[EUR] SOFÍA X JANIAH'S SHOW
Apr 2, 2022 13:15:16 GMT
Post by adrian on Apr 2, 2022 13:15:16 GMT
Após uma série de ações manifestando suas posições contrárias à empresa de fast fashion H&M acusada em mais de dez países por colocar seus trabalhadores em situações de trabalho análogas à escravidão. Em uma tarde de reuniões intensas e complexas, a cantora Sofía é convida do talk show suíço intitulado de Joniah’s Show e apresentado pela ex-miss universo 2022, Joniah Clarkson. Sofía foi convidada ao programa para falar sobre sua carreira, entretanto, preferiu dar voz aos trabalhadores que levam suas denúncias à público.
APRESENTAÇÃO
Antes do início da entrevista, entretanto, a cantora foi posicionada em um local à parte do estúdio do programa. A artista estava sentada em um banco de madeira e em sua frente posicionado um microfone da cor prata com brilho em sua base. Em sua retaguarda havia um músico prestes a iniciar os acordes no violão que segurava no colo.
A performance que procedeu foi a versão acústica do mais recente single da cantora, a faixa intitulada de CdS. Se na versão original eram as batidas do sintetizador que davam forma e conteúdo ao single original, nesta versão os acordes do violão abraçaram a voz angelical de Sofía. O telão posicionado no palco mostrava imagens de todos os trabalhadores vitimados pela situação de trabalho proporcionados pela empresa H&M.
Ao findar da performance a cantora foi aplaudida pela plateia do programa que estava no estúdio principal. A cantora se direcionou ao local e, junto com outras três pessoas, foi recebida com gritos e aplausos. Após as apresentações, a entrevista enfim teve início.
JC: Sejam muito bem-vindos ao Joniah’s Show! Nós hoje vamos realizar uma dinâmica diferente a pedido da nossa artista convidada, então é melhor que ela explique as razões do seu pedido e apresente os seus convidados.
SOFÍA: Boa noite, Suíça. Estou muito feliz em poder cantar para vocês e desde já agradeço a todo o apoio e receptividade. No programa de hoje não sou eu quem irei ser entrevistada, mas sim os meus amigos aqui [ela aponta para os três indivíduos que estavam ao seu lado]. Eles são apenas algumas das vítimas dos interesses privados da empresa H&M; há algumas semanas eu me coloquei contrária a ser parceira de uma empresa que trata seus trabalhadores como escravos e desde então me juntei a causa para responsabilizar quem merece. Estou apenas dando suporte financeiro e jurídico, mas quem realmente sabe falar o que aconteceu são eles. Portanto, os ouçam e os apoiem na sua luta por reconhecimento. Esses são o João Pereira, brasileiro; Samanta Sanchéz, chilena; Kadija Nhebul, do Egito.
JC: Isso é muito bondoso de sua parte, Sofía. Nós aqui estamos muito felizes por podermos receber essas vozes que há muito estão caladas. Vocês podem nos falar um pouco da trajetória de vocês?
JP: Eu sou do Nordeste brasileiro e trabalho desde os quinze anos para sustentar a minha família. Eu conheci a empresa H&M há uns cinco anos e desde então trabalho em suas fábricas, mas desde o início percebi que as coisas eram muito diferentes das que eles prometiam. Me foi prometido, por exemplo, um bônus salarial caso atingisse uma quantidade x de peças produzidas, mas era uma meta quase impossível e a recompensa muito baixa. Aliado a isso tínhamos que trabalhar mais de catorze horas por dia para podermos receber a quantia de vinte e cinco [25] reais por dia. Não tinha nem carteira de trabalho.
JC: O que seria uma carteira de trabalho e qual a importância dela?
JP: Ela é quem garante o direito do trabalhador. É um papel ao qual se dá muito valor no Brasil. E nós não tínhamos. Era um contrato de boca e olha que a gente pedia para que nossos direitos fossem reconhecidos.
JC: Não passou pela cabeça de vocês pedirem para sair?
JP: Claro! Todo os dias, inclusive, mas como nós iríamos sobreviver? Estávamos presos naquela inferno.
JC: E quanto a você, Samanta, como descreveria a situação no seu país?
SC: Olha, é tudo muito triste. Eu tenho vinte e cinco anos e três trabalhando como uma condenada para a H&M. Entrei para poder auxiliar minha família e tentar arrumar um canto meu, próximo à minha universidade, ou seja, de conseguir autonomia. O que consegui foi um atestado de maus tratos, de condições sanitárias precárias e uma jornada de trabalho de mais de doze horas. Haviam muitas crianças também, algumas de cinco anos de idade, acredita? As mãos pequeninas auxiliando na confecção de uma coleção de um cantor italiano por aí, nem sei o nome dele. Era horrível! E ainda é porque as máquinas ainda funcionam e nós estamos aqui para pedir ajuda. Nos ajudem, por favor!
JC: Cinco anos? Crianças com essa idade já trabalhando?
SC: Sim! É uma tristeza só ver aquelas mãos miúdas cobertas por tintas, cujos efeitos na saúde já se manifestavam através de alergias, queimaduras, diarreia, dor de cabeça. E a culpa é da H&M!
JC: Estou surpresa e indignada com essa situação. Kadija, como é a situação no Egito?
