Lucca Lordgan - LES HOMMES
Jan 12, 2024 3:43:50 GMT
Post by vini on Jan 12, 2024 3:43:50 GMT
Sharp Apple
Escrito por:
Nota: 75
Les Hommes é o mais recente trabalho do italiano mais querido internacionalmente, Lucca Lordgan. O álbum que apresenta uma mistura heterogênea de gênero serve quase como uma disstrack para sua lista de contato de Grindr, algo com que muitos gays podem se identificar.
O álbum abre com uma intro bastante pessoal que nos leva de mãos dadas para o universo de Les Hommes, mas confesso que tudo que passa pela minha cabeça quando ouço “see what’s inside of Les Hommes” são pensamentos bastante intrusivos, torpes e que deixariam qualquer estudante de quinta série surpreso.
Infelizmente, a faixa que serve de abertura para o álbum nada tem a ver com a primeira música do mesmo, nem sonoramente, nem em estilo, nem em nada. Sobre a faixa “How I Love” em si, boa sorte para a Rocket em fazer a versão não explícita dela. A música é de uma safadeza tão suave que chega a realmente dar dó do Lucca por ter passado por esse relacionamento tão descompensado e desbalanceado onde um se entrega mais que o outro. O rap não adiciona nada, nem quente, nem frio, zero graus está ótimo e parece que só está lá para não fazer parecer repetitivo dois refrões gigantes um depois do outro.
Em “Midas”, referência a personagem grega amaldiçoada a transformar tudo que toca em ouro, descobrimos que Lucca tem fetiche por Golden Shower, por que se não é isso que ele quer dizer com “You’re a shower, let me glow. Midas touched, fuck me over. Got me bleeding for your gold”, sugiro que demita o ELLIOT e contrate um liricista. A música não tem nada demais, um dance-pop alternativo com temática sexual. É ótima para dançar, mas não inova em nada.
Para começar a falar de “End of The Edge”, primeiro eu preciso perguntar: tá tudo bem Lucca? Ele te batia né? Já passou já. Essa é uma faixa muito profunda, pesada e catártica de se ouvir. Dá para sentir a dor de ser abandonado, jogado de lado, escorraçado enquanto ainda emocionalmente atrelado a uma outra pessoa (cujo eu tenho certeza que batia nele). Vai levar uns bons anos de terapia pro Lucca superar esse aqui, mas se for pra servir música boa assim, espero que não supere nunca.
Passando para a próxima faixa, faz-se perceber que a mudança de gênero musical serve de pista para como Lucca vê e trata o relacionamento com aquele determinado rapaz. Tivemos duas faixas de R&B alternativo para relacionamentos de merda, mas o dance pop, sempre intercalado com o gênero anterior, vem denunciar bons relacionamentos. Mas Lucca tem um sério problema de entrega, acho que o pai dele não o deu muita atenção, porque “Hardcore” mostra que é só cutucar seu ponto G com um pouco mais de força que ele se apaixona fácil fácil. Contudo, não vejam isso como reclamação, a sedução está na voz do cantor que nos embala em uma música dançante.
Mais uma faixa dançante, mais um europop e eu só tenho uma coisa a dizer: “LUCCA PELO AMOR DE DEUS SE PRESERVA HOMME”. Mais um que não trata ele de forma equivalente, mas, aparentemente, aqui, e me desculpem as palavras, é amor de pica e o Lucca está bem consciente disso. Entregou uma faixa erótica, mas de palavras sinuosas, veladas. Bastante dançante. Teria sido uma ótima opção de lead single.
Em seguida, Lucca finalmente faz o que eu venho implorando para ele fazer ao longo desse álbum, ele mostra amor próprio. Mas é tanto amor, que não cabe no peito, ele tem que enfiar no cu e como se não bastasse, ele tem que mostrar para todo mundo. Ou seja, um hino de apreço a todos os atores de onlyfans. Façam como o Lucca, se amem. Mas para além disso, é muito inteligente da parte dele usar um R&B mais ritmado para tratar de autoprazer, pois esse é um gênero sim de tratar de emoções, mas poucas vezes sobre si próprio. É, Lucca, não há nada de narcisista em olhar sua bunda no espelho e se amar, mas as pessoas fazem com que nos sintamos assim.
Para “Party for Three”, com participação de alguém chamado KJ, eu acho que não, o lugar dessa faixa não devia ser nesse álbum, ela na verdade deveria ser lida pelo fantoche Marcelinho, no show Marcelinho lê contos eróticos. A temática sexual rasa e escrachada já ficou tão repetitiva que nem um rap e a temática do amor livre das amarras monogâmicas impede que essa música pareça um grito desesperado por atenção. Eu nunca ouvi uma música com uma produção musical tão boa com uma temática e letras tão chatas. Dessa vez, não deu, ao contrário do Lucca.
Após nos mostrar que pode ser raso, simplista, baixo e repetitivo, em Better, Lucca, finalmente, nos apresenta uma faixa onde alguém aparentemente ama ele de fato e ele o ama de volta. O refrão é extremamente bem construído através da repetição de estruturas, as quais combinam muito bem com a batida mais “dance” dessa faixa R&B. O que, inclusive, me leva a reflexão batida mais “dance” dessa faixa R&B. O que, inclusive me leva a reflexão de os gêneros mais misturados no início do álbum dá a entender que Lucca estava namorando tipos de homens muito diferentes, mas quando temos uma constância do R&B, seja esse mais lento ou mais agitado, podemos entender que o cantor encontrou o seu “tipo”. Essa faixa com certeza é um refresco das temáticas repetitivas apresentadas.
