[US] Kyle x Alternative Press
May 31, 2024 2:59:05 GMT
Post by ggabxxi on May 31, 2024 2:59:05 GMT
Em Setembro de 2027, Kyle, artista assinado sob o selo da Arcade Records, lançava seu primeiro projeto chamado: "the night also hugs the waves" de 10 faixas. De maneira geral, o álbum não teve um desempenho comercial tão notável, o que não foi uma surpresa nem um desagrado para o artista, já que não houve nenhuma promoção do disco, e essa não uma das preocupações de Kyle ou de sua empresa. Por outro lado, o álbum alcançou um sucesso crítico extremamente notável; na Best New Track, lista semanal que elege em um ranking as músicas lançadas em determinada semana, 3 dos 6 singles de Kyle foram eleitos os "Best New Tracks", e apesar de ainda não ter sido divulgada a média oficial da nota do álbum no Metacritic, as reviews postadas nos sites dos veículos de crítica apontam uma possível aclamação global na média do álbum.
Além disso, neste mês, Kyle lançou um curta-metragem para ser a representação visual definitiva de seu álbum. Com mais de trinta minutos, o short-film não só foi responsável por trazer de volta todos os singles lançados para os charts. como também render para Kyle seu primeiro prêmio, o Favorite Music Video, uma das categorias principais do American Music Awards que aconteceu no começo desta semana.
E hoje, Kyle está estampando a capa da última edição do mês de Maio da Alternative Press, falando de sua vida pessoal, amizades, e o processo de criação de seu álbum, e curta-metragem.
AP: Kyle! Seja muito bem-vindo a Alternative Press! É um prazer ter você aqui, não só pra dar uma entrevista como também para estampar nossa capa da última edição de Maio! Fique à vontade!
Kyle: Oi, muito obrigado. Eu já to bem à vontade!
AP: Você e Harmon Moore são irmãos, correto? Quem é mais velho, quem é mais novo?
Kyle: A Harmon é a mais velha, claro. Já viu como ela é toda certinha e responsável enquanto eu sou a porra de um diabo da tasmânia?
AP: Nossa, há vários anos na mídia e em Hollywood nós vemos que nem sempre dá muito certo quando dois irmãos seguem o mesmo caminho, justamente pela incessante vontade que a mídia tem de comparar um com o outro, ou da noia que os fãs têm de esperar que o sucesso de um seja maior que o outro. Felizmente, isso não podia ser mais distante da realidade que você e sua irmã vivem, certo?
Kyle: Na verdade eu não sei se tá muito distante. Tipo… as comparações acontecem e além disso, é claro que ela é indubitavelmente melhor sucedida que eu comercialmente mas eu acho que eu e a Harmon temos uma ligação forte e especial, mesmo entre irmãos. A gente sempre esteve juntos e fez tudo isso juntos, então isso não afeta tanto a gente quanto provavelmente afetaria um outro par de irmãos. Além disso, eu e a Harmon temos abordagens muito diferentes então nós não somos escutados pelo mesmo grupo de pessoas. O grupo de pessoas que escuta ela tem o que eles querem e o grupo que me escuta também tem o que eles querem.
AP: Realmente, você e Harmon até tiveram um começo nas mesmas raízes, se for considerar sua música "the sky hugs the sea waves", que foi antes lançada como "for PB" no SoundCloud, e o álbum "Harmony" da sua irmã, onde ambos são estruturados em violão, com acordes mais calmos, mas a evolução de cada um foi para um caminho extremamente único, e com muito reconhecimento! Como foi para você ver Harmon crescendo tão rápido no estrelato da música pop?
Kyle: Não posso dizer que foi inesperado, pra falar a verdade. A Harmon não tava mais acreditando por causa dos últimos eventos que tinham acontecido antes de ela começar a escrever o Clueless mas eu sempre acreditei que ela ia conseguir, ela tem aquele negócio de star power ou sei lá como chamam. Eu fiquei feliz por ela, é claro, mas eu também já estava trabalhando mais na minha música então não acompanhei muito ela no ano passado, menos ainda esse ano que ela tá viajando pelo mundo em turnê
AP: Até onde eu sei, vocês são bem próximos. A música "Southside" da Harmon é uma canção muito linda a respeito da transformação na vida de vocês quando se mudaram para Los Angeles. Harmon já falou sobre como esse período frágil moldou a perspectiva de vida dela, e você? Como essa experiência toda lapidou o Kyle que escreveu o álbum "the night also hugs the waves"?
