[EUR] BBC - desvendando Tales com Stefan Lancaster, Parte 1
Feb 16, 2023 16:19:52 GMT
Post by infinitesnow on Feb 16, 2023 16:19:52 GMT
(divulgação para 'file B + file N' e 'file V')
Como antecipado com o quadro sobre sua carreira na semana anterior, nessa semana, a rede de televisão britância BBC exibiu hoje, em seus canais e meios de divulgação online, a primeira parte de "Desvendendo Tales From Other Trails" um quadro em que Stefan Lancaster, ainda imerso no personagem do detetive Nathaniel F. Ceasars, conta sobre cada faixa do álbum, explicando suas histórias, vítimas, culpados e motivações, enquanto exibem fotos e informações de cada arquivo (físico e manuscrito) além de algumas prévias de cenas e bastidores do filme para o álbum, referentes à cada uma das 5 faixas comentadas nessa primeira metade, e claro, também usando músicas do álbum como trilha sonora.
“Prologue” é uma das duas únicas faixas que foram escritas totalmente do meu próprio ponto de vista, sem uma influência específica dos casos que investiguei. Originalmente a escrevi como um poema sem nenhum fundo musical, mas depois de compor e gravar aquela bela, dramática sinfonia de 2 minutos, acabei unindo esse instrumental e esse poema, alterando certas partes... formando essa introdução, que resume a ideia geral de “Tales From Other Trails”, retirando véus que ocultavam contos/histórias de outros caminhos, de outras pessoas e começando a entender os acontecimentos, motivações e consequências. Também achei relevante expressar esse desejo de tentar salvá-las... é algo bem ingênuo da minha parte considerando o meio em que trabalho, eu sei, mas também sou um ser humano, entende? Se eu não usar esse desejo, essa... empatia, de certa forma, qual seria minha motivação para continuar a desvendar casos e tentar ajudar as pessoas? Mas claro, sempre mantendo em mente como isso não é sempre uma possibilidade, que foi um dos motivos manter essa sonoridade bem obscura com o piano e o violino.
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“file B” começa a mostrar essas trevas de forma que inicialmente soa mais fantasiosa e etérea, ficando cada vez mais intensa e real conforme revela mais os sentimentos do... assassino do Massacre da Basílica, em Budapest, na Hungria. Lembro de sentir... uma quantidade surpreendente de pena da suspeita e eventual culpada comprovada, Jackie Powell. Se não fosse esse sentimento, acho que não teria tido tanto interesse e reflexões sobre esse caso. Alguém que já não era tão estável psicologicamente, e foi cada vez mais drenado emocionalmente por aqueles ao seu redor, recebendo somente problemas e humilhações dos outros, independente de quanto tentava manter a própria positividade... até que ela simplesmente... se quebrou. Mas isso somente depois de seu primeiro homicídio, os subsequentes naquela tarde na Basílica foram basicamente ‘só’ por causa de sua falta de controle. Eu mesmo a interroguei anos atrás, o que tornou bem mais fácil escrever sobre seus sentimentos, principalmente as frustrações com as pessoas ao redor que a motivaram a fazer o que fez. Depois da introdução que remete à sangue que flui de diferentes portas, tentei fazer algumas referências à como era a vida dela, como um engenheira que trabalhava em poços em escavações, sua “warm caring core is too exposed and cools down”, como os das máquinas ao seu redor, os longos elevadores e quedas em “Held down by augmented gravity... To rise and lift us to higher, happier levels”, e claro, o próprio local de trabalho em “But how deep can care go When it's always down in your deepest, saddest wells?”, no qual o próprio Jackie havia relatado ter considerado se... jogar poço abaixo, em diversos momentos.
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Já “file P” foi um caso sobre alguém bem, BEM menos ‘simpático’. Angeo Phloxine, que é um pseudônimo, ainda o único nome que posso usar para me referir a ele, era basicamente um grande tarado, no pior sentido possível da palavra. Na verdade ele continua sendo, segundo relatos que recebi dos guardas das prisões. Por causa dele, diversos adolescentes em Southaven e cidades próximas, nos Estados Unidos, se tornaram viciados em substâncias entorpecentes, foram expostos ao ridículo em contextos públicos e sexuais, e, nos piores casos, vieram a falecer por conta de overdoses. Em minha opinião, só digo que... depois da maior idade, cada um faz o que quiser com a própria vida e com o próprio corpo, ou junto de outra pessoa desde que haja consenso. Mas se aproveitar de jovens dessa forma e deixar cicatrizes profundas pelo resto da vida deles... é deplorável, e completamente baixo. Tudo isso por algum tipo de prazer mental e sexual que ele queria, além de claro, seu próprio lucro, mas o que mais me impressionou era como o dinheiro parecia nem ser a prioridade dele. Alguém que foi amiga dele por algum tempo me ajudou a entender tudo isso que aconteceu, já que Angeo não foi nada cooperativo quando era interrogado. Uma das poucas informações que consegui dele, tive que manter censurada no relato pois achei que seria repulsiva demais, mas acho que algumas pessoas talvez consigam entender o que quis dizer com: “And even then I was never brave, not enough at least / To tell you how wrong were each and every of those deeds... / Because I never thought that I would one day be reading / About whatever you want to do to your own ----ing”. Ela, essa amiga dele, obviamente tentava entender e justificar o que levou esse traficante até esse ponto, não como forma de defende-lo, mas pra entender como e porque ela aguentou ficar perto de alguém desse tipo por tanto tempo. Nesse relato do “file P”, tentei... deixar minhas próprias frustrações de lado e incorporar um pouco mais desse ponto de vista dela, mantendo tudo em uma sonoridade não tão intensa quanto o arquivo anterior, mas ainda um pouco ‘suja’ e também inspirada pela época na qual os dois cresceram, os anos 90.
