemos reverter essa situação se, utilizando desse mesmo material, recolocar essas questões que interferem diretamente na construção dos nossos cidadãos. Eu gosto de olhar para os brinquedos como uma ferramenta que interferem diretamente na construção social dos nossos gostos e da nossa percepção social acerca do outro. Tive a sorte de ter uma família mais progressista e na minha infância nunca teve essa separação de brinquedo de “menina” e de “menino”, mas quando eu estava na casas das minhas amigas e elas tinham irmãos homens, havia uma clara divisão de brinquedos e, inclusive, de espaços onde se podiam brincar os homens e as mulheres. Há é, claro, uma noção de “rivalidade”, mas o que me ressalta é uma deflagração de espaços segregados de acordo com o gênero. E isso é danoso, sabe? Não é uma coisa boba ou coisa menor que não precise ser questionada, mas é! Não podemos permitir que nossas crianças cresçam e se desenvolvam com esse pensamento retrógrado. A minha boneca, por exemplo, não é para meninas; é para todes! Não vou me calar em relação a isso, pois já recebi inúmeras críticas de conservadores de que eu estou “subvertendo a ordem” ou algo do tipo. A FAMOSA, inclusive, tem sido uma grande parceira, pois ela também está recebendo ameaças de boicote por estabeleceram essa parceria comigo. Um outro ponto muito positivo dessa nossa colaboração é a força que um está dando ao outro. Me foram disponibilizados advogados para lidar judicialmente com essas ameaças que extrapolam, e muito, uma mera crítica. Enfim, estou falando demais, eu sei, mas essa é uma ótima pergunta. Estamos fazendo um trabalho muito bonito nesses últimos meses e estou tão orgulhosa do que estamos fazendo. Os pais se mobilizam em torno dessas discussões e nos dão retorno de que nunca foi tão fácil falar de um assunto tão difícil quanto esse com seus filhos antes do lançamento de nossa boneca. Nós disponibilizamos uma cartilha com informações e números para denunciar tais atos de violência, então quem compra a boneca está levando também um “mini-guia” de combate à violência infantil em nível micro, mas também no nível macro. É um grande trunfo nosso, com certeza.
Quais são suas expectativas para o futuro da parceria com a FAMOSA?
Eu não sei para ser bem sincera [risos]. Ainda não pensamos em nada para o futuro em relação a outros projetos, mas sim em relação aos nossos objetivos com o auxílio às instituições de apoio às crianças, mas outros trabalhos não foram delimitados por nós. Acredito que, sim, possa vir algo a mais no futuro, mas não que seja algo muito “logo”. É um processo longo, sabe? Principalmente porque faço questão de estar envolvida em todo o processo e leva tempo para que eu me possa inteirar do projeto, dar meus palpites e etc. Sou muito grata por tudo o que eles me permitiram nesses últimos meses, então não descarto uma renovação, por exemplo. Mas é algo que não conversamos ainda, estamos aproveitando o embalo de nesse nosso lançamento recente e incorporando todas as críticas e elogios para desenvolver nossas ideias futuras. Gostaria de fazer outras bonecas e auxiliar outras associações e outros projetos com a ajuda da empresa, embora eu continue fazendo isso todos os dias como pessoa individual.
Como você lida com as críticas e polêmicas que surgem nas redes sociais sobre seus projetos?