Kyle: Eu acho que é aí que dá pra ver como eu e a Harmon temos personalidades quase opostas. Ela é otimista e confiante enquanto eu sou pessimista e inseguro. Tudo aconteceu muito rápido e foi maluco porque a Harmon parecia ter nascido sabendo fazer tudo enquanto eu ficava confuso e parado tentando lidar com tudo ao mesmo tempo. Mas eu não acho que essa experiência tenha inspirado tanto o the night also hugs the waves, eu acho que toda a inspiração fica no que veio depois. Depois de a Harmon atingir esse status atual dela e depois de eu virar o garoto americano mais odiado da mídia. Isso é muito foda pra falar a verdade.
AP: Definitivamente. Infelizmente, tem ficado cada vez mais comum jovens deixarem suas casas em busca da ideia de construírem sua vida. Claro que há exemplos onde o final é positivo, como o de vocês dois, mas mesmo assim, não tenho a menor dúvida que, até "dar certo", houveram muitas batalhas pra evitar o pior. Muito disso se dá entre o conflito de gerações, onde se desacredita muito no potencial artístico dos jovens, e em duas mentes. Se você pudesse dizer algo não só para o Kyle que se mudou para Los Angeles, mas também para os jovens, pouco mais novos que você, que estão passando por um momento parecido, o que você diria?
Kyle: Eu não quero cair no clichê e dizer "você consegue, acredite nos seus sonhos" então eu vou dizer: eu sei que vocês tão perdidos, eu também tava. Eu ainda estou perdido até hoje. O segredo pra vida, na minha opinião, não é apostar tudo em se encontrar e saber totalmente quem você é a ponto de ser estável e imutável. O segredo é entender que tudo bem estar perdido. Todo mundo tá. Acredita cara, todo mundo tá perdido, de verdade, alguns só conseguem colocar um disfarce e mostrar que são totalmente seguros e sabem exatamente o que estão fazendo.
AP: Com certeza é muito bom ver que apesar das dificuldades, e depois de muita luta, o futuro se tornou promissor. Apesar que sim, definitivamente é um tanto punk largar tudo para trás e ir fazer sua própria história. Parabéns!
Kyle: Com certeza é muito punk, eu sentia que eu e a Harmon éramos tipo sei lá Bonnie e Clyde quando fizemos isso. Apesar disso, agora, eu não consigo evitar me sentir deslocado, é muito esquisito ser a pessoa do lado de cá.
AP: No começo da semana, você estampou a capa da Rolling Stone, e a entrevista definitivamente deu o que falar, não é? Enquanto alguns dizem que é irônico um artista "pequeno" se posicionar tão fortemente a respeito da indústria da música, muitos outros acharam sua atitude muito importante, definitivamente sem medo e irreverente. Você continua ao lado de tudo que disse?
Kyle: Claro que eu continuo. Eu não sei quem disse isso sobre artistas relativamente pequenos não poderem se posicionar, mas essa pessoa é meio, sei lá… não é muito inteligente, é? Qual o sentido de achar que a opinião de uma pessoa não vale ou vale menos baseado na fortuna que ela gera pra máquina capitalista? Tipo, levar em conta a opinião de todas as pessoas independentemente da situação, raça, etnia, sexualidade, gênero e etcetera não é a base comum e fundamental de uma democracia? Eu só dei a minha opinião, você tem todo o direito de discordar e se você se sentiu tão incomodado e ofendido com o que eu disse, talvez você tenha consciência de que é o problema bem lá no fundo. Para os que acharam minha atitude destemida ou irreverente, eu não diria que é pra tanto também. Eu não fiz nada demais, eu só dei minha opinião. Eu ainda to aprendendo a lidar com o fato de que tudo que a gente fala em entrevistas ressoa por todo canto e é projetada bem mais do que eu inicialmente tinha pensado mas eu fico feliz que vocês tenham concordado… significa que a gente ainda pode mudar isso se vocês apoiarem artistas que são mais vocais e engajados politicamente.
AP: Entendo o que você quer dizer. Você acha que a indústria tem ficado excessivamente higienizada?
Kyle: Absolutamente. Eu não acho que a existência de artistas higienizados ou isentos é um problema, nem todo mundo tem a disposição de se expor assim e arcar com as consequências das reações disso mas eu acho que é uma crise artística quando todo um nicho de arte se torna uma bolha livre de discussões e desconfortos. A arte sempre foi a forma humana de expressão sobre tudo o que existe, a arte sempre acompanhou a história e a política, é por meio também da arte que nós podemos ver onde erramos enquanto sociedade e onde precisamos melhorar. Na literatura, por exemplo, nós tivemos autoras como a Virginia Woolf e a Sylvia Plath que escreveram sobre a frustração e o desespero emocional de mulheres que eram submetidas à sociedade patriarcal extrema da época e obrigadas a serem mães de família, donas de casa e esposas. Infelizmente, as duas acabaram cometendo suicídio, mas a arte delas ajudou na formação da luta feminista e transformou todo um sistema social. Um sistema social que ainda hoje em dia tem falhas e eu acho absurdo que tanta gente ache normal que os artistas ignorem isso, nós já fomos a classe transformadora! Quando eu comecei a me interessar por fazer música, o que eu queria era ajudar a mudar o mundo de algum jeito, será que ninguém tem essa ambição hoje em dia?
