SOFÍA - MUY VESTA (MEX)
May 20, 2023 13:52:07 GMT
Post by adrian on May 20, 2023 13:52:07 GMT
DIVULGAÇÃO PARA NOCHENTERA E NADA A NADIE
Poucas horas após o lançamento do quarto single de seu atual álbum de estúdio, Sofía é revelada como capa e recheio da revista mexicana Muy Vesta para a edição de junho. A artista, que está na capa vestindo o mais puro rosa, dá pistas dos próximos passos de sua carreira e sua relação com o feminino. Confira a entrevista e o ensaio de fotos a seguir:
MV: A mídia internacional tem te colocado constantemente como um símbolo feminino e feminista para a geração atual e as novas gerações. Como você lida com toda essa responsabilidade?
Eu realmente tento não ter todo esse peso nas minhas costas. É injusto e complexo colocar um papel de protagonismo em uma única mulher, como se ela fosse, sei lá, um bastião da "liberdade feminina". Acredito que o meu maior exemplo seja o de viver consoante as minhas próprias crenças, de ter autonomia no meu trabalho e seguir meus sonhos. Se, através disso, estiver conseguindo encorajar meninas e mulheres a serem donas de si já estarei realizada. Mas, novamente, rejeito esse título de "símbolo".
MV: É constante ver que as suas principais polêmicas sempre te colocam frente a outras mulheres, por isso já te acusaram de ser falsa feminista.
Não é culpa minha, ou delas, que os conflitos que surgiram eram de pessoas que se reconhecem enquanto mulheres. A ocasião não é escolhida, afinal, já discuti com muitos homens também. Na verdade, eu acredito que há um uso abusivo do conceito de "sororidade": sinto que na maioria dos discursos a narrativa é de blindar outras mulheres de críticas, como seres intocáveis.
MV: Entraremos em um ponto bastante polêmico, ao qual o público nunca te ouviu dizer. À época da sua participação em um reality show brasileiro, aquele que te consagrou campeã, você foi aliada de uma participante que cometeu transfobia com outra participante.
Sim. É um assunto que ainda é um pouco dolorido para mim. Faz pouco mais de seis anos, acho, do ocorrido e demorei demais a vir a público me pronunciar. Tanto é que hoje usam isso para me atacar, mas a verdade é que as mesmas pessoas que fazem uso desse caso não tem quaisquer responsabilidades para com o movimento transexual. Enfim, o foco não é esse. Estive ao lado, sim, dessa pessoa, lançamos músicas juntas antes do programa iniciar e agora pela está morta. Foi uma atitude condenável dela e minha também, afinal, fiquei calada e sequer a corrigi. Errei.
Em todos esses anos que se passaram me ocupei em tentar me retratar desta merda toda. Eu comecei ouvindo e lendo as críticas, sozinha. E ali eu percebi a dimensão da minha ignorância, do meu preconceito e da visão limitada do que é o "ser-mulher". Estudei, fiz cursos e ajudei a quem precisava. Estive dando apoio financeiro a diversas organizações não governamentais, mas errei em não vir a público pedir desculpas por tudo isso. Errei e lamento.
E para complementar com o que disse anteriormente: às meninas que me ouvem, sejam mais acolhedoras com àqueles que você não conhece e, principalmente, estejam de olho em seus contatos íntimos e nas atitudes que têm em relação ao "diferente". Cresçam sabendo que não existe um só tipo de mulher, e que esse tipo de mulher é socialmente construído, acolham as suas irmãs negras, travestis, transexuais, indígenas e tantas outras mulheres que precisam de apoio.
MV: Afinal, o que te fez calar durante tanto tempo mesmo sabendo da gravidade das acusações que estavam te fazendo?
Demorei muito a tomar consciência do quão errada e estava e, logo que tomei conhecimento, o sentimento de vergonha prevaleceu. E agora é usado como narrativa para me atacar. E falo de ataques mesmo, sem qualquer passabilidade de ser "critica" pelas minhas atitudes, sabe? Recentemente, no meio de uma das muitas polêmicas que colocam meu nome, uma "anjinha" fez uso da transfobia como uma espécie de token para me atingir. Estaria tudo bem se a crítica fosse a omissão que tive perante, Monet, mas não foi. Ela não é inocente, nem boba.
MV: Sabemos que você e Stefan [Lancaster] estiveram no lastro de câmeras e sites de fofocas por um suposto relacionamento, negado por ambos. O quanto isso te impactou?
É engraçado que esse tipo de discurso vem sempre daqueles que bradam aos quatro ventos o quão "falsa feminista" eu sou, mas a primeira coisa que fazem é alimentar uma fantasia do patriarcado, a qual, eu como mulher, sou necessariamente uma predadora de homens comprometidos. E isso tudo com um grande viés xenofóbico, considerando que, por ser latina, carrego um estigma, um estereótipo, muito mais próximo ao de uma prostituta. Stefan e eu somos bons amigos desde o reality e só isso. Em relação ao relacionamento dele, sempre tive respeito. A faixa que nos9 lançamos se encaixa em qualquer tipo de relacionamento verdadeiro, que seja constituído por sentimentos verdadeiros e recíprocos; se as pessoas só enxergam o relacionamento amoroso, eu sinto pena da mediocridade delas.
MV: O seu nome, sempre envolvido em polêmicas, atinge públicos diversos e por isso tudo o que você se envolve é palco para abutres. Você associa isso ao fato de você ser mulher, latina e
Claro! Há muito vem rondando um boato de que não escrevo as minhas próprias músicas e que tudo é feito por escritores fantasmas. Olha. É desacreditar muito de um trabalho que envolve bem mais que amontoar palavras em sequência; há toda uma essência por trás. Esse é só um exemplo, claro, outro é a de que falam que minhas músicas são datadas e pareciam uma com a outra. É só olhar os três álbuns completos que lancei e os demais que são menores, bem como as parcerias que fiz com outros artistas, que vem que sou uma cantora que gosta de mudar.
Sou uma cantora latina que canta pop, rock, eletrônico e tantos outros ritmos. Tem uma frase que aprendi no Brasil, durante uma das minhas viagens que é "pau mole"; eu não sou dessas artistas que faz música pau mole, sem tesão e com voz de uma pessoa semi-morta. Faço músicas para celebrar a vida.
MV: Nesse cenário, o que podemos esperar dos seus próximos passos?
Eu venho planejado muitas coisas, a maioria delas não podem ser reveladas. Já estou pensando em meu quarto álbum, mas não se empolguem, ele ainda vai demorar um pouco para ser lançado. Vai ter mais de eletrônico, isso é tudo. Mas podem esperar muito ânimo e uma verdade, elemento que sempre busco trazer em tudo que faço. Além da música, estou no aguardo da data de lançamento oficial da minha série, que estarei integrando a trilha sonora. Gravei há pouco mais de um ano e estamos aguardando a sua liberação. Estou ansiosa para tanto.
MV: Você fala em quarto álbum, mas está só no início da repercussão positiva de DESENCANTO. Além de ser o seu trabalho mais bem avaliado pela crítica, você vem batendo recordes de vendas consecutivos desde o lançamento oficial.
Eu não esperava tanto, para falar a verdade. A minha intuição falava que, apesar de ser um álbum comercial, seu limite seria os números de meu álbum anterior, que era tão comercial quanto. No entanto, o meu choque veio muito mais dos críticos que das vendas do álbum. Nunca tive nenhum álbum mal avaliado, mas isso sempre dá medo. São pessoas que podem te admirar ou não, dando pitaco profissional, em sua arte. É amedrontador. Ter seu trabalho colocado à prova é esperar o inesperado.