Os projetos musicais e os não-musicais? Eu tento ser bem aberta à todas as críticas e, sendo bem sincera, concordo com algumas. Não tenho problemas em ser criticada, pois tenho consciência de que não sou perfeita e ajustes nunca são coisas ruins. O que me irrita e me deixa incomodada são as mensagens de ódios disfarçadas de “crítica”. Estas aos quais eu absorvo e até incentivo que sejam feitas são as construtivas que, ao contrário do que pensam, não é “passar a mão na cabeça” do artista, mas pontuar o que não tá legal, o que pode melhorar e o que não deve ser feito nunca. Esse tipo de opinião eu respeito, admiro e me apoio para melhorar a forma pela qual eu gerencio a minha própria carreira. Sou humilde o suficiente para entender que me falta muita coisa e estou aberta aos conselhos e reclamações que possam vir a fazer de mim. Novamente, não tenho problema que critiquem o meu trabalho desde que seja feito honestamente e não com o intuito de menosprezar o que faço. Se você não gosta ou não tá a fim de ouvir, para quê você vai ouvir? Se não gosta de mim, qual o motivo que te leva as minhas redes sociais só para me xingar? Obsessão? Talvez. Acordar com mensagens de ódio em seu direct não é a coisa mais desejável do mundo e não foi para isso que me tornei artista. Acredito que as pessoas devam pensar e repensar os seus próprios pensamentos e, quando tiverem a certeza de que não irão ofender ninguém gratuitamente, postar. Essa geração de hoje é muito imediatista; tudo tem que ser no tempo deles e da forma como querem, caso não, você é jogada para a merda. E isso cansa, sabe? E olha que eu nunca me fiz de rogada ou de paciente para lidar com esse tipo de situação, sempre respondi à altura. Hoje já não faço mais isso porquê deixei de me importar, apesar de ficar incomodada. No fim, não faz sentido em me indispor tanto com pessoas que, para mim, são completamente irrelevantes. Quando a crítica é direcionada a mim carregada de ódio, rancor e vontade de polêmica eu já disperso. Consegui filtrar todos esses acontecimentos e hoje mais me divirto do que me incomodo. Não sou daquelas, contudo, que é do “deixa para lá” e simplesmente esquece. Tem algumas coisas que não podemos aceitar e ficar calados. Outras dá super para levar na esportiva, cagar e andar. É um filtro um tanto quanto complicado de se construir, afinal, como artista estamos sempre expostos a esse tipo de situação contraditória. Como lidar? Não existe um manual para isso, infelizmente. Quando eu me aposentar, talvez, escreva um livro sobre como lidar com o hate e dar a volta por cima. No mais, reafirmo o meu compromisso de ouvir as críticas construtivas e ignorar todas aquelas que cujo objetivo é desmerecer meu trabalho enquanto artista e pessoa. Já se foi o tempo em que eu me incomodava, hoje faço graça e piada mesmo. Tendo essas críticas ou não, eu sou um sucesso estrondoso. Não vou ser modesta aqui: enquanto me criticam, eu me tornei uma das maiores artistas do mundo, provando por a + b que eu sou capaz de ser maior que todos eles. E não foi fácil chegar até aqui, por isso me permito esses momento de “soberba”. Foram anos e anos lutando para conquistar esse espaço e ninguém pode me tirar daqui agora a não ser eu mesma.
O que você diria para os pais que compraram a boneca e estão preocupados com a polêmica da boneca “possuída”?
Eu não queria dizer isso, mas queria comentar sobre toda essa situação antes de mandar um recado para os pais. Eu morri de rir com todas as montagens feitas na internet comigo e com a boneca “endemoniada”. Aliás, me senti super prestigiada pois agora estou ao lado de ícones da cultura pop que foram envolvidas com o demônio, tipo Pokémon, Yu-Gi-Oh, Lucca Lordgan, essas coisas. É o tipo de coisa que você não espera que aconteça com você [risos]. Ao mesmo tempo, fiquei preocupada porquê, sim, acredito que há espíritos bons e ruins nesse mundo. Agora quero falar mais sério a respeito deste acontecimento. Nós, a FAMOSA e eu, procuramos saber o que realmente aconteceu para auxiliarmos a pessoa que alegou ter sofrido esse episódio e evitar mais transtornos futuramente. Nós recolhemos a tal boneca e a equipe técnica descobriu que havia um fragmento de um disco, um CD, que estava acoplado no sistema de som da boneca. Descobrimos que era um resquício do CD da Hina Maeda que, sei lá por quem, foi colocado naquela boneca específica. Ficamos intrigados, mas o volume de bonecas foi tão grande que não conseguimos localizar o responsável. Nós ressarcimos a dona da boneca e oferecemos ajuda psicológica, claro. Mas, para evitarmos qualquer tipo de situação semelhante, eu me ofereci para contactar religiosos para trabalhar em um ritual múltiplo de purificação nessas bonecas. Então minha equipe chamou padres, pastores, espíritas, monges budistas, bruxas wicca, pais e mães de santo, missionários, freiras e jovens místicos em todo o mundo para purificar esses brinquedos. E vocês podem estar se perguntando o motivo de tantos religiosos e é bem simples. O nosso público é diverso e se o brinquedo foi purificado por um padre e você for evangélico, a bênção não vai servir de nada para você. Então todos eles vão purificar a boneca para abarcar um público ainda maior. Assim evitamos que novos demônios se manifestem em algo que é para trazer alegria e não terror [risos]. Aliás, isso me deu uma ideia de fazer uma boneca temática de Halloween. Seria bacana, né? Aí ela já viria de fábrica com essa voz demoníaca e um visual bem macabro para fazer jus à toda essa história. Vou até jogar no grupo que temos com a equipe criativa da FAMOSA.