AP: Ano passado, no Idol Visual Awards, você foi um dos indicados em Social Star of the Year. Sua reação no twitter foi de surpresa já que se considera anti social. Diria que hoje em dia o Twitter… me recuso a chamar de X, está se tornando o epicentro dos dramas, discussões e eventos?
Kyle: Não, na verdade… quer dizer, eu gosto do Twitter mas eu ainda acho ele só uma rede social, eu não acho que existe impacto real na vida terrestre e de carne e osso.
AP: Se você tivesse que escolher 3 que você segue, pra todo mundo no mundo também ver os tweets dessas pessoas, quem seriam?
Kyle: Calma, eu preciso fazer uma pesquisa rápida pra isso. -*ele pega o celular e começa a ver as pessoas que segue.*- Ok. Eu sigo uma conta muito boa! Chama Paladin Posting. É uma pessoa que tweeta como se fosse um paladino num universo medieval fantástico e porra, é TÃO ENGRAÇADO! Hm… eu também sigo uma chamada "cats being weird little guys" que é… autoexplicativa, eu acho. Todo mundo ama gatos, até os punks mais punks. Sério, até o Levi e a Lizzie amam gatos. Até a Hina deve amar gatos. E a última é uma conta chamada "Imaginary Films", em que eles escolhem uma cena de um filme existente e colocam legendas fictícias, ao invés de citações do filme. Esses dias, eu vi um post muito bom deles. Eu acho que seria bom mostrar, né? É esse aqui, achei muito esquisito porque foi no mesmo dia que uma coisa aconteceu e… foi certeiro. -*ele vira o celular e mostra*
AP: E agora 3 contas que o Elon Musk devia "acidentalmente" apagar do banco de dados do Twitter?
Kyle: Hm… primeiro, a conta do Oliver London, aquele cara é um chato do caralho, imagina ser transfóbico depois de passar vergonha querendo ser transracial artificial? Depois, é claro, a conta do presidente dos EUA pelo bem dele já que ele faz uns tweets idiotas sobre "também querer ajudar o povo palestino" mas TODO MUNDO SABE QUE ESSE FILHO DA PUTA TÁ MANDANDO O DINHEIRO DOS IMPOSTOS QUE A GENTE PAGA PRA FINANCIAR A MORTE DELES. Por último, é claro, o Elon Musk deveria apagar A PRÓPRIA CONTA, todo mundo já sacou que ele é um velho com a mente de um incelzinho de 16 anos que foi rejeitado uma vez e passou a dedicar a vida dele a odiar mulheres, que ele é só um herdeiro e não um gênio, ele simplesmente paga gênios pela genialidade deles porque aparentemente já estamos nesse estágio do capitalismo…
AP: Bom, de qualquer forma, seus tweets são alguns dos que ainda geram boas risadas e bons motivos para visitar o Twitter. Esta rede social já foi responsável por alguma amizade nova sua?
Kyle: Ah… acho que minha amizade com a Electra. Nós até combinamos um suicídio coletivo e acabamos suspendendo a conta dela no Twitter. Um ótimo jeito de quebrar o gelo. Eu também diria que me ajudou a criar um laço com a Agatha Melina mas nossas interações são mais do tipo eu tendo surtos de fã toda vez que ela posta um teaser novo e ela me respondendo gentilmente porque ela é muito legal. Às vezes, ela até curte posts meus, uma evolução do caralho!
AP: As redes sociais, como o Twitter, também acabam sendo um canal pra você interagir e observar melhor as pessoas que apreciam seu trabalho, fãs ou haterzinhos, uma vez que tudo hoje em dia é comentado nas redes sociais. Você que opera sua conta, certo? O que você encontrou no seu Twitter depois de lançar o short-film para seu álbum?
Kyle: Sim, só eu opero minha conta no Twitter. Hm… eu não acho que isso é uma coisa que eu veja muito, pra falar a verdade, eu devo ter visto uma coisa ou outra mas eu não sei até que ponto isso importa pra mim, eu to feliz pra caralho com o resultado do curta, tanto ele quanto o álbum the night also hugs the waves em si são coisas que eu posso dizer que tenho orgulho de ter feito, então eu fico feliz por quem gostou e eu não sei o que eu deveria dizer pra quem não gostou. Talvez "sinto muito que você não tenha gostado mas eu na verdade tô pouco me fodendo"? Eu já tinha haters antes de sequer lançar meu álbum e isso não me impediu nem mudou nada antes, agora vai mudar menos ainda. Eu posso ser inseguro sobre minha vida pessoal, minha vida amorosa, o valor que eu tenho pras pessoas que eu amo mas eu não sou inseguro sobre minha arte, eu sei que eu posso até ser podre em todo o resto mas eu sou um artista satisfeito com a própria arte.
