[EUR] Golden Castles em entrevista especial - BBC
Sept 21, 2023 18:28:39 GMT
Post by luis on Sept 21, 2023 18:28:39 GMT
Prestes a lançarem seu segundo documentário com a Apple TV+ (o primeiro foi Generation Studio Session, em 2020), a banda Golden Castles prestou uma entrevista especial para a BBC, feita pelo consagrado apresentador Jeremy Kyle. A maior banda do mundo fala com a mídia pela primeira vez desde o lançamento do seu último disco, "Minotaur", decretado como o último da carreira. O especial é exibido para uma audiência de mais de 30 milhões de pessoas, parando a Europa na véspera do documentário.
Jeremy está sentado em uma poltrona, em um ambiente iluminado e repleto de plantas, semelhante a um jardim de inverno. Á sua frente, um sofá, onde os quatro membros da banda chegam e se sentam. Um de cada vez, por não chegarem no mesmo horário: Nanwom, Abby, Sun-hi e por último, como sempre, Leo Kwan. Antes da entrevista começar, os quatro se abraçam e cumprimentam a equipe de filmagem.
Jeremy: Então estamos começando o especial BBC, ao lado da maior banda do mundo, Golden Castles. Eu sou Jeremy Kyle, e tenho a honra de entrevistar esses quatro grandes nomes da música. Como vocês estão?
Abby é a primeira a falar. Pra uma mãe recente, ela parece incrível. Só fazem 7 meses, e ela está com o cabelo, unhas e pele impecáveis. Ainda não está magra como antes, mas a baterista exala confiança em cada palavra.
A: Acho que falo por nós quatro quando eu digo que estamos bem. Faz tempo que isso aqui não acontece. Tipo, nós quatro juntos. Essa deve ser a primeira vez que nos vemos desde o fim da gravação do documentário (risos). A vida normal anda ocupada pra gente. Ainda nos falamos por mensagens todo dia, sempre que achamos um tempo livre.
Jeremy: Qual é a hora que vocês encontram esse tempo livre?
Eles se entreolham e Nanwom responde primeiro. Ele definitivamente não seguiu o dresscode. Foi vestido mais elegante do que os outros, usando sua melhor camisa social. Ele ainda tem aquele rostinho apaixonante da juventude, mesmo coberto por uma barba rala e sobrancelhas grossas. De certa forma, ele parece mais "humanizado" sem aquele filtro de artista. Um verdadeiro líder de banda.
N: Não é fácil. A gente se fala por mensagens, mas não na mesma frequência de antigamente, porque sempre tem algo acontecendo. Nossa vida cresceu pra além da banda, e isso nunca foi um plano nosso, mas aconteceu com o passar dos anos. Abbys tem filhos, Sun-his se casam, Leos estudam e Nanwoms continuam em outras carreiras. É o ciclo da vida. Eu não parei um minuto. Quero estrear em três filmes ano que vem. Não cogitei uma carreira solo ainda, e acho que não vou ter. Não é a mesma coisa sem eles. Eu nunca acertaria da mesma forma o tanto que acertei aqui. Dá pra dizer que tivemos uma carreira de acertos e erros, mas mais acertos. É a coisa que eu mais tenho orgulho na minha vida.
S (Sun-hi, a baixista): Eu tenho que concordar. Acho importante deixar isso bem destacado. Muita gente acha que não nos orgulhamos de tudo por causa do fim da banda, mas eu morreria por isso aqui. Olha, eu completei um ano de casada esse mês e nós dois chegamos nesse acordo de viver uma vida fora dos holofotes. Talvez isso seja um pouco impossível, mas meu marido ama isso. Ele ama a paz, mas também ama eu ter sido Golden Castles. Ele não deixa isso morrer nunca em mim. Tocamos as músicas em casa, no carro. Tocamos "My Camera Roll" no meu casamento. Isso já faz parte de mim, até na vida pessoal. Não dá pra disassociar.
Jeremy: E você, Leo? Foi o único que ainda não falou nada. Tô vendo você aí, pensando, calado...