Quais são os valores mais importantes que você quer transmitir através dessa boneca?
Eu espero que o meu público possa ver nesse lançamento uma renovação do meu próprio posicionamento artístico e político. Sei que muitos têm a visão de que os brinquedos não são dignos de serem utilizados como ferramentas políticas, mas eles podem sim. Como falei, os papeis de gênero são determinados a partir dessa divisão arbitrária do que é “feminino e masculino” e isso é política. Nós nos propusemos a desmantelar esse sistema desde o início: o início do desenvolvimento humano. Somos seres políticos e não devemos perder essa característica que é tão nossa. Nos posicionamos no mundo através do partidarismo, ninguém é realmente neutro. E com esse trabalho eu reafirmo, algo que já afirmei diversas outras vezes, a minha posição progressista do desenvolvimento social e humano. Me incomoda o fato de que discutamos muito pouco determinados assuntos, condicionando-os a um discurso marginal e despolitizado. Qual a razão da violência infantil, por exemplo? Não há uma única, são muitas e se não as discutirmos, nunca seremos capazes de caracterizá-las afim de extingui-las. Eu falo isso pensando na humanidade como um tudo. Há um medo de falar sobre tais assuntos, e eu entendo, para ser bem sincera. Às vezes, quando não temos tanta conexão com determinado assuntos somos tentados a sequer pensar neles. E o que acontece? Não somos inseridos no circuito discursivo e não disputamos espaços. Dá para enxergar o problema, certo? Temos políticos que dominam a discussão e nós, enquanto sociedade civil, permitimos com que eles estendam a sua dominação. É claro que há contestações por parte de instituições civis, mas ainda há um certo desnível em relação ao grosso da população. Quero que este projeto esteja vinculado à empatia, ao desejo pela mudança e pela justiça social.
Você teve algum envolvimento nas campanhas de marketing para o lançamento da boneca? Se sim, como foi essa experiência?
Estive presente em todos os momentos do marketing. Nos meus anos de experiência como cantora pude acumular conhecimentos nesta área que foram imprescindíveis para que eu pudesse encabeçar todas as ações de marketing da nossa parceria. É claro que há uma equipe profissional e técnica que me fora fornecida pela FAMOSA, mas eu fiz questão de desenhar todas as ações publicitárias. E confesso que cheguei a me arrepender em um primeiro momento [risos]. É totalmente diferente do que eu já havia feito na minha carreira como cantora; fui bem adiantada e afobada nessa minha decisão. O mais importante é que tinha uma equipe muito competente ao meu lado, então não tive problemas sérios. Chegou um momento pelo qual eu não sabia mais o que sequer estava pensando. Daí eu pude ter uma outra experiência: a de que eu não posso fazer tudo e tenho que confiar mais nas pessoas e no que elas podem me ajudar. Não vou abrir mão de participar de todos os passos dos projetos aos quais eu participo, mas hoje já estou bem mais aberta aos conselhos e o auxílio que me dão. Pode parecer ridículo, mas nós não somos nada sozinhos! Precisamos, sim, de ajuda por mais que pensemos que não. Somos seres sociáveis e incompletos, e no outro nós encontramos o que falta em nós mesmos.