AP: Tenho aqui anotado alguns trending topics que acompanharam o lançamento do curta metragem. São eles: #ClubeDosCornos, "Damien otário", "Justice for Kyle", "ISSO É CINEMA", e até "Volta Kylucca". Além de claro, a tag do álbum #thenightalsohugsthewaves e #tnahtw. Muita coisa, não?
Kyle: Caralho! Eu não sabia que tudo isso tinha acontecido. Eu não sei exatamente o que são trending topics mas acho que o nome é autoexplicativo, devem ser palavras que o algoritmo detectou serem incluídas em tweets inúmeras vezes, certo? Bom… eu não sei o que dizer sobre isso. Eu entendo que as pessoas têm essa ânsia de falar sobre as pessoas reais envolvidas em tudo que os artistas lançam, eu realmente compreendo que isso é assunto e entretenimento mas eu não acho que isso importe, pra falar a verdade. Tá tudo bem pessoal do Twitter, não precisa pedir justiça por mim, afinal eu nem tô sofrendo uma injustiça. Eu gostaria de dizer que como eu disse, nem tudo no curta é real, muitas coisas foram colocadas pra simplificar dinâmicas que eu queria explicar ou pra metaforizar coisas diferentes que aconteceram. Eu realmente gosto de deixar tudo que eu faço aberto à interpretação, também é entretenimento pra mim ver vocês comentarem o que pensaram e como entenderam as coisas, alguns de vocês acertaram e alguns de vocês erraram mas independente disso, eu gostaria de falar, existe muita gente com talento cara! Escrevam livros ou dirijam filmes com essas coisas que vocês inventaram, eu vou me sentir lisonjeado de ter sido parte da inspiração pra arte de vocês. Obrigado a quem disse que meu curta é cinema, também, vocês me entendem. Fico feliz que tenham gostado. Também… eles criaram um nome juntando o meu e o do Lucca? -*ele dá risada.*- Isso é fofo, caras. Muito legal. Espero que não tenha incomodado o Lucca.
AP: No seu twitter você postou:
"@kylecolbertha: i hope you liked the short film for the night also hugs the waves... it means A FUCKING LOT to me, it's like... parts of my story with parts of fiction but still the ficticious parts are a great metaphor to explain and represent all the feelings i went through last year"
Com mais de trinta minutos de short-film, definitivamente "ISSO É CINEMA". Os temas abordados no filme são de bastante conhecimento público, visto que seus relacionamentos também tiveram uma certa exposição midiática, o que com certeza ajudou o público a conectar alguns pontos e deduzir significados das coisas que apareceram no curta. Mas como fez esse tweet, sinto que posso perguntar sobre os pontos que ficaram em aberto: quais são as partes fictícias do curta-metragem?
Kyle: Eu não sei se quero responder isso. Eu não me importaria em responder mas eu acho que quanto mais eu explico, mais restrita fica a possibilidade de entendimento e identificação com o curta. Eu não quero falar que ele é sobre coisa X, porque as vezes pessoas entenderam que ele é sobre coisa Y e se sentiram vistas pelo curta por conta disso. Eu nunca gostaria de estragar a magia pra essas pessoas. Eu acho que o que eu posso dizer é que independente do que seja real e do que seja fictício, tá tudo bem agora. Esse curta é sobre o passado e no presente, as coisas estão bem na minha vida, se é isso que preocupa vocês. Eu acho que a arte também vai além disso, além da minha vida e de fofocas, tipo, pensem na história pela história. O que vocês acham da representação? A única coisa que eu gostaria de destacar é que todos os personagens são humanos. Nós somos seres humanos, nós cometemos erros, machucamos e somos machucados, vocês nunca vão achar uma vítima ou um agente perfeitos.
AP: Fico mais tranquilo, particularmente depois da cena da agressão com Daniel, muito se especulou sobre algum possível abuso físico que possa ter sofrido no seu último relacionamento. Tenho certeza que deve ter lido muitos comentários na internet sobre isso, mas aqui, nós passamos a pergunta sobre o filtro da moralidade, então não precisa responder nada que não queira, independentemente do motivo.
Kyle: Tudo bem, obrigado pela atenção a isso. Eu só gostaria que as pessoas parassem de vincular os personagens a pessoas reais. O Daniel e o Logan podem ser sobre várias pessoas diferentes, eles podem ter características de várias pessoas ao mesmo tempo. Talvez o Daniel não represente SÓ UMA PESSOA, talvez nem seja a pessoa que vocês acham que é. Talvez o Logan seja a pessoa que vocês acham que é, talvez não seja… enfim, vocês entenderam a ideia. Eu gosto muito que vocês tenham iniciado uma discussão sobre essas pautas, mas eu gostaria também que vocês discutissem sobre o curta no geral, não sobre os paralelos que supostamente ele faz com a vida real.
