[UK] SOFÍA X GAYTIMES
Jun 3, 2023 19:29:26 GMT
Post by adrian on Jun 3, 2023 19:29:26 GMT
Dias após assumir a sua bissexualidade publicamente, Sofía é capa da versão digital da edição de junho da revista britânica GayTimes e fala pela primeira vez na impressa sobre a sua aceitação.
Como foi o processo de se assumir como bissexual publicamente? Quais foram suas motivações e como se sente agora que é uma voz representativa para a comunidade LGBTQ+?
Foi um processo difícil. Em casa e no meu trabalho nunca tive problemas em lidar com essa parte da minha vida, mas temia muito a repercussão pública de falar abertamente sobre. Eu já sou atacada constantemente por ser mulher, latina e cantora de música “genérica”. Tinha medo de ser só mais uma arma para que pudessem criar uma narrativa de “falsa bissexual” que, aliás, já estavam levantando mesmo antes de me assumir através da mídia e mesmo por outros artistas. O que me motivou a publicizar essa parte da minha vida, a qual não sou obrigada a revelar em princípio, foi por entender que a minha luta, o meu ativismo, deve ser sempre em prol de uma luta coletiva. Recentemente eu estive frente a frente com meu próprio preconceito e isso desvelou à visão que eu tinha de mim mesma. Precisava de uma força maior para sobreviver e lutar contra uma onda que, dia a dia, me afogava. Sobre ser uma “voz representativa”, eu rejeito esse título. Não quero ser estandarte, quero estar nas trincheiras, como todos àqueles que lutam diariamente para serem ouvidas. No meu caso, com todos os privilégios que tenho, busco dirimir um pouco dessa disparidade social com apoio a fundações LGBTQIA+, por exemplo.
Muitos fãs têm se identificado com a sua coragem em assumir a bissexualidade. Você poderia compartilhar algum momento significativo de apoio que recebeu desde então?
Desde que me assumi como bissexual, mesmo que há poucos dias, recebi uma quantidade incrível de apoio e amor dos meus fãs e da comunidade LGBTQ+. Um momento significativo foi quando recebi mensagens de pessoas que compartilharam suas próprias histórias de autodescoberta e me disseram o quanto eu as inspirei a se sentirem confiantes em sua própria identidade. É um lembrete constante de que, ao ser autêntica, posso ajudar a fazer a diferença na vida das pessoas.
Como você acha que sua identidade bissexual impactará sua música e atuação? Podemos esperar alguma mudança ou influência em seu trabalho artístico no futuro?
Quero explorar temas de amor, relacionamentos e autoexpressão em minhas letras e apresentações, de maneiras que ressoem com a experiência LGBTQ+. Espero que meu trabalho possa oferecer uma perspectiva diversa e inclusiva, permitindo que as pessoas se identifiquem e se sintam representadas. De certa forma acredito que as minhas canções, a minha arte, já é inclusiva. E pretendo ampliar ainda mais essa voz que ecoa indignação pela injustiça.
A representação LGBTQ+ na indústria do entretenimento ainda é um desafio em muitos aspectos. Você poderia compartilhar sua perspectiva sobre a importância da visibilidade e inclusão de artistas LGBTQIAP+ na mídia?
Essa representação LGBTQ+ na mídia desempenha um papel crucial na luta pela aceitação e igualdade. É vital que pessoas de diferentes orientações sexuais e identidades de gênero sejam representadas de forma autêntica e positiva. Ao ver artistas LGBTQIAP+ bem-sucedidos e respeitados, especialmente para jovens LGBTQ+, podemos criar um senso de pertencimento e normalizar a diversidade. A inclusão de artistas fora desse padrão heteronormativo, branco e europeu, na mídia também ajuda a desconstruir estereótipos e a promover uma cultura mais aberta e inclusiva para todes.
Quais são seus objetivos como artista bissexual na luta pela igualdade e aceitação? Há algum projeto específico relacionado à comunidade LGBTQIAP+ que você gostaria de realizar?
