RAVEN - Mimicry
Nov 6, 2023 21:48:48 GMT
Post by jottavi on Nov 6, 2023 21:48:48 GMT
por Choi Youngnam
De volta aos trilhos, RAVEN faz um comeback muito bem posicionado depois de seu mini-álbum anterior, Purple Light. Com MIMICRY, o grupo faz parecer que elas realmente nasceram para prosperar no eletrônico sombrio mais do que qualquer outra coisa. As primeiras impressões já são bem positivas em comparação às ressalvas que tivemos com o projeto anterior do grupo, onde os conceitos visuais da capa, título e conceito geral do disco são bem melhor amarrados e apresentados para o público.
Começando pela capa; os neons, trovões, e os brilhantes tons de azul podem não ser a melhor escolha para traduzir a identidade do álbum, já que somado ao ensaio fotográfico, te faz acreditar que você está prestes a ouvir RAVEN nos clubes noturnos de Seoul, e apesar de as tipografias escolhidas ainda não ajudarem a finalizar a capa, pode-se dizer que a identidade visual dessa era é a parte mais detrimental de MIMICRY, mas ainda sim, não é nada fora de escala ou desastroso, então isso significa que daqui para frente, só melhora!
“MIMICRY” por si só já é um título muito interessante e misterioso, que combina muito bem com a sonoridade, e esta soa como espíritos ecoando seus murmúrios numa noite de halloween. O piano em cima do sintetizador eletrônico faz a melodia parecer cheia, mesmo que ainda bem simples, já preparando a atmosfera para o grande single que vem a seguir.
Já com o tema sombrio e misterioso, devo admitir que todos os poucos pelos que tenho no corpo ficaram completamente em pé ao ouvir a introdução do single “Shadow”. A title-track “Shadow” se inicia com um sample de “Erlkönig”, balada do compositor austríaco Franz Schubert, do fim do classicismo, musicalizada em cima de “Der Erlkönig”, poema Johann Wolfgang von Goethe. O nome da obra se traduz como “Rei dos Elfos”, e é uma das típicas canções alemãs feitas para pais traumatizar crianças desobedientes com a ideia de que uma criatura vai roubá-las caso não obedeçam. Os acordes de piano são oitavas repetidas rapidamente, para causar o sentimento de angústia e perigo iminente, justamente como se quando você menos espera, alguma coisa fosse te pegar saindo diretamente da sua sombra, cuja jamais suspeitou do perigo.
A carga artística da introdução se amarra de forma genial com o tema da música, intrínseco no tópico da maldade internalizada ser um mecanismo natural do ser humano. E novamente, a letra apresenta esse pavor paranóico como no poema de Goethe, como nos versos “Right behind you, Imma find you [...] walking the penumbra, I’m disturbing your soul [...] don’t you know I’m your shadow”, já que em “Der Erlkönig”, é narrado um pai e filho cavalgando pela noite, enquanto a criança começa a ver e ouvir o demoníaco Rei Elfo nas sombras, o tentando com luxos para o convencer a vir com ele, assim como um corvo tenta suas vítimas com o mimetismo. Quanto mais o garoto implora pela ajuda de seu pai, este somente diz que é o vento, nuvens ou qualquer coisa, o que resulta no triste fim do garoto pelas mãos da criatura. Essa faixa por si só merecia uma nota 100, com tantas referências muito bem feitas, fazendo que a um ouvinte desavisado soe apenas como uma ótima title track de k-pop, mas que esconde realmente sentimentos de agonia debaixo das camadas superficiais.
A b-side promocional vem logo depois do single, sendo este o melhor instrumental do álbum. É recorrente na carreira do grupo que as letras do RAVEN acabem hora ou outra sempre rondando a mesma perspectiva de um mesmo tópico, o que acaba por estagnar a progressão dos álbuns e os deixar um pouco familiar de mais entre os que foram lançados anteriormente. Dito isso, não é a primeira vez que se vê uma narrativa como a de “Poisoned” na carreira do grupo, como em “Bloody Crown” ou até em “Petrify”... e mais para frente, de novo veremos temas se repetindo no álbum. Ainda sim, “Poisoned” tem a melhor produção do disco, com o melhor instrumental e a melhor produção vocal. É incrível ver um grupo mainstream como o RAVEN introduzir técnicas vocais diferentes em suas músicas, fora do convencional do k-pop; como em “Dawn” do álbum passado teve a vocalização gutural, em “Poisoned” teve um vocal fry logo no começo do primeiro refrão, estendendo a crepitação das vozes até ser distorcida. Quem quer que esteja construindo a identidade musical do RAVEN, está fazendo um trabalho extremamente bem lapidado.