AP: Além de você, os atores principais do curta-metragem são David Taylor, que interpretou Logan, e Brad Souza, que interpretou Daniel. Você já os conhecia antes, ou seu primeiro contato com eles foi nos preparativos das gravações?
Kyle: Eu já conhecia o David. Ele foi um participante do reality show Matches que o Lucca fez pra formar uma boyband e tal, mas na verdade, não foi só por isso que ele foi escolhido pra estrear. Ele passou por uma audição assim como vários outros atores, incluindo o Brad. Os dois conseguiram os papéis por mérito mesmo. Meu primeiro contato com o Brad foi mesmo na audição e ele foi ótimo. O David foi realmente excelente, ele é um ator brilhante. O Brad é ótimo também e eu espero que ele siga carreira, achei que foi até desperdício usar o potencial dele num papel meio… secundário, irrelevante… como o do Daniel.
AP: O short-film foi lançado definitivamente como uma surpresa. Sem trailers, sem tweets anunciando ou sequer dando dicas… há quanto tempo ele está sendo produzido debaixo dos panos?
Kyle: Ah, cara, aposto que essa resposta vai levantar muitas teorias também, mas… ele já tá pronto desde o ano passado, pra falar a verdade. Eu queria que as pessoas passassem muito tempo só com as músicas e invocaram um cenário e um imaginário próprio ao escutar elas antes de ter acesso à minha própria abordagem visual das músicas, por isso demorei tanto, mas sim, tudo que inspirou o curta aconteceu durante o ano passado, inclusive a minha volta à casa azul, que é o final do curta.
AP: A sua gravadora, Arcade Records é de longe a maior empresa de música da América do Norte, diversas vezes já pontuaram como a empresa investe em talentos sem necessariamente ter um retorno comercial proporcional de volta. Você também acha que a Arcade é uma "ONG debute aqui, necessitado" ou acha que tem um propósito maior por trás disso?
Kyle: Eu não acho que isso seja característica de uma ONG, acho que isso é característica de uma gravadora que preza pelo talento e acredita na auto expressão genuína dos artistas ao invés de investir em montar um personagem perfeito para desenvolver uma relação parassocial com as massas e criar músicas sem sal que só falem o que todo mundo quer ouvir, eu acho isso muito legal. A Arcade é uma casa pra mim, eu acho quase todo mundo que trabalha nessa gravadora muito foda. Eu acho que tipo… eu entendo, gravadoras precisam de lucro, mas chega um momento em que seu lucro está muito acima do que você precisa, então por que não ajudar um artista novo e diferente, mesmo que ele não atinja os mesmos números que os artistas mais comerciais da indústria? Vocês viram quanto dinheiro a Harmon rendeu pra Arcade em vendas e turnê? aquele dinheiro sustenta muita gente por muitos anos, cara! Eu acho que correr riscos é uma parte muito importante em criar arte realmente valiosa, arte revolucionária, inovadora. Pessoas que fazem o que todo mundo faz raramente são lembradas na história por criar uma onda na indústria. A Agatha e a Plastique não foram sempre as artistas mais lucrativas de todas, mas quem da geração delas atingiu o nível de impacto, importância e longevidade delas?
AP: Onde o curta-metragem foi gravado?
Kyle: O curta foi gravado no local em que eu morei quando criança, no Southside em Nova Iorque. Ele é chamado de "gueto" por racistas e elitistas, mas esse lugar é um orgulho pra mim, a diversidade cultural que existe nele foi uma exposição que fez experiências muito formativas pra mim e pra Harmon, e eu digo isso no bom sentido. Quer dizer, nós somos privilegiados, é só olhar pra nossa cara, brancos, loiros, olhos azuis, a vida é mais fácil pra gente. Mas estar lá, exposto a culturas afro americanas, latinas, orientais, ensinou lições valiosas pra mim, o mesmo pra Harmon, claramente. É um lugar especial pra nós, ela não teria feito uma música em homenagem a ele se não fosse especial.
AP: E quanto tempo durou a filmagem?
Kyle: Uma semana. Isso porque como diretor, eu gosto muito de valorizar a criatividade de todos, eu odeio ser o tipo de diretor que é autoritário. Eu ouvi as ideias do David, do Brad, de toda a equipe e nós discutimos isso várias vezes, sempre parando pra ouvir novas ideias e tal.
AP: Deve ter sido muito maravilhoso ver um projeto interessante e pessoal como esse tomar um corpo físico em tão pouco tempo, se for colocar em perspectiva que o álbum já saiu há mais de sete meses…. e ainda mais deixar ele guardado por TANTO TEMPO! Se o álbum saiu no ano passado, e o short-film estava pronto também, pelo menos passaram cinco meses com ele guardado. Você é um diabinho por guardar isso por tanto tempo! Não ficou ansioso para que o público visse logo?
