Babushka - Glam in Gloom
Mar 27, 2022 23:30:18 GMT
Post by obiwan on Mar 27, 2022 23:30:18 GMT
Rolling Stones - 87
Assim como safadas oram, as gostosas também choram. Babushka criou uma obra INCRÍVEL com seu novo álbum Glam In Gloom, sendo afiadíssima em trazer temas atuais, pessoais e de incrívelmente fácil identificação.
O álbum tem uma sonoridade deslumbrantemente catastrófica (no melhor sentido possível da palavra), como se guitarras e sintetizadores gritantes estivessem dançando um Chamamé juntos. A melhor parte do álbum é que a construção dele parece já ter sido definida desde a primeira música, então apesar de ter sempre um peso no coração, com o sentimento de que tudo está prestes a pegar fogo e sair do controle, sempre há algo que aponta para uma resolução.
Algo a se ressaltar é que TODAS as letras do álbum são incríveis, com canetadas mais específicas que chegam a dar um tapão no rosto do ouvinte, mas nem todas as músicas dançam a mesma batida. Músicas como Miss You e Bad Day têm uma letra DOLOROSAMENTE perfeita, mas acompanhada de uma produção simplória. “...Young?” deve ter uma das letras mais importantes do disco todo, falando de um mal que assola grande parte da juventude, mas sem soar como uma adolescente pessimista, e sim tratando o problema de maneira fria e justa, criando um grande destaque no álbum. Love and Hate (Like Valentines) e os single At Least I Tried e Turn On The Glam são outros grandes exemplos de produção e letra em sua excelência dentro do Glam In Gloom, todas com melodias que definem solidamente a atmosfera do álbum, alegres e dançantes, com letras doloridas e coloridas que perfuram diretamente o peito, definindo este como o tema principal do Glam In Gloom: dançar com lágrimas nos olhos.
Claro, não dá para evitar de falar do elefante na sala… A última faixa “Neon Bruseis “ com MAIS DE DEZ MINUTOS claramente perde qualquer propósito de fácil digestão… mas adiciona MUITAS dimensões ao cenário do álbum. É sem dúvidas a música que mais entrega linhas pesadas, como “I made everything for you, not for us” e My bruises are made of neon, nothing hurts on me without bringing hope”, mas é uma faixa que é quase uma experiência individual, extra ao Glam In Gloom. Babushka mostra que sabe exatamente como abrir sua mente e coração, e projetar ótimas composições com estes.
The New York Times - 70
Certas notas doem até mesmo para nós, e essa é uma delas. “Glam in Gloom”, de BABUSHKA, tinha todo o conteúdo, conceito e coesão lírica para se tornar um dos melhores álbuns do ano, mas a produção cansativa e repetitiva o leva a cair muito em qualidade. Se o synthpop mostrado parcialmente em “Turn On The Glam” tivesse sido utilizado ao longo do álbum para melhorar sua variedade sonora, talvez estaríamos escrevendo esse texto de maneira totalmente diferente. Mas da maneira que os acontecimentos se desdobraram nessa linha do tempo, só podemos destacar o lead single já citado e as faixas finais "Glittering" e "NEON Bruises ", sendo a última não uma faixa longa qualquer, mas uma verdadeira jornada pelos sentimentos da intérprete. Enquanto isso, a parte mais focada no rock alternativa não mostra problemas em seu gênero, mas sim em escolhas que o tornam maçante, com a exceção do single mais recente "At Least I Tried", que conta com uma das melhores letras e produções do disco.
Pitchfork - 68
Quando alguns artistas buscam se superar após criarem grandes trabalhos, uma grande expectativa é criada em torno ao material que eles nos trarão na próxima. E independente de sua opinião em relação a este álbum, seja ela boa ou ruim, é inegável e frustrante se dizer que a qualidade que a artista trouxe em seus primeiros trabalhos não reside aqui. O que trazemos é um cansativo trabalho sonoramente que é salvo pelo talento lírico da cantora. Talvez se Glam in Gloom fosse trabalhado como um E.P ou com alguma outra ordem e mudanças em algumas sonoridades de faixa, teria sido um dos grandes destaques de 2025.
Mas Glam in Gloom cai em uma mesmice de uma sonoridade que não posso dizer nada mais além de incrivelmente massante, que quase remove por completo as almas das músicas. Quando ela tenta criar uma transição do pop ao rock, as escolhas não fazem muito sentido e acabam caindo em uma zona de conforto que acaba deixando as canções até mesmo um pouco desconexas mesmo que seja o maior de Babushka em fazê-lo um álbum coeso, porém ainda experimental e não tão linear, mas a artista parece não conseguir criar essa linha do tempo em nenhuma das duas partes do trabalho.
Apesar disso, o álbum ainda possui boas canções que mereciam um desenvolvimento melhor especialmente ao encaixe a sua sonoridade e produção. No fim como já dito, são as letras pessoais e sentimentais que são mescladas a produções de pop alternativo que já são a identidade da cantora, mas que ao serem mescladas de maneira errônea em músicas que parecem não sintonizar tanto e ainda por cima criarem uma zona confortável na sonoridade que ao ser interrompida em sua transição, ainda não consegue criar impacto o suficiente para surpreender.