Alexa Bloom é capa da Harper's Bazaar
Nov 23, 2023 18:35:59 GMT
Post by luis on Nov 23, 2023 18:35:59 GMT
[Divulgação pra "go off (bye,hey)"]
“Posso fazer uma pergunta importante antes da gente começar?” Diz Alexa Bloom. Sua voz suave preenche a sala, bem como sua voz quando canta em suas canções. Essa é uma pergunta que ela faz pra quase todos que conhece, e sempre percebe que as pessoas começam a responde-la antes mesmo da pergunta ser concluída, provando sua magnitude.
A sua voz poderia ser uma maravilha do mundo natural, se não fosse claramente uma coisa tão confortável. É um pouco complicado conciliar sua forma física – pouco mais de um metro e meio de altura, oscilando sobre saltos e maquiagens fortes – com o som que ela produz a partir de suas cordas vocais. O mundo inteiro conheceu pelo menos um terço dessa voz quando ela era apenas uma criança, estrelando o sucesso “Hey Alexa”, na Disney. Mesmo assim, aquelas músicas de trilha sonora nunca foram suficiente. Na verdade, o mundo demorou um pouco pra realmente conhecer Alexa Bloom além da personagem e das canções pop chiclete de seriado. Sendo mais direto, o mundo conheceu isso a no máximo, três anos atrás. Uma potência escondida.
Ela promete ser uma potência que vai um pouco além disso. Vozes boas de mulheres negras cantando o bom e clássico R&B, que caiu da popularidade nos últimos anos e nos faz enxergar mais uma vez que uma mulher negra deve fazer muito mais pra conseguir sua atenção. Embora cantar bem pareça uma chave pro sucesso de muitas pessoas, para Alexa, isso era apenas mais um fator nem um pouco decisivo. O que poderia diferencia-la do resto são suas composições, e Alexa entendeu isso assim que se reaproximou do público, com uma nova imagem mais madura em “Wonder Woman”. Você ainda sabe cantar DNU e Twice, são aquelas letras que te fazem prestar atenção no que realmente está por vir.
Agora, Alexa faz sua pergunta: “Você tá feliz hoje?”. E depois ela completa: “Se não, vamos fazer essa entrevista outro dia. A gente precisa de uma vibe legal pra isso funcionar”.
Essa é a coisa que a faz Alexa Bloom. Criar relações onde quer que vá. Uma comunicadora nata que sempre dá o passo necessário pra deixar o cenário mais confortável pra todos na sala. A Harper’s Baazar teve o privilégio de ter essa conversa e criar essa relação com Alexa, que diz que ainda mais profunda a relação com outras pessoas, é a com si mesma.
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O mundo conheceu cada passo seu dos 13 anos até hoje. Houve alguma coisa que nós perdemos? Como você lida com essa vida pública?
Houve muita coisa que muita gente perdeu, na verdade. Eu sei que todos os artistas falam isso em todas as entrevistas possíveis, mas nunca é tarde pra repetir: A vida mostrada não é exatamente a vida real. Eu felizmente tive pais muito responsáveis e principalmente, meus amigos. Continuei frequentando a escola, continuei com redes sociais privadas, e sempre tentando separar as duas vidas. É claro que isso não foi eficiente sempre; muitas vezes a mídia se misturava com minha vida pessoal, mas não tudo. Tiveram muitos namorinhos adolescentes que as pessoas não sabem. Muitas, mas muitas questões envolvendo a antiga emissora que eu estive. Hoje em dia as pessoas sabem alguma coisa, mas é apenas um terço.
E bem, sobre a forma que eu lido... Por muito tempo, só o que era exibido pras pessoas era mesmo o que eu permitia. Eu, meus pais, meus empresários e até a Disney conseguíamos controlar a minha imagem. Até o dia em que eu... não quis mais. Queria o controle só na minha mão, sem ter que dividir com ninguém, afinal, a personagem era eu. Completei 18 anos e bem... o resto é história.
Você acha que tiveram muitos altos e baixos nessa sua relação com a mídia?
Acho. Mais baixos que altos (risos). Mas isso é uma questão um pouco complexa. Eu tenho certeza que qualquer artista negra que você fizer essa pergunta vai responder a mesma coisa que eu. A mídia, tradicionalmente, já pega mais pesado com a gente. Minha imagem era facilmente manchada por falas e atitudes que se uma artista branca fizesse era tirada como “engraçada” ou “despreocupada”. É muito fácil taxar você como “barraqueira”, “favelada” e enfim, vários adjetivos que circulam com “mal-educada”. Será mesmo que eu sou assim tão mal-educada? Eu já me perguntei isso muitas vezes, e a mídia me fez acreditar que sim por muito tempo. Eu não posso negar meu gene; por muito tempo fui sim desbocada e briguenta na internet, mas... o que fiz de tão diferente assim? Bem, nada. Não posso me sentir envergonhada por ser quem eu sou, não mais.
Você se arrepende das brigas que teve nos últimos anos?
Honestamente? Não totalmente. Seria muita prepotência minha dizer que eu estava certa em todas, o que claramente não é verdade. Eu já perdi a minha razão várias vezes, e isso sim, me arrependo. Mas eu gosto de ser uma pessoa de opinião e por não guardar elas. Por muito tempo eu precisei ser assim, e quando eu finalmente estive em uma posição de igual pra igual com aqueles que competiam comigo, o cenário ficou muito mais confortável pra mim. Eu não quero mais estar em posição de servir a ninguém, então pra isso, me blindei. Bem, eu me blindava. Não sinto que preciso mais usar essa “técnica” hoje em dia. Já consegui o meu espaço e há quem goste e quem odeie. Qualquer coisa, eu sumo por mais dois anos (risos).