Leo ri e se vira pra frente, como se estivesse despertando de um transe. Ele fala olhando pros três da banda, as vezes dando alguns olhares pra Jeremy.
L: Eu ainda tô na fase de assimilar as coisas (risos). É verdade, a vida seguiu. Eu terminei meu PhD e estou dando aulas na Universidade de Birmingham, inclusive, um beijo pra todos os alunos que estão me assistindo. É engraçado que mesmo lá, ainda sou o tecladista e compositor dos Golden Castles, Leo Kwan. Não consegui criar uma nova faceta de professor igual esses artistas fazem após a fama, sabe? Primeiro porque a fama ainda não passou. E segundo porque... é tudo tão atual ainda. Esse dia, ano passado, provavelmente a gente estava bêbado em algum estúdio produzindo "Living in The Under". Essa música deu um trabalhão pra produzir (risos). Mas é, eu aceitei o fim da banda como necessário, sem dúvidas. Mas é dificil demais enxergar uma vida depois disso. É tipo quando você se forma no Ensino Médio, ou quando faz 20 anos. O que vem depois? É o escuro mais assustador do mundo. Mas aí, a vida acontece. Tem uma música em que falamos disso, acho que é "Honey, I'm Home". Quanto tempo isso faz?
N: Cara, muito tempo mesmo. Me sinto um velho falado assim (risos). A gente nem chegou nos 30 ainda. Sério, que intensidade maluca. A gente vai voltar nos 50 anos igual o Pink Floyd, podem anotar isso.
Jeremy: Amanhã o novo documentário de vocês vai estar disponível na Apple TV+. O que podemos esperar do "Right Into The Mood". Aliás, o que significa esse nome?
A: Isso, "Right Into The Mood" vai estar disponível amanhã, à meia-noite. Ah, só pra aproveitar a ocasião: O Le Hommes do Lucca Lordgan também sai na sexta! É um álbum pop incrível, eu juro por Deus, ouçam isso. Calma, qual era a pergunta mesmo?
L: Você não muda mesmo (risos). Right Into The Mood é nosso novo documentário, e um pouco mais diferente do que o outro. Vocês podem esperar conhecer mais um pouco por trás da criação do Minotaur, um pouco sobre o nosso passado e um pouco sobre o nosso futuro também. É um filme bem... vulnerável. Escolhemos dividir isso como um agradecimento por toda a recepção que o disco teve esse ano. Um hit número #1, é sério? Somos muito, muito gratos por todo o amor que estamos recebendo. Bem, quanto ao nome, vocês vão entender melhor quando a música do documentário for lançada, no sábado. Acontece que a gente fez a música primeiro e depois deu o nome pro filme. Truque de mestre.
Jeremy: Porque vocês acham que as pessoas ficam tão animadas com isso? Eu digo, tem uma legião de fãs lá fora enquanto essa entrevista tá acontecendo.
N: Não sabemos, de verdade.
L: Se soubessemos, a gente tinha criado uma banda com sósias nossos e aí seríamos empresários deles. Eu garanto que seria bem mais fácil.
Jeremy: Nem vocês entendem o sucesso por trás de "Minotaur"?
A: É, com certeza não. O disco anterior foi bem melhor (risos). Mas é sério, tudo isso só por ser o nosso último? Tipo, a gente ainda tá vivo! A gente só não quer ser celebridade mais. Tenho certeza que esse espaço vai ser ocupado com facilidade daqui um tempo. Vocês só precisam de quatro adolescentes europeus meio depressivos, e voilá. Algum vai dar certo.
Jeremy: Eu não acho que esse espaço vai ser ocupado um dia. Não existem artistas como Golden Castles. Vocês sabem disso, não sabem? As pessoas vão de fato sentir falta, não é temporário. Bem, falo por mim e pela minha filha. Ah, ela é doida por vocês. Vocês mataram a Gen Z.
A: O que? Nãaao (risos). Não fala desse jeito que a gente fica culpado (risos). Eu vou literalmente chorar hoje a noite.
S: Eu tô literalmente chorando agora (Sun-hi diz gargalhando, mas tirando as lágrimas dos olhos).