A próxima faixa é outra b-side de extrema qualidade. “Ravin’” tem um toque dançante animado, com surpreendentes influências de salsa, que conseguem ser amarradas com a produção rock para ainda se manter na atmosfera de uma música do RAVEN. Com o antêmico “Now the ravens are ravin’” o refrão explode, conseguindo ser extremamente autêntico a toda a atmosfera do RAVEN, mesmo sendo uma música feita para fãs irem à loucura. Essa música só tem um único problema, que apesar de ser algo ruim, é fácil de relevar. Justamente no refrão, o verso “a fantastic lore” me fez querer enfiar a cabeça no chão. É sempre bom aclamar um trabalho bem feito como as músicas do RAVEN, mas essa quebra de quarta parede foi feita de uma maneira que sendo modesto, é de imensa vergonha alheia.
“Bored” tem uma produção e proposta interessante, mas acaba por ser fiel de mais ao nome. É estranho ver o RAVEN desenvolvendo tão bem alguns temas, e tão mal outros; “Bored” é uma música que depois do primeiro refrão, já não vai mais a lugar nenhum, e mesmo esse sendo o tema da letra, não torna o conceito da música interessante. Já vimos antes a capacidade do grupo de conceitualizar a tristeza e sentimentos negativos de forma cativante, então aqui for realmente um ponto baixo.
A última faixa com letra do álbum encerra o projeto com uma ótima música. Apesar de “Fall” ser sobre o descobrimento da aceitação, ainda sim carrega uma tristeza pesada, como uma cicatriz (que por si só, já dá um banho em como “Bored” retrata a tristeza). A melodia é emocionante, e em cima do instrumental delicado e sombrio, faz um encerramento muito bem construído para o MIMICRY. Aqui infelizmente é mais um exemplo de narrativas repetidas na carreira do grupo, desta vez, ainda mais, se assemelhando com músicas como “Feather” (que até carrega um paralelo BEM similar em sua letra), “Memories” e até “Nevermore”... sempre com as mensagens voando ao redor do mesmo tema, trazendo pouca coisa nova na abordagem.
No fim do dia, RAVEN se mostra um dos grupos líderes desta geração, não só com os conceitos em sua maioria bem lapidados, uma sonoridade própria que se consolida a cada novo trabalho, mas também um grande alcance nas plataformas musicais. Não só pelo álbum anterior não ser o dos melhores do grupo, mas sem dúvida, “MIMICRY” é o trabalho mais bem feito do grupo.
No dia 28 de Outubro de 2027, a equipe da Ghosted IMG foi até o Evergreen Cemetery, o cemitério mais antigo de Los Angeles para realizar a crítica do álbum. Não podendo haver uma época melhor do que o outono, quase véspera de Halloween, fomos recebidos por corvos ao adentrar os limites do cemitério (por cima dos muros), já apresentando um ótimo sinal. A capa foi projetada na parede de uma cripta, e durante toda a execução a imagem parecia se distorcer, e um dos corvos até tentou desligar o nosso projetor.
Já por outro lado, a execução das músicas foi uma ótima experiência, visto que estando na véspera do Halloween, de madrugada em um cemitério, a energia assustadora foi muito mais emocionante do que pavorosa. Houveram aparições de alguns fogos fátuos ao redor dos túmulos que o equipamento de nossa equipe estava instalado, mas todos só contribuíram com a atmosfera do disco. Infelizmente, tivemos que sair às pressas do local, visto que, depois de ficarmos empolgados e tocar os instrumentais finais num volume mais alto, fomos perseguidos por dois coveiros, e um deles carregava um leitão debaixo do braço. Do outro lado dos muros, ainda sim fomos recebidos por corvos imitando risadas, como se fosse uma despedida significativa da nossa aventura com o MIMICRY.
90
por Jong Seokmin
Em seu terceiro EP – Mini Album, como dizemos no K-pop –, o grupo feminino RAVEN, retorna com “Mimicry”. Cantado por cinco garotas, o projeto inicia com uma nova concepção do grupo, mesmo sem abandonar a sua personalidade e identidade própria. Com uma grande história na Coreia e no mundo todo, elas prometem que esse projeto seja a inovação.