De que forma você acha que a boneca Nancy x Sofía pode servir como um exemplo para outras iniciativas de responsabilidade social?
Há uma dimensão que eu considero especial para responder essa sua questão que é a de ser um exemplo e uma iniciativa bem-sucedida. Entendo que algumas pessoas podem vir a ter medo de se aventurarem em algo que não tem conhecimento ou precedente de outros artistas, enfim. Então se há algo que posso deixar aos meus colegas artistas, não só da música, é ter coragem para ir em direção ao desconhecido. Nos desafiamos e, ao mesmo tempo, ajudamos os nossos em relações às suas causas. Eu sou muito afetada por diversas questões no nosso mundo, mas a violação de um período tão importante do desenvolvimento humano como a infância é duro para mim. Neste momento eu decidi focar nessa questão por ser a que mais me incomoda, mas tenho muita vontade de estender os meus projetos para outros elementos que me chamam a atenção como a desigualdade de gênero no trabalho e na sociedade no geral, o combate a violência, o machismo, a transfobia, a homofobia, o racismo, a fome, enfim. São muitas coisas e eu entendo que não consigo fazer sozinho. E mesmo se pudesse, eu não deveria fazer isso sozinha. Juntos somos mais e podemos fazer algo melhor para o nosso mundo, então porquê não nos juntamos para fazer a diferença? Celebro, novamente, a coragem de uma empresa tão grande como a FAMOSA ter aceitado estar comigo lado a lado nessa empreitada.
Qual foi o impacto pessoal para você ao ver a boneca ajudar causas tão importantes?
Me senti realizada ao ver as primeiras doações em dinheiro serem materializadas nas casas onde as associações funcionam. Nós estamos sempre em contatos com os participantes desse projeto, então recebi muitos vídeos de crianças resgatadas, bem como de seus pais, se divertindo em lugares mais acolhedores e que permitam o seu desenvolvimento natural, sem interferência de algo tão horrível que é a violação humana do corpo e da alma. No primeiro dia que vi a realização desse projeto, na prática mesmo, chorei o dia todo e era um dia de show [risos]. Cheguei no palco com os olhos avermelhados e com uma voz desgraçada. E eu estava preocupada com o que eu iria conseguir apresentar naquela noite, mas eu não conseguia deixar de pensar no que nós estávamos fazendo para dar uma segurança a mais para os nossos pequenos. Nesses últimos dias pude visitar uma das instituições que receberam aporte financeiro no México, próximo à minha casa, e recebi tantos abraços em um único dia... foi uma sensação indescritível. Receber esse amor e ver que o que estamos fazendo está realmente mudando a vida é incrível. Sei que há ainda deficiências que não conseguimos alcançar, principalmente em lugares mais remotos do mundo. Temos essas limitações, mas sei que estamos lutando para dirimir todas essas dificuldades. Hoje eu consigo dormir mais feliz sabendo que milhares de crianças estão sendo protegidas por um projeto tão belo e histórico. A FAMOSA tem me dado todo o apoio possível. Vou correr o risco de ser repetitiva, mas agradecer o apoio que me fora dado pela empresa FAMOSA e por todos os seus colaboradores. Uma ideia minha nunca foi tão bem recepcionada e respeitada como foi nessa parceria. Eu olho para o início das nossas discussões e me emociono com a recepção tão doce e repleta de confiança que tivemos. Obrigado aos executivos, a todos os trabalhadores e trabalhadoras que fizeram ser possível essa boneca. Estamos fazendo história!
Como você gostaria que a boneca Nancy x Sofía fosse lembrada no futuro?
Como um projeto que vai além do produto, mas uma boneca que traz uma causa importante para a discussão em sociedade. Não quero que seja apenas um brinquedo, mas que possamos, juntos, renovar as estruturas da sociedade. É um empreendimento coletivo e que vai além de qualquer pretensão de mercado, o que não quer dizer que não seja um produto destinado à venda. Mas, para mim, gostaria que fosse lembrada como uma ação social e artística em direção ao desmantelamento de uma estrutura há muito consolidada que é a da violência infantil. Espero atingir mais em ais pessoas com nossa ação e fazer com que elas repensem a sua passividade frente a situações tão críticas como é esta causa que estamos apoiando. Não há limites ou situações que não possam ser ultrapassadas. Juntos somos mais fortes e o coletivo é a chave para a mudança. Não estamos querendo capitalizar a questão, pelo contrário, mas democratizá-la e torna-la um ponto sensível e discutível na sociedade.
