AWA - A Gente Se Ajeita
Mar 31, 2023 1:09:28 GMT
Post by jottavi on Mar 31, 2023 1:09:28 GMT
por Emmet Fox
Que o Awá é um dos artistas mais brilhantes da indústria, isso não podemos questionar. Todos os álbuns vem em uma crescente que pouquíssimos artistas conseguem ter, dessa vez o cantor vem ainda mais maduro que nos anteriores. O paraense trás baladas brasileiras perfeitas para chorar enquanto as costas escorregam pela parede, tudo tem muita alma ao mesmo tempo que é bem pensado.
A evolução é clara, nas letras, nos arranjos e também no estilo musical, no A Gente se Ajeita, Awá parece está mais conectado com o Brasil. Nas faixas “Eu Corro” e “Instante” ele trás um ritmo bem noventistas do Brasil, deixando ainda mais cultural. “Eu Corro” em questão, trás uma vibe gostosa que alguém como a Lazuli poderia fazer na indústria, e sobre “Instante”, tem algo mais brasileiro no mundo do que Tieta?
“O Amor me Ensina” e “Perdi El Miedo” são como um resgate do Marés, são ótimas musicas, mas não comparada as demais, porém não se desconectam das outras, muito pelo contrário, introduzem muito bem o álbum, servindo de entrada para a delícia que são músicas como “Armadilha.” A música trás uma letra muito gostosa de se ouvir, leva o álbum exatamente para as 16:00 de uma tarde feliz, música para se ouvir e cantar sorrindo, praticamente fazendo par com “Tudo que eu Perdi em mim”, a verdade é que o Awá é um GÊNIO fazendo MPB. Uma montanha russa de emoções que atinge o seu pico em “Um Qualquer”. Os vocais vem como choques elétricos, a dramatização faz com que o ouvinte possa imaginar de forma clara a situação da música, os metais muito bem escolhidos, prontos para chocarem mesmo os não amantes do gênero.
A faixa título. “A Gente se Ajeita” e “Nós” mostra uma evolução do que o cantor trouxe nos outros dois álbuns, Nós do Ribuliço, e “A Gente se Ajeita” para o Marés, imagino que os fãs do cantor tenham essa mesma sensação de resgate, dando liga a toda a história musical do cantor no álbum.
No geral, “A Gente se Ajeita” é um álbum impecável. De longe, o melhor álbum de música latina. Articulado e natural na mesma medida, sem pretenção de ser o que é. O suco e referência do que um artista do gênero pode entregar.
100
por Troy Winters
'A Gente Se Ajeita' é regional, pessoal e visceral, AWA entrega seu coração em uma bandeja para o público em formato de álbum e isso é muito lindo. Após o aclamado 'Marés' o cantor poderia ir para qualquer lado, tentar fugir para algo diferente, mais comercial apos conseguir um grande holofote em cima de si, mas é exatamente o contrário que AWA decidi seguir, ele apenas fez oque quis e mais se sentia confortável com isso, com sua originalidade.
Além das referências ótimas e produção minimalista que trazem uma coesão bem palpável ao ouvido, AWA também lança a sua melhor faixa da carreira em forma de faixa-titulo, quando você ouve 'A Gente se Ajeita' nos fones de ouvido é uma experiência muito visceral, tudo nessa faixa em específico grita vulnerável em forma de música de qualidade.
89
por Carlos Alberto Orione
Apostando no melodrama como forma de expressar o seu fracasso no amor, Awa lança (mais um) novo álbum, intitulado de A Gente Se Ajeita. O disco contém dez faixas, sendo uma destes uma interlude. Mesclando estilos como MPB, Pop, Rock e Folk, o artista brasileiro nos mostra uma identidade há muito já estabelecida em trabalhos anteriores, sem trazer ao público nenhuma grande novidade. O que não é um demérito, contudo. Na verdade, a originalidade é um instrumento artístico multifacetado e que pode sim ser dispensado. O trabalho do brasileiro é um acalento aos corações em pedaços, presos em amores imaturos e repletos de saudosismo.
O álbum se inicia com a ótima O Que O Amor Me Ensina, cuja letra e instrumental, misturando elementos do pop e do rock, mesclam-se em uma sintonia (quase) perfeita. Aos ouvintes, temos aqui uma bela “entrada” ao que está por vir. Em seguida, Eu Corro (Pra Amar Você) destoa completamente da sua antecessora; o ritmo é quebrado e a experiência soterrada pela novidade. A única faixa em língua estrangeira, Perdí El Miedo, se destaca em meio a confusão de sentimentos de Awa. O instrumental leve, junto a uma letra que esconde a dor sentimental de um jovem, mostra o talento nato do artista para criar experiências sonoras.
Em um Instante somos apresentados à, talvez, a faixa mais descartável para este editor. A junção de Awa e Tieta, esperada por muitos, decepciona por ser um feijão com arroz mal feito. Não é ruim, mas poderia ser melhor vindo de dois grandes nomes da música brasileira. Como se fôssemos capturados em um Armadilha, a faixa de número cinco, retorna ao rock e traz referências aos trabalhos anteriores do artista. É inovador e revolucionário? Longe disso, mas ninguém disse que o precisa ser.
A canção que dá título ao disco é, em disparada, a melhor do conjunto. Awa mostra o seu lado mais frágil e encanta justamente por mostrar-se para além da força. O conteúdo lírico é rico em emoção, em conexão. Uma música bem escrita, instrumental perfeito e interpretação fenomenal resultam na perfeição. A canção seguinte, Tudo Que Eu Perdi De Mim, é mais uma composição de destaque. É poética, é dolorosa; é arte em seu estado mais belo. A nona faixa, Um Qualquer, apesar de seu conteúdo lírico rico e da voz do artista combinar muito bem com o estilo, é uma das mais “puláveis” do disco. Já a última canção, Nós, é uma confusão bem feita de brincadeiras com a dubiedade dos “nós” aos quais o cantor se envolveu.
No fim, Awa lança mais um bom trabalho, embora o seu antecessor ainda seja a sua obra prima. Destacam-se as seguintes faixas como as favoritas: O Que O Amor Me Ensina, Perdí El Miedo, A Gente Se Ajeita e Tudo Que Perdi De Mim. Estas como substituíveis: Instante e Um Qualquer.
86