Logo em seu começo, temos uma pequena faixa introdutória composta apenas pelo instrumental. Apesar de ser apenas uma “intro” curta, ela consegue transmitir uma sensação de suspense, se mostrando uma canção intrigante. Então andamos de uma vez para o álbum com a faixa-título “Shadow”. Por ser o single do EP, altas expectativas são colocadas, e todas elas são supridas. Ela é uma canção misteriosa, com aquela dose de terror que só o RAVEN sabe fazer, também usando e abusando dos instrumentais pesados e com uma letra ótima.
E então, a melhor canção do álbum – e talvez a melhor do grupo até o momento –, “Poisoned” é envolvente, os vocais sussurrados deixam a aura mais prazerosa. A composição tem trechos impactantes e marcantes, concretizando a grande música que ela é. Com referência aos trabalhos antigos da empresa e uma mistura de um Pop com Rock, “Ravin’” mostra o seu valor, mas infelizmente é a canção mais esquecível do projeto.
Trazendo um Pop mais suave – mesmo com o instrumental forte –, “Bored” engole totalmente a canção anterior. Ela mostra uma certa diferença do grupo, mas ainda não foge da identidade do RAVEN. E encerrando o EP, “Fall” é aquela ballad obrigatória em todo fim de algum projeto de K-pop, porém ela ainda se diferencia por ainda ter o refrão bem elevado e contagiante.
Mimicry é, sem dúvidas, o melhor projeto do RAVEN até o momento. A mistura e a nova exploração sonora fez muito bem ao grupo, se mostrando bastante intenso, impactante e algo que tem chance de ser durável, não sendo um EP esquecível como o Purple Light. É muito satisfatório ver essa evolução do quinteto e torcemos para que elas continuem explorando novos caminhos sempre.
81
por Nadja Burgees
O lançamento do terceiro mini-álbum "Mimicry" do girl group sul-coreano RAVEN representa uma evolução ousada em sua carreira. Composto por 8 faixas, incluindo 2 versões instrumentais, o álbum demonstra uma mudança notável na sonoridade do grupo, afastando-se de gêneros como rock e metal, mas ainda mantendo uma influência clara desses estilos. "Shadow", a title track do álbum, foi lançada individualmente e marca uma nova direção na música do RAVEN, adotando elementos eletrônicos enquanto mantém sua essência e um conceito escuro que é distintivo no cenário musical atual. A escolha de explorar o conceito do mimetismo, inspirado no comportamento dos corvos na natureza, é intrigante. O álbum explora a ideia de que todos possuem um lado sombrio, uma "sombra" em sua psique, e aborda conceitos como ego e id.
Esta abordagem reflete uma profundidade lírica que vai além do convencional na música pop e oferece aos ouvintes uma oportunidade de reflexão sobre sua própria natureza humana. A colaboração com o novo produtor exclusivo, Lee Junghoon, indica uma nova fase na carreira do RAVEN e demonstra seu compromisso com a evolução artística. O grupo se destaca por sua fidelidade à estética escura, em contraste com muitos grupos contemporâneos, o que reforça sua singularidade. "Mimicry" é um álbum que desafia as expectativas e demonstra a versatilidade do RAVEN como grupo.
A exploração de temas profundos e a sonoridade eletrônica são uma mudança notável, que promete ampliar o alcance e a influência do grupo no cenário musical sul-coreano. O conceito de mimetismo e o foco na dualidade humana tornam este lançamento particularmente cativante e digno de atenção.
80
por Troy Winters
Pode-se dizer que esse é o melhor trabalho entregue de Raven, o grupo que vinha numa crescente mas acabou decaindo pouco a pouco com seus lançamentos, mas que finalmente encontrou uma evolução que leve o grupo para cima, não apenas para o lado, ou para baixo. Aqui, temos algo 1mais comercial, mas que funciona muito bem para identificar o Raven dentro do gênero k-pop, pois, é definitivamente um álbum do grupo e você consegue perceber fácil, pois está servindo a sonoridade que ele já entrega, mas aqui de uma forma exemplar. As letras se encaixam muito bem entre si, contam uma história que não é tão complexa de se entender, e o talento do se sobressai tanto vocal, quanto em seu rap. É bom ver que o grupo está crescendo e está chegando em sua maturidade, o que causa uma ansiedade para ver e ouvir o Raven planeja vir na próxima, o que não já era uma sensação sentida pelo grupo à certo tempo, aqui ele ateia fogo novamente por mais de Raven.
78