Você considera expandir essa parceria para incluir mais produtos ou linhas dedicadas a causas sociais?
Ainda não pensamos nisso, mas não estaria fechada à novas ideias. O meu pensamento é ir mais além, claro. Em relação à FAMOSA não conversamos sobre projetos vindouros, mas é sempre uma possibilidade. Acredito que temos em mãos uma oportunidade incrível, mas que não depende apenas de mim. Sei que quando essa parceria acabar, a empresa continuará o trabalho que iniciamos neste momento. Já tenho engatilhadas ações que serão feitas unicamente em meu nome no futuro e em relação às causas sociais. Estarei nos Estados Unidos no próximo mês e pretendo focalizar no combate a violência às pessoas LGBTQIAPN+. Sei de instituições e de agentes que atuam no front dessa batalha que é tão histórica e necessária. Enquanto sociedade ainda estamos fechando os olhos para as pessoas que sofrem e, ao fechar os olhos, deixamos com que o seu sofrimento se expanda. Estamos, então, permitindo que a violência e a opressão se impregnem cada vez mais na sociedade. E isso está diretamente intricado, por exemplo, com a formação das nossas crianças. E eu falo isso pois essas distinções de gênero e uma opinião formada tendo base uma teologia cristã exclusiva tem influência direta no comportamento das gerações futuras. Há, por exemplo, um crescimento do número de células neonazistas em território norte-americano que é influência direta da ignorância social da sobrevivência de tais ideias. Se, enquanto coletivo, não direcionarmos nossos esforços para extinguir esse tipo de atitude ou pensamento, queridos... estaremos completamente ferrados. Nós já estamos, inclusive. Estamos em um momento histórico mais inclusivo? Claro, mas permanece uma forte onda conservadora e de direita que busca nos colocar de volta no caminho da “involução”: de retornar aos tempos sombrios em sua integralidade. E isso tem que ser impedido. De qualquer forma, a nossa atuação é direcionada para não permitir que essas ideias tão horríveis proliferem. E sei que vão dizer que estou querendo implantar uma “ditadura”, mas, se por “ditadura” entendem a extinção de suas opiniões opressivas e violentas, então que assim seja. A minha voz não será utilizada para dar vazão a tais violações à humanidade, jamais! Estarei nas trincheiras para lutar no campo contrário dessas forças conservadoras. Inclusive, são as mesmas que não querem que falemos de violência infantil, pois são justamente as que se aproveitam do silêncio social. Eles é quem ganham se não falarmos, enquanto as vítimas sofrem diariamente e não são vistas. Precisamos repensar o nosso lugar e atuar de forma a nos tornarmos agentes de mudança social.
Que mensagem você gostaria de passar para as crianças que têm a boneca Nancy x Sofía em casa?
Crianças, soletrar é divertido! Mentira [risos] Que vocês possam se divertir e aprender brincando. O que vocês podem aprender é, além de qualquer desenvolvimento cognitivo, serem mais humanos. É uma boneca que não traz apenas um significado material, mas também simbólico. O que quero que vocês apreendam de nossa ação é a de que somos muito mais do que aquilo que vemos, ou melhor, do que não vemos. Espero que seus pais possam ler e ensinar a vocês sobre a importância de nos posicionarmos contrário a todo e qualquer tipo de violência. A infância é um período tão rico e enquanto vocês brincam, há milhões de outras que tem a sua infância roubada por pessoas más e criminosas. É importante que façamos algo para garantir para essas crianças que não tem seguridade, a seguridade que precisam. Empatia, amor, solidariedade e amizade são preceitos básicos que temos de desenvolver desde cedo. Aos pais, conto com a sua ajuda e disposição para modificar esse mundo; pensem em outras crianças, em muitos lugares do mundo, que estão sofrendo diariamente, pense que poderia ser um filho, um sobrinho, um primo que vocês conheçam.
