[US] Bruna, Bruninha, Brü…

Bruna, Bruninha, Brü…

Bruna Mota é o real nome da artista transexual conhecida como Brü. Nascida em Belém do Pará, criada na comunidade do Jurunas, se dava com o preconceito usando do seu carisma para conquistar as pessoas do seu bairro e as do seu convívio. Encontrou na arte uma válvula de escape, vivendo das atenções que recebia sendo uma mulher trans vivendo em um estado do Norte do Brasil.

Bruna sempre foi ligada as demais artes, eclética e refinada, ouvia os cds da mãe, juntamente da influência do que ouvia nas ruas e na Lan House, antes de transicionar. Bruninha Vittar surgiu de uma oportunidade, um meme qual viralizou de forma regional, tornando o seu trabalho um nicho bem específico. Foi Bruninha que estava no BBMD, uma personagem caricata, barranqueira, uma maneira de aparecer que surgiu mas vingou novamente de forma bem regional, fazendo a paraense por todos esses anos ocupar boates LGBT+’s e participar de programas locais, sempre levada a todos esses espaços pelo seu bom humor.

E aí veio o Showdown, que em questão de tempo as pessoas puderam notar que aquela Bruna não era mais a Bruninha, era a Brü. Entre as duas representantes do Brasil, Maria Joaquina saiu no primeiro final de semana, e pelo histórico caricato, provavelmente Bruninha sairia na próxima, mas a Brü? Não.

Ficou em segundo lugar, seguiu invicta sem esta nenhuma vez entre os quatro piores, fez performances marcantes, mostrou sensualidade, cantou muito, dançou muito, mostrou o qual boa ela era, dando um tapa em muitos que desacreditaram. Novamente, o que faltava era uma oportunidade de Bruninha se mostrar Brü. Suas referências e a mente em relação ao que era a arte para Bruna, tendo que pensar e mostrar que não se tratava apenas de um meme ou de uma cantora de boate, Bruna podia e queria ser mais, mostrando sua evolução todos os dias na competição, em espetáculos orçados pelo próprio reality, que a projetou para o mundo, fazendo com que a mesma conseguisse um contrato internacional e um gerenciamento de carreira pela sua ídola maior, Tieta.

RS: Brü, como foi a transição da Bruna Mota para a Brü e o que te inspirou a fazer essa transformação?

Brü: Foi um processo, mas a Brü surgiu no showdown. Eu precisava criar um nome artístico que fosse comportar meus novos fãs e que desse uma cara mais seria ao meu trabalho. Eu nunca pensei em ser a Brü, eu pensava em ser uma artista respeitada e aclamada, mas Brü foi um nome extremamente novo.

RS: Podemos falar sobre o personagem Bruninha Vittar? Como ele surgiu e como você acha que isso moldou sua carreira?

Brü: A Vittar surgiu de um meme e eu a abracei até essa mudança. Não vou jamais soltar a mão dela, aliás. Eu precisei da Bruninha para está aqui hoje, dando uma entrevista seria e usando uma roupa de marca. A Bruninha foi um acesso a arte que eu tive naquele lugar que eu estava. Eu tenho uma inteligência musical, mas não tenho uma inteligência acadêmica. Onde estariam os meus contatos e minhas oportunidades se não fosse essa personagem me projetando? A Bruninha foi corajosa em se colocar em todos esses locais.


RS: No reality Showdown, você surpreendeu a todos com performances marcantes. Como você escolhia suas músicas e conceitos para cada apresentação?

Brü: Eu acho que a única música que eu escolhi foi a primeira e a última, mas de resto foi tudo outros participantes ou o próprio reality que nos entregava. Aliás, teve uma também que eu cantei com o Daniel qual a gente escolheu e foi divertido demais. Tínhamos uma semana para pensar em tudo, geralmente tinha que ser feito e pensado nos primeiros 3 dias e o resto era ensaio. Nos ensaios a gente já ia se aperfeiçoando, teve performances que a gente ensaiou até duas horas antes do show. Mas tudo era muito fácil pois as equipes sempre eram bem solicitas, era um investimento que eu jamais teria sendo uma artista independente, e daí, ter tudo que pudesse e eles cobrirem foi incrível.

RS: Entre as representantes do Brasil no Showdown, você conquistou um lugar de destaque. Como você se manteve tão forte ao longo da competição?