Meus objetivos como artista bissexual são contribuir para a luta pela igualdade e aceitação da comunidade LGBTQIAP+. Pretendo utilizar minha música e minha influência para promover mensagens de inclusão, amor-próprio e respeito por todas as identidades. Além disso, tenho planos de me envolver com organizações que apoiam a juventude LGBTQIAP+ e trabalhar em projetos de conscientização para educar sobre a diversidade sexual e os desafios enfrentados pela comunidade.
Sabemos que você é uma figura inspiradora para muitos jovens LGBTQIAP+. Que conselhos você daria a pessoas que estão lutando para aceitar sua própria identidade ou para se assumirem?
Para aqueles que estão lutando para aceitar sua própria identidade ou se assumirem, meu conselho é ser gentil consigo mesmo e dar-se tempo para crescer e explorar quem você realmente é. Procure apoio em pessoas confiáveis, como amigos, familiares ou grupos de apoio LGBTQIAP+. Lembre-se de que você não está sozinho e que existem muitas pessoas que passaram por experiências semelhantes. Seja verdadeiro consigo mesmo, siga seu próprio ritmo e lembre-se de que você merece amor e aceitação, exatamente como você é. E mesmo que seja preciso lutar, lute com esperança e vontade. Essa luta não pela aceitação externa, mas pelo seu direito de viver.
Você já teve experiências pessoais de superar preconceitos ou enfrentar desafios devido a sua bissexualidade? Como você lidou com essas situações?
Infelizmente, como muitos outros membros da comunidade, já enfrentei preconceitos e desafios em relação à minha bissexualidade. O estigma e a falta de compreensão ainda existem, mas aprendi a lidar com essas situações de maneira positiva e empoderada. Ter uma rede de apoio sólida e cercar-me de pessoas que me amam e me aceitam tem sido fundamental. Além disso, educar-me sobre a comunidade LGBTQIAP+ e compartilhar minha própria história ajuda a combater os estereótipos e aumentar a conscientização.
A música e a arte têm o poder de conectar pessoas e promover a compreensão. Você acredita que sua música e seu trabalho artístico podem ajudar a quebrar estereótipos e promover uma maior aceitação da diversidade sexual?
Com certeza! A música e a arte têm um poder incrível de conectar pessoas e gerar empatia. Através das minhas músicas e do meu trabalho artístico, espero quebrar estereótipos e desafiar as normas sociais, promovendo uma maior aceitação da diversidade sexual. Quero que minha música seja um espaço seguro e inclusivo para todos, onde as pessoas possam se identificar e encontrar conforto em suas próprias experiências.
Quais são suas esperanças e desejos para a comunidade LGBTQ+ nos próximos anos? Quais mudanças você gostaria de ver acontecer no mundo em relação à aceitação e igualdade?
Minhas esperanças para a comunidade LGBTQ+ nos próximos anos são de que haja uma maior aceitação e igualdade em todos os aspectos da vida. Desejo que essas pessoas, tão excluídas pela sociedade, sejam respeitadas e tratadas com igualdade em todos os setores da sociedade, incluindo a mídia, a educação e o local de trabalho. Além disso, espero que a juventude queer possa crescer em um mundo onde se sintam seguros e aceitos, sem medo de discriminação ou violência.
Por fim, como você espera que sua jornada inspire e encoraje outras pessoas, especialmente aquelas que estão lutando para se aceitarem completamente?
Minha maior esperança é que minha jornada inspire e encoraje outras pessoas que estão lutando para se aceitarem completamente. Quero que saibam que não estão sozinhas e que há uma comunidade amorosa e solidária ao seu redor. Ao compartilhar minha história e ser autêntica sobre minha sexualidade, espero mostrar às pessoas que é possível ser feliz e bem-sucedido enquanto se abraça a verdadeira identidade. E um último recado: lembre-se de que você é humano, amado e merece viver da maneira que achar que deve, de ser exatamente como é.