[BR] Harmon Moore no Mais Você
Mar 3, 2023 1:09:30 GMT
Post by ggabxxi on Mar 3, 2023 1:09:30 GMT
Bruno Astuto: Chegou a hora, Brasil! Hoje nós estamos aqui com a grande Harmon Moore, que veio ao nosso país prestigiar o carnaval em Salvador e deu uma passadinha aqui no Rio, é claro. Harmon tem 22 anos, mas sua carreira na internet começou aos 15, quando ela ainda morava em Nova Iorque. Ela tinha um canal no YouTube em que postava covers de suas músicas preferidas. Este canal durou até os 19 anos, quando ela postou seu último cover, a música “Northern Downpour”, originalmente lançada pela banda Panic! At The Disco, sua banda preferida.
Uma semana depois, Harmon lança de surpresa o seu primeiro EP contendo 5 músicas, chamadas Modern Times, Tomorrow, Terabithia’s Rope, Poor Alfie e a faixa-título Harmony, primeiramente sendo lançadas no streaming de forma independente e depois sendo distribuídas pela Rocket Records. O single Terabithia’s Rope chegou ao top10 nas paradas globais da Billboard e o EP teve uma recepção extremamente positiva por parte da crítica especializada, tendo a nota 83 na plataforma Metacritic até hoje, além de ter sido considerada o melhor lançamento na época e ganhando o selo “Best New Track” na plataforma renomada Pitchfork.
Depois, ela anunciou a era American Girl e entrou em um período conturbado em sua vida, já que teve vários problemas com a gravadora e só lançou um single, Gimme All Your Luvin, que foi uma decepção crítica e comercial, e não foi escrito por Moore. Depois disso, ela teve que esperar seu contrato acabar, recebendo muita solidariedade e amor de seus fãs. Então, assim que saiu da Rocket Records, ela diretamente assinou contrato com a Arcade Records, gravadora fundada por seu maior ídolo, Brendon Urie, que hoje usa o nome artístico Apollyon. Assim, 4 anos depois do lançamento de seu EP, Harmony, Harmon Moore voltou com os singles Clueless e Southside, e já anunciou pré-venda e tracklist de seu álbum, também com o título “Clueless”. Seus singles, Clueless e Southside, ocupam respectivamente o primeiro e terceiro lugar das paradas globais da Billboard atualmente, sendo a segunda artista feminina a conseguir a proeza de ter dois singles no top3 ao mesmo tempo, entrando num seleto grupo com Qrubim, One Of A Kind e Lucca Lordgan, se tornando a nova maior sensação da música pop.
Agora, Harmon veio ao Brasil nos dar um gostinho de seu álbum, que deve sair em breve. Seja bem-vinda ao nosso país, Harmon! Espero que você esteja gostando.
Harmon: Eu estou amando! Sabe, quando meus amigos diziam que esse país era lindíssimo, eu não imaginava que ele fosse TÃO lindo assim, vocês definitivamente superaram muito as minhas expectativas! Com certeza, vou voltar aqui muitas vezes.
Bruno Astuto: Que bom, é um prazer te conhecer e te receber aqui. O que você achou do carnaval em Salvador?
Harmon: É um prazer te conhecer também! Eu AMEI, as pessoas têm uma energia tão contagiante! Eu acho que nunca vi um público tão investido e caloroso antes. Eu amei tanto que decidi dar um presentinho pros meus fãs brasileiros e cantar duas músicas inéditas do álbum, Groupie Love e Boy From The South. Eu acho que eles amaram! Eu nunca tinha mostrado essas músicas pra ninguém além do meu irmão, meu namorado e obviamente o Brendon, foi ele quem co-produziu e mixou o álbum todinho né? Nem meu pai escutou meu álbum ainda, os fãs brasileiros escutaram antes dele!
Bruno: Mas você já tinha cantado alguma inédita antes?
