Golden Castles - Minotaur
Aug 6, 2023 1:32:45 GMT
Post by jottavi on Aug 6, 2023 1:32:45 GMT
por Troy Winters
Essa crítica poderia ser escrita de forma simples: 'Minotaur é o melhor álbum do ano até agora.' Ponto final. Mas é necessário falar mais do que necessário para descrever a obra do grupo musical Golden Castles, que nos entrega seu final ato musical de forma gloriosa, em seu maior pico de auge, tanto comercial quanto crítico, aqui temos um prato cheio para qualquer um procurando música boa e de qualidade, para pensar, ou apenas curtir e dançar, ou então, para chorar suas lástimas acompanhado pela banda.
O grande ponto alto é em sua faixa final, que cria um sentimento visceral, lascivo e primordial, que faz até mesmo quem nunca ouviu ou acompanhou a jornada do grupo sentir o peso que a faixa tem, o tanto de sentimentos impressos aqui tão magnânimos, 'Odyssey' é sem dúvidas uma das melhores músicas já lançadas nessa década. E contendo tal canção você pode esperar que as outras faixas tenham ficado um pouco ofuscadas pela finalização, mas é aqui que eles servem e entram para criar um clímax perfeito, sendo canções tão boas quanto, que não ficam para trás e não ficam parecendo desconexas, muito pelo contrário, esse é um álbum onde a coesão reina, e coroa a banda, que assim como a lenda do Minotauro, ficará marcado no mundo como uma lenda.
97
por Roberto Fernandes
Em qual labirinto de cristal se esconde a verdade? Essa é uma resposta difícil, talvez, impossível. Em seu álbum de despedida, a banda Golden Castles apresenta ao seu público um primor musical: letras repletas de sentimentos alinhadas aos instrumentos magistrais em torno de uma narrativa doentia. O disco conta a história da reaproximação de um pai e de um filho após dez anos separados. Este é um pequeno adianto da sonoridade do álbum: repleto de melancolia, rancor e saudades.
Antes de qualquer coisa, gostaríamos de destacar a sagacidade lírica da banda em todas as faixas, principalmente em “Kevin”, “Austin”, “The Pump” e “Odissey”. A narrativa ali contida é expressa de magneticamente por um eu-lírico sincero e, acima de tudo, humano. Apesar da analogia à uma figura mitológica, meio humano e meio animal, do Minotauro o disco apresenta a essência do ser-humano. O que não se torna um problema, afinal, o Minotauro também é parte da humanidade. Já o lado “monstruoso” se esconde em sentimentos negativos, às vezes tidos como “não-humanos” justamente por não serem benevolentes. Entretanto, ser bom ou mal, caridoso ou arrogante, complacente ou rancoroso(a/e), são características inerentes de toda e qualquer pessoa, sem distinção.
A história de pai e filho é contada através de fragmentos, em canções cheias de sentimentos distintos, demonstrando que as relações humanas são complexas e fluídas. O encerramento da carreira da banda é uma carta sincera ao público: viver é mais que sorrir e agradar outrem, é arriscar-se rumo ao desconhecido diariamente. Dias bons virão, dias ruins também. Não há um mapa ou um roteiro, apesar do condicionamento ao qual todos estamos inseridos, o caminho é sempre uma escolha. O castelo de areia se desfaz e, em seu lugar, um novo mundo de possibilidades se expande. O fim da estrada é apenas o começo de uma nova história.
Faixas imperdíveis: Kevin, Austin, The Pump, Odissey & Serial Killer
95
por Minseok Park
Desmistificando os vilões e os mocinhos, Golden Castles apresenta “Minotaur”, seu terceiro álbum de estúdio. Explorando as relações fraternais entre um pai e um filho em diversas canções, as letras são precisas, diretas e emocionantes.
