[LATIN] Sofía x VOGUE BR
Feb 23, 2023 0:10:38 GMT
Post by adrian on Feb 23, 2023 0:10:38 GMT
[DIVULGAÇÃO PARA NOCHENTERA (SINGLE) E DESENCANTO (ÁLBUM)]
A capa e recheio da edição de março da revista VOGUE Brasil é divulgada oficialmente. A cantora, compositora e atriz hispânico-latina, Sofía, estrela a nova campanha da revista após um período de estadia no país para trabalhos junto à Tieta e artistas. Apostando em visuais impactantes e que dão conta do corpo e da sobriedade da artista, a revista também articulou uma série de perguntas que cercam a produção e o lançamento de DESENCANTO, terceiro álbum de estúdio da cantora.
VOGUE BRASIL: DESENCANTO foi sucesso mesmo antes do lançamento oficial. Tido como um dos melhores trabalhos de sua carreira, esta disco traz uma Sofía fora da realidade, mas que está em uma luta permanente para sobreviver em meio caos do desencanto com a vida. O álbum reflete um pedaço da sua vida que o público sequer soube. A que você deve toda essa espera pelo disco? E quais foram as balizas pelas quais se deu a sua composição.
SOFÍA: Desencanto surgiu de um momento ao qual eu não conseguia enxergar quem eu era, o que deveria fazer ou até mesmo o que queria realizar. Depois de El Camiño... [que me lleva hasta mí], meu segundo álbum, me senti esgotada como nunca antes. E muitas pessoas esperavam uma nova era super trabalhada, já que eu sequer havia finalizado a anterior como havia pensado. A turnê, que deveria ser mundial, acabou acontecendo apenas pela América Latina. Foram shows maravilhosos, mas não conseguia estar no palco por inteiro. Faltava muito de mim. E só fui descobrir o que era aos finais das gravações da série que protagonizei pela Disney+, La Última.
Eu descobri que estava doente. Fui diagnosticada com depressão e ansiedade. Meu mundo já não fazia mais sentido. Cantar, por exemplo, deixou de ser algo prazeroso para ser um martírio. Estava completamente perdida nas sombras do meu medo, da minha insolência para com minha própria felicidade. Nunca mais fui a mesma depois disso. Tentei ressuscitar aquela que um dia já havia sido, mas isso não funciona. O presente é repleto de passado, mas este não pode ser simplesmente resgatado; aprende-se com ele, não há retorno. Precisei me reinventar e foi daí que o álbum surgiu. Do desespero, do desencantamento com o mundo, da descoberta da medicina alternativa e outras coisas.
Eu fiquei surpresa com toda a espera para este álbum. Apesar da recepção maravilhosa que tive com o EP que lancei anteriormente à este, achei que o público estivesse cansado de mim. E não foi bem assim. Retornei aos principais lugares dos charts, fui indicada à prêmios importantes e ganhei um Grammy de melhor performance latina. E no fim, recebi um carinho que não esperava. E esta é mais uma etapa do meu (re)conhecimento. Do encanto junto ao desencanto.
VOGUE BRASIL: Ao todo o álbum possui doze canções, sendo três delas singles e outras duas lançadas como promocionais. Em qual destas você mais se encontra? Ou melhor, que se reencontra?
SOFÍA: Sinceramente? Todas. O processo que envolveu a criação, o aperfeiçoamento e o lançamento de cada uma dessas é retrato de momentos distintos que vivi nesse novo mundo desencantando. Da primeira até a décima segunda temos as dores, as alegrias e as dúvidas de uma jovem mulher latina,
VOGUE BRASIL: Conte-nos como foi o processo de escolha das faixas de trabalho de DESENCANTO, os singles.
SOFÍA: Essa escolha é uma das minhas partes favoritas do processo de promoção de um disco. É muito divertido ver pessoas, empresários e acionistas, brigando pela música que é mais ou menos comercial. E eu só consigo rir. Tenho total controle da minha carreira e a última palavra é a minha. LAS 12, a primeira faixa oficialmente lançada, não era uma escolha minha de fato. Fui tencionada à lançá-la como primeiro single pela pressão. Pensei como segundo ou terceiro, já que não iria jamais descartar uma parceria com a Alexa. Contudo, não consegui divulgar e acabei me rendendo ao clichê de falar que é uma faixa promocional. Foi um fracasso de vendas. Depois disso eu parei, olhei para toda aquela confusão e decidi que as escolhas futuras seriam minhas. Não gostaram, obviamente, mas o comando da minha carreira está nas minhas mãos. Então só restaram aceitar. Então veio XT4S1S, LSM e, o mais recente, NOCHENTERA. Eu gostei e lancei. Simples.