Sofía – Agora, pessoal, estamos abertos às perguntas em relação a minha carreira musical, ok?
Sofía, você se consagrou como um dos maiores nomes do último Video Music Awards levando quatro prêmios para casa, sendo três deles os principais da noite. Além disso, você dividiu o palco com Lucca Lordgan em momento inédito de seus anos de carreira. Como você está se sentindo nesse momento e como é a sensação de ser uma popstar?
Eu quero começar falando pela experiência que tive como apresentadora na noite do último domingo. Foi a primeira vez que fui convidada para ocupar esse lugar e, confesso, sempre foi o meu sonho. Sentia que faltava algo na minha atuação na indústria e, talvez, fosse isso. Foi uma experiência incrível e acredito que pude mostrar uma faceta minha que as pessoas ainda não puderam ver. Eu estava dividindo o palco com um grande amigo meu, o Lucca, e nós estávamos confortáveis no palco. Antes mesmo do início da premiação nós nos encontramos para os ensaios e compartilhamos nossas inseguranças e frustrações, embora acho que ele já tenha tido uma experiência semelhante. Espero ter outras oportunidades, pois adorei, amei e quero novamente [risos]. A premiação como um todo foi uma celebração a arte visual e aos trabalhos que nós, artistas, realizamos ao longo destes últimos meses. E não foi apenas porquê eu apresentei que vou dizer isso, mas considero uma das premiações mais animadas e divertidas que já fui no último ano. Houve, de fato, uma celebração da arte dos agentes que dela fazem parte e a integram ao mundo social. Não há música nem vídeo sem pessoas.
Agora, respondendo a sua questão em um geral, eu não sei dizer como me sinto sendo uma “popstar”. Não quero me pagar de humilde, até porquê em respostas anteriores eu já disse que não era [risos]. Só que não consigo me ver assim; eu faço a minha arte e o que vem disso é consequência. É óbvio que eu celebro cada conquista, mas como falei, não é algo que seja primordial para mim. O sucesso de Juicio Final, por exemplo, comemorei horrores pois chegamos em um lugar que não imaginaria chegar. Poxa, olha onde estamos! Awa está tendo o reconhecimento que merece pela primeira vez. Sinto que, também, estou sendo mais respeitada no meio pela arte que faço e de que vivo. Não sentia isso anteriormente, pelo contrário. Cada passo que eu dava era repleto de desconfiança sobre o meu talento e estava muito preocupada com a repercussão nos meus colegas, esperando uma “aprovação artística” dos pares [risos]. Hoje eu já não sinto essa necessidade e faço aquilo que sinto vontade, que quero fazer e não me preocupo muito com o que vão pensar. Esse crescimento foi também pessoal. Para tentar te responder com algo mais sólido, diria que me sinto uma mulher muito mais forte e consciente de seus pontos fortes. É essa a sensação de ser uma popstar.
A sua performance foi muito elogiada por trazer elementos visuais fantásticos e grandiosos. De quem foi a ideia daquela espada gigantesca no meio do palco?
Foi minha [risos]. Eu gosto de coisas grandes e vistosas, não me levem a mal. Anteriormente as minhas performances eram montadas por um profissional e tals, mas hoje sou em que assumo toda essa direção, porquê me sinto mais confortável em realizar aquilo que eu mesma projetei. Quando não acontecia de ser eu quem fazia, sentia que algo estava faltando: e era a minha alma e essência. Eu monto as sequências que quero que estejam no palco e os meus coreógrafos montam a coreografia, isso eu não sei fazer [risos]. O meu trabalho é mais de dizer “quero isso” e os que estão ao meu redor e que me conhecem tentam aprofundar a ideia ou dizer para mim que está “demais” quando perseguem que é algo que não pode ser realizado em tempo hábil. O nosso espaço e tempo é muito limitado em relação as performances em premiações. Então às vezes tem que ser mais enxuto mesmo, mas, felizmente, consegui fazer tudo o que pensei nesse VMA’s.