Harmon: Sim, sim, eu cantei Canvas no City of Love, um evento feito por mim e pelo Caleb em Paris no dia dos namorados. Eu pensei em incluir essa em Salvador também, mas senti que o evento precisasse de músicas mais animadas, por isso decidi colocar as músicas mais felizes e dançantes, Canvas seria muito triste e eu não queria desapontar aquele público maravilhoso. Embora algumas pessoas tenham cantado talvez mais músicas tristes do que deveriam, eu só posso ficar feliz por não ser uma delas. Ah, e também, é claro, eu adorei ver a Tieta. gostei também do show do Rique e daquele amigo dele… o show da Lia também foi uma experiência boa, eu nunca tinha escutado música daquele jeito antes, foi interessante. Pra ser sincera, eu não entendi a maioria das coisas que eu ouvi lá, mas uma batida e uma melodia já dizem muito, certo?
Bruno: Certo! Então, vamos falar um pouquinho sobre o seu álbum. Por que você deu a ele o nome de Clueless?
Harmon: Bem, foi por muito mais do que as pessoas imaginam. Todo mundo acha que foi escolhido aleatoriamente por causa do meu single Clueless que é o single de maior sucesso até então, mas foi porque essa é a palavra que eu acho que resume muito bem o álbum como um todo, é talvez a pessoa que eu era… era como eu me sentia quando comecei a criar tudo o que está nele hoje em dia. Eu sempre fui uma garota otimista, que acreditou na bondade das pessoas e que o mundo era um lugar bom, então, quando as coisas deram muito errado pra mim, na Rocket, foi mais do que uma decepção com a antiga equipe deles, foi mais como um choque de realidade, eu não entendia o que estava acontecendo e nem porquê. Então, eu me senti um pouco… um pouco ignorante, um pouco… como alguém que não sabia do que realmente era viver nesse mundo e ser uma artista nessa indústria. Em uma das faixas do álbum, Easy On Me, eu até falo um pouco mais sobre isso, sobre descobrir que o mundo e as pessoas não são um mar de rosas e é até por isso que a cor rosa está tão presente nessa era, acho que ela simboliza como eu via o mundo através de lentes cor-de-rosa, sempre achando tudo lindo, sempre achando que todas as pessoas têm alguma bondade dentro delas.
Bruno: Sim, e como está sendo o processo desse álbum em contrapartida com antes?
Harmon: Essa pergunta me faz pensar bem sobre como está sendo e pra falar a verdade, eu acho que estar na Arcade é um ambiente muito parecido com estar fazendo música independentemente, apesar de ser uma gravadora muito grande. É claro, nós temos muito apoio na Arcade, mas é mais um apoio amigável, tanto é que eu não fui obrigada a trabalhar com muitos produtores mainstream e executivos, só pessoas que entendem minha visão estão comigo, então, o Brendon, que produziu as músicas e o Kyle, meu irmão, que é responsável pelos videoclipes, claro, além de ótimos editores e designers que criaram a identidade visual do álbum de um jeito mágico e eu só tenho a agradecer. É mais uma cooperação do que uma exigência por algo muito comercial, entende? A única diferença entre ser um artista independente e ser um artista da Arcade é que na Arcade, você pode contar com o apoio deles para realizar SUAS PRÓPRIAS IDEIAS e também com o alcance midiático deles, é claro. Eu duvido que eu estaria aqui agora falando com vocês se não fosse pela Arcade. Claro, o que mais me impactou foi poder novamente escrever minhas músicas sem ter nenhum tipo de limitação imposta sobre mim, tanto é que eu sou a única compositora creditada no álbum, o Brendon não quis nem mudar o verso que eu escrevi pra ele em Sidelines porque ele realmente acreditou na minha visão pra música, então, eu posso dizer que foi uma experiência mágica que quase me faz querer ser otimista de novo, e eu realmente acho que poderia.
Bruno: E por falar em composição, como você compõe? Qual o processo? Você compõe e grava, em qualquer lugar ou só no estúdio? Como acontece?