KN: É igual a dos meus colegas. Não temos condições humanas para dizer que aquilo é trabalho, é exploração! Eu e minha família ficamos todos reféns dessa empresa maldita. Ela retirou toda e qualquer possibilidade de postos de trabalho para nós. Ficamos realmente dependentes dela porquê senão morreríamos de fome.
[...]
A conversa, mediada por tradutores e transmitida ao público através de legendas, se estendeu por cerca de dez minutos nos quais o trio respondeu as questões da plateia sobre o assunto e novamente pediram por ajuda. A campanha financeira para arrecadar fundos para o movimento fora divulgada. Havia um site que atualizava em tempo real o dinheiro gasto, juntamente com todos os comprovantes e notas fiscais, para dar sustentação à credibilidade das ações. Por fim, agradeceram ao espaço cedido por Sofía e exaltaram sua coragem de se levantar contra uma empresa famosa do porte da H&M.
JC: Sejam muito bem-vindos ao Joniah’s Show! Nós hoje vamos realizar uma dinâmica diferente a pedido da nossa artista convidada, então é melhor que ela explique as razões do seu pedido e apresente os seus convidados.
SOFÍA: Boa noite, Suíça. Estou muito feliz em poder cantar para vocês e desde já agradeço a todo o apoio e receptividade. No programa de hoje não sou eu quem irei ser entrevistada, mas sim os meus amigos aqui [ela aponta para os três indivíduos que estavam ao seu lado]. Eles são apenas algumas das vítimas dos interesses privados da empresa H&M; há algumas semanas eu me coloquei contrária a ser parceira de uma empresa que trata seus trabalhadores como escravos e desde então me juntei a causa para responsabilizar quem merece. Estou apenas dando suporte financeiro e jurídico, mas quem realmente sabe falar o que aconteceu são eles. Portanto, os ouçam e os apoiem na sua luta por reconhecimento. Esses são o João Pereira, brasileiro; Samanta Sanchéz, chilena; Kadija Nhebul, do Egito.
JC: Isso é muito bondoso de sua parte, Sofía. Nós aqui estamos muito felizes por podermos receber essas vozes que há muito estão caladas. Vocês podem nos falar um pouco da trajetória de vocês?
JP: Eu sou do Nordeste brasileiro e trabalho desde os quinze anos para sustentar a minha família. Eu conheci a empresa H&M há uns cinco anos e desde então trabalho em suas fábricas, mas desde o início percebi que as coisas eram muito diferentes das que eles prometiam. Me foi prometido, por exemplo, um bônus salarial caso atingisse uma quantidade x de peças produzidas, mas era uma meta quase impossível e a recompensa muito baixa. Aliado a isso tínhamos que trabalhar mais de catorze horas por dia para podermos receber a quantia de vinte e cinco [25] reais por dia. Não tinha nem carteira de trabalho.
JC: O que seria uma carteira de trabalho e qual a importância dela?
JP: Ela é quem garante o direito do trabalhador. É um papel ao qual se dá muito valor no Brasil. E nós não tínhamos. Era um contrato de boca e olha que a gente pedia para que nossos direitos fossem reconhecidos.
JC: Não passou pela cabeça de vocês pedirem para sair?
JP: Claro! Todo os dias, inclusive, mas como nós iríamos sobreviver? Estávamos presos naquela inferno.
JC: E quanto a você, Samanta, como descreveria a situação no seu país?
SC: Olha, é tudo muito triste. Eu tenho vinte e cinco anos e três trabalhando como uma condenada para a H&M. Entrei para poder auxiliar minha família e tentar arrumar um canto meu, próximo à minha universidade, ou seja, de conseguir autonomia. O que consegui foi um atestado de maus tratos, de condições sanitárias precárias e uma jornada de trabalho de mais de doze horas. Haviam muitas crianças também, algumas de cinco anos de idade, acredita? As mãos pequeninas auxiliando na confecção de uma coleção de um cantor italiano por aí, nem sei o nome dele. Era horrível! E ainda é porque as máquinas ainda funcionam e nós estamos aqui para pedir ajuda. Nos ajudem, por favor!
JC: Cinco anos? Crianças com essa idade já trabalhando?
SC: Sim! É uma tristeza só ver aquelas mãos miúdas cobertas por tintas, cujos efeitos na saúde já se manifestavam através de alergias, queimaduras, diarreia, dor de cabeça. E a culpa é da H&M!
JC: Estou surpresa e indignada com essa situação. Kadija, como é a situação no Egito?
KN: É igual a dos meus colegas. Não temos condições humanas para dizer que aquilo é trabalho, é exploração! Eu e minha família ficamos todos reféns dessa empresa maldita. Ela retirou toda e qualquer possibilidade de postos de trabalho para nós. Ficamos realmente dependentes dela porquê senão morreríamos de fome.
[...]
A conversa, mediada por tradutores e transmitida ao público através de legendas, se estendeu por cerca de dez minutos nos quais o trio respondeu as questões da plateia sobre o assunto e novamente pediram por ajuda. A campanha financeira para arrecadar fundos para o movimento fora divulgada. Havia um site que atualizava em tempo real o dinheiro gasto, juntamente com todos os comprovantes e notas fiscais, para dar sustentação à credibilidade das ações. Por fim, agradeceram ao espaço cedido por Sofía e exaltaram sua coragem de se levantar contra uma empresa famosa do porte da H&M.