Você recém lançou o quarto single do álbum, ESPADA, e ele é o último single do disco. Gostaria que você pudesse nos contar um pouco mais da trajetória desde o lançamento do álbum até hoje e como essa faixa foi escolhida para celebrar esse momento de sua carreira.
Às vezes eu me pego pensando em tudo o que conquistamos nestes últimos meses e fico sem acreditar que conseguimos fazer tanto. A era se iniciou, de fato, com o lançamento de Mujer Bruja nos últimos meses do ano de 2027 e foi um estouro. Não tinha sentido tanto apoio numa canção desde, sei lá, Nochentera. Não sabia o que fazer com tantos acessos e elogios e, além disso, foi a minha primeira música 100% autoral então eu estava me cobrando horrores. Foi a etapa da minha carreira em que eu mais estive incerta daquilo que queria fazer. Eu vinha de um descarte de um álbum inteiro e estava abalada, obviamente. A recepção do público a esse primeiro single foi o que me motivou a continuar. Eu lançaria o álbum de qualquer forma, mas no lançamento eu estava realmente animada e confiante daquilo que eu estava levando para o mundo. Em seguida, veio o SUPERBOWL e aí que realmente caiu a ficha do impacto que eu tenho no mundo, na indústria. Um nome latino que está em alta e que recebe outros artistas latinos em um dos maiores shows do planeta. Vocês não tem noção do quão gigante foi isso na minha carreira e que é o meu auge, com certeza. Essa era me trouxe muitos aprendizados essenciais e que vou levar para toda a minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Me descobri artista em vários níveis aos quais eu sequer me permitia anteriormente. É muito uma história de superação, de um processo de autoconhecimento potente e instantâneo.
Às vezes eu me pego pensando em tudo o que conquistamos nestes últimos meses e fico sem acreditar que conseguimos fazer tanto. A era se iniciou, de fato, com o lançamento de Mujer Bruja nos últimos meses do ano de 2027 e foi um estouro. Não tinha sentido tanto apoio numa canção desde, sei lá, Nochentera. Não sabia o que fazer com tantos acessos e elogios e, além disso, foi a minha primeira música 100% autoral então eu estava me cobrando horrores. Foi a etapa da minha carreira em que eu mais estive incerta daquilo que queria fazer. Eu vinha de um descarte de um álbum inteiro e estava abalada, obviamente. A recepção do público a esse primeiro single foi o que me motivou a continuar. Eu lançaria o álbum de qualquer forma, mas no lançamento eu estava realmente animada e confiante daquilo que eu estava levando para o mundo. Em seguida, veio o SUPERBOWL e aí que realmente caiu a ficha do impacto que eu tenho no mundo, na indústria. Um nome latino que está em alta e que recebe outros artistas latinos em um dos maiores shows do planeta. Vocês não tem noção do quão gigante foi isso na minha carreira e que é o meu auge, com certeza. Essa era me trouxe muitos aprendizados essenciais e que vou levar para toda a minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Me descobri artista em vários níveis aos quais eu sequer me permitia anteriormente. É muito uma história de superação, de um processo de autoconhecimento potente e instantâneo.
Agora sobre a escolha do meu quarto single: ESPADA é, de longe, a canção que eu mais me arrisquei nesse álbum, tanto em questão vocal como de escrita. É uma música urbana e que me foi necessário um rearranjo de tudo o que eu pensava sobre composições para que saísse algo decente. E eu simplesmente amei o que eu fiz, é uma das minhas favoritas do álbum. E esse álbum representa, para mim, uma saída de um lugar cômodo para uma zona em que não necessariamente é o meu conforto. Eu fazia músicas pop latinas um pouco mais melosas, apaixonadas e não havia me arriscado ainda em algo mais sexy, mais adulto. Foi um momento, portanto, de ruptura. E essa canção é a melhor representação dessa ruptura pela qual eu passei na minha carreira. A escolha por encerrar a era agora também foi uma motivação para a escolha. Não estava nos planos iniciais encerrar o nosso trabalho antes de um ano, mas assim aconteceu por sabermos que havia uma limitação em termos de possibilidades criativas e artísticas. Fizemos tudo o que podíamos com o disco e esse foi o nosso melhor. Espero que os fãs tenham aproveitado toda essa história e que estejam atentos para o que o futuro nos aguarda. Ainda não estou pensando em um álbum novo para os próximos meses, temos muitos shows ainda e o HASTA QUE SALGA EL SOL ainda vai viver por muito tempo.