Kyle: Eu tava ansioso pra caralho, esse curta é muito especial pra mim, inclusive isso também é parte do motivo pra eu não gostar muito quando fazem ele ser sobre outras pessoas. Mas eu estava muito determinado a deixar as pessoas escutarem o álbum muitas vezes e absorver tudo nele pra depois lançar a parte visual, era muito importante pra mim e talvez eu até adote essa dinâmica pros meus próximos lançamentos, na verdade…
AP: Uma das partes definitivamente mais marcantes do short-film é todo o trabalho que teve em cima da construção das cenas, ambientação e cinematografia. O curta realmente traz aspectos não só da sonoridade do álbum mas também das capas dos singles, com a cinematografia toda urbana, e sempre com os inserts de dois tons de luzes diferentes, em diversas cenas, assim como as capas de single que tem as cores azul e vermelha, ou como fizemos aqui no photoshoot para a capa da Alternative Press, rosa e verde. Qual o motivo por trás dessa abordagem de colorimetria nos visuais?
Kyle: Bom, antes de tudo, eu acho que as luzes são talvez a parte mais importante da identidade visual da era, elas invocam o imaginário da vida noturna que é grande parte da inspiração até pras músicas em si, elas são inspiradas em muito do que eu escuto nos clubes que eu vou, que são os clubes de rock aqui de Los Angeles. Apesar disso, eu queria fazer um tributo à vida noturna da minha cidade natal, Nova Iorque. A dinâmica de cores é realmente que os pares escolhidos sempre são cores complementares, acho que foi um jeito de colocar o romantismo do álbum na identidade visual, cores complementares representando almas gêmeas, kindred spirits, algo assim. Mas além das cores, minha inspiração veio também do fato de que eu sou muito fã da Veronica West e ela, entre outras pessoas, criou uma das minhas séries de TV preferidas, chamada High Fidelity, de 2020. Ela só teve uma temporada e foi cancelada, mas aqueles 10 episódios mudaram minha vida pra sempre. Então, esse conceito de usar a vida noturna de Nova Iorque foi inspirado diretamente pelas cenas em que a protagonista Robyn tá bêbada ou chapada andando à noite pelas ruas da cidade à noite, iluminada pelas luzes dos semáforos e da entrada das baladas, e ela tem várias epifanias nessas horas da série, quase como aconteceu comigo durante toda essa merda que rolou e inspirou o álbum, o curta e tudo desse universo, seja o musical, seja o visual.
AP: É muito impressionante ver uma pessoa tão envolvida no assunto falar disso. Aproveitando que tocamos neste assunto, você já demonstrou diversas vezes sua versatilidade como diretor, já que no seu repertório há tanto clipes coloridos e fantasiosos como o de Sidelines de Harmon Moore, quanto um clipe com uma estética muito mais madura com diversos nuances da vida real, cruel, como o seu curta. Você é formado em cinema, certo? Onde se formou?
Kyle: Sim. Eu me formei na Tisch School of the Arts, uma divisão da NYU. Foi muito bom. Na verdade, ano passado foi o meu último ano como estudante, eu realmente me formei durante o lançamento do the night also hugs the waves. Foi maluco, foi muito difícil mas valeu a pena pra caralho.
AP: Você já vem trabalhando como diretor na Arcade Records há bem mais tempo que parece. Pelo que vi aqui, seu primeiro trabalho na empresa foi na direção do clipe de Feel On Me, de Apollyon. Que é um clipe simples e caseiro, mas mesmo assim com uma estética bem coesa, o que é um grande feito considerando que há cenas de mais de dezesseis artistas que gravaram em suas casas, cenas diferentes, em ambientes completamente diferentes. Mas além disso, há 8 clipes que você dirigiu nos últimos anos, alguns até inusitados! São eles: todos os clipes da era Clueless, de Harmon sua irmã, no caso, os clipes de Clueless, Sidelines e Groupie Love, também os clipes de Feel On Me e Can’t You Feel Me? de Apollyon, o clipe de Birthday da Yves, e na área que eu me surpreendi, o clipe de Paradise Lost da Mirae, e o clipe de UTOPIA do girl group BELLA! É um repertório E TANTO!
Kyle: Sim, sim… eu fico muito feliz por todas essas pessoas terem confiado os videoclipes das músicas incríveis deles a mim. Claro, eu trabalhei em todos os visuais do Clueless com a Harmon porque ela é minha irmã, mas foi realmente uma honra ser convidado a trabalhar com todos os outros também, faz muito bem pra autoestima saber que as pessoas apreciam seu trabalho. Imaginem só o quanto ter tudo isso no meu currículo me ajudou com meus professores na NYU…
AP: Para artistas da Arcade, que consequentemente são seus amigos, até imagino que haja uma conexão mais fácil, como Apollyon, Yves e até sua irmã… mas até chegando no mundinho do K-Pop? Que loucura! Como isso foi acontecer?