Passando para “Fantisize”, só consigo pensar em duas coisas: a primeira é o Lucca, quando quer e se esforça, é um ótimo liricista e sabe falar de coisas de forma poética sem descer o nível e a segunda é que essa faixa é o hino dos adeptos de sexting ou phonesex. Pode-se sentir a dor da distância e ao mesmo tempo o prazer da imaginação que conecta os dois.
Quando passamos de Fantasize para Honeymoon as batidas compassadas da primeira se transformam em sintetizadores bem marcados que depois são preenchidos pela percussão como se as duas faixas fossem complementos uma da outra. E aqui eu posso dizer “OBRIGADO”. Essa foi a faixa pela qual eu esperei o álbum. A explosão poética da música se materializa na construção melódica desta. O instrumental vai se construindo até que explode, o que faz a gente sentir toda essa emoção romântica que o Lucca quer transmitir. Aqui é o ápice do amor dele, é a entrega do corpo, da alma, de tudo. A paixão é tão grande que os dois se conectam e consomem o amor.
Infelizmente todo esse amor, poetismo e entrega vão para as cucuias e somos apresentados a, Dirty Night, mais uma faixa de puro pornô chanchada que gira em torno de mais um amor unilateral onde só o Lucca ama, ou ninguém ama também. Essa música tem um timing horroroso e não deveria ter sido apresentada nessa altura do álbum, ou nem sequer deveria estar no álbum. A única coisa que salva é a produção experimental que beira ao hyperpop. Obrigado por isso ELLIOT.
E para fechar o álbum, fica claro que o Lucca gosta de brincar com as emoções dessa crítica que vós fala. Pra que colocar esse refúgio lírico que foi Dirty Night se você pode compôr algo como Sunset? Claro, liricamente, não é a coisa mais genial que se já escreveu, mas faz muito mais sentido na sequência do álbum, além de ser um ótimo fechamento.
Para encerrar, eu suplico, Lucca, vá para terapia para tratar esse obsessão com sexo que você tem. Não que eu seja a pessoa mais puritana do universo, mas não reduza a sua capacidade de escrever lindas letras em apenas descrever uma cena do PornHub, é triste. Quando o cantor quer, ele é capaz de criar a mais pura poesia romancista, subjetiva e apaixonada. Espero que para seus próximos trabalhos ele invista mais nisto.
Seeker
Escrito por: Nadja Burgees
Nota: 69
A riqueza emocional de "LES HOMMES" se revela em cada faixa. Desde a suavidade das melodias até os arranjos mais arrojados, Lucca mergulha nas nuances dos relacionamentos masculinos. A parceria com ELLIOT e MuSa não apenas adicionou camadas sonoras, mas também trouxe uma profundidade lírica que ecoa as experiências vividas pelo artista. A fusão entre os gêneros Pop, R&B e Alternativo cria uma paisagem sonora dinâmica, permitindo que cada música conte uma história única, repleta de emoções e vivacidade. Este é um álbum que convida os ouvintes a mergulharem nas experiências íntimas e apaixonadas de Lucca, explorando um mundo de sentimentos e conexões profundas. No entanto, essa evolução pode, em alguns momentos, parecer uma troca entre o experimentalismo vibrante do álbum anterior e uma abordagem mais introspectiva, o que pode ofuscar a vivacidade característica de Lucca em determinados pontos de "LES HOMMES", o que nos deixa questionar: pra onde foi esse Lucca Lordgan?
Dreamy
Escrito por: -
Nota: 67
Les Hommes de Lucca Lordgan é uma festa de fim de semana com amigos onde tudo o que se serve são maneiras de saciar os desejos carnais. Com letras de profundidade equivalentes a uma piscina de plástico de dois mil litros, o mais recente disco do hitmaker italiano parece se esforçar para não prender a atenção do ouvinte. O maior problema não são as batidas eletrônicas e o pop básico que agrada a todos - não sendo este um ponto negativo -, mas sim o liricismo raso e repetitivo. A proposta inicial do projeto era que servisse de uma lista de aventuras e que cada música é direcionada para um homem que Lucca já se relacionou; a ideia até seria interessante se de fato houvesse repertório o suficiente para isso, no sentido que um ouvinte desavisado seria incapaz de identificar essa concepção. Durante umas oito faixas do álbum, parece que estamos ouvindo a mesma canção em diferentes instrumentais, pois sempre são os mesmos temas retratados de uma forma semelhante, afinal de contas não há tantas formas de abordar a hiperexposição de sua sexualidade. O tema em si não é o problema, mas a iteração maçante nesse mar de suor e prazer articulado por Lucca no qual o bom ouvinte é jogado à deriva. Poucas faixas sobressaem, mas infelizmente não por serem excepcionais ou incrivelmente boas, mas simplesmente por serem diferentes. O single End of Edge e a faixa Better são bons exemplo disso; são pausas para respirar em meio a monotonia fortemente estruturada do disco. O que se destaca, todavia, são as produções muito bem pensadas e que ajudam a manter um fluxo saudável no álbum e diminui a sensação de maresia - no entanto, apesar de haver músicas boas, não há um ponto alto que te faça se agarrar àquele material. Les Hommes, que por alguma razão não especificada tem seu título em francês, termina com a adorável Sunset, uma música que traduz o sentimento do pôr-do-sol indicando o final de uma festa que durou o dia inteiro, sendo esta uma das melhores letras de todo o projeto. Nem todo disco precisa ser conceitual ou triste, algumas vezes realmente só queremos nos divertir e músicas desse tipo são excelentes para isso, porém esperamos de um artista como Lucca um certo nível de criticidade com os próprios trabalhos e consciência de como um álbum de treze faixas pode ficar facilmente entediante, esperamos que o cantor aceite o feedback e encare a crítica como forma de crescer e amadurecer profissional e artisticamente para que nos sirva ainda mais conteúdos de melhor qualidade no futuro, já que seu talento é de fato inegável.