Harmon: Eu acho que pra mim, é… talvez um pouco dos dois. Eu aprendi a estar em estúdio e acabar fazendo uma música se ela precisa ser feita, mas eu acho que as melhores saem inesperadamente, sabe? Eu posso me forçar a escrever, mas nada vai ser tão bom quanto estar vivendo minha vida e de repente, alguma coisa me dá uma ideia, então, eu pego meu celular e gravo, escrevo letras no bloco de notas e depois, levo tudo pro estúdio. Eu lembro de um momento MUITO bom que eu estava andando por LA, já que eu não tenho uma carteira de motorista, e de repente eu tive a ideia de um verso de The Angels, então, eu comecei a CORRER pro estúdio do Brendon, com meu celular na mão, gravando tudo enquanto corria, tudo ficando HORRÍVEL, e então, escrevi a maior parte da letra de The Angels no caminho. Quando eu cheguei, eu estava completamente exausta, então, eu só fui direto pro estúdio, abri a porta com tudo e gritei “Brendon, eu escrevi mais uma!” e ele pulou da cadeira porque tinha tomado um susto. Então, eu toquei a gravação pra ele e ele me olhou com uma cara totalmente confusa, tipo, “O QUE É ESSE RUÍDO E ESSE MONTE DE VOCAIS CANSADOS QUE VOCÊ ACABOU DE ME MOSTRAR?’. Foi muito bom. Ele esperou cerca de 20 minutos pra finalmente me ouvir cantar e entender que se tratava de uma música e que realmente tinha um ritmo.
Bruno: Sim… então, Clueless… essa música tem a ver com sua vida, com alguma coisa que aconteceu com você?
Harmon: Sim, com certeza, acho que todas as músicas do álbum são pessoais, mas essa… bem, ela é uma mistura um pouco estranha de duas coisas que aconteceram na minha vida. Ela é uma fusão dos momentos que eu tive com um amor que deu errado com outro que deu certo. Então, a primeira parte fala sobre um aniversário meu que… ninguém foi. Foi quando eu era criança e bem… acho que todo mundo me achava estranha, eu não sei, mas eu convidei todas as pessoas da minha sala na escola e NINGUÉM foi. Vocês podem imaginar como foi uma experiência bem transformadora e bem traumatizante pra uma criança, bom, é claro, se eu ainda estou escrevendo músicas sobre isso aos 20 anos… enfim, então, eu acho que isso me rendeu um ciclo um pouco vicioso de sempre achar que ninguém ia gostar de mim, ninguém nunca ia realmente me amar porque eu era incapaz de ser amada… e fala sobre como eu demorei tanto para vocalizar o amor que eu tinha por uma pessoa justamente por isso. O refrão fala sobre amar alguém muito e sempre querer estar com ela, mas termina com “você não faz nem ideia disso” justamente porque é sobre um amor que foi mantido em segredo por muito tempo.
Bruno: Muito interessante! Bem, agora vamos falar sobre sua vida. De quando é essa foto?
Harmon: Ah! Eu amo essa foto. Bem, minha mãe queria muito fazer um álbum de fotos do natal da família, então, nós tiramos essa foto num estúdio pequeno de fotografia em Nova Iorque mesmo. Eu tinha acho que 6 ou 7 anos e esse é meu irmão, o Kyle, ele tinha 4 ou 5. Hoje, nós damos risada porque essa é era a camiseta preferida da minha mãe no guarda-roupa do Kyle e ela nunca nem chegou a saber que ele é gay! É uma piada muito boba mas nosso pai SEMPRE fala a mesma coisa quando nós voltamos pra casa, acho que nós aprendemos a achar engraçada porque virou uma piada interna… nosso pai tem 45 anos, então, eu acho que já pode se esperar que ele faça piadas de tiozão. Te amo, pai!
Bruno: Nessa época, você já sabia que queria ser cantora, já cantava pra família ou profissionalmente?
