Klaus Henderson - The Origin
Apr 1, 2022 3:29:00 GMT
Post by obiwan on Apr 1, 2022 3:29:00 GMT
New Musical Express (NME) - 89
O novo álbum de Klaus Henderson de cara parece o produto de um retiro eremita de 20 meses em um satélite espacial perto da terra, com bastante Harlan Ellison para ler, e várias simulações para viver.
Já é intrínseco ao que se espera de Klaus começar o álbum confuso e terminar ele questionando seu propósito e impacto na humanidade, mas em The Origin, Henderson dá um passo além, criando uma obra que mesmo em seu conceito denso, que demanda uma percepção aguçada, consegue evitar criar um ambiente completamente massivo e sufocante de difícil absorção, mantendo as metáforas e paralelos simples, e bem efetivos.
É quase como se Klaus fosse além de um DJ, um incrível mestre da Gestalt, usando todas suas funções para criar uma experiência meta-audiovisual, usando até o silêncio para compor a sinfonia que propõe em The Origin. Faixas como Birds, Synesthesia e The Intrinsic Purpose traçam linhas de exploração de coisas que todos convivem todos os dias, mas quase nunca param para sequer questionar, ou até mesmo criar uma mínima análise de “Oh, esta construção está aqui desde que eu nasci, mas um dia cairá, talvez antes ou depois de mim”, e até em outras faixas como os singles Absolute Void e Waves, que mergulham mais profundamente em temas que nem todos se sentem confortáveis a pensar sobre, as letras soam seguras, por mais que induzam certo medo.
Quanto ao som em si, Klaus consegue unir o útil ao agradável, o conceitual ao comercial. Seu eletrônico pesado está presente, mostrando a forte marca do produtor, e mesmo assim ele consegue incorporar sonoridades mais familiares, que só deixam o álbum ainda mais abrangente. O mais difícil de digerir talvez sejam as interludes sem letras, bem distintas, e mais pesadas, sendo elementos exclusivos de quando se ouve o álbum todo de uma vez, para amarrar a experiência, mas não prejudicam a obra, mesmo quando se ouve apenas uma música dele por gosto. Klaus Henderson mais uma vez obtém êxito ao expor suas reflexões e fazer músicas de ótima qualidade.
The Observer (UK) - 78
Em mais uma jornada propia e cinematográfica, o novo álbum de Klaus Henderson é The Origin, uma obra que mais uma vez explora o ambient pop e o experimentalismo que o alemão traz como sua chave para abrir diversos trabalhos como identidade e sua marca registrada. Sua maneira de fazer música alternativa em colaboração com outros artistas - como a ótima Birds, um dos destaques com vocais de Qrubim e que é seguida pelo auge do álbum o single Absolute Void - enquanto também mostra uma produção cinematográfica e que quer te levar para o espaço ao ouvi-la. Esse tipo de mistura pode causar estranheza, não que The Origin não seja um álbum coeso e bem trabalhado nesse quesito, mas algumas mudanças principalmente ao iniciar o álbum, lhe tornam um álbum que arrisca em diversos momentos em sua sonoridade e isso pode se tornar um ponto relativo de cada um em sua ouvida podendo causar alguns incómodos especialmente na transição de Black World para Birds. A segunda parte do álbum, obtém muito mais exito ao explorar a eletrônica e o trance, nos trazendo letras lindas e com belas mensagens que fecham bem o álbum. Porém a mudança feita em Fade é completamente frustrante para o ouvinte e estraga o encerramento. O dark ambient está presente, mas as sonoridades impactantes (que são importantes para o fechamento de um álbum) parecem ser esquecidos pelo eletrônico linear e techno da faixa que parece não amarrar o conceito e sim completamente descartável para o resto onde poderia ter sido um encerramento bem melhor com um trance europeu ou algo com mais batidas e talvez orquestral.
Pitchfork - 76
É muito bonito. É muito silencioso. É muito discreto. É muito contido. (Apesar de certos momentos mais intensos) E nós... achamos interessante. Pelo menos enquanto não nos esquecemos de que o álbum de Klaus é como uma estranha história própria, ao invés de letras com as quais seja possível se identificar. E esse é talvez o maior ponto fraco do álbum, e ao mesmo tempo é como uma de suas vantagens, o tornando uma experiência um tanto única, mas que se torna muito abstrata para ser realmente sentida e apreciada em certos momentos. A primeira metade do disco é a maior culpada nesse quesito, enquanto a segunda é consideravelmente mais fácil para se aprofundar e absorver todo o conteúdo e sonoridade, principalmente a partir da crítica e reflexiva “The Intrinsic Purpose” com Yves, que, em nossa opinião, já deveria ter sido lançada como single. E apesar de sua letra repetitiva, “Awake” tem uma das melodias e produções mais contagiantes, assim como a mais pesada “Sense to Sensation” em seguida, e a bela finalização de “Fade”. Desta forma, “The Origin” é uma jornada sinuosa, com baixos não necessariamente ruins, porém um pouco difíceis de apreciar, mas que tem seu valor para o conceito da obra, fornecendo uma base ainda mais forte para os pontos altos anteriormente destacados.