Jeremy: Pra ser muito sincero, eu tô um pouco surpreso agora. Vocês trataram de assuntos bastante pessoais em "Minotaur", e principalmente sobre a relação de vocês com a forma que vocês são vistos. Como isso não importa tanto?
N: Ah não, não entende a gente errado. Importa, e importa muito. "Minotaur", assim como nossos outros álbuns, foi feito em "tempo real". Conforme os acontecimentos vinham, nós alimentávamos o conceito que tínhamos criado e escrevíamos mais um pouco. É claro que minotauro, e aquilo de Kevin e Austin, são grandes metáforas pra fatos que realmente aconteceram. Hm, depois que fomos presos ano passado, passamos por um período curto de hate train em que realmente taxaram nós como vilões. E também rolaram algumas brigas no nosso círculo social, com alguns amigos e ex-amigos. Eu não posso me orgulhar de tudo que eu falo e faço, mas eu sei quem eu sou. Se for pra ser um vilão, que pelo menos enxerguem realmente tudo, até minhas motivações. "Minotaur" é principalmente sobre isso, com certeza.
Jeremy: E porque vocês sentiram que "Minotaur" era o fim? Vocês já tinham intenção de acabar aqui"
L: Olha, eu vou estar mentindo se eu falar que não sonhamos com um depois. Tinham várias e várias direções que nós podíamos seguir depois de Minotaur. Talvez finalmente o nosso álbum pop. Ou um country. Ou voltar pras origens de garage rock. Tentativa foi o que não faltou. Mas eu diria que foi uma bola de neve: somada a falta de tempo, a falta de criatividade e aquele sentimento de "uh, esse é nosso magnus opum", o fim acabou acontecendo. Não foi premeditado, foi uma consequência.
S: Eu senti que não tinha mais como continuar quando acabamos Minotaur. É um gran finale muito foda. O que viesse depois talvez não fosse tão recebido assim, então como grandes estrelas, a gente prefere morrer no auge. Sabe como é. Você já entrevistou várias lendas da música, isso é um movimento comum. Queremos ser essas lendas um dia.
Jeremy: O que faz vocês acharem que não são?
N: Ah, fala sério. Você já viu uma lenda de verdade. Tipo, Agatha Melina ou Plastique Condessa. Tipo, isso é história. Elas atravessaram gerações. A gente espera conseguir isso também, e vamos deixar com o que o tempo aja. Um dia as pessoas não vão só ver e ouvir Golden Castles, mas respeitar. Nós fomos realmente muito, muito longe. A gente torce pra que as próximas bandas tenham lá no fundo um pouquinho de GC. Se tornar uma fonte de inspiração é a maior vitória que você pode ter.
Jeremy: Uau, essa vai pros livros de história. E sobre a música nova que acompanha o documentário?
L: Ah, foi tão divertida de escrever. A música é um lo-fi silencioso e bem melódica. Não é nada rock and roll. Muita gente vai odiar (risos). Mas ela é um agradecimento a todo mundo. A gente queria transmitir esse sentimento bom que GC sempre passou, então voltamos pra essa origem otimista e falamos com o coração aberto. Eu tô animado, é uma despedida muito linda. A música sai no sábado e devemos apresentar ela ao vivo no domingo. Sem certezas ainda, mas fiquem de olho. Right Into The Mood é o fim dessa história linda.
Jeremy: Calma, então é isso? A última entrevista do GC?
A: Hm, espero que não (risos). A última por um tempo. Continuem chamando a gente, quem sabe a gente consegue vir (risos).
N: Bem, já que é a última, não vamos perder a chance. Stream Minotaur e stream "This is Golden Castles", no spotify. Ouçam e assistam "Right Into The Mood". Ah, e salvem as baleias. E se você estiver precisando de ajuda, ligue 188. Acho que isso é tudo.
Jeremy: (Risos) obrigado pessoal. Eu sou Jeremy Kyle e essa foi a entrevista especial da BBC com os grandes Golden Castles. Valeu!
GC: Valeeu!