[EUR] SOFÍA X THE GRAHAM NORTON SHOW
Mar 7, 2023 1:16:36 GMT
Post by adrian on Mar 7, 2023 1:16:36 GMT
[DIVULGAÇÃO PARA NOCHENTERA]
Em conformidade com a trajetória de seus shows no continente europeu, Sofía é a convidada da noite para uma entrevista no famoso programa britânico The Graham Norton Show. A participação de Sofía, inicialmente, seria de forma presencial, mas devido a demanda física dos shows a artista não conseguiu ir ao estúdio e concedeu uma entrevista gravada em uma sala de hotel. A cantora, muito solícita, respondeu questões que resvalavam sobre as expectativas para o andamento da turnê e discutiu um pouco acerca do seu single mais recente, Nochentera. Além disso, uma performance acústica do single foi realizada ao fim da sabatina.
GN: Sofía! É um prazer tê-la aqui conosco. Uma estrela latina consolidada como uma popstar à nível global. Qual a sensação de ser considerada uma das artistas de maior renome da indústria dos últimos anos?
S: Essa alcunha é problemática, mas agradeço pelo elogio e pelo reconhecimento do meu trabalho. Todos esses anos foram sendo de muita luta, que nem sempre as pessoas, fãs ou nãos, enxergam. Nós artistas colocamos muito sangue em tudo o que fazemos, seja na música, nas artes plásticas, visuais, entre outras. Alcançar este patamar é resultado de um trabalho coletivo, diário. Eu, a Sofía, não construí minha carreira sozinha, muito pelo contrário; há toda uma equipe, majoritariamente feminina, que me trouxe até aqui. Se tenho sucesso hoje, devo tudo a eles.
GN: Essa é a primeira vez que você vem com um itinerário de shows aqui na Inglaterra, mas também por outros países da Europa. Por que você demorou tanto, minha querida?
S: Eu tinha planos de fazer uma turnê mundial para promover meu álbum anterior, mas só consegui ir para a América Latina. Tive que desistir dos demais shows por motivos de saúde. O sucesso vem com muita ansiedade, sabe? Fui diagnosticada com depressão e fiquei afastada por um tempo; deixei de viver para trabalhar, minha arte era só um produto e eu uma embalagem plástica. Precisei de um tempo para me curar e me reposicionar. Hoje me sinto pronta e resolvi começar pelos lugares aos quais não visitei e estou muito contente.
GN: Essa leva de shows está inclusa na turnê cujo nome é... essa vai ser difícil [risos]. Las en-ca-ta-do-rass his-to-ry de des-em-ca-to. Acertei? Enfim. Como surgiu esta turnê?
S: Você está quase lá [risos]. Então, esta turnê surgiu da necessidade de colocar meu álbum na boca do povo. É um álbum comercial, pop, mas muito sentimental e íntimo. Quero que ele faça sucesso, quero que as pessoas ouças no rádio, no metrô, nas escolas, enfim, em todos os lugares. E para isso eu preciso me tornar um pouco nômade, sem casa por alguns meses. E nada melhor que sair para uma viagem, certo? Estas histórias que pretendo contar são de superação tanto da tristeza, mas também da solidão. Convido todos a entrar numa festa ou, como gosto de chamar, de mundo de desencanto. Nele todos somos vulneráveis, mas isso não nos faz mais fracos e sim muito mais poderosos e conscientes de si. É uma celebração da vida.
GN: Um pedaço dessa história nós encontramos em Nochentera, certo? Como você a apresentaria para um público, se é que esse existe, que não conhece a sua música?
S: Nochentera é, talvez, a mais pop do álbum. Nela eu convido à todos os ouvintes a embarcar em uma viagem aos anos oitenta, com batons vermelhos marcantes, cabelos repletos de laquê e bolas discos por todos os lados.
GN: Atualmente é a segunda música mais ouvida em todo o mundo, a quê você deve todo esse sucesso para uma canção em língua não-inglesa e que não está associada aos gêneros coreanos?
S: Eu não sei, na verdade. Acho que o dinheiro ajuda muito em questão de visibilidade, mas uma música faz sucesso para além do marketing. Uma hipótese é a de que as pessoas se identificam com o desprendimento de um mundo cruel, que é esse ao qual vivemos, e se entregam, pelo menos por uma noche entera, ao que é considerado mais devasso na modernidade. Sabe, sexo e drogas? Quem quiser, tá aí; quem não, consegue uma forma de diversão que lhe seja mais confortável.
GN: Há um movimento que renega músicas muito populares, descritas como básicas e genéricas, mas ao mesmo tempo estas estão sempre no topo das paradas. Como você é influenciada, ou não, por estas críticas?
S: Acho válido, mas não me importo. Arte não se mede pela originalidade, mas pela intenção que está envolvida em sua criação e produção. É petulante acreditar que podes julgar uma arte ou artista por não ser “inovador” ou tão conceitual como você acha que precisa ser. No fundo, eu penso que é mais uma situação de “eu estou perdido, fazendo uma merda confusa e a qual chamarei de conceito, e vou criticar quem está fazendo algo minimamente conhecido e confortável”.
GN: Suas opiniões são contundentes e incomodam muitas pessoas. Essa sua relação dialógica para com o público te fazem ter uma fama de raivosa.
S: O mundo não está preparado para uma mulher de opinião forte, principalmente se não segue padrões estabelecidos do que é ser uma “boa mulher”: passiva, loira, branca, americanizada e harmônicas com o que te pedem. Eu não me importo, sabe? Cansei de chorar, agora quero mesmo é faturar, como diz uma amiga minha. Um beijo, Shaki!
GN: A Europa é um espaço tão pequeno para você, literalmente. A sua grandiosidade e generosidade não cabem em um continente tão afetado por políticas econômicas imperialista e etnocêntricas. Obrigado por mostrar a latinidade como uma identidade de importância ímpar.
S: Eu que agradeço pelo espaço e gostaria de deixar uma mensagem para todos os latinos que se sentem perdidos em outro país ou continente que não seja o seu. Os obstáculos serão inúmeros e os inimigos diversos, mas nosso sangue, de Eva Perón e de muitas outras mulheres latinas, reacende a força do feminino, que acolhe a todos, mas não prevê controle ou políticas cuja base é o ódio. Juntas somos mais fortes! Nada de harmonia para àqueles e àquelas que beijam os pés do patriarcado.
Ao fim da entrevista, Sofía foi convidada a performar o seu mais recente single. Um membro da produção levou até ela um microfone e um violão e, juntamente, com uma pequena plateia formada pelos membros da staff da artista foi reproduzida uma versão inédita da faixa, acústica. A sua voz madura e consistente, longe das batidas eletrônicas, ressoava límpida e mostrava o talento pelo qual técnica e dom se confundiam em torno de uma voz angelical.
Ao fim da entrevista, Sofía foi convidada a performar o seu mais recente single. Um membro da produção levou até ela um microfone e um violão e, juntamente, com uma pequena plateia formada pelos membros da staff da artista foi reproduzida uma versão inédita da faixa, acústica. A sua voz madura e consistente, longe das batidas eletrônicas, ressoava límpida e mostrava o talento pelo qual técnica e dom se confundiam em torno de uma voz angelical.