Para finalizar, o álbum está atualmente com 15 milhões de cópias vendidas no mundo todo o que já o coloca como um dos mais vendidos da história; todos os singles lançados até agora, com exceção do quarto, alcançaram o topo das paradas. Ao todo, mais de dez prêmios foram conquistados. Qual o tamanho de Sofía hoje? E o que ela representa?
Eu represento toda uma comunidade que, durante anos, ficou escondida nas sombras de uma arte marginalizada e vista como inferior por tendências hegemônicas dominantes. Acredito que eu tenha desempenhado um papel vital de trazer ao topo das paradas e na própria narrativa musical uma história que vai além de mim. Hoje temos tantos artistas latinos incríveis recebendo o mérito por seu trabalho. Quando fui convidada para o SUPERBOWL sabia que não deveria ser um show apenas meus, mas de todos os colegas que constroem diariamente o caminho para que possamos nos aventurar com mais seguridade e amor uns com os outros. Eu sou apaixonada pelo que faço e não esperem de mim menos que a vontade de fazer tudo acontecer. Esse álbum, em específico, bebe de muitas fontes, de muitas raízes e eu tenho orgulho de dizer que fizemos um álbum completo de gêneros latinos, vistos como inferiores. Coloquei duas cumbias no topo dos charts e um reggaeton. Foi o álbum do ano, cara! Dá para acreditar nisso? Até alguns anos isso seria impensável e, quando meu nome foi lido na noite de domingo, eu não imaginava que poderia ganhar uma categoria de tamanha importância. Sou grata a todes que fizeram isso possível. Aos meus queridos amigos e amigas, saibam que essa vitória é, também, de todes vocês. Awa, Rique, Vittor, Tieta, EMÍ, Blanca, Plastique, Bru nós somos parte de um grupo que está fazendo história e desafiando àqueles que ousaram dizer que não podíamos!
Para finalizar, o álbum está atualmente com 15 milhões de cópias vendidas no mundo todo o que já o coloca como um dos mais vendidos da história; todos os singles lançados até agora, com exceção do quarto, alcançaram o topo das paradas. Ao todo, mais de dez prêmios foram conquistados. Qual o tamanho de Sofía hoje? E o que ela representa?
Eu represento toda uma comunidade que, durante anos, ficou escondida nas sombras de uma arte marginalizada e vista como inferior por tendências hegemônicas dominantes. Acredito que eu tenha desempenhado um papel vital de trazer ao topo das paradas e na própria narrativa musical uma história que vai além de mim. Hoje temos tantos artistas latinos incríveis recebendo o mérito por seu trabalho. Quando fui convidada para o SUPERBOWL sabia que não deveria ser um show apenas meus, mas de todos os colegas que constroem diariamente o caminho para que possamos nos aventurar com mais seguridade e amor uns com os outros. Eu sou apaixonada pelo que faço e não esperem de mim menos que a vontade de fazer tudo acontecer. Esse álbum, em específico, bebe de muitas fontes, de muitas raízes e eu tenho orgulho de dizer que fizemos um álbum completo de gêneros latinos, vistos como inferiores. Coloquei duas cumbias no topo dos charts e um reggaeton. Foi o álbum do ano, cara! Dá para acreditar nisso? Até alguns anos isso seria impensável e, quando meu nome foi lido na noite de domingo, eu não imaginava que poderia ganhar uma categoria de tamanha importância. Sou grata a todes que fizeram isso possível. Aos meus queridos amigos e amigas, saibam que essa vitória é, também, de todes vocês. Awa, Rique, Vittor, Tieta, EMÍ, Blanca, Plastique, Bru nós somos parte de um grupo que está fazendo história e desafiando àqueles que ousaram dizer que não podíamos!