Eu gosto de dizzer que todo trabalho meu é como o último, porque... realmente é. Gosto de deixar um legado em tudo que eu faço, porque se por acaso eu sumir um dia, o que foi feito já foi e o que foi dito já está registrado. A história tem que ser feita por alguém, afinal. O que não pode sobrar é o esquecimento.
Quando foi que Alexa Bloom passou de um nome polêmico pra um nome impactante?
Porque não os dois? Má imprensa ainda é boa imprensa. Eu comecei divertida, divertida até demais até as pessoas acharem que por alguma razão, eu não era digna de ser levada a sério artisticamente. Ok... “TikTok” existiu (risos). Mas me julgaram por uma música pra uma série! Eu sempre fui mais que isso e fiz meu melhor pra conseguir provar isso. Acho que consegui. Foi uma surpresa até pra mim quando saíram as críticas do “Wonder Woman”. Nem eu estava acostumada a ser levada a sério pelas pessoas. Mas foi uma transição muito gostosa ver meu nome se tornando talvez uma alternativa pra “qualidade” ao invés de “piada”. As pessoas realmente esperavam uma coisa boa de mim, e isso já aumenta sua autoestima pra caramba. Então embora impactante, aquela divertida-polêmica ainda existe. Ainda sou os dois. Vou ser doida nas festas e brigar no twitter, mas sim, ainda sou uma artista foda. Isso é totalmente possível.
Seu estilo impacta mesmo na sua música? Se sim, ela vai ser diferente de “Wonder Woman”?
Totalmente. Eu criei esse novo disco em uma vibe completamente diferente em que eu estive nos meus projetos anteriores, e na verdade, sempre foi assim. Acho que é por isso que tem um intervalo muito longo entre meus lançamentos: eu espero estar num clima e escrevo sobre isso. As vezes você só sente que está em um período da sua vida que precisa ser escrito. Você olha as situações ao seu redor e diz “merda, eu preciso falar sobre isso”. Por isso que sim, vai ser diferente de “Wonder Woman”. Mas calma, também não é coisa de outro mundo. Ainda sou Alexa Bloom, só estou tentando coisas novas.
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Você se mudou pra Nova York pra criação do seu novo álbum. Porque?
Eu não me mudei definitivamente pra Nova York. LA ainda é meu lugar, e eu estou doida pra voltar pra minha terra (risos). Mas sim, vim temporariamente e nesse período de 1 ano nós caímos duro na produção desse disco. Bem, pra quem não sabe, Nova York e LA ficam em polos literalmente opostos dos Estados Unidos. Eu quis viajar pro outro lado do país pra sentir exatamente essa mudança de ares e me permitir ser uma versão melhor e mais centrada de mim. Me afastar de LA me fez perceber que na verdade eu sou o meu próprio lar e eu vou estar em casa onde quer que eu esteja. Eu precisava enxergar isso pra perceber que sim, eu posso ter uma vida diferente a hora que eu quiser. E foi isso que esse álbum me permitiu sentir. Eu fui diferente, fui mais conservada, mais madura, mais artística. Tenho muito orgulho desse trabalho.
O que esse novo disco fala de Alexa Bloom que “Wonder Woman” não falou?
Uma versão menos vingativa de mim e uma versão mais sincera. Eu culpo mais a mim mesma nesse álbum do que aos outros, e enxergo mais alguns defeitos em mim. Eu sinto que o “Wonder Woman” fala muito sobre ser a fodona e a que não deixa barato, o que é mesmo incrível, mas sendo sincera, eu já fiz muita merda na vida. E eu expus isso no meu novo disco, e sei que muita gente vai me odiar por isso. Mas eu tenho orgulho de onde cheguei e da minha evolução, mas pra falar de evolução, precisamos falar do que vem antes dela também. Esse álbum conta uma história muito mais complicada que o álbum anterior e é um pouco mais dificil de engolir. Mas é, coisas tem que ser ditas.
Como foi o processo criativo e produtivo?
A equipe que trabalhou comigo inclui algumas pessoas que trabalharam no “Wonder Woman” e mais alguns novos nomes. Quase todo mundo é amigo pessoal meu e foi um álbum muito divertido de criar. A gente explorou muita coisa e o que era um risco, se tornou um desafio engraçado ao lado deles. Esse álbum tem rap, pop, ballads e até alternativo. O Max (Max Wolfgang) até disse que tem pop rock, mas acho isso um exagero (risos). Tem um feat super incrível também, que eu não vejo a hora de poder trabalhar. Hm, quanto ao processo criativo, tem histórias reais e histórias meio-reais... não são completamente mentira, mas talvez eu tenha aumentado um pouquinho pra dramatizar. Faz parte da vida de artista.
Pode dizer o nome?
O álbum se chama “Circles”. A gente escolheu o single “go off” pra iniciar a era, tudo muito lowkey. Eu não quis nada muito grandioso, pelo menos por agora. Quero voltar com um passo de cada vez. Lá na frente, vemos o efeito disso a longo prazo. O álbum vai chegar no primeiro trimestre de 2028 e eu quero mesmo provar que posso ser a artista do ano. GQ Man of the year! Ai meu deus, eu citando o nome de uma revista em outra (risos). Perdão mas eu nunca vou me acostumar com isso. Eu tinha me acostumado com essa vida de não-artista!
Você estabeleceu uma meta principal com o “Circles”?
Acho que não com o Circles, mas estabeleci uma meta com a Alexa Bloom. Quero que ela seja um nome que não seja esquecido tão cedo, e que seja levado a sério. Quero que ela encoraje mais as pessoas a serem verdadeiras consigo mesmas e com os outros. Quem tropeça sete vezes, levanta oito. Minha meta é levantar o máximo que eu posso.
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