VOGUE BRASIL: É comum que artistas colaborem uns com os outros e adicionem um toque bastante eclético em suas canções. Você já colaborou com artistas brasileiros, coreanos, norte-americanos e outros. Como você descreve a interação entre artistas de vertentes musicais distintas?
SOFÍA: Por isso que eu falo que gosto de colaborar com artistas, com qualquer artista, mas simplesmente porque eu gosto de compartilhar a música e porque eu gosto de aprender com eles! Porque cada um tem a sua visão de criar música e a sua forma de fazê-la, e me encanta ver como outras pessoas fazem, me encanta ver a criatividade deles, a paixão e a inspiração, de onde surge tudo para eles, sabe? E qual som eles procuram.
Por isso eu gosto de trabalhar com outros artistas, principalmente de diferentes países porque é ainda mais diferente, né? Por isso eu me coloquei - e ainda me coloco - a colaborar com essas pessoas, esses artistas, principalmente pelo aprendizagem e eu aprendi muito.
VOGUE BRASIL: Como se sente sabendo que as suas músicas estão tocando em vários países ao redor do mundo, incluindo países onde nem sequer se fala espanhol, como por exemplo aqui no Brasil?
SOFÍA: Me sinto como se não pudesse acreditar! Me custa muito acreditar que isso seja verdade porque é muito algo com o qual eu sempre sonhei, mas que não acredito que se torne realidade. E também acontecia de desacreditar, sabe? Eu pensava: nunca fui ao Brasil para fazer divulgação, nem nada disso, então não vi realmente as pessoas daí para saber se de verdade tem gente que me acompanha ou não, então eu tenho que ir para ver e para acreditar, sabe? Mas eu me sinto muito feliz e muito grata, de verdade. E hoje percebo que tenho uma legião de fãs brasileiros [risos].
VOGUE BRASIL: O que você acha dos seus fãs brasileiros? Você costuma receber muitas mensagens deles nas suas redes sociais?
SOFÍA: Sim, costumo ver muitas mensagens deles, principalmente no Twitter e eles parecem ser encantadores. Eu morro de amor quando vejo qualquer mensagem deles porque já te disse, para mim é difícil assimilar que aí no Brasil tem sim gente que me segue. Eu sinto como se tivesse que conhecê-los logo, por favor! Quero conhecer eles pessoalmente, tomara que eu possa viajar para o Brasil em breve, quero lhes mandar muitos beijos.
VOGUE BRASIL: O contato com os fãs e admiradores é essencial, mas limites precisam ser estabelecidos entre artista e indivíduo. Como você lida com isso em uma era onde as coisas são impossíveis de serem ocultadas?
SOFÍA: Uma das piores consequências de meu trabalho é a superexposição pública e às vezes, inevitavelmente, surgem coisas em minha vida que eu não gostaria de ver, mas é uma consequência da fama e eu estou ciente disso, está tudo bem, é o que é. Mas isso muitas vezes significa que eu não quero publicar tudo sobre minha vida, não é saudável e eu tento manter as coisas para mim mesmo. Eu administro as redes sociais da maneira que penso ser mais saudável para minha mente. Tudo o que publico é real, mas não estou publicando o tempo todo onde estou ou com quem estou, isso é algo muito íntimo.
Minha tática é deixar falarem e se eu puder, e quiser, postar ou responder algo estarei lá. Tanto é que fico conhecida como briguenta por responder à ataques pessoais feitos por outros artistas. Eu consigo ter relativa distância da Sofía cantora e da Sofía pessoa, cidadã.
VOGUE BRASIL: Em algumas entrevistas anteriores você abordou o lado negativo da fama, que é a negação de aspectos da vida cotidiana que, no anonimato, eram suas coisas favoritas.
SOFÍA: Tive que renegar muitas coisas. Sair com meus amigos, ver minha família muito mais, ir a festas e beber como se não houvesse amanhã. Sim, isso mesmo. Todas essas coisas que você pode fazer na minha idade, aproveitar a vida, obviamente de uma maneira saudável porque eu não gosto de mais nada, sou uma pessoa muito saudável e gosto de levar uma vida saudável, você não pode mais fazê-las. A coisa típica de dançar com seus amigos, bem, isso me assusta mais agora porque de repente eles me gravam, vem à tona e fazem uma bagunça de coisas. Devo dizer que aos 24 anos tenho vergonha de fazer coisas típicas para a minha idade, mas para tudo que você tem que pagar, tudo tem um preço. Para ter essa vida e perseguir seu sonho é preciso desistir de algo, é assim que as coisas são. Infelizmente.