Abrindo o disco com a faixa-título, “Minotaur” é uma excelente forma de começar esse projeto. A letra contém uma ótima mensagem sobre o que julgamos e faz uma metáfora com a criatura mitológica, já que todos a julgavam como um mal, sendo que ela apenas queria se livrar do fardo de estar presa. Também é tão intencionado os julgamentos, principalmente no trecho “What a beast could hide?”, já que ela está em uma evidência maior por não ser algo comum e não consegue ter a capacidade de esconder os seus segredos, medos e verdades.
E então, o lead single do projeto surge. “Living in a Under” é uma das melhores canções para abrir essa era, já que transmite a energia da banda e também introduz uma nova repaginada, seja na parte lírica quanto na parte sonora. Mas então, vem uma das melhores canções – seja do disco, seja do Golden Castles, seja do ano de 2027 –. “Kevin” inicia esse processo da história entre um pai e um filho. A letra carregada de culpa e desejos não-realizados é o principal ponto, também mostrando o arrependimento de um pai que não conseguiu ser uma boa figura e acompanhar o crescimento de sua criança. Ela é brilhante.
Em um rockzinho suave, “I Am Your Moon” é encantadora, servindo de um ótimo gancho para a próxima canção. Sua letra também apresenta pontos importantes, “We just function like earth and moon”, mostrando como aquela relação está ligada, mas por alguma razão, o eu lírico se sente solitário e preso, como se não conseguisse largar a pessoa que tanto lhe prende. E então, “Serial Killer”, mesmo curta, é a melhor canção do projeto. O instrumental pega um poder do rock, mesclando com uma grande parte melódica, transmitindo tudo o que desejava com ela. Ela representa um amor doloroso, onde um dos indivíduos é tão machucado que parece machucar o outro de uma forma inconsciente.
“Yellow Light” é uma das canções mais mornas no projeto, mas não deixa de ser uma ótima música. Ela serve para quebrar aquela força que a faixa anterior tinha, introduzindo um novo segmento no disco. Em “Austin”, o filho responde as cartas e mensagens de seu pai. As palavras dolorosas do filho entra em contraste com as do pai, onde é uma resposta direta e certeira, mostrando que tudo o que aconteceu, o seu pai não teve nenhuma influência. “I survived ‘cause I need”.
“Weightless” termina uma trilogia nas canções, descontando todas as suas frustrações anteriormente e parando para analisar como a vida pode ser cruel, mas que há sim uma possibilidade de superar tudo o que aconteceu. O eu lírico tira todo o seu peso aqui. E então a faixa produzida com o Stories of the Night vem com uma certa presença, onde a letra complementa a anterior e fala sobre nem sempre ver o lado ruim da vida, onde você merece viver e aproveitar as pequenas coisas que são entregues durante os seus anos.
“nine fm” encerra, de uma vez, a história tão dramática entre pai e filho. Os dois indivíduos parecem ter se resolvido e aprendido a viver com as suas dores, diferenças e também perceberam que nada vai fazer eles pararem de se amar. Com uma referência a “Win for Us” do Caleb Roth, a canção é lenta, aconchegante e reflexiva. E encerrando o álbum da maneira mais triunfal possível, “Odyssey” é dolorosa, marcando um fim triste do vilão da história. Ela também envolve o possível fim da banda – que também é doloroso –.
Em “Minotaur”, o Golden Castles está em seu ápice artístico. O disco mistura rock, alternativo e pop da melhor forma, também demonstrando um certo amadurecimento de suas letras, tendo tons mais dolorosos, adultos e inteligentes. Não é nada complicado ou denso, mas ainda assim, requer uma certa atenção para que você possa compreender sobre tudo o que está sendo passado. É bastante prazeroso ouvir projetos como esse e a DICE lamenta bastante esse “fim” de um dos melhores atos da música mundial. Parabéns, Golden Castles, vocês fizeram um ótimo trabalho até aqui e estamos torcendo para que, em um futuro não tão distante, vocês voltem e nos prestigiem com canções novas.
93