BRÜ — De Onde Vinha?
May 11, 2024 17:03:01 GMT
Post by nad on May 11, 2024 17:03:01 GMT
RELEASED 11.05
LABEL CAJU Lab and Display Media.
PRODUCED BY Tieta, Jared Roth
LENGHT 3:48
WRITTEN BY Brü
GENREs
"De Onde Vinha?" é uma reflexão sobre a desumanização e a exploração enfrentadas por mulheres trans negras, em uma sociedade que as reduzem a uma mercadoria. A letra revela a crueldade da fetichização e do racismo, enquanto Brü é confrontada com o desprezo e a objetificação, mesmo já estando em um lugar privilegiado de fama e dinheiro. A música questiona a origem dessa exploração, destacando a necessidade de resistência e empoderamento na frente desse sistema.
Eu botei os pés ali, naquela calçada
Onde estavam os homens, um aberto leilão
Eu era um enigma, uma aberração
Era uma coisa, mas que oferta boa, boa, boa, boa, boa, boa
Era quase de graça
Tava por acaso ali, não trabalhava
Chamavam “mulata”, queriam algodão
Tava na Angola, tava na Cabinda
No Monjolo, no Congo, no barco
E eu, e eu, e eu, e eu, e eu, e eu
A me perguntar, de onde vinha?
Era uma vendagem, com muitas tiragens
Nem me questionavam se eu era ou não
E mesmo com marcas, mesmo bem vestida
Eles apenas vinham, e vinham, e vinham e vinham, e vinham
Tinham a mesma cara
Tinham ternos chiques
Com carros do ano, eram homens brancos
Fetichização
E eles me queriam, pegavam em minhas tranças
Mãos de heranças, brancas, oh não, oh não, oh não, oh não, oh não
E eu me perguntava, de onde vinha?
De onde vinha, de onde vinha?
De onde vinha, de onde vinha?
De onde vinha, de onde vinha?
De onde vinha?
Estava exposta ali, completamente
Avaliavam meus dentes, me passavam a mão
Deram preço para o meu sexo, falavam que eu não valia muito, como em 1500
Me queriam nua, nua, nua, nua, nua
E meu eu calado
Chicotes elétricos, para suas fantasias
Celulares filmam sem minha permissão
E eu me explicava que não tinha essa vida
Mas eu era a vida, não podia, no meio do dia, dia, dia, dia, dia, dia, dia
Queria uma saída, de onde vinha?
Minha cor, meu corpo, todos meus recortes
Uma princesa a venda para a escravidão
E eu até dizia, fingiam que não ouviam
Pois na fantasia, eu não era minha
Mas deles, deles, deles, deles, deles
Só o que eles queriam
Ouvia as conversas, eram inteligentes
Mas se eu me negar, me botam na prisão
Eles são os filhos de quem tinha o poder
E pra eles é inadmissível, era impossível
“nem mil?”, “nem mil?”, “nem mil?”, “nem mil?”, “nem mil?”
Era o que eu ouvia, de onde vinham?
De onde vinha, de onde vinha?
De onde vinha, de onde vinha?
De onde vinha, de onde vinha?
De onde vinha?