Brü: Eu fiquei feliz demais. Eu não cheguei a ir para os quatro piores então não tive termômetro se o público de fato gostou de mim, eu só soube quando recebi a informação que estive em segundo lugar. Eu fazia tudo com a alma e com a vontade real de me apresentar. Eu dormia e acordava pensando em me apresentar, realmente era muito de mim ali e que bom que o público reconheceu isso.

RS: Durante o programa, você mostrou uma evolução artística incrível. Quais foram os maiores desafios que enfrentou e como superou cada um deles?

Brü: Acho que o medo de não ser o suficiente. Eu sempre vi tudo da televisão então eu jamais imaginaria ter o poder de pedir 12 dançarinas, de ter os melhores coreógrafos e tirar minhas coisas do papel. Com o tempo eu fui ficando mais sagaz e isso foi se tornando mais fácil.

RS: A música "Noite de Caça" ganhou muita atenção. Pode compartilhar conosco a inspiração por trás dessa faixa e como ela se relaciona com você?

Brü: Noite de caça foi um presente de Tieta para mim, essa música seria do álbum dela e ela me presenteou. Eu adorei pois adoro essa sedução na letra e o poder dela.

RS: Falando sobre ela e sua carreira internacional, como se deu a oportunidade do contrato e qual o papel da Tieta nesse processo?

Brü: Assim que o Showdown acabou eu logo recebi algumas propostas, e pela projeção e o que foi me ofertado, optei por escolher a minha atual gravadora. A Tieta entra como uma gestora de carreira, ela quem me indicou para o Showdown e segue agora como minha empresária.

RS: Quais são as principais mensagens que você procura transmitir por meio da sua arte e das suas performances?

Brü: Eu gosto de pensar que de onde eu vim e ser o que eu sou, e para onde eu quero ir pode provar que todos podem. Com esforço e dedicação, uma ajudinha de sorte, tudo vai ser possível.

RS: Sua trajetória envolve influências e referências importantes. Como você traduz essas influências em sua música e estilo único?

Brü: Eu sou inicialmente uma artista pop. Eu me influencio desde as raizes que a Tieta trás até em artistas como QruBim, Eclipse, Vivien…Acho que esses mulheres se juntam e formam uma Brü. Gosto de ser performática e sagaz na minha arte.

RS: O que você diria aos fãs que podem ter começado a acompanhar sua carreira desde os tempos de Bruninha Vittar? O que eles podem esperar da Brü?

Brü: Eu espero que eles vejam uma evolução e não que eu tenha me tornado uma pessoa diferente. Algumas pessoas podem pensar que eu mudei minha essência, mas eu sempre fui uma artista, só me faltava recursos, e que bom que agora eu tenho, né? Espero que eles gostem dessa mudança.

RS: A arte sempre teve um papel significativo na sua vida. Como você equilibra sua jornada artística com sua jornada pessoal?

Brü: Isso se entrelaça de forma clara na minha vida pelo simples fato de que ser artista é muito desafiador, eu vim de um lugar que as pessoas não acreditam na arte como uma vivência, a não ser que esteja entrando dinheiro. Eu sempre gostei de arte mas não tinha recursos e oportunidades, precisou de um reality mundial aparecer para que eu fosse vista com seriedade.


RS: Sabemos que sua origem é de Belém do Pará. De que maneira suas raízes influenciam sua música e sua atuação artística?

Brü: O mundo e infelizmente até mesmo o Brasil não sabe, mas o Norte tem artistas muito performáticos. Cantoras que dançam sem parar por horas em um show, e eu fui cercada por essas influências, pessoas do meu bairro que eu via diariamente estavam depois na tela do computador em uma Lan House.

RS: Você mencionou que queria ser mais do que apenas um meme ou cantora de boate. Como a Brü se propõe a mostrar essa profundidade por meio da sua arte?

Brü: Eu acho que já mostrei, certo? O segundo lugar do Showdown foi uma quebra de barreira, não apenas por onde eu vim ou por eu ser uma artista trans, mas por ninguém esperar que eu pudesse está entregando um material de qualidade. As pessoas nunca esperam excelência de uma pessoa trans, e eu pude mostrar que eu sou muito mais que uma artista de nicho.

RS: Olhando para o futuro, quais são os próximos passos para a Brü? Há algum projeto ou colaboração emocionante que você possa compartilhar conosco?

Brü: Sendo sincera? Eu não sei. Pra mim era muito mais fácil falar o que artistas tinham que fazer com a carreira quando eu era uma adolescente na frente de um computador. Agora tudo é gigante e qualquer passo parece ser definitivo. Eu estou pensando demais a respeito de tudo, mas Noite de Caça está aí e eu espero de verdade que todos tenham gostado.