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“file N” contêm um sentimento de frustração um pouco semelhante ao de “file B”, não foi a toa que elas foram reveladas juntas, mas enquanto em “B” havia uma pessoa frustrada com várias, “file N” conta a história de várias pessoas frustradas com uma, nesse caso, a jovem Zoila Siroky sendo motivo de extrema frustração para o restante de sua família, todos residentes da Slovenia. Desde a adolescência, Zoila vinha se afastando cada vez mais de seus parentes – algo que tem se tornado muito mais comum desde a época desse caso e tem sido cada vez mais bem justificado – até conseguir se distanciar deles de forma mais concreta quando conseguiu sua independência financeira e passou a ocupar mais seu tempo com os próprios estudos, trabalho e lazer com os amigos. A questão é, de acordo com tudo que investiguei, inclusive segundo as palavras da própria vítima, esse afastamento não pareceu totalmente justificado, não nesse nível, pelo menos. Pois chegou ao ponto em que seus próprios pai, mãe e irmão, com quem teve certas dificuldades de relacionamento mas nada muito estrondoso, não tinham nenhum sinal de vida dela durante semanas e meses, não uma, mas várias vezes ao longo dos anos, causando e acumulando muitos sentimentos negativos: “Did you know you're making others feel guilty? / You might feel it but silence only leads to anxiety / Maybe we should just forget you / Like you seem to forget all of us / Erased from existence, for eternal instants”. Falando dessa forma, parece até que estou escolhendo o lado dos culpados na situação, mas não, tento entender ambos justamente para poder ter uma opinião completa sobre cada caso, independente de ter sido contratado por Zoila e teoricamente precisar me manter do lado dela. Enfim, voltando ao ponto – tudo escalonou ao ponto de decidirem invadir a residência dela em Ljubljana para ter alguma notícia do paradeiro dela, tendo ajuda de outros parentes que, naquele ponto, já tinham muitos ressentimentos acumulados em relação à jovem, e decidiram se ‘vingar’ destruindo muito de sua propriedade, desde o jardim externo até quartos e pertences com valor monetário e/ou sentimental. Para esse relato, tentei me colocar no lugar dos culpados comigo costumo fazer, imaginando toda a agressividade do momento de toda aquela destruição... e também toda a tristeza e saudade escondida por baixo daquela raiva: “All comfort's done / Everyone feels alone / Over are the years, not only months / And when the tides break the dam / You play the part that's damned / Like flooding tears are your own / Not of others when you’re gone”, sendo essa “others” no caso um “nós”, no ponto de vista deles.
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“file D” também fala de um caso que aconteceu entre familiares, mas em quantidade bem menor e... ao mesmo tempo bem mais comum, e bem mais triste. O casal Holomek, residentes de Praga, na Czech Republic, pareciam ser felizes para todos ao seu redor, e na maioria do tempo, realmente eram. Exceto no aspecto mais... físico de sua relação. “You’re still trying to process the pain / From what happened in that moment / No oil could fix what was sabotaged then”: Por causa de alguns relacionamentos anteriores, Lydie tinha diversos traumas, gatilhos e bloqueios relacionados a esse aspecto da conexão humana, e demorou consideravelmente a conseguir juntar suas forças e manter as emoções sob controle para se abrir sobre isso para Jimm, que ainda era seu namorado na época. Apesar das próprias dificuldades de lidar com a informação, muito tempo se passou sem que houvesse algum conflito, seja direto ou indireto, acontecesse entre eles por causa disso. Mas quanto mais Jimm descobria sobre relacionamentos passados de Lydie, por ela mesma ou por outras fontes, mais se sentia privado de ter o que eles tiveram: “Why is it so different for us / So much easier when you're with others / No longer adding despite the sync, only minus”, não conseguindo se contentar somente com a conexão emocional que tinham, apesar de admitir que era a melhor que se sentia totalmente satisfeito nesse aspecto: “You still so deeply fill me up / But it’s all emotional, not physically”. Tudo isso culminou nele fingir que sua esposa havia desaparecido num dia de trabalho, enquanto na verdade a mantinha presa dentro de um segundo apartamento que possuíam, no 21st Century Monument Edifice em Praga. Nesse relato, tentei incluir um pouco do ponto de vista de ambos do casal nesse relacionamento, sendo “Doesn’t matter how I dress up / Behave or try to change up / Nothing can manage to impress” uma parte que valeria para ambos, e as mudanças entre “Can this be worth the drama / Of more possible trauma” e “Can this be worth the power / Of more possible trauma” algo que os distingue.
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(continua na segunda parte)