Kyle: Bom, as empresas de K-Pop são muito boas em acompanhar as movimentações da indústria, né? Talvez eles viram meu trabalho com os meus amigos e a Harmon, gostaram e resolveram entrar em contato comigo. E também, o KJ também tá no meu círculo de amizade, o Brendon fez a conexão entre nós dois e o KJ é uma pessoa generosa, ele não me falou nada mas provavelmente deve ter feito alguma propaganda do meu trabalho na Body & Seoul e acabou me ajudando a chegar na Mirae, o que me introduziu ao mundo do K-Pop e provavelmente me fez chegar aos ouvidos do BELLA, que foram muito incríveis e profissionais, por sinal, eu gostei muito de trabalhar com elas.
AP: E depois disso, você tem trabalhado com mais artistas de mercados tão distintos como estes?
Kyle: Na verdade, eu dei um tempo de trabalhar como diretor para outros artistas porque eu queria justamente focar no curta pra finalizar a era do the night also hugs the waves. Talvez, agora, eu volte a aceitar mais trabalhos enquanto me deixo viver mais pra escrever mais músicas pro meu próximo álbum. É muito foda ver a dinâmica de trabalho dos outros artistas, como eles pensam e como eles criam.
AP: E tem alguém que você gostaria de trabalhar junto nessa questão de direção?
Kyle: Muitas pessoas. Eu gosto muito dos artistas do alternativo no geral e não tive muita oportunidade de trabalhar com eles, como a Plastique, a Agatha, a Hina…
AP: Você tem visto clipes que saíram neste ano? Do seu ponto de vista, quais acha que foram os mais interessantes, que realmente trazem alguma coisa nova para o mundo da música?
Kyle: Pra falar a verdade eu não vi muitos… eu gostei bastante do curta de Honeymoon do Lucca, a sutileza do eroticismo no universo dos esportes ainda… muito foda, capturou bem a essência de Challengers. Eu também gostei bastante do videoclipe de Fighting, do RAVEN. Elas são muito fodas, são referência de rock bem melhor que muitos artistas autointitulados rock ocidentais.
AP: Seu processo criativo deve ser bem intrigante, Kyle. Tanto para música quanto para clipes. Além dos aspectos óbvios, você sente uma distinção muito grande de um pro outro, quando projeta seus clipes, e quanto projeta suas músicas?
Kyle: Na verdade, por incrível que pareça, não. Porque eu acho que por ter essas duas mentes, a de compositor e a de diretor, muito conectadas, eu meio que involuntariamente faço as duas coisas ao mesmo, tanto é que existe muita coisa visual nas minhas letras também…
AP: Definitivamente. Para um artista como você, que frequentemente conhece os dois lados da moeda do quesito audiovisual, as músicas devem até acabar já se formando com cenas projetadas na sua cabeça, não? Seu caderno de letras é cheio de desenhos?
Kyle: Exatamente! Desenhos, anotações, muitas vezes eu uso o próprio aspecto descritivo das minhas músicas pra ajudar nos visuais também, fazendo o inverso de quando eu imagino visuais e coloco nas músicas.
AP: E no estúdio? Quando você está criando as suas músicas, qual é o ambiente? Extremamente profissional, extremamente amigável? Um mix dos dois?
Kyle: Eu acho que eu tenho a sorte de ter uma relação amigável com todo mundo sem precisar pedir profissionalismo, as pessoas já entendem que a gente precisa ser profissional pra dar tudo certo.
AP: O álbum conta com alguns produtores, são eles: Apollyon, MOX, você mesmo Kyle Moore, Leviathan Reed e Lizzie Borden. Estes dois últimos são integrantes da banda que você também faz parte, a Headless Angel, certo?
Kyle: Sim. A banda sempre está envolvida em tudo, a gente gosta de fazer tudo junto porque temos visões e gostos muito parecidos, então a gente sempre sabe do que nós precisamos.
AP: Então deve ter sido moleza trabalhar com eles, praticamente deve estar acostumado.
Kyle: Com certeza. A Lizzie e o Levi são tipo meus irmãos mais velhos, com todo respeito à minha irmã mais velha real.
AP: MOX é um nome muito misterioso na música atualmente. A mixtape dela CYBRlife teve uma recepção bem controversa, e explorou gêneros musicais bem incomuns. Qual foi a participação dela no seu álbum, e como foi trabalhar com ela? Ela é mesmo toda metalizada na vida real?