Harmon: Sim, com certeza eu já cantava, de um jeito bem desafinado, pros meus pais. Eu amava o Rei Leão, então eu sempre cantava as músicas do filme, eu até tinha decorado as letras na época. E eu também cantava pra qualquer pessoa, meu pai não cansa de me contar uma história de que uma vez, minha família foi à praia, eu, ele, Kyle e minha mãe, era nossa primeira vez em uma praia e eu só disse oi pra um casal de estranhos e comecei a cantar.
Bruno: Você lembra qual música do Rei Leão você cantava?
Harmon: Sim, com certeza, eu cantava “I Just Can’t Wait to Be King”, eu acho que nem lembro mais da letra dessa mas eu gostava muito de cantar.
[Harmon canta um pequeno trecho de I Just Can’t Wait to Be King]
Bruno: E sobre essa?
Harmon: Ah, eu amo essa foto! Quando minha mãe… se foi, eu acho que meu pai queria tentar compensar a dor de não ter mais ela conosco pra mim, então, ele me deu esse violão e ele me disse que minha mãe sempre dizia que eu era uma estrela. Isso foi quando eu tinha oito anos, mas nessa foto, eu acho que tenho 15, algo assim, e foi quando eu comecei a escrever Never Grow Old mas eu nunca terminei porque acho que ainda era muito doloroso pra mim nessa época. Na verdade, essa música entrou no Clueless por acidente, eu achei meu antigo caderno quando fui passar o natal na casa do meu pai e decidi que queria terminar essa música, como uma homenagem à minha mãe. Então, essa foto foi a primeira vez que eu cantei profissionalmente, foi num bar em Nova Iorque mas eu tinha 15 anos, então, é claro que meu pai me acompanhou e me protegeu, não me deixou beber nada além de refrigerante. Eu toquei algumas autorais mas essas, eu nunca lancei e provavelmente nunca vou, são infantis demais pra eu conseguir cantar hoje em dia sem me sentir envergonhada. Eu sempre levava esse violão pra todo lugar que eu fosse, era como se ele fosse um apêndice do meu corpo!
[Harmon dá risada.]
Bruno: Então, como foi sua vida escolar nessa época?
Harmon: Ah, meu pai me levava pra me apresentar porque ele sempre gostou e sempre apoiou meu sonho de ser cantora, mas ele nunca me deixou comprometer meus estudos. Então, como aluna, eu continuava indo bem, até porque eu também gostava e ainda gosto de estudar. Acho que minha vida escolar só se tornou ruim nessa época porque, bem, eu não tinha amigos porque sempre quis gastar meu tempo sozinha, quando não estava estudando, estava tocando e tentando compor músicas, além de, tipo, estar fazendo coisas diferentes do que todo mundo estava fazendo, eu nunca fui de um complexo artístico ou algo assim, minha escola era comum, não tinha ninguém na minha sala fazendo música então eu sempre era tratada como a estranha, ninguém queria ficar perto de mim, coisas assim… hoje em dia, eu acho muito bom que falem mais sobre isso mas na minha infância, a cultura do bullying ainda era muito forte nos EUA. Eu também sempre… me empenhava em ser vista cantando, acho que isso irritava algumas pessoas. Eu sempre queria ser a pessoa a cantar, por exemplo, o hino nacional na escola, ou cantar na igreja, enfim…
Bruno: E agora… temos essa foto!
Harmon: Ah, claro! Esse dia foi muito importante e animador pra mim, essa foi minha primeira vez fazendo uma performance no Grammy! Bem, foi só uma performance de Red Carpet, mas eu acho que eles me deram mais que o necessário, como uma artista novata, certo? Eu sou muito grata a eles por sequer considerarem colocar uma artista que só teve um hit há anos atrás. De qualquer maneira, esse dia foi mágico, eu não estava indicada, mas pude ver muitas pessoas incríveis de perto, acompanhei meu namorado e alguns amigos enquanto eles venceram os prêmios mais importantes da carreira deles, foi algo realmente muito emocionante. Eu nunca vou esquecer esse dia.
DIVULGAÇÃO PARA CLUELESS E SOUTHSIDE