Kyle: Não. -*ele dá risada.*- A MOX é uma pessoa real, aquela mulher metalizada de cabelo rosa super foda é só uma personagem que ela usa pra não expor a própria aparência. Foi muito foda trabalhar com ela, a gente trabalhou juntos só pra hard rain por enquanto mas eu com certeza trabalharia com ela mais vezes, ela é uma visionária.
AP: E o último produtor: Apollyon. Ele foi o único produtor do álbum de sua irmã, Harmon, o Clueless. Você achou que ele tendo produzido um álbum tão polarmente oposto como este de Harmon, colorido e brilhante, seria algo a se preocupar quando ele fosse produzir para você?
Kyle: Não. Tipo, eu também sou muito fã do Brendon desde a época do Panic! e eu conheço muito bem a versatilidade dele. Mesmo em carreira solo ele tem albuns de rock, pop, eletrônicos, dark pop… sempre soube que ele ia entender o que eu tava querendo com as músicas.
AP: E como foi trabalhar com ele? Quais as músicas que vocês fizeram juntos?
Kyle: O Brendon é muito foda, ele é uma das pessoas mais simpáticas que eu conheço, além de ser super rápido de raciocínio e ter bastante bagagem conceitual, ele entende o que eu quero até mesmo quando eu não sei explicar muito bem. Ele trabalhou comigo nas músicas rocks mais tradicionais, tipo… wildfire, lantern, not worth thinking of e ocean eyes. Depois, também me ajudou com drowning e com the sky hugs the sea waves.
AP: É muita pressão trabalhar dentro do estúdio com o seu patrão?
Kyle: Não. O Brendon não é o patrão chato de jeito nenhum, ele é muito amigável e ele sabe como exigir coisas e gerenciar a gravadora de um jeito mais responsável, ele sabe impor a si mesmo com bastante jogo de cintura e sem usar de reafirmação ou autoritarismo.
AP: No fim das contas, ao seu lado, todos esses incríveis nomes criaram um álbum muito impressionante. Espero que agora que o álbum caiu nas graças de uma audiência maior, ele ganhe o reconhecimento que merece! Mas já merecia há muito tempo, já que três dos seis singles que lançou foram eleitos Best New Tracks nas semanas de lançamento… e provavelmente seriam mais, caso eles não tivessem sido lançados em pares, e estivessem competindo uns com os outros. Você esperava este tipo de recepção crítica quando os lançou?
Kyle: Na verdade, eu não saberia dizer porque não acho que acredito muito na crítica. Eu acho que às vezes, ela envolve outras coisas além da qualidade da música.
AP: Além disso, o single wildfire detém um recorde, de ter uma nota 10 na Best New Track! Somente duas músicas tem esta nota, e uma delas é sua! Dito isso, wildfire parece ser a favorita dos fãs, correto?
Kyle: Sim, eu acho que sim, ela parece ser a favorita de todo mundo!
AP: E a sua favorita, qual é?
Kyle: A minha favorita não é wildfire, desculpa gente… minha favorita é lantern, com certeza, eu amo tudo sobre ela.
AP: E por acaso, podemos esperar algum tipo de visual para as músicas do "the breaking down edition", a versão deluxe de seu álbum? Vamos lá, Kyle, são só duas músicas!
Kyle: Provavelmente não… eu to bem investido no meu próximo álbum, já… estive lendo muitas coisas, sentindo muitas coisas, e quero muito escrever sobre tudo.
AP: Falando de músicas novas… neste mês você lançou a versão deluxe do seu álbum, "the night also hugs the waves, breaking down edition", com duas músicas novas, continuando a sua era… mas em Fevereiro deste ano, você lançou o single Good Friends que não está incluída nesta versão nova do álbum. De onde veio Good Friends?
Kyle: Veio de um reencontro que eu tive com uma pessoa muito especial, pouco depois de terminar tudo com meu ex-marido. Vou falar mais sobre isso quando for a vez de good friends brilhar.
AP: Mesmo? O que podemos esperar do seu futuro, falando na questão de músicas?
Kyle: Ah, cara… nem eu sei ainda… mas provavelmente mais coisas parecidas com good friends, mais distantes de the night also hugs the waves.
AP: Bom, Kyle, foi um prazer imenso ter você aqui na Alternative Press pra dar essa entrevista. Eu mesmo me sinto muito contente de ter sido selecionado para te entrevistar. É incrível ver novos nomes despontando de forma tão criativa e fora dos moldes da indústria. Tem algo mais a adicionar?
Kyle: Muito obrigado. Eu só gostaria de agradecer de novo, tá sendo maluco ver as músicas e o curta receberem tanto amor assim, meu coração rock 'n roll tá quentinho. Valeu, gente.
AP: Muito obrigado por tudo! Até mais!
[DIVULGAÇÃO PARA THE NIGHT ALSO HUGS THE WAVES E THE SKY